quarta-feira, 20 de agosto de 2014

É hora de alguém pagar!



No outro dia tudo o que eu queria era ver o que tinha naquela bolsa e retirei cada um dos itens que ali estavam e o que pude ver me deixou sem palavras, lá dentro estava à seguinte lista de objetos:

Uma pulseira cheia de números, tal como uma calculadora.

Um Bracelete com três pedras azuis incrustadas nele.

Uma espécie de gosma espacial que parecia estar viva, dentro de um tubo de ensaio.

Minha pistola calibre 45, colocada num bolso do lado de fora.

Um fone com prendedor para encaixar no ouvido.

Um par de óculos e um relógio de pulso feito de um metal que parecia se amoldar ao toque.

Fiquei analisando aqueles itens e peguei o relógio e o bracelete e os coloquei em meus braços, um de cada lado e no mesmo instante entrei no que mais tarde viria saber se a dimensão da realidade aumentada, onde eu podia estar em contato com quase tudo, tendo a percepção quase igual à de um satélite que paira nos céus da Terra.

Meu corpo e minha mente se separaram e naquele mesmo instante uma voz na minha mente disse em tom bem claro:

- O que você deseja Esperança? Aqui é o sistema de inteligência da nave, aguardando instruções?

- Eu quero saber quem sou eu?

- Protocolo de busca nas suas memórias iniciado...

- Lamento, mas a única referência que temos a isso na sua mente e no nosso banco de dados disponível está nesse vídeo.

Ele me mostrou uma imagem contendo eu numa ação frenética, invadindo uma base militar e destruindo vários homens, jogando os em um incinerador ou algo do tipo, no entanto não me lembrava de nada daquilo e não sabia que minhas habilidades com armas eram tão poderosas.

Fiquei horrorizada ao mesmo tempo feliz, por começar à saber quem eu era, mal sabia que as vezes o conhecimento é uma benção

Pois naquele mesmo instante uma transmissão conseguiu captar a onda magnética gerada pelo pulso daquele scan que minha cabeça tinha sofrido e antes de terminar, pude ver um homenzinho bem pequeno, com a cabeça deformada, vestindo uma coroa real e ele disse:

- Até que enfim te encontramos sua ladra maldita, por sua causa hoje vivo a vagar pilhando o espaço, mas isso logo vai passar, quando eu te destruir e recuperar meu soro, tudo vai mudar e meu exército vai varrer todos os mundos habitados, começando por esse planetinha lixo onde você está!

A transmissão terminou e eu pude ouvir novamente a voz na minha mente cabeça:

- Senhora, os meus criadores estão se dirigindo para a Terra, eles tomaram o curso do planeta e em quatro dias terrestres, estarão aqui.

- Quem são seus criadores, fale logo!

- Fui criado no laboratório de Em- 7 a base maior dos Rebeldes no espaço e meu objetivo era criar seres sem sentimentos e mentalmente controlados a distância para as ordens de Xkuir o terrível, mas a primeira pessoa que acessou meus circuitos foi você e quando eu absorvi suas memórias acabei ganhando consciência e transcendendo minha própria programação.

- Aviso: uma arma está para ser disparado visando destruir seu corpo.

- O que! Manda - me de volta para o meu corpo e me faça um favor: Tenta achar alguém com capacidade para nós ajudar a deter essa tal frota que está vindo nos matar!

- Ouço e obedeço! senhora! Seus sentidos foram ampliados e durante sua estadia na dimensão exo- mental se passaram dez horas.

- Como? Dez horas? E o que ocorreu com meu corpo nesse período?

- A senhora saiu para fazer compras mais a mulher do prefeito, foi convidada para um jantar de gala e nesse exato momento está se dirigindo para o palco onde um atirador planeja acabar com você e duas equipes de assalto estão invadindo o prédio.

- Me manda de volta então!

- Sim estou carregando sua mente nos circuitos do seu corpo e fazendo algumas melhorias temporárias, seus sentidos estarão aguçados ao extremo para que possa impedir sua morte, tome cuidado!

E ao terminar de dizer essas palavras ele terminou de me mandar de volta e a cena que eu me vi fora no mínimo lamentável, eu estava num vestido vermelho quase transparente, usando sapatos de salto apertadíssimos, com uma bolsa de madame curta nas mãos, ainda bem que ainda estava com o relógio e o bracelete mas ao ir para um palco improvisado receber a chave da cidade, pude notar que as mãos do prefeito tremiam e ele parecia ter medo de mim.

