Se desejas ser feliz não investigue.
Somente os muitos tolos se dão a investigar a procura do conhecimento. Isso os traz muito enfado e dor além de lhes roubar todo o riso fácil e os tornar pesados como mármore repletos de toda a vil malícia que só aqueles que tem o conhecimento possuem.
Não conseguem amar nem a Deus e nem aos homens, são odiados pelas mulheres. Perdem seu tempo em discussões inúteis, onde sua fala logo é vencida por alguém comum que não tendo tanta afetação acaba por conseguir ganhar o contéudo da mente da platéia formada em sua maioria por pessoas pobres de espírito.
Os sábios são vagantes em terras ermas onde nada escapa do seu olhar de cirurgião. Se veêm uma flor tratam logo de disseca - la, se vissem Vênus saindo do mar fariam o máximo possível para mata - la e assim descobrir cada detalhe de seu belo corpo.
O conhecimento torna o homem enfermiço, perde a coragem de viver, e se torna demasiado crítico de si e dos outros. Vive assim sem nenhuma qualidade invejoso da audácia dos tolos que abandonam se ao deleite da multidão mesmo não tendo na própria mente mais do que meia dúzia de idéias repetidas sem a total compreensão.
No amor os sábios são rejeitados tal como a um verme. Seu grande conhecimento lhe torna pesado diante do gênero oposto e não é raro se tornarem misóginos simplesmente por que jamais conseguirão alcançar os carinhos de uma bela amada.
Não é raro o sábio negar a esse mundo na procura de uma idéia que ele vê em todos os cantos e que ninguém mais a vê. Logo isso toma todo o espaço da mente e este se torna incapaz de bem viver e se prepara para a morte bem antes da data, se tornando alguém taciturno pouco dado ao deleite e ao prazer.
Procura fugir dos desejos tal como se fosse capaz de controlar a maior de todas as fúrias que afligem o ser humano: O desejo. Se conseguem tal ato se tornam de tal modo insuportáveis com suas centenas de virtudes inúteis tanto ao poeta quanto ao agricultor que se tornam apenas importunadores enchendo as pessoas com gatos pretos imaginários, terrenos no céu e fórmulas matemáticas para a vida eterna e assim fazem da ciência a sua única amiga, mas nem essa lhes corresponde tão bem quanto a um vivaz inventor que procurando sonhar com o futuro tem a sorte de mudar o presente.
O que investiga depois de longo tempo perdido no laboratório quando sai se torna como a uma assombração. Mesmo quando tem a cura de um mal sua forma de falar assusta até mesmo ao mais valente e não é raro que estes o tomem por algum tipo de feiticeiro maligno a quem logo devem pendurar numa forca sem jamais acreditar.
São vistos como carniceiros, adoradores da morte e dos números que não transmitem nada a mente das pessoas acostumadas a sentir o mundo tal como os animais. O sábio para elas é como o necromante das histórias medievais, um feiticeiro que lida com mundos proibidos invadindo de maneira imoral terrenos que são de Deus.
E se sobrevivem até a velhice está lhes custa caro visto que não tem perto de si nada mais do que criados e livros. E nenhum destes lhe traz consolo ou amor. Não cultivam perto de si nada que seja vivo e não raras vezes em seus momentos finais a loucura lhes toma e por pelo menos um instante são capaz de sentir a vida em sua plenitude e sorriem de si próprios. É a morte lhes dando algum alento antes de lhes levar a pobre e atribulada alma.
