quarta-feira, 29 de maio de 2019

A mentira tem um preço

João da luz era um excelente enganador.
Ao longo dos anos fez fortuna fingindo ser um vidente.
Senhoras endinheiradas, herdeiras jovens e imaturas, casais desesperados para ter filhos eram apenas alguns dos muitos tipos de pessoa que o seguiam.
Ele aproveitava de cada um. Não era raro tirar tudo de alguém.  Abusar de mulheres  entre outras tremendas canalhices.
Seus seguidores nunca acreditariam se soubessem que ele os via apenas como gado.
Era um homem ansioso por aparecer na mídia.  Fazia previsões vagas cercadas de falas vazias que com a dramaticidade certa convenciam a muitos.
Certo dia um programa de TV o convidou para ir num local amaldiçoado. Um antigo manicômio onde pessoas escutavam vozes e alguns rapazes aventureiros tinham visto aparições assombrosas enquanto faziam um vídeo do local para o youtube.
Pensando se tratar apenas de uma montagem de internet. João aceitou ir com sua equipe.
Tentou entender a história do local e no trajeto para se encontrar com o apresentador já tinha tudo preparado.
Eles entraram pelos antigos e pesados portões e por todo lado o estado de abandono era gritante.
Mato crescia por todo lado. Paredes descascadas e repletas de mofo. Formigas e outros insetos. Isso sem contar o lixo deixado por mendigos e viciados que esporadicamente viviam ali.
O apresentador e o falso médium começaram uma acalorada entrevista. Por várias vezes a pergunta se repetiu? O que você está sentindo?
Era a deixa que João precisava para agir.  Fazia uma cena bem trabalhada. E começava seus discursos perfeitamente montados.
Sua fala era uma aula de oratória emocional. Conseguia deixar até quem não cria nele em dúvida.
No entanto o universo tem uma maneira especial de punir enganadores.
Numa daquelas coincidências inexplicáveis que o universo ele viu a imagem de sua mãe além de uma janela e num ataque de pura histeria saiu correndo até cair um andar abaixo e se espatifar no chão.
No fim a justiça prevaleceu.

