Meu nome
é Marcos Paulo, e eu escrevo simplesmente para lhes narrar como
acabei sendo responsável por trazer ao nosso mundo um personagem dos
quadrinhos. Um suíno baixinho de pele rosada que anda por ai de
barba e bigodes, é um tipo que parece um mendigo, fede e fala muito
palavrão e que tem uma única missão na vida: Matar o coelho da
páscoa e como ele é um desenho animado e não pode ser ferido,
então já imaginaram a encrenca que será.
Para
quem gostava de ver desenhos antigos, onde os animais trocavam tiros,
se explodiam e jogavam o planeta de cabeça para baixo deve imaginar
o tamanho da encrenca que minha ação trouxe para o mundo.
O leitor
no entanto deve estar se perguntando como eu pude fazer isso? Como eu
consegui quebrar as regras da física e da química? Tudo é culpa de
uma cigana, que me vendeu um lápis que ela dizia ser mágico, paguei
30 reais para ela que saiu rindo da minha cara, enquanto eu fiquei
com aquela sensação de que tinha sido feito de trouxa.
Gosto de
desenhar, apesar de ser péssimo desenhista e nesse dia apontei meu
novo lápis e comecei a rabiscar um personagem, não tinha nada na
cabeça então fui montando os traços de qualquer jeito e escrevendo
algumas características da personagem, como se não tivesse mais
nada para fazer, acabou saindo um porco paranoico, viciado em pimenta
malagueta, depravado com um inimigo bizarro.
Ele
odeia o coelho da páscoa e acredita que as galinhas são vítimas do
sádico coelhinho por isso põe ovos de chocolate, após terem seus
corpos violados por ele.
Eu
estava com sono e fui escrevendo toda sorte de referências bizarras
que eu podia me lembrar, até que deixei cair o papel de lado e fui
dormir.
Já
passava das quatro da manhã e quando eu acordei no outro dia tinha
um porco pequeno, com uma barba curta e olhos vazios, quase dementes.
Vestindo um sobretudo castanho bem sujo, estava me perguntando onde
estava o coelho da páscoa.
Eu
acordei assustado, pulei da cama, derrubando ele para um canto,
procurava o papel e o lápis, mas nenhum dos dois estava mais lá,
até que vi o porquinho terminando de roer o lápis e depois soltar
um brutal arroto.
Minha
cabeça estava estourando, não sabia mais o que fazer. Tinha trazido
ao mundo um personagem de desenhos com uma série de defeitos, nem de
longe pensava que o tal lápis da cigana era real e fiquei por alguns
minutos parado, olhando tudo em volta. Quando vi o porquinho saindo
pela janela, e pulando o portão.
Ele foi
até um cachorro grande que passava e mudou de roupa magicamente, se
tornou um cowboy e saiu esporeando o cão, que louco de dor corria em
círculos tentando se livrar daquela criatura.
Notei no
entanto que ninguém além de mim estava vendo aquela cena, todos
passavam e apenas mencionavam o fato do cachorro ter ficado louco.
Até que
uma criança, não deveria ter mais de quatro anos e perguntou para
sua avó: O porquinho está batendo no cachorro por que? A velha
muito rispidamente puxou o menino sem entender o que ele estava
perguntando e saiu com uma cara azeda.
Vendo
que aquela situação poderia gerar confusão, eu corri até a
geladeira e peguei um vidro de pimenta e apontei para ele, veio no
mesmo instante quase magnetizado e pegou o vidro e o abriu e foi
bebendo quase que com conta gotas, dando gemidos de prazer a cada
gota que caía em sua língua quase como se tivesse extasiado, depois
de beber o vidro todo em trinta minutos caiu no sono e dormiu por
três dias e quando acordou parecia um bêbado, bateu na minha cara e
pediu para que eu acordasse.
“Acorda
seu babaca, preciso saber onde é o banheiro?”
Ali na
porta do lado, apontei e voltei a dormir, enquanto ele sentava no
sanitário e cantava uma canção chorosa enquanto gemia fortemente,
minha mãe gritava comigo para sair rápido do banho, sem entender
que eu continuava dormindo longamente.
Me
acordou novamente e perguntou o que tinha para comer, eu mandei ele
se virar e preparar alguma coisa. Como me arrependi de ter feito isso
após, ver como ele fizera um verdadeiro banquete, tinha feito
macarronada, pizza, lasanha, carne assada no forno, arroz a grega,
galinhada.
