sábado, 8 de junho de 2019

O duelo

Eram dois samurais com grande reputação.
Guerreiros experientes que manejavam espadas como se fossem apenas extensões do próprio braço.
Sua fama e seu desejo de serem o maior os fizeram se confrontar.
Mandaram emissários um ao outro marcando um duelo.  O local marcado seria uma ponte na divisa entre dois daimyos rivais.
Iriam cada um representar um lado e assim serviriam para acabar com uma richa que logo poderia virar guerra.
Cada um dos lados chegou no horário certo. Vestiam armaduras completas e estavam prontos a ir até a morte.
Mas um dos senhores envolvidos naquela disputa não queira se arriscar e mandou um arqueiro disfarçado no meio da plateia com ordens de vencer o conflito de qualquer jeito.
Se julgava superior ao seu rival e jamais aceitaria perder.
Os guerreiros tiraram suas espadas e começaram um balé de morte.
O som do choque das armas era tão alto que parecia com os rumores de uma tempestade.
Todos os espectadores mantinham se a uma curta distância, se afastando a medida que os combatentes se aproximavam.
O combate era equilibrado e se manteve assim até o arqueiro pegar um dos oponentes de costas.
Era uma violação do duelo e do acordo.
O derrotado foi acertado nas costas e acabou caindo no rio, manchou as águas de sangue.
O assassino fugiu dali. Sabia que acabaria sendo linchado.
Mas a noticia da traição estava espalhada e logo até os reinos vizinhos se envolveram.
O samurai ofendido iria se tornar um dos maiores comandantes do Japão: Tokugawa.
Um homem que pela ganância de um nobre foi transformado em vingador e no maior de todos os generais!

Fantasmas ou mentira?

O velho bosque no alto da colina era famoso por suas lendas.
Os moradores o evitavam por medo das histórias de fantasmas.
Muitos já diziam ter vistos criaturas e luzes inexplicáveis ali.
Um grupo de criminosos fugindo da capital após um roubo bem sucedido chegou a pequena cidade e por acaso escutou um bêbado contando histórias de fantasmas para um amigo.
Os homens se olharam e decidiram se esconder naquele local, esperando a poeira baixar e os policiais perderem o rastro.
Dirigiram para a colina. Esconderam os carros e encontraram repouso num velho celeiro quase abandonado.
Por alguns dias ficaram ali, assistiam as notícias e quando viram que os policiais já eram ridicularizados pelos jornalistas decidiram que iriam embora na manhã seguinte.
Estavam cansados de dormir mal. Tomar banhos improvisados e comer alimentos frios.
Queriam aproveitar a grana que tinham conseguido.
Ficou decidido então que na manhã seguinte haveria a divisão e cada um seguiria seu caminho.
Dormiram preocupados naquela madrugada.  Todos ficaram acordados com medo de serem roubados.
Não havia a menor amizade entre eles. O menor movimento errado poderia acabar em morte.
O clima de tensão misturado a olhares gananciosos deixaram todos animalescos.
E assim foi até as 3 da manhã quando um barulho estranho deixou todos alvoroçados.
Pareciam passos de uma grande quantidade de homens.
Pensaram que tinham sido descobertos. Cada um pegou sua arma e saiu disposto a matar.
Eram homens brutais e tensos cujos sentidos estavam voltados para a sombra interior. Não havia ali nem sinal de remorso e piedade.
Seguiram por todo o perímetro. Verificaram os carros. Abriram o porta malas, onde estava o dinheiro e quando percebeu se que estava calmo se permitiram relaxar um pouco.  Nesse momento, um dos homens deu um grito agonizante.
Havia sido mordido por uma serpente. E no seu pavor acabou tentando disparar na cobra e acertou o pé.
Caiu para trás e bateu a cabeça numa pedra.
Não havia nada a ser feito. Ele ficou variando por alguns instantes ali numa poça de sangue enquanto seus comparsas voltaram lá para dentro.
Alguns impressionados com o ocorrido. Outros felizes com o fato de terem menos um para dividir.
As 4 da manhã. Sons de trombeta foram ouvidos. Parecia que uma banda estava postada ali do lado de fora.
Aquele barulho estridente e alto deixou a todos apavorados.
Um dos homens saiu correndo do local e foi crivado de balas.
Outro se escondeu atrás de um saco de feno enquanto os demais se mataram.
Quando somente sobrou o que estava escondido houve algo estranho. Ele sentiu se cercado por mãos espectrais. Ele abriu os olhos e viu diversas criaturas negras de formas enevoadas. Suas presenças eram frias. O bandido saiu dali correndo e continuou correndo até ser encontrado por um policial que foi avisado de um homem correndo em pânico na base da colina.
O homem foi detido e não parou de gritar. Precisou ser sedado para conseguir se acalmar.
Quando as digitais foram checadas descobriu se quem ele era. Foi levado a capital e ali ninguém acreditou na sua história.
Procuraram no velho bosque pelo dinheiro e não encontraram.
Os corpos também não foram achados. No velho celeiro havia somente as armas e muitas cápsulas deflagradas.
Todos acharam que o sobrevivente na verdade tinha matado seus colegas, escondido o dinheiro e então se entregado para aproveitar tudo sozinho.
Bem, não posso afirmar nada, apenas escutei essa história e decidi registrar.
Será que o homem teve uma visão paranormal? Ou é apenas um homicida bom de prosa?
Você decidi!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...