A foto selada

Eu era um garoto que amava escrever e ouvir histórias.
Devido a ter uma saúde frágil nunca conseguia brincar com as outras crianças e por isso adorava que me contassem histórias.
Vivia devorando livros e tinha muito tempo para escrever.
Passava horas a fio dando vazão as minhas fantasias. Vaguear pelos sonhos me permitia sentir algum alívio para as dores musculares que me assolavam.
Fui diagnosticado tendo uma lesão no cérebro que me causava dores constantes por todo corpo.
Numa hora estava bem e na outra eu caía no chão sufocado de tanto sentir dor.
Minha mãe tentava de tudo dentro do pequeno orçamento para me trazer algum alívio.
Assim, quando uma vizinha disse que o ar do campo poderia melhorar me. Fui mandado para ficar com um tio meu na fazenda.
Era um local velho, tudo parecia desbotado. As paredes não tinham cores e os cheiros eram muito diferentes.
Eu me sentia entrando num outro mundo.
Aquela casa era como a dos livros de fantasia que lia loucamente.
Esperava a qualquer momento que uma bruxa viesse me levar.
Me sentia amedrontado e profundamente fascinado.
Não me importei com os olhares tortos que meus primos me deram logo nos primeiros minutos.
Eu era sempre odiado pelos garotos da minha idade que adoravam zombar de mim durante minhas crises de dor.
Mal sabia eu que aqueles garotos tornariam o mal da ficção em realidade.
Se passaram semanas desde a minha chegada e eu me sentia melhor.
Comia na hora certa e ajudava minha tia nas tarefas domésticas.
Mal abria a boca para falar. Sabia que estava ali de favor e sentia com medo de a qualquer momento ser mandado embora.
Naquele período ali não tinha tido crises e isso me foi um grande alívio.
No entanto meus primos me fizeram seu alvo de piadas e humilhações.
A brincadeira preferida deles era colocar animais na minha cama.
Até uma cobra certa vez colocaram embaixo do meu travesseiro.
Raras vezes me queixava. Não queria piorar minha situação. Meu tio no entanto começou a comparar meu comportamento com o deles e isso os enfureceu bastante.
Nas semanas seguintes aproveitavam qualquer oportunidade para me bater.
Me espancavam com prazer mesmo que minutos depois seu pai batesse neles nada adiantava.
Pensei seriamente em voltar para minhas crises e liguei para minha mãe.
Naquele dia me senti um derrotado. Iria voltar ao sofrimento.
Contei lhe tudo. Falava baixinho para que minha tia não ouvisse.
Ela desligou e disse indignada que amanhã iria me buscar.
Senti um certo alívio por sair dali e naquela noite dormi bem.
De madrugada, meus primos apareceram no meu quarto.  Me imobilizaram e bateram. Eu tentei gritar.  Mas a mão de um deles tampou me a boca completamente.
Me arrastaram para fora. Perto da sede da fazenda havia um velho celeiro. Riam cada vez mais alto na medida em que saiam de casa.
Meu corpo ia arrastando na terra, deixando uma trilha de sangue.
Fui jogado dentro de um local que parecia um velho depósito de coisas da família. Eles se foram, depois de me trancar e grasnaram que estavam colocando o inútil em seu devido lugar.
Meus ossos doíam, minha vista embaçada. Eu me sentia o pior dos homens. Chorei muito. Faltava horas para minha mãe chegar e eu não conseguia nem me levantar direito.
Tentei entender melhor onde estava.  A dor era uma velha companheira. Aquela surra não era pior que minhas crises. Portanto logo recuperei o senso na tentativa de encontrar algo que me ajudasse a sair dali.
Era um cômodo grande.  Tinha três prateleiras. O cheiro era de mofo com papel velho. Não havia nem sinal de alguém me procurando.
Logo uma caixa chamou minha atenção.  Estava repleta com fotos de família antigas.
Não sei como consegui subir numa escada e descer aquilo. Mas em poucos instantes estava olhando fotos antigas. Algumas tinham datas muito anteriores ao casamento de minha mãe. As fotos mostravam pessoas as quais eu nunca tinha ouvido falar. Elas se vestiam de maneira engraçada. Ver aquilo até aliviou um pouco minha dor. Fiquei vagueando enquanto passava as páginas de uma maneira cada vez mais interessada.
Cheguei ao fundo da caixa onde uma foto estava guardada dentro de um envelope selado. Minha curiosidade estimulada me fez abrir aquilo o mais rápido possível.
Era a foto de um homem alto, extremamente magro, um homem de rosto profundo. Vestia roupas simples e tinha um ar diferente dos demais. Não sorria nem expressava qualquer emoção.
Quanto mais eu me fixava na imagem dele sentia algo de inumano.
Era como se ele fosse algo diferente. E aquela sensação me fez sentir a espinha congelar.
E num instante depois eu vi aquele homem do meu lado.
No início eu pensei se tratar de um delírio. Mas os minutos passavam e aquela pessoa não saía do meu lado.
Começou a conversar comigo. Disse que seu nome era Sandoval e que em minutos iriam me resgatar.
Falou também para eu não cortar que o via para ninguém.  Que ele iria ser um amigo para me ajudar.
Sua feição assombrosa em contraste com a doçura de sua fala me fizeram acreditar nele.
Se cumpriu da forma que ele disse minutos depois de eu começar a vê  lo apareceu meu tio carregando meus primos pelas orelhas.
Os dois estavam roxos e pareciam ter tido até mesmo alguns dentes quebrados.
Eu não conseguia levantar e minha mãe quase me carregou de volta para casa.
Minha mãe cuidava de mim com todo amor, mas pude notar um olhar estranho dos meus primos e do meu tio.
Era como se eu fosse agora alguém a ser evitado.
Tínhamos perdido a hora do ônibus e só poderíamos ir no outro dia. Assim eu aproveitei a situação para assombrar meus primos.  Apenas me aproximava deles por qualquer motivo. E os dois pareciam gatos ao fugir de água quente.
Eu ri de montão enquanto eles fugiam. Nessa hora um deles se revoltou. Pegou um pedaço de tijolo e atirou em minha direção acertando me na cabeça.
Rapidamente eu desmaiei. Não sei quanto tempo fiquei desacordado.
Mas quando dei por mim a casa estava uma confusão.  Um dos garotos tinha sumido e o outro estava paralisado, totalmente em choque.
Quando minha mãe saiu. O fantasma apareceu. Me perguntou se eu estava bem e disse que os garotos não iriam mais me maltratar.
Fiquei feliz e pedi como um bebê que ele me contasse histórias dele.
E a partir daí comecei a entender mais sobre o fantasma da foto.
Mas isso eu deixo para outro dia. Até breve meu querido diário.