Quando
senti o cheiro da comida, acordei espantado e olhei a geladeira, por
sorte ele não tinha acabado com a comida.
Vendo
meu espanto, ele riu e tirou do bolso um cartão onde se lia: Tudo o
que você quiser.
Minha
mãe acordou comigo comendo juntamente com ele, e tive de inventar
uma longa série de mentiras para explicar, como eu que cozinho
pouco, tinha preparado um verdadeiro banquete medieval.
O
porquinho ria da minha cara, baixinho e eu fui ficando estressado,
até ao ponto de gaguejar e começar a passar mal.
Quando
minha mãe terminou de comer e foi ao banheiro peguei aquela bolinha
de pelos e lancei na parede, fez um barulho tremendo, e eu fingi ter
batido meu joelho na parede.
Olhei
para ele com uma cara fechada e ele desapareceu, sumiu. Pensei que
tinha terminado meu tormento. Mas não tive tanta sorte, na manhã
seguinte ele reapareceu com uma caixa de chocolates, um pacote de
batatas fritas e um macaco numa jaula para mim e um cartaz feito
toscamente em cartolina que dizia, “Me desculpa, papai”.
Suspirei
desalentado, tudo bem eu te perdoo, disse com voz cansada e uma
tristeza aparente, ele no mesmo instante fez estourar trinta caixas
de foguetes e soprou uma corneta.
Rapidamente
eu fiz um gesto para que ele se calasse e entrando na mente dele,
sussurrei ao seu ouvido: “ O coelho da páscoa pode te ouvir e
mandar as galinhas te matarem, fique quietinho e não faça tanto
barulho”.
Ele
apenas acenou com a cabeça e saiu correndo por todo o quintal,
procurando galinhas e coelhos e depois de alguns segundos, voltou
vestido com um macacão do exército, com o rosto camuflado e disse:
“Tudo seguro papai!”
_
Precisamos treinar o macaco para conseguir rastrear coelhos, leve ele
para uma mata e treine o em combate e furtividade.
Ele saiu
dali com o macaco na gaiola e eu fiquei quatro semanas sem ver aquele
porco, comecei a pensar que estava começando a ficar esquizofrênico,
mas para minha sorte ele voltou num momento em que eu precisava muito
de ajuda.
Meu
porco me salvou de um assalto
Sai para
uma viagem em Goiânia por motivos de saúde, voltei para a cidade já
a noite e estava tendo uma tempestade grande e a energia tinha caído,
não se via nada nas ruas, eu ia caminhando rápido, até que ao
virar uma esquina senti uma faca nas minhas costelas e logo depois um
cara, alto de rosto branco e olhar insano me disse para passar tudo o
que tinha.
Eu
fiquei em choque, a escuridão e a chuva fizeram aumentar a
adrenalina no meu sangue, me deixando paralisado, o bandido me deu um
soco e eu cai ao chão, meu nariz tinha se quebrado, tudo ficou meio
turvo e me lembro somente do meu porquinho aparecer e pular no
bandido, pegando a faca dele e começando a acerta – lo, várias
vezes, fiquei ali parado enquanto ele parecia possesso, arrancando
cada pedaço do bandido e jogando num carrinho de churrasco que fez
aparecer, as partes daquele homem caiam na grelha do carrinho,
protegida da chuva por uma lona como se fossem bifes e depois de tê
– lo matado, comeu os pedaços de carne com molho de tomate,
enquanto a chuva corria loucamente.
Lembro
somente de ter apagado, enquanto escutava barulhos de sirene. Acordei
no hospital. O soco no nariz tinha interrompido minha respiração,
fechando as vias aéreas e por muito pouco não morri.
Estava
todo enfaixado quando acordei com um enfermeiro gordo, que
cantarolava uma melodia de amor colocou no soro uma dose cavalar de
dipirona que entrou nas minhas veias queimando, até chegar ao ponto
que meu braço parecia estar em chamas.
Minha
mãe veio e ficou horas comigo, até ficar muito cansada e ser
substituída por uma de minhas tias. Meu porquinho só apareceu tarde
da noite. Ficou todo feliz me puxando pela roupa do hospital e
dizendo que tinha treinado o macaco para ser um operativo ninja, e
que eu não precisaria me preocupar que agora ninguém iria me fazer
mal, pois aquele mísero macaquinho iria me proteger.
