segunda-feira, 3 de junho de 2019

Os lobos

Naquele bosque sempre houveram boatos de uma alcatéia de lobos que mataria a noite.
Fazendas próximas tinham sido atacadas.  Uma vez um homem cujo morreu perto dali disse ter ficado apavorado só de ouvir os uivos das criaturas.
As crianças eram advertidas a não brincar ali.
Mas tudo girava em torno de boataria sem sentido até o primeiro domingo de primavera.
Um casal Marcos e Andressa saiu de carro a noite. Ela fugia com seu amor depois de seu pai ter lhes proibido namorar.
Pararam numa fábrica abandonada há cerca de 2 km do bosque.
Resolveram ter ali sua primeira noite de amor. O rapaz e ela se embebedaram com vinho que ele tinha ali no carro.
A mente turvada e a adrenalina do sexo no entanto lhe impediram de ver a aproximação de um estranho par de olhos.
Uma criatura faminta surgiu devagar. Seus passos não podiam ser ouvidos de dentro do carro tamanho era o frenesi sexual dos dois jovens que pela primeira vez experimentavam o amor.
A partir daí não se sabe ao certo. Os peritos ficaram impressionados ao verem a lataria do carro ter sido cortada como manteiga.
Os policiais foram avisados depois de um caminhoneiro passar por ali na manhã seguinte e ver toda aquela cena abjeta.
Dos jovens foram encontrados apenas pedaços dos corpos.  Nada estava inteiro o bastante para ser identificado.
No entanto os pedaços da maneira que estavam dispostos pareciam ter sido cuidadosamente orquestrados. Era como um ritual de psicopatas.
Por isso os federais foram chamados. Houve um verdadeiro pente fino na região.
Nada na mata foi deixado de lado. Nenhum pedaço esquecido. No entanto o homem ou criatura que tenha atacado os jovens escapou.
As pistas terminaram de esfriar quando a imprensa descobriu a lenda dos lobos da cidade.
Bêbados que ficavam perambulando foram parar em rede nacional ao contar histórias dos lobos, boa parte mentirosa, as pessoas ficaram espantadas e maravilhadas.
As fotos do ocorrido se tornaram virais na internet e as teorias da conspiração dispararam aos montes.
Tudo na cena era inconclusivo. Não havia DNA na saliva e muito menos se identificava a presença de mais algum humano ali além das vítimas.
Somente um homem sabia da verdade sobre a morte dos jovens. Morava bem distante dali e já se atormentava por saber que amanhã seria novamente lua cheia.

Banho de sangue

João tinha acabado de chegar em sua casa.
O trânsito e a tensão na empresa tinham lhe deixado exausto.  "Pelo menos amanhã é sábado". Ele pensou.
Chegou em casa. Tirou a roupa e se dirigiu ao banheiro.
Como era solteiro nem se preocupou em deixar todas as peças espalhadas.
Ligou rapidamente o chuveiro, ensaboou o rosto enquanto cantarolava uma canção country bem antiga.
Quando limpou os olhos começou a gritar copiosamente. Dava berros agudos. Seu coração palpitava repleto do mais profundo pânico!
Do seu chuveiro estava saindo sangue.
O seu pavor foi tanto que caiu no chuveiro e bateu com a cabeça no sanitário.
Por sorte os vizinhos arrombaram a porta e o socorreram a tempo.
Os médicos não sabiam dizer o que tinha causado aquele estado mas desde o estranho acidente ele entrou em estado de choque.
Só reagia quando via qualquer objeto na cor vermelha.
Os policiais que foram chamados para ajudar a socorre-lo verificaram a cena e não sabiam explicar como do chuveiro tinha vazado sangue.
Nenhum deles se lembra das antigas histórias daquela velha casa e de como um pai bruto e ignorante anos atrás havia matado sua filha que estava grávida de um rapaz e emparedado a na casa.
Ninguém se lembra da menina amaldiçoar o local.
Eu avisei aos donos da imobiliária que compraram a casa.  Eu lhes disse que se queriam fazer algo de bom deveriam demolir aquilo.
Mas eles me enxotaram como um cachorro e ameaçaram chamar a policia se eu assustasse os compradores.
Pensaram que eu era apenas louco. Mas será que esse rapaz concorda com eles?

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...