Dicas para escrever terror psicológico

O público de terror cresce muito todos os anos.
Os livros de Stephen King e outros do gênero são sempre best sellers e suas adaptações são notórias e lucrativas nos cinemas.
Escrever histórias para deixar as pessoas assustadas no entanto não requer um talento mágico ou algum poder oculto.
Basta apenas entender o medo.
No geral as pessoas tem uma grande quantidade de pavores. Demônios, criaturas místicas, morrer, fantasmas, grandes conspirações... enfim a lista é enorme e eu perderia uma vida ao tentar te mostrar todos.
Sendo assim deixarei aqui algumas dicas para você melhorar sua escrita de terror:

1- Crie expectativa. Faça as pessoas serem surpreendidas.  O inesperado apavora.

2 - Seja descritivo. O terror aumenta nos detalhes. Assim se o monstro for comer alguém, descreva os barulhos, fale do mastigar, a forma dos dentes e até como a pessoa que viu se sentiu.

3 - Brinque com os sentidos. Tente fazer as pessoas entrarem na história de corpo inteiro.
Descreva as sensações.  Diga os cheiros.  Se o personagem pegar em algo viscoso, descreva a gosma com detalhes.
Faça seu leitor ter uma experiência imersiva dentro da história.

E por fim dica 4: Prenda atenção.
Uma boa história de terror deixa as pessoas aflitas bem antes delas estarem assustadas.
Faça o coração dos seus leitores quase sair fora do peito antes de assusta los.
Crie uma tensão tão forte que quando ela se romper a pessoa se sinta junto do personagem.

Bem essas são as dicas para os que estão começando a escrever terror.  Espero que os ajude. Em breve aprofundarei nos assuntos aqui tratados.
Até a próxima.

Pesadelo na cozinha

Era uma noite especial.  Depois de meses flertando com um rapaz Samantha iria ter seu primeiro encontro.
Ele tinha lhe feito juras de amor. Disse que queria casar com ela.
Sua mãe tinha saído para ir ver uma tia que estava doente e só voltaria no dia seguinte.
O rapaz chegou as nove da noite. Vestia se com charme e elegância.  Parecia ser um galã de novela.
Ele trouxe uma pizza e uma garrafa de vinho.
Os dois conversavam e bebiam. Num determinado ponto ela se sentiu mal e foi em direção ao banheiro.
Se sentia tonta e tudo girava.  Nessa hora sentiu uma mão a agarrar forte. Era seu namorado.
Percebeu naquela hora o que realmente ele queria. Tinha sido drogada e acabaria sendo estuprada igual as moças que apareciam nas notícias.
Se debateu como uma louca enquanto ele tapava sua boca com tanta força que quase a impedia de respirar.
Ele rasgou suas roupas. Tinha um sorriso sinistro no rosto.
Sua face envilecida pela bebida era um retrato da pura essência do mal.
Ele estava montado em cima dela.  E no instante que tirava sua calça. Retirou a mão que lhe tapava a boca e ela num ímpeto insano começou a berrar gritando por socorro.
Ela não soube explicar o que aconteceu depois. Desmaiou e ficou desacordada.
Quando recobrou os sentidos já estava de dia.
Seu corpo estava coberto de sangue e a casa cheirava a enxofre.
Ela entrou em choque.  E por muitos anos não conseguiu esquecer se daquilo.
Alguma criatura sobrenatural a tinha ajudado e ela não havia sido estuprada.
Por muito tempo não conseguiu entrar na cozinha e teve pesadelos e gritos a noite revivendo trechos daquele dia.
No entanto isso com o tempo passou. Mas os antigos rumores de que ela era uma filha do diabo recomeçaram.
Sua mãe a teve quando era solteira. O pai nunca aparecerá.
Ninguém em sua família sabia a origem da menina e não havia meios de tirar esse segredo de sua mãe.
Daí o povo da pequena Cruz da Fortaleza ter criado tanto fuxico em torno daquilo.
E agora com o misterioso acontecido com Samantha os rumores se tornaram mais vividos.
Mas isso eu deixo para outra história...
Até  a próxima.