Olhei
bem para o animal, o remédio estava parando de fazer efeito e eu
estava começando a sentir dor, o macaco estava vestido como um ninja
e só se viam os olhos, lunáticos e insanos, olhando ao redor com
uma frieza louca.
Aquela
situação me deu medo, principalmente quando um enfermeiro do turno
da noite veio me ver e o macaco pegou uma faca de cozinha que tinha
nas mãos e fez um corte profundo na espinha do profissional que caiu
no chão, morto sem nem ao menos reagir, enquanto o animal voltará
para sua posição próxima a janela.
Ele me
olhou como se esperasse aprovação, apenas disse lhe para falar ao
macaco atacar somente quando eu gritasse. Ele chegou no ouvido do
bicho e depois respondeu afirmativo e sabia que mais nenhum
enfermeiro iria morrer.
O caso
do enfermeiro foi considerado como um ataque cardíaco que tinha
gerado uma paralisia na coluna, lamentei muito pela morte dele, não
queria que aquilo acontecesse.
E iria
lamentar mais ainda quando ligaram a televisão e eu vi, uma
reportagem especial, um estúdio de filmes infantis estava queimando,
vários profissionais de animação tinham as cabeças arrancadas e
seu sangue estava por toda a parte e uma mensagem estava escrita em
neon.
“Morte
aos inimigos dos humanos! Os aliados do coelho da páscoa pagarão”.
Horas
depois chegaram umas crianças que estavam assistindo em casa a um
filme sobre o coelho da páscoa, um desenho bobo que o pai tinha
baixado da internet e dado para o filho naquela tarde, do computador
da empresa onde trabalhava como técnico em informática.
Só
falavam que um porco tinha invadido a casa, batido nelas dizendo para
não verem aquilo, se não ficariam hipnotizadas pelo grande inimigo
dos seres humanos e levado o DVD embora, saindo pela janela, batendo
os braços como se fosse uma ave.
Mandaram
chamar uma psicóloga e depois uma psiquiatra e dois pastores também
passaram pelo quarto dos dois irmãos, todos na cidade acharam
estranho aquilo e os boatos de um porco falante a partir dali se
tornaram uma lenda urbana no município de Pontalina.
Eu tento
treinar um porco na arte da guerra usando o cinema e falho
consideravelmente.
Só fui
ver o porco novamente quando estava em casa, já tinha me curado, mas
não podia fazer movimentos repetitivos ou muito intensos.
Minha
mãe tinha saído para ir a igreja e ele apareceu me trazendo alguns
livros que rapidamente inseriu no meu tablet, fazendo os se
transformar num pequeno cartão de memória.
Não
estava falando nada e eu sabia que a paranoia com o coelho da páscoa
estava no auge naquela cabeça, tentei acalma – lo e confesso até
tentei fazer ele se sentir melhor, puxei o e abracei aquele
porquinho, granadas do seu bolso e ele começou a falar frases sem
sentido:
“Por
que os humanos ficam do lado inimigo?”
“ Será
que Deus não irá punir a esse maldito coelho pervertido?”
Falava e
chorava, até chegar a um ponto onde a cozinha da minha casa já
estava começando a inundar. Disse apenas que ele precisava lhes
mostrar a verdade, não mata – las se não elas iriam ter medo dele
e o que os humanos temem, eles matam.
Dizia
cada palavra com uma dificuldade tremenda, puxando a respiração a
cada frase. Meus pulmões pareciam estourar, eu me levantei e
caminhei até o computador, entrei num site de scans positivos,
histórias de honra e coragem com heróis, ensinei ele a baixar e a
ler as revistas e fui dormir.
Pensei
que agora ele iria melhorar, tendo menos loucuras na cabeça, como eu
estava enganado.