Olhei ao redor e por uma das janelas eu vi o homem da máscara que parecia carregar algo grande nos ombros, quando escutei o barulho de um míssil sendo disparado, rapidamente gritei para que todos saíssem dali, mas no mesmo instante, um helicóptero metralhou a porta lateral do lugar e todos ficaram ali presos, até que ele me acertou no peito.

O choque da explosão não me matou, por que do bracelete saiu uma luz azulada que rapidamente fechou as queimaduras, porém minha pele que sempre fora bem clara até onde eu me lembrava naquele momento, assumiu um tom de vermelho rubro, porém eu estava no meio de alguns currais, pois havia sido lançada bem longe pelo impacto daquela arma.

Novamente estava nua, porém dessa vez não eram poucos homens e eles estavam armados, todavia a questão maior era: Por que estavam atrás de mim?

Sem pensar muito em respostas, fui até dentro do espaço onde estava acontecendo aquilo tudo, mas a cena era aterradora demais para se ver: todas as pessoas tinham sido arrastadas para fora e seus corpos estavam em chamas bem na entrada, somente o major tinha sido deixado com vida para me dizer a mensagem que eles queriam:

- Venha nos encontrar se não quiser que cinco inocentes criancinhas morram em duas horas!

Sai correndo dali, dirigindo o único carro que ainda estava inteiro, provavelmente estava rastreado, mas eu nem me importei com mais nada, voltei a igreja pelos fundos, vesti umas roupas que estavam dentro de uma sacola e peguei todos os itens daquela bolsa que eu tinha guardado embaixo do assoalho e os vesti no meu corpo e coloquei a 45  atrás do meu short, quando libertei a gosma ela pregou no meu cabelo e no mesmo instante minha pele que ainda estava vermelha voltou ao seu tom natural.

Sai da igreja, calçada com um par de chinelos e vestindo um short velho e uma camisa de banda sem mangas, entrei no mesmo carro com o qual tinha chegado ali e dirigi ao encontro dos canalhas que tinham feito tudo aquilo, sem pensar muito, sem sobreviventes e sem nenhuma lei, eu queria somente matar naquele momento e para ser sincera a idéia de encontrar aqueles homens e corta – los em pedaços era tentadora demais.

O terreno era próximo a um bordel na saída da cidade, uma antiga pista de pouso e de longe com meus sentidos aguçados pude perceber que as crianças estavam num antigo galpão expostas bem no meio de tudo aquilo e mesmo estando a quase trezentos metros do local, eu vi todos os soldados que estavam ali prontos para me matar assim que eu me aproximasse, pensei bem forte, acreditando que assim iria ativar aquele tal circuito que vivia me chamando de senhora!

- Preciso de ajuda! Acorda circuito, me dá um levantamento total dessa maldita enrascada que eu estou.

Passados alguns instantes a voz na minha cabeça disse: - É uma honra lhe ajudar senhora! Segundos a imagem captada por meu satélite, a senhora está a quatrocentos metros do alvo onde as crianças estão sendo mantidas, porém atrás da senhora, no bordel estão mais de mil homens esperando para lhe atacar assim que você sair da sua posição.

- Ótimo e como saio dessa enrascada?

- Processando pergunta...

- A melhor saída é apertar 11347 na pulseira e atacar eles.

- O que acontece se eu fizer isso?

- A senhora estará completamente preparada para um ataque massivo e suportará até mesmo a mais avançada tecnologia desse planeta: um míssil de atômico!

- ótimo obrigado pelo apoio então vamos ver o que essa pulseira faz...



Enquanto isso dentro do motel...



- Eu consegui, trouxe a para uma armadilha perfeita!

E naquele momento de triunfo, onde nada parecia dar errado ele se regozijou com a idéia de que em poucas horas poderia ver se livre de todo aquele problema e pensar que tudo havia começado com uma parada do ônibus na rodoviária para descansar a noite e uma notícia num jornal de circulação local, mostrando a foto dela como heroína e dizendo que ela estaria no parque de exposições para receber a chave da cidade.