Terror noturno

João era um garoto atormentado por pesadelos.
Suas noites eram terríveis. Desde muito cedo o sono para ele era uma tortura.
Não tinha paz. Muito menos sossego ao dormir.
Sua mãe tentou diversos tratamentos: científicos, religiosos e por fim uma internação psiquiátrica.
No manicômio ele começou a ter torturantes delírios.
Era assombrado por demônios. Criaturas terríveis e distorcidas que vinham até ele.
Seus gritos noturnos eram tão profundos e perturbadores que até experientes enfermeiros ficavam assombrados.
Não era incomum que os outros internos ao ficar próximo dele sentissem o mesmo terror que o assolava.
Foi isolado dos demais. E em pouco tempo sua mente se deteriou.
Não reconhecia mais as pessoas.
Vivia em um mundo paralelo. Sua mente perdia se em divagações e pouco a pouco ele deixou de falar. Até mesmo seus terrores noturnos cessaram e ele se tornou apenas um grandioso vazio.
Sua pele adquiriu uma coloração pálida, quase cadavérica.
Muitos acreditavam que iria morrer.  Sua mãe foi aconselhada a preparar um funeral para o próximo mês.
Era esse o tempo que o médico deu para ele.
No entanto antes da data. Ele conseguiu roubar uma toalha e com ela se enforcou.
A fraqueza do corpo e a falta de sangue lhe deram uma aparência monstruosa.
Todos que assistiam o funeral saíam abalados pelo estado que o rapaz se encontrava.

Mais dicas sobre como escrever bem

Hoje a comunicação é uma necessidade.
Vivemos cercados de pessoas que esperam posicionamentos e que querem ouvir nossas idéias.
Podemos dividir nossa vida com todos em redes sociais.
Temos oportunidades de vender produtos e assim conseguir renda.
Enfim, com uma boa comunicação é possível conseguir diversas vantagens.
Dentro da comunicação a arte de escrever é essencial.
Saber redigir um bom texto que seja entendido hoje é garantia de sucesso.
Só que para isso devemos ter em conta três pontos:
1 escrever bem é essencialmente clareza
2 um bom argumento é positivo.
3 um bom texto é agradável de ler.

A clareza é fundamental para não tirar a atenção do seu texto. Saber expressar o máximo no mínimo é a suprema arte de um grande escritor.
Já a questão dos bons argumentos serem positivos é que todo mundo lê um texto que tenha um fim. Que aborde algo e termine dando uma solução.  Críticas são boas. Mas nunca vão superar soluções.
É desagradável ler um texto onde o autor parece ser um velho rabugento que odeia o mundo.
E por fim ao escrever deve sempre se ter em estima o seu leitor. Ele não sabe tanto quanto você.  Não tem seu interesse pelo assunto e muito menos é alguém distante.
Ao ler seu texto essa pessoa te deu a atenção dela. Recompense a escrevendo sem maneirismos e floreios na linguagem. Respeite o tempo que ela dedicou a você.
Isso é tudo pessoal. Até o próximo texto!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...