Ele usou
seus poderes para criar as revistas, e abriu um porão embaixo do meu
quarto, para onde foi carregando milhares de títulos. Ele ficou
louco lendo revistas em quadrinhos, mas para meu azar não eram sobre
os heróis com honra, mas sim os anti – heróis, os caçadores de
recompensa, sem moral ou código de honra que interessavam a ele,
consumiu todo o conteúdo dos sites de quadrinhos, dentro da tal
fortaleza, enquanto eu ia lá uma vez ou outra, mais preocupado com
aquele suíno doido, que ora aparecia vestido de Darth Vader e em
outros momentos treinava tiro ao alvo com um coelho de pelúcia
posicionado num alvo imaginário e após alguns tiros passava a
acertar somente na cabeça.
Eu saia
dali com medo, já estava com aquela criatura há dois meses e daqui
dois dias seria o mês da páscoa, as lojas iriam se decorar de
motivos do tema, passariam propagandas na TV, no rádio e até
idiotas se fantasiariam de coelho para poderem levar outros imbecis a
comprarem como loucos.
Tive uma
ideia para tira – lo da Terra por um mês, criei num site de
notícias falsas uma mensagem onde um repórter dizia que seriam
mandados coelhos para a estação espacial afim de testarem novas
experiências.
Fui o
mais falso possível para que ele não percebesse o quanto eu estava
preocupado, mostrei pelo tablet a notícia e esperei que ela tivesse
o efeito desejado, ele sumindo da Terra por um bom tempo, procurando
onde lançariam o foguete e como destruir os coelhos.
Mas na
hora ele se agarrou em mim e se teleportou para os EUA, invadindo a
área restrita da NASA, depois quando percebeu não ser ali, invadiu
a área 51, nos dois casos eu era deixado a uma distância longa,
enquanto ele entrava nas bases e destruía metade da paisagem.
Depois
de destruir a área 51 e sair de lá carregado de itens de alta
tecnologia que trouxera como souvenir, ele nos teleportou de volta
para casa.
Fez
alguns reparos no porão que agora se estendia por quase um
quilômetro e era sustentado por vigas de aço. Montou um mega
laboratório e só parava para tomar um vidro de pimenta malagueta a
cada doze horas, parecia totalmente focado naquilo e eu me arrependi
de ter enganado ele quando terminou de montar sua base, dizendo com
um sorriso:
“ Agora
nenhum coelho vai para o espaço matar nossos astronautas”.
Enquanto no computador, se via todos os satélites de defesa
conectados naquela sala, ao menor sinal de uma espaçonave saindo,
ela seria deletada na hora.
O
porquinho de algum modo tinha conseguido hackear todos os sistemas de
segurança globais e poderia usa – los para atacar qualquer
aeronave interespacial que fosse vista nos radares e para o azar dos
pilotos, sete dias depois um grupo da estação voltou a Terra e
quando entrou na nossa atmosfera, os satélites apitaram loucamente e
ele apenas correu até um botão instalado na parede, que dizia em
casos de coelhos, quebre.
No mesmo
instante oito misseis nucleares de diversos países foram lançados
no rumo do foguete que se transformou numa terrível bola de fogo nos
céus, criando uma nuvem tóxica nas camadas mais elevadas que passou
a impedir os seres humanos de viajarem para o espaço, se formou na
segunda camada, uma espécie de anel de radiação que selou as
brechas da camada de ozônio, impedindo a destruição ambiental do
planeta.
Mas
acelerou por todo mundo um surto de evolução como nunca antes se
viu, a natureza em vários pontos começou a mudar, a crescer e ficar
mais forte.
Os
primeiros relatos nos jornais falavam em Cangurus começando a
desenvolver cidades, depois vieram serpentes na China que se
organizavam para atacar humanos e por fim, nuvens de moscas que
conseguiam atacar como soldados de uma legião.
Aquele
porquinho te causado a salvação da crise ambiental causada pela
poluição, mas agora tinha tornado necessário aos seres humanos se
adaptarem as novas condições ou abandonar o planeta.
Após
uma série de catástrofes que devastaram grandes áreas do mundo nas
semanas que se seguiram, com leões e humanos brigando por espaço, o
governo dos EUA resolveu abrir um programa para se colonizar Marte.
Milhões
de pessoas se ofereceram para viajar ao planeta vermelho, eu era uma
delas, no aeroporto milhares de outros jovens estavam unidos para
tentar se salvar, minha mãe tinha sido atacada por um grupo de cães
raivosos, enquanto voltava da igreja, os cachorros cercam ela e um
grupo de senhoras que voltavam sem escolta armada para os abrigos.