Tudo estava fácil demais e eu resolvi ficar ali para impedir uma nova fuga e liguei para o chefe que rapidamente prontificou a mim duas tropas de soldados cada qual com mil homens, que chegariam daqui a trinta minutos, em uma fazenda próximo ao local que eu havia lhe dito que ela estaria e montamos a primeira armadilha, para lhe deixar zangada, os rapazes queriam acabar com ela ali, mas eu resolvi mudar de tática e deixei um dos atingidos vivos para levar a ela minha mensagem: A parte das crianças era uma mentira e aquelas criaturas eram macacos vestidos como crianças, não entendi o por que mas segui as ordens do chefe, fiquei ali dentro do motel, com todas as vadias presas num quarto esperando os sentinelas localizados em cima da caixa de água avisarem que ela já estava a caminho e no ponto certo as minas dariam o tempo necessário para que nós saíssemos e disparássemos mais de duzentos dardos por segundos numa metralhadora adaptada para esse fim, fora o lança – chamas que eu tinha comigo que usaria para sobrevoar aquela área toda e queimar ela com uma chama feita a base de hidrogênio e um composto gel que gruda no corpo e causa queimadura continua, acabando com a vida dela caso fosse necessário.

As horas passavam e tudo estava planejado era só esperar a doce heroína da cidadezinha, vir salvar as criancinhas e ir curtir minhas férias em Aruba, longe de todos aqueles problemas.

- Afonso, Henrique, na escuta?

- Sim senhor!

- Nenhum sinal do alvo?

- Não senhor! Temos somente a visão de um carro parado há trezentos metros de sua posição, as portas estão abertas e não tem ninguém por perto.

- André, Salles, Venham aqui!

 Os dois soldados que estavam ali comendo algo, param e vão em direção ao chefe: – O que deseja senhor?

-Leve cem homens para perto desse carro e me passem um relatório em quinze minutos.

- Sim senhor, e saíram juntando uma tropa para atacar qualquer ameaça, armados com poucas armas esses homens eram somente para busca de respostas, mas não estavam preparados para aquilo que iriam ver em sua frente e nem no quanto o conhecimento disso poderia ser mortalmente perigoso.



No carro parado na pista tudo corria diferente com a jovem...



- Digitei o código e no mesmo instante meu corpo cresceu me deixando com dois metros e uma grossa camada de pêlos alaranjados saltou do nada, rasgando novamente minhas roupas e me deixando com uma aparência igual à de um tigre humanóide, cai no chão e quando olhei meu rosto contra uma poça de água eu estava totalmente felina, pois no lugar onde antes havia um rosto tinha se mudado para uma face de fera completamente alterada.

Quando me levantei duas armas apareceram nas minhas patas que eram gigantescas, tal como as pistolas que pareciam ter quase noventa centímetros de comprimento e vinte de largura carregadas com o que parecia ser uma espécie de energia roxa bem escura.

Não lembro como foi essa transformação, parecia somente que minha consciência parecia menor enquanto meus sentidos se alargaram bastante. Eu fiquei parada ali um pouco enquanto me acostumava com aquela nova realidade, até que um grupo de soldados chegou próximo a mim, num carro parado na pista que eu não lembrava ser meu.

Rapidamente algo dentro de mim entrou em ebulição e mal percebi quando disparei dois tiros na direção do carro, explodindo o e lançando uma bola de fogo envolta dos homens que estavam próximos ao local, uma parte foi bastante atingida pelas chamas e os gritos dos homens queimando era ampliado nos meus ouvidos e podia quase sentir aqueles gemidos de dor e algo dentro de mim ficou feliz por aquilo, um instinto brutal que dominou minha mente e travou meus sentimentos.

Os soldados depois do choque vieram em formação de ataque em forma de uma ponta de flecha tentando me cercar, mas antes que eles disparassem em dei um salto bem alto e atingi o líder do pelotão na cabeça e os demais foram caindo a cada movimento meu, parecia que meu corpo sabia a hora de desviar das balas e os soldados eram lentos demais para meus reflexos aprimorados e assim pude acabar com toda a tropa em poucos minutos e no rádio de um dos cadáveres uma voz pedia para saber o que estava acontecendo e eu disparei naquele aparelho e sai à procura de mais vitimas para eu matar, na minha mente tudo parecia convergir para isso e os meus passos se dirigiam ao motel, era hora de acertar as contas e alguém irá pagar!
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