segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Dúvidas e leões fiéis.

 Procurar a sabedoria terrena sempre foi mal visto pelos religiosos.

 O medo de que o conhecimento afaste do mundo espiritual é comum, em especial nos religiosos e nas pessoas que passaram a vida toda presas dentro de um modelo.

O conhecimento é questionador. Procura lo a fundo nos argumentos, na origem e no contexto de cada detalhe pode tornar a religião um mero castelo de humanidades.

.Ler muito em vários modelos de pensamento amplia o horizonte e torna as pessoas capazes de ver novas formas fora do que é permitido. 

Assim alcança se uma visão maior indo além do sacerdote que teme a influência desse individuo que se libertou.

 Crer é moldar sua cadeia, perdendo sua liberdade criadora de ir além. Tudo isso em troca de uma visão de um outro mundo com o desejo mais querido aos homens: A perfeição.

A dúvida para quem crê não é boa, não aceita a de estar errado por que teme perder tudo. Se a dúvida algum dia se abrir em sua mente logo a mata pelo medo de errar.

Não veêm com bons olhos aquele que parte errante, nômade, vagando na busca de si. Negam os desejos e sufocam se em virtudes que logo esquecem e caem no pecado.

Chamam o que desejam de pecado. E fogem de si caçando um diabo maldoso que no fundo reside dentro. Um diabo que deseja gozar o tempo que nos resta.

Perdidos em um tempo infinito do qual jamais conseguem tirar da mente, os religiosos, vivem a procura de um outro mundo imaterial onde não sofrerão!

Por temerem sofrer deixam se lado agora. Na confiança cega de quem vê uma miragem e pensa estar diante de um belíssimo oásis de águas cristalinas.

Por viverem procurando o amanhã enquanto horizonte eterno, os religiosos se arrogam como portadores da virtude e monopolizam para si o domínio do bem público.

Bem público que esconde suas hipocrisias, sua falsidade, sua lascivia e principalmente seu orgulho de quererem ser portadores da razão diante do Criador.

Deus existe?

Suponhamos que exista um Deus. Ele é perfeito, totalmente feliz, completo, poderoso e sabe além do tempo e do espaço.
Por qual motivo Ele iria perder se na procura imperfeita de um fiel que deseja um carro novo? Ou diante de outro que deseja conselhos amorosos?
Qual o motivo da perfeição se preocupar com a imperfeição?
Seria esse Criador supremo uma espécie de ser pesaroso por ter criado um mundo imperfeito e ter posto nesse mundo criaturas imperfeitas e incompletas?
Se fosse esse o caso ele continuaria sendo Deus se sentisse pesar diante da sua criação visto que Ele seria supremo conhecedor do passado, presente e futuro?
Ou esse criador seria na verdade uma criação humana disposta diante de um mundo que o odeia, que teme a morte e não consegue explicar tudo. Esse Criador responderia a necessidade que temos de sermos amados, queridos e cuidados frente a crueldade da natureza que não tem nenhuma compaixão.
Ou esse Criador de fato não se importa conosco além do que é meramente deleite diante da nossa miséria diária, sendo indiferente diante de tudo que se ri das nossas criações metafísicas esperando alcançar a perfeição para a qual não fomos feitos visto que somos passíveis da morte.

Só existe um caminho: Aquele que eu escolho para a minha vida!

Cada religião acredita ser a correta. Todas tem livros sagrados criados por homens que colocaram na boca de uma divindade aquilo que mais desejavam para si. 
Os prêmios para quem segue são quase todos após a morte. Virgens, perfeição, poder... Tudo isso para agradar dezenas de pessoas comuns que estão totalmente dispostas a acreditar. A maioria não quer dúvidas, não quer ter incertezas, se agarra a qualquer vestígio de verdade que lhe dê consolo e afague suas emoçoes com um carinho fraterno.
Poucas pessoas ousam duvidar. Sócrates foi uma delas e por querer parir novas idéias nas pessoas foi chamado a beber cicuta, algo que tomou de bom grado em prol de sua causa.
O cristianismo tornou os Sócrates após sua tomada ao poder no Ocidente em hereges e bruxas que eram queimados por procurarem viver de acordo com o que desejavam, fugindo da religião e seu caminho padrão para todos. 
Sair fora do padrão é algo perigoso para os que comandam os cordões da fé. Temem que alguns do seu "rebanho" saiam por ai perdidos e se encontrem num deserto com contradições que os façam pensar por si próprios. 
Os lobos não suportam nenhuma ovelha desgarrada. Não conseguem imaginar perder a sua carne, a sua lã, os seus ossos e até a sua forma.
 Tudo nela é lucrativo para aqueles que falam de outro mundo. Não há para o rebanho a menor possibilidade que existam outras formas de viver. 
A própria idéia de escolha é para eles algo muito anormal e perigoso por que creem estarem certos, vestidos como a própria Palas que brilhava na luz da razão todo o tempo.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...