Não foi
encontrado nada para eu fazer um enterro digno para ela e desde então
não conseguia mais dormir passei a comer mal e quando ouvi sobre as
colônias em Marte me vi na oportunidade de mudar tudo, de deixar
tudo para trás.
Mas
quando entrei no avião e decolei rumo aos Estados Unidos, meus olhos
se abriram e eu vi o porquinho me cobrindo com sangue de coelhos.
Ele
tinha me esmagado por engano, excitado quando eu lhe falei sobre o
plano do coelho para ir ao espaço, tinha sem querer feito aparecer
uma bigorna que havia me esmagado o crânio.
Na mesma
hora ele reconstruiu minha cabeça, mas tinha me deixado
completamente calvo e com um bigode gigantesco que simplesmente não
sumia, crescendo novamente minutos após.
Os
coelhos mortos tinham vindo de um pet shop em Goiânia onde vendiam
coelhos como animais de estimação, ele atacou a loja, o criador,
decapitando seu dono e roubando todos os animais.
Me
contou que cortava a cabeça deles e derramava o sangue em mim,
enquanto minhas células nervosas iam se reconstruindo devido ao uso
excessivo de um remédio chamado ImagineX que estava me reconstruindo
por dentro.
Perguntei
se tinha algum efeito colateral e ele meio sem jeito falou:
“Surto
e alucinações, você verá e sentirá tudo que sua nova cabeça
criar como real”. Fechei os olhos e respirei fundo, no mesmo
instante vi uma cena onde eu esmagava o crânio daquele maldito
porquinho e ela me pareceu tão real que eu podia sentir até os
gritos dele.
Passei
alguns minutos nesse frenesi assassino quando ele me acordou, jogando
um dos corpos daqueles coelhos mortos no meu rosto.
_ O
remédio que te salvou papai, agora vai te deixar maluco. Mas pensa
pelo lado bom, não vai mais escrever com lápis, afinal agora você
vai viver todas as suas aventuras e ao terminar de dizer essas
palavras puxou o lápis mágico de um dos bolsos e me mostrou, eu
rapidamente tomei dele e disse para não pegar minhas coisas.
Dei lhe
uma missão de procurar o coelho da páscoa na China e ele partiu
montado num pitbull que tinha sido selado para tal fim.
Rapidamente
após vê – lo partir, peguei um papel e comecei a desenhar um
portal dimensional que levaria ele direto para um mundo de desenhos
animados, com diversas outras personagens, onde ele se tornasse algo
comum.
Desenhei
o portal para aparecer como um grande X no meu quintal, e logo que
sai do meu quarto e fui checar, lá estava a marca bem no local onde
eu tinha planejado.
Seis
horas depois, o porco volta e nós começamos a conversar sobre as
missões dele, o que tinha feito desde que sairá em sua busca, até
que num determinado momento mudei de assunto e perguntei:
_ Foi
você que fez aquele grande X no quintal?
_ Não
fui eu não!
_ Então
será que foi o coelho da páscoa que marcou a casa para nos
destruir?
_ Ele
rapidamente foi até lá e quando encostou o focinho no chão para
cheirar a tinta do portal, uma grande luz surgiu do céu e o sugou
para o mundo dos quadrinhos, o reino onde habitam todas as histórias
fantásticas ou não.
Eu enfim
acreditei estar livre dele para sempre, até mesmo reencontrei o
papel com as anotações dele, caído atrás de uns arbustos.
Tranquei
o lápis e o papel com as anotações do Paraoinc em um cofre dentro
da minha casa, no porão secreto que ele criou, onde estavam todos os
quadrinhos. Quarenta anos se passarão desde que ocorreram os fatos
dessa aventura e minha vida tinha voltado a ser normal, nada mais de
desenhos animados e coisas malucas, tinha me tornado somente um
professor de história com grande foco na família e que ainda
consumia quadrinhos em larga escala.
A Volta e o batismo do Paraoinc
Tinha
notícias do porquinho sempre que algum produtor dizia escrever,
filmar ou desenhar algo relativo a páscoa e de uma hora para outra
os desenhos começavam a desaparecer como se fossem apagados.
Muitos
paranormais acreditavam ter uma emanação mística maldita por trás
do coelho da páscoa, mas na verdade eu sabia que o porquinho estava
agindo no mundo da imaginação.
