domingo, 17 de agosto de 2014

Caçando uma matadora



Enquanto via o ônibus se afastar tive a certeza que não deveria ter deixado aqueles dois idiotas vivos, mas estava mais preocupada em comer algo decente e não tinha isso que eles chamavam de dinheiro, fui caminhando esperando alguma oportunidade, sai daquela construção onde o veículo tinha estacionado e após subir algumas escadinhas, enquanto o ônibus parecia sumir rapidamente dali e sob olhares curiosos fui andando pelas ruas, com meu casaco fechado, com os relógios marcando mais de meia noite e um frio que parecia cortar até a alma, quando passei em frente a um bar próximo dali e um grupo de homens começou a me seguir, até que um deles tentou puxar minha bolsa e me derrubar ao chão, porém assim que ele deu o primeiro golpe, recebeu um chute tão forte na região genital que pode se ouvir em alto som sua bacia se partindo com o impacto.

Eu não tinha calçados e fiquei novamente impressionada com a força que poderia aplicar em um só golpe. Vendo seu amigo cair ao chão aos berros de dor os outros homens movidos mais pela bebida do que pela coragem vieram ao ataque, eram ao todo seis caras fora o que eu já tinha derrubado no chão, dois deles tentaram prender meus braços, no entanto eu acabei fazendo os bater as cabeças, ao girar meus braços, seu crânios se esmigalharam com isso e os outros três puxaram facas para tentar me atingir, os dois primeiros tentaram estocar na altura do meu coração e um dos golpes acabou me atingindo, porém ao invés de me matar apenas me deixou mais nervosa e numa sequência de chutes eu levantei um deles do chão com um chute na região genital e assim que o corpo estava caindo ao chão, quebrei seu tórax com um muro no rumo do seu coração e pude ouvir nitidamente seu coração se partindo quando viram que iriam morrer os outros dois se ajoelharam aos meus pés pedindo para viver.

Por algum motivo que eu não sei explicar mandei que eles se despissem me entregando suas armas, carteira e relógios e que saíssem gritando bem alto que eram assaltantes e que queriam ser entregues para as autoridades. Eu peguei todos os pertences deles e sai quando há alguns passos à frente, vi uma jovem agonizando somente em roupas intimas, tendo várias escoriações no corpo todo e respirando bem fracamente, parecia ter sido tentado estupro contra aquela pobre menina, no entanto ela havia defendido sua honra mesmo contra aqueles valentões, fiquei nervosa novamente e peguei a arma que estava no bolso do casaco, mirei naqueles dois malditos que estavam já há alguma distância e com dois tiros secos lhes acertei o coração, rapidamente parei um carro que vinha por uma avenida próxima com um soco na lataria, o motorista saiu do carro nervoso por ver o amassado que eu havia feito no seu capô, entretanto logo ficou foi assustado quando viu minha arma e a ordem que eu dei:

- Pegue a jovem ali. E apontei para ela e engatilhei a arma, rapidamente o rapaz pegou a em seus braços e após outra ordem minha colocou a no banco do carona, sentando se ao seu lado enquanto eu assumia a direção.

- Aonde é o lugar onde tratam pessoas mais próximo daqui? E apontei a arma na cara dele.

- E só seguir por essa rua ali e virar umas quatro esquinas a frente.

Eu segui o destino por ele traçado numa velocidade baixa para que as ruas esburacadas não deixassem aquela jovem já tão machucada ainda pior e durante o trajeto ele se apresentou a mim e veio tentando me perguntar algumas questões:

- Foi você que matou aqueles caras?

- Sim, qual é o problema? Respondi bruscamente.

- Nenhum problema, você apenas acaba de matar uma das gangues que assolam a cidade, molestando meninas que voltam da faculdade a noite desacompanhadas e praticam pequenos furtos e vandalismos, muita gente ali daquela região provavelmente vai dormir mais tranqüila depois do que você fez.

- Meu nome é Fernando e eu sou professor de história no colégio lá em cima na rua.

- E daí? Respondi desconfiada, mas feliz em saber que pelo menos dessa vez tinha feito algo de bom.

Ele continuou falando, mas ignorei o completamente até que chegamos ao hospital e eu deixei minha arma dentro da bolsa e parei o carro e carro, pegando aquela jovem em meus braços, porém os níveis de adrenalina estavam abaixando e a dor e cansaço, devido ao extremo esforço daquele dia me fizeram quase cair enquanto caminhava com ela na marra rumo ao socorro.