Me casei
aos trinta e seis anos, depois de ter passado num concurso, o meu
velho quarto na casa da minha mãe, continuava lá. A casa estava
fechada e somente nas férias eu ia lá junto com ela, para darmos
uma arrumada e pagarmos os impostos.
Eu
gostava do lugar e todas as vezes, mesmo que com mais dificuldade ia
até o porão, acendia as luzes e via tudo arrumado, toda aquela
aventura ali e eu sem poder contar nada a ninguém, fazia parte do
meu segredo.
Mas na
minha última vez ali naquela casa, precisei levar minha mãe ao
médico, ela tinha se machucado ao tentar tirar a poeira de um
armário e corria o risco de ter quebrado algo.
Deixei
meu filho sozinho na casa, Aquiles era seu nome e ele me causava
problemas só pelo pavio curto, no geral era um garoto exemplar,
seria perfeito se não tivesse um mau gênio e fosse quase arisco
como um animal selvagem.
Sai com
a avó do menino rumo ao hospital depois de fazer mil e seis
recomendações para que tomasse cuidado. Ele apenas me fitava com os
olhos aparentando tédio.
Nos
saímos de carro a toda velocidade e ele entrou correndo dentro da
casa e foi diretamente ao meu antigo quarto, e por algum grande azar
encontrou a passagem para o porão, escondida embaixo da cama e ali
viu todas as coleções e aparelhos eletrônicos, mas algo o fascinou
ainda mais: O cofre colocado por mim próximo a parede.
Ele era
obsessivo com criptografia, adorava decifrar códigos e ao ver o
mecanismo foi logo tentando abrir ele.
Tendo
uma boa memória e me conhecendo tentou os números dos filmes de
espionagem e detetive, acabou conseguindo a combinação quando
tentou 007221b
Ele
abriu o cofre e encontrou um lápis e a folha do porquinho que eu
tinha reencontrado quando ele foi sugado para os céus no grande
raio.
Rapidamente
leu os esboços do porquinho e começou a acrescentar mais detalhes.
Eram a princípio somente quarenta palavras sobre o porquinho, ele
fez os detalhes do passado dele até atingir a folha inteira e depois
continuou até a outra, rasgando uma revista antiga que estava jogada
numa mesa e continuou escrevendo até se sentir cansado e adormecer.
Eu
voltei do hospital, após saber que minha mãe tinha apenas torcido o
pé e que ficaria em observação por algumas horas, e quando ao
chegar chamei o nome do meu filho e não ouvi nenhuma resposta fiquei
preocupado, rapidamente corri a casa inteira e só então me lembrei
do porão.
Entrei
pelo alçapão e vi as luzes ligadas. O cofre estava aberto e o lápis
jogado próximo a entrada. Numa parede no canto esquerdo do lugar
estava escrito: Até breve papai.
Eu
fiquei transtornado, peguei uma folha de papel e fui criando um novo
personagem, precisava salvar meu filho e a mim mesmo, precisava deter
aquele porquinho e assim nasceu o paradoxo, no instante que eu
terminei os esboços cai no chão e já não era mais humano, minhas
feições tinham se modificado e eu agora era um dos meus
personagens, tinha me tornado o Paradoxo: O senhor do tempo e do
espaço, precisava agora sair dali e usar o portal do tempo para
voltar e impedir a mim mesmo de escrever aquele porquinho.
Mas no
exato momento em que eu ia sair, o portal em forma de X me sugou para
dentro de si e numa luz brilhante eu desapareci.
Acordando
nas terras animadas
O portal
tinha me levado até um deserto, no céu se viam umas letras escritas
em amarelo: Numa galáxia tão, tão distante. Um guerreiro apareceu
para salvar o povo da escravidão do lorde Dragão Sith de Gêmeos.
E no
mesmo instante apareceram uma centena de monstros há uns trezentos
metros, eram zumbis, orcs, e toda sorte de criaturas que vinham em
minha direção.
Eu sai
correndo, esperando conseguir alguma vantagem para poder enfrenta –
los, quando tropecei em um sabre de luz laranja e
quando me levantei já estava vestido com uma túnica cinzenta,
peguei a espada do chão e dos meus lábios surgiu a seguinte frase:
“Pelos poderes de Grayskull, eu tenho a força!”
No mesmo
instante o sabre se acendeu e o simbolo do batman apareceu no céu
assustando os guerreiros que partiam em debandada, enquanto eu ia
atacando os com o sabre jedi. Me movia na velocidade da luz até que
num determinado momento da luta, um raio caiu na minha cabeça e eu
gritei involuntariamente: “Shazan!” e na mesma hora, ganhei super
– força e ultra agilidade.
Voei em
poucos segundos batendo nos guerreiros que faltavam e quando o
deserto estava lotado de cadáveres eis que aparece o porquinho vindo
ao meu encontro:
_ Papai,
você está bem? Perguntou e foi me abraçando com carinho, eu
confesso que tive vontade de mata – lo, mas me mantive quieto e
perguntei:
Estou
bem, quero saber onde está meu filho? Ele me olhou meio encabulado e
disse: _ Ele voltou, o portal trouxe você e levou ele de volta para
o seu mundo.
Eu
fechei os olhos, as pálpebras cansadas e
perguntei:
_ Você
sabe como voltar para a Terra?
Ele riu
e me olhou: _ Claro que sei, é preciso apenas encontrar o mago!
_ E onde
este mago está?
_ No fim
da trilha de tijolos brancos. E quando ele terminou de dizer isso,
apareceu uma estrada que seguia para o norte, rumo a um palácio
congelado.
Seguindo
a trilha dos anéis.
A
estrada de tijolos subia e descia em espirais que por vezes nos
fizeram enfrentar dragões, lobisomens e até a um vampiro zoófilo
que queria transar com o porquinho para nos deixar passar, mas que
acabou sendo morto por ele, após chama – lo de pequeno.
A raiva
fez aquele suíno crescer e ficar do tamanho de uma casa, seus
músculos saltaram e ele bateu tanto no vampiro que ele acabou
reduzido a pó, o gigante então preparou uma tigela de sucrilhos com
banana e pegou o pó de vampiro e colocou no meio, comendo tudo e
depois soltando um arroto que fez as árvores de um bosque próximo
fugirem assustadas, deixando um pequeno templo perdido no meio delas
exposto.
Chegamos
a porta do lugar que estava fechada, havia algumas inscrições no
chão, que não podiamos entender, por estar quase anoitecendo.
Nessa
hora lembrei que o porquinho sabia ler quase todos os idiomas e
usando o sabre de luz acendi o local e pedi que ele lesse as
inscrições.
O
cérebro dele começou a emitir uns barulhos estranhos e alguns
segundos depois saiu um papel de sua boca com uma frase impressa:
Para
entrar grite Sauroom com voz fina. Rapidamente o porquinho gritou e
lá de dentro começaram a sair vilões e mais vilões, que fugiram
levando o meu sabre de luz. Provavelmente para fazer coisas que não
vem ao caso descrever, afinal crianças podem vir a ler essa
história.
O
porquinho entrou no lugar, que pareceu vazio, enquanto eu, vestido
novamente de maneira normal o acompanhei.
Descemos
o local por uma escada em forma de caracol até chegar a um amplo
pátio, onde se viam várias mãos feitas em pedra maciça, cada uma
continha um anel, sendo ao todo um total de 12 anéis na sala toda,
três em cada canto, mas em uma das paredes as mãos estavam sem os
anéis que tinham sido levados.
Enquanto
eu ia analisando cada uma das mãos que tinham inscrições que
explicavam o que o anel fazia, o porquinho ia pegando cada um deles:
Primeiro
se tornou uma mulher, depois ganhou bafo de fogo, depois pegou outro
anel que o fez ficar com os pés gigantes, nesse instante eu olhei
para ele e vi uma asiática assando um espetinho de coelhos, enquanto
coçava seus pés que pareciam duas enormes canoas indígenas.
Me virei
para um dos anéis que eu ainda não tinha checado e vi nele escrito
a frase “ A roda da fortuna, aposte com a sorte”.
Peguei
ele rapidamente e no mesmo instante apareceu um apresentador que me
pedia para rodar a roleta, onde estavam escritos desde coisas como:
Ganhou uma vaca, até caiu no poço cheio de cobras.
Rodei a
primeira vez e caiu no passe para seu parceiro, o porquinho então
veio e rodou e então apareceu: O dobro ou nada.