Os médicos vendo o estado da jovem, logo a colocaram numa maca e levaram na para dentro, enquanto uma enfermeira de mais idade vendo meu estado trouxe do ambulatório para a cadeira onde eu estava e começou a limpar os ferimentos nas minhas mãos e pés, no estado de cansaço em que me encontrava receber aqueles cuidados foram uma dádiva dos céus e logo que ela limpou os ferimentos e passou neles um remédio bem gelado, eles cicatrizaram de uma maneira espetacular, deixando aquela pobre senhora atônita e eu envergonhada.

Passados alguns instantes que eu estava ali, um grupo de policiais veio entrando e o mais velho deles, que aparentava ser o líder, veio até a mim e me abraçou, agradecendo por ter salvado a vida da sua neta que há dois dias estava desaparecida, após uma briga com os pais, onde ela acabou por fugir caindo nas ruas e só agora tinha sido encontrada.

Fiquei sem entender aquilo tudo, afinal esperava ser punida pelas mortes daqueles homens, mas todos os policiais sem exceção pareciam me congratular pelo meu gesto com olhares e falas a meu respeito, como seu eu tivesse agido muito bem.

Logo aquele homem forte entrou pelo hospital à dentro gritando por que queria ver sua netinha e fiquei sem entender nada do que havia acontecido até que um jovem rapazinho que estava ali como ajudante de uma senhora que tinha sido internado com dores me disse:

- Então é você e a mulher que arrebentou a cara do pessoal da gangue do Rato foi moça?

- O que?

- Os rapazes que machucaram a menina, eram de uma gangue conhecida como a gangue do rato e ficavam nos bares, enchendo a cara e a noite saiam para matar, roubar e destruir, o líder deles era ligado com traficantes e políticos e ninguém aqui fazia nada por medo temer algumas represálias.

- De que tipo de represálias está falando?

- Morte de parentes e amigos, dos piores jeitos possíveis, seqüestro dos teus entes queridos e um fim doloroso para estes.

- Entendo! E após essa fala tudo parecia fazer sentido na minha cabeça, fiquei algum tempo meditando quando chamei o rapazinho e pedi para ele uma última informação:

- E aqueles bandidos? O que aconteceu com eles?

- Quase todos morreram somente um escapou e vai passar o resto da vida atado a cadeira de rodas, pois seus golpes quebraram a coluna em vários pontos.

O major retorna e vê meu estado e rapidamente pede para que eu o siga até um carro da PM e num estilo de dirigir deverás rápido, ele me leva para uma igreja onde um padre bonachão está terminando de realizar a missa matutina de domingo, numa capela bonita, com uma entrada onde se via o símbolo daquele credo: A cruz. As pessoas saiam felizes dali, todas demonstrando felicidade no olhar e pude perceber que ali deveria ser algo que trouxesse paz.

O policial foi a minha frente, num passo rápido e direto, dava para escutar cada vez que ele pisava no chão tão forte que se ele estivesse há alguns quilômetros eu saberia e com esse gracejo mental me distrai enquanto caminhávamos alguns passos, ele foi entrando e vendo que todos já iam dirigiu ao padre um forte abraço e conversaram entre si a meia voz, não prestei atenção por estar maravilhada com os belos vitrais que ornavam os vitrais daquela antiga catedral, pinturas magníficas cercadas de um contexto que eu desconhecia, mas muito me agradavam.

Ele voltou até mim e me apresentou ao padre daquela catedral: Senhorita esse é o Padre Cícero Neves, ele concordou em lhe dar abrigo nos fundos da igreja, contanto que você mantenha longe da horta um grupo de marginais que vem vandalizar a casa de Deus e abrindo a carteira, entregou a mim um monte de dinheiro e disse: vá comprar umas roupas e um calçado bom e não se atreva a recusar o dinheiro, não é nem uma parte da recompensa que estávamos oferecendo para termos a nossa menina de volta e após eu pegar o dinheiro me abraçou e saiu dali rapidamente, o padre sem dizer nenhuma palavra foi me levando pela mão até o local onde eu iria passar a morar por um tempo até ter onde me estabelecer.

Era um barraco nos fundos da igreja, próximo a rua dos fundos, uma casa pequena com banheiro e quarto somente, ele me levou até lá e saiu para resolver seus problemas e assim deixei a bolsa que carrego comigo sempre e deitei naquele colchão macio e velho e dormi profundamente.

Enquanto os eventos acima descritos ocorriam uma figura misteriosa recebia uma ligação num celular criptografado:

- Olá especialista, tem alguma pista do seu alvo?