Naquele
momento surgiu mais uma roleta e nos dois rodamos no mesmo instante.
Eu cai em batalha pelo tesouro e o porquinho em viagem a ilha da sua
fantasia.
No mesmo
instante eu fui mandado para uma espécie de calabouço, cheio de
criaturas malignas e o porquinho foi parar numa ilha paradisíaca
cheia de mulheres vestindo fio dentais minúsculos.
Ele se
divertiu para valer disse que ficou dois dias naquela ilha, enquanto
se divertia de várias maneiras com todas aquelas moças. Quando eu o
revi novamente, ele estava me mostrando na câmera do celular, as
diversas fotos que tinha tirado, todas tão obscenas que nem posso
descrever.
Mas
estou avançando a história, primeiro tenho de contar para vocês
como eu escapei do calabouço.
Fui
pelos telhados usando meus poderes matei as baratas que ali
caminhavam que ao cair no chão ativavam as armadilhas preparadas
para me matar, depois que o telhado acabou, fui correndo, enquanto
atravessava um caminho cheio de flechas que saiam das paredes
dispostas a me destruir até que por fim pulei em cima de uma bola de
pedra e fui me equilibrando enquanto aquele enorme rochedo redondo ia
avançando por uma espécie de túnel até que cheguei em uma arena
onde eu me vi cercado por diversos gladiadores, que usavam uniformes
espaciais e carregavam
armas a laser gigantescas.
Eu usei
meus poderes como mestre do tempo, para parar a realidade, roubei uma
das armas dos meus adversários e acertei os demais e só então
voltei a realidade ao normal, no mesmo instante os tiros disparados
que estavam estáticos, foram até seus alvos e eu venci a primeira
batalha. No mesmo instante os corpos carbonizados dos primeiros
inimigos cairão ao chão e caiu do céu novamente o meu sabre
laranja e eu voltei a estar vestido numa longa túnica marrom que
agora fedia a pântano e na minha frente apareceu um velho baixinho
vestido com uma roupa preta que gritou: “ Eu sou seu pai” e ficou
parado esperando receber um abraço, eu avancei até ele numa
velocidade que fez toda a arena voar pelos ares.
Cortei a
cabeça dele e no mesmo instante apareceu um mapa com o caminho até
o mago.
Fui
enviado de volta para Sauroom, a sauna dos vilões e o porquinho
também voltou de suas férias felizes.
Eu
estava terrivelmente cansado e com uma fome imensa, estava fedendo
horrivelmente enquanto aquele suíno parecia feliz e contente,
cheirava a talco e estava vestindo um roupão de seda francesa e
tinha um monte de marcas de beijo por todo seu pequeno corpo.
Fiquei
furioso com ele, a inveja daquela paz e calma me fez ficar fora de
mim e num instante me vi em cima dele, atirando o para cima e o
cortando ao meio.
Naquele
instante eu acordei em minha cama, estava ensopado de suor, minha mãe
estava ao meu lado na cama. A chuva caía forte lá fora e o
porquinho não estava mais lá.
Eu ainda
tinha várias faixas cobrindo meu rosto e a respiração doía muito.
Tudo
tinha acabado, pensei eu afinal, mas quando amanheceu vi o quanto eu
estava errado. Um macaco pulou pela minha janela e me entregou uma
carta e ficou parado exigindo uma gorjeta, dei para ele uma moeda de
1 real e rasguei o papel e ali dentro estava o esboço do porquinho
feito por mim.
Não
sabia o que fazer, resolvi que não iria rasgar aquele personagem e
por fim o abracei com carinho, mesmo que fosse apenas insanidade
minha, tinha sido um dos sonhos mais legais que eu já tinha passado,
lágrimas cairão no papel e no mesmo instante um X surgiu no chão
do meu quarto e eu acabei sugado para novas aventuras.
_ Não
há final! Te decepcionei? Espero que não afinal ninguém é melhor
que eu e se o papai não soube mostrar minhas qualidades é por que
ele é um escritor um tanto medíocre para descrever minha
personalidade marcante e explosiva, mas fiquem firmes que nas
próximas histórias quem irá escrever serei eu mesmo.
Assinado:
Paraóinc, ou Paranoico; PS: Eu me dei esse nome após vê – lo num
anúncio de hospital psiquiátrico