- Não, senhor! O motorista do ônibus está internado no hospital com estafa mental e o cobrador sumiu desde aquela viagem.

- Lembre se que você só será pago quando entregar ela em Brasília, se possível for viva, se precisar de auxílio mando mais duas divisões para você poder captura – la saiba que essa sua operação está me custando muito e quanto mais rapidamente você terminar será melhor!

- Sim senhor! Estou saindo daqui de Itumbiara hoje ainda e vou em direção a capital desse estado, no caminho daqui até lá é onde provavelmente essa assassina está escondida.

- Certo, fico no aguardo de notícias melhores em breve.

Terminando aquela ligação o homem vestido com a máscara que tanto perturbou nossa heroína ficou ali parado num hotel com vista para o rio, lindo daquela cidade e ficou lembrando como ele havia se metido nisso tudo, uma semana atrás.

Ele havia sido seqüestrado por oito divisões de elite dos fuzileiros e levado para dentro de um destróier da marinha brasileira estacionado próximo ao Rio de Janeiro, lá dentro tinha se encontrado com um homem careca de meia idade, um senhor vestido como árabe, que falava um português muito rebuscado e puxava constantemente na letra R.

- O senhor é o especialista, o maior mercenário do mundo?

- Talvez, quem quer saber? Disse ainda aturdido depois de ser atingido por vários dardos de sonífero.

- Eu quero saber e o motivo é simples tenho muito interesse que você ache para mim uma pessoa e traga a viva para mim.

- E quem seria?

- Essa pessoa que caiu na terra e se encontra agora no planalto central dessa nação. Ela carrega consigo vários itens que muito me interessam e estou disposto a lhe pagar três milhões de euros para que me traga ela viva.

- E caso eu me negue a fazer isso!

- Bem, pensei que perguntaria, você deve ter visto que no seu pescoço tem um colar pequeno fixo na sua veia do pescoço, caso você não queira entrar nessa missão, morre aqui e agora.

- Como você não me deu escolha, eu topo, mas quero total liberdade, equipamentos e quero saber tudo sobre esse tal alvo.

- Você terá tudo isso e mais, e saiu da sala, na mesma hora fui levado até uma pista de pouso anexa a base da marinha e de lá parti num avião b- 52 rumo ao planalto central, pelo visto as filhas de um senador da república tinham sido seqüestradas por um grupo terrorista e levada para a área onde meu alvo estava escondido, por isso minha presença se fazia necessária.

O piloto do avião saiu da cabine de comando quando o avião atingiu 6000 pés, me entregou um bracelete com a localização do meu alvo uma maleta cheia de armas e um para quedas e disse que assim que as luzes piscassem, eu pulasse rapidamente e que lá embaixo teria todas as instruções.

Vesti a roupa, coloquei o bracelete e pude ver o que estava se desenrolando no local por meio de imagens de satélite, atualizadas a cada trinta minutos. Os terroristas pareciam ter montado uma espécie de acampamento na base do monte para onde eu me dirigia, a viagem foi seguindo e eu acompanhei passo a passo as imagens do acampamento e pude ver o desenrolar de toda a cena, uma mulher parecia ter matado a todos e posto para correr as sentinelas na base do monte.

Uma mulher completamente nua apareceu nas fotos manejando uma pistola quarenta e cinco e eu a vi pelas imagens alvejar um dos terroristas por duas vezes e fiquei impressionado com a frieza que o meu alvo parecia ter.

As luzes se acenderam e seguindo as instruções eu pulei e a adrenalina liberada no salto aumentou meus sentidos e tudo parecia ficar mais amplo à medida que eu via no solo uma van preparada para me auxiliar, rapidamente puxei a corda e fui descendo segurando a mala e torcendo para poder começar logo essa maldita missão e assim pegar a grana e me livrar desse colar.

Ao chegar lá embaixo um homem com óculos profundo veio ao meu encontro e parecia estar nervoso, pois mal esperou eu retirar o equipamento para me dizer num tom histérico:

- duas divisões estão posicionadas, senhor Especialista, a moça estará encurralada em 18 minutos. O seu contratador deseja que ela não seja presa pelas tropas do exército e manda que você se apresse para capturar ela.

- Tudo bem, você tem um veículo preparado para me levar até lá, ou iremos nessa van de passeio?

- Ali está seu veículo: Uma moto com o sistema SNUD, nas laterais dela, saem mísseis balísticos de curto alcance e fora isso ela conta com um sistema de aceleração que usa a energia da gravidade para impulsionar você, próximo a velocidade do som.

- Ótimo, então estarei a caminho, preciso só ver as armas que me deram e parto em cinco minutos.

Abri a Maleta e lá dentro tinha uma espécie de bracelete que pelas instruções embutidas na mensagem aumentava a força do meu braço, além de uma pistola pequena que nas instruções rápidas que li tinha a propriedade de aumentar o campo gravitacional a níveis e um rifle de plasma muito poderoso que estava calibrado para desabilitar qualquer equipamento que ela viesse a utilizar, toquei em todos os equipamentos e já sabia como eles funcionavam, fiz o mesmo com a moto e fiquei impressionado ao perceber que aquela tecnologia muito provavelmente não pertenceria a Terra.

Armei-me e segui para o alvo, acionei o sistema de velocidade da moto e quase sou jogado dela se não tivesse preso pelos pés nas laterais, o caminho passou em minutos e durante o caminho, por azar cruzei com ela já indo longe num dos carros dos militares.

O problema da moto é que ela segue o alvo programado e somente muda de curso quando termina a primeira rota programada assim eu tive de chegar até o topo do monte onde a cena era aterradora, vários corpos de militares estavam espalhados no chão, vários deles sem a cabeça, o chão estava cheio de estilhaços de bomba e um lança granadas provavelmente dos militares tinha sido usado por ela para promover um verdadeiro massacre, nem mesmo nas guerras que eu já tinha visto anteriormente algo daquelas proporções não era comum e entre lamentos pude ver que somente um dos militares estava vivo, mas agonizava, pois a parte inferior do seu corpo estava toda esmagada, aproveitando que aquele homem ainda estava vivo, fui até ele e lhe perguntei o que havia ocorrido ali, ele nos seus últimos suspiros disse:

- Ela é um demônio, as balas não podem atravessa – la dizimou mais de quatro divisões e usou o corpo do general como prancha para descer até lá embaixo.

Agradeci pela informação e o matei com um soco no rosto que devastou o restante de sua energia, tive piedade e acabei assim com seu sofrimento.

Sai da moto e fui verificar a caverna, tendo a certeza que ela não iria longe, a cena lá dentro era aterradora, duas meninas estavam ali quase mortas em completo choque pelo que tinha acontecido, liguei para meu contratador do sistema de comunicação da moto e ele me permitiu salvar as meninas e assim eu peguei as garotas e coloquei as na lateral da moto, onde havia o espaço para carregar armas e travei bem as duas naquela posição, levando as até Crixás para que fossem tratadas decentemente, todos na cidade ficaram impressionados ao me ver e o comando para lidar com a crise, instalado próximo a cidade, procurou saber quem eu era, mas na mesma hora receberam uma ligação que mandou os me liberar de qualquer identificação.

O sistema de localização por satélite me avisou que ela prosseguia rumo à capital, ziguezagueando por toda a rodovia, desviando por pequenas rotas, enquanto os helicópteros do exército e assim ativei o sistema de aceleração da moto e sai seguindo pela rodovia de maneira reta esperando capturar ela usando minha arma de longa distância.

Não podia me aproximar, para não chamar a atenção dos militares, por isso usei uma das funções da moto que me permitiu ficar invisível tanto a olho nu quanto aos radares enquanto sobrevoava a pista seguindo em altíssima velocidade.

Em menos de uma hora reencontrei com o carro dela e diminui minha marcha, preparei para atirar, mas depois avaliei melhor a situação e decidi deixar a situação naquele momento ao alcance dos militares, esperava que a noite o ânimo dos homens do exército diminuísse, mas esqueci o quanto eles se irritam ao verem algum dos seus morrer, ainda mais no caso dela que tinha matado quase duzentos homens deles.

A perseguição se tornou fechada e em todos os pontos da rodovia, homens da polícia, exército e aeronáutica atacavam na com tudo o que tinham e como por milagre ela conseguia desviar, não posso dizer o mesmo das vitimas inocentes que apenas estavam no lugar errado na hora errada e durante o caminho vi vários carros reduzidos a cinzas causando um rastro de sangue e fogo durante aquela busca.

A noite se aproximou e o carro parecia já estar pegando fogo, quando ela chegou ao perímetro urbano de Goiânia e ela numa ação ousada jogou o carro para cima da barreira policial e provavelmente alguma granada que havia ali dentro causou um cogumelo de fogo de grandes proporções e uma nuvem de fumaça e desde então perdi a pista dela em meio a toda confusão que se seguiu, mas sei que nessa viagem de volta à capital, irei retomar sua pista e assim poder levar ela para aquele homem e curtir meu dinheiro.


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Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...