quarta-feira, 5 de junho de 2019

A paciente do quarto 10

O sanatório Santa Gertudres era parte da Santa Casa.
Tinha um péssimo histórico de abusos e maus tratos, porém não era fechado, pois  nada havia sido provado.
Os internos eram constantemente submetidos a tratamentos arcaicos como choque e alguns acabavam sendo surrados pelos dois enormes enfermeiros: Fred e Alberto.  Dois monstros gigantescos que mal sabiam conversar, porém eram ótimos em soltar socos e pontapés.
Nesse inferno eu era apenas um estagiário.  Repleto de sonhos e com muitos ideais.
Reclamava e tentava impedir aquilo mas precisava do estágio e quando comecei a incomodar me ameaçaram corta - lo.
Decidi então me conter e fiquei calado vendo cenas degradantes.  Comecei a gravar tudo e a tomar notas em um pequeno caderno.
Tirei fotos dos alimentos mofados e dos machucados feitos em um senhor com esquizofrenia, cujos dentes tinham sido arrancados com um bastão, quando este gritou demais para não receber a medicação.
Nesse ambiente hóstil eu tomava cuidado com tudo que falava ou fazia.
Mantinha uma postura indiferente perante os médicos e enfermeiros.
Só me permitia relaxar quando andava pelos corredores ou ia ao arquivo.
Uma parte isolada do prédio. A estrutura daquele local era muito antiga. Fichas de pacientes e ratos viviam unidos e em algumas caixas, as folhas com os relatórios dos pacientes haviam virado ninho para ratazanas.
Numa de minhas pesquisas achei uma antiga planta do prédio. Mostrava que haviam muitos outros leitos.
Aquilo, no entanto, não aparecia em lugar nenhum.
No mesmo instante decidi entrar naqueles antigos túneis.
Confesso que não acreditava que iria pessoas ali. Apenas esperava dar um passeio pelo passado do tratamento psiquiátrico.
Minutos depois vasculhando próximo ao jardim, encontrei um alçapão. Entrei por ele tomando todo cuidado e ali embaixo nos corredores no subsolo algo chamou minha atenção: Havia luz elétrica ali!
E não só isso. As paredes estavam caiadas e não tinha o menor sinal de bolor ou algo parecido.
Um misto de medo e curiosidade passou pelo meu corpo. Sentia ondas de choque percorrendo cada pedaço de mim.
Fechei o alçapão com cuidado e fui caminhando por ali.
Em cada cela havia pacientes insanos. Homens e mulheres de boa aparência, mas que viviam completamente insanos.
Alguns ao me verem passar se esconderam, outros começaram a rezar. Uma gritou e por fim outra apenas me pediu socorro.
Era uma jovem bonita, loira de profundos olhos azuis.
Me contou que seu tio a tinha internado ali para a roubar.
Que ela vivia dopada e sendo estuprada.
Tinha tentado suicídio, mas falhara.
Eu acreditei nela e tentei ajuda la. Mas a porta com grades de aço mal se movia.
Procurei algo que pudesse usar para abrir quando um dos enfermeiros grandalhões apareceu, carregava um carrinho repleto de comida e remédios.  Eu me escondi num canto. Sentia minha respiração tensa e meu coração doía muito.
Quando ele se aproximou do quarto 10 tirou a calça e a cueca abriu a porta e entrou.
Nem teve o cuidado de trancar a porta.  A jovem começou a gritar por socorro.
Eu corri até o carrinho, peguei um sedativo poderoso, coloquei o na seringa e entrei no quarto.
Ele tinha cercado a paciente do outro lado e se divertia a beijando lascivamente enquanto tentava arrancar lhe o roupão.
Nem deu importância a minha presença até sentir a agulha cravando em seu pescoço.
Ele rugiu como um urso e num soco me jogou do outro lado do quarto.
Avançava em minha direção devagar. O sedativo o fazia cambalear e por dois minutos ele ficou assim.
Minha cabeça sangrava muito. E eu fiquei com a visão turva.
Nesse meio tempo ele caiu e a moça com um bisturi que achou no bolso do enfermeiro cortou o genital dele com um sorriso macabro e o enfiou dentro da sua garganta, afundando bem.
Logo o enfermeiro morreria com falta de ar.
Mas isso pouco me importava.  Quando recobrei os sentidos vi ela em minha frente, preocupada comigo. Rapidamente decidi que ela precisava sair dali.
Corri em frenesi pelo corredor.  Eu e ela vestindo apenas um roupão.
Por sorte tínhamos a chave dali e saímos disfarçadamente.  Já era noite e logo alguém viria procurar o enfermeiro abusador.
Andávamos como se fossemos rumo a enfermaria tomar remédio.  O guarda do turno da noite era um cearense quase cego que quase todos os dias me via sair dali tarde da noite.
Apenas disse que a moça precisava ser medicada e ele abriu o portão.  Andamos rumo a enfermaria por alguns passos. Mas logo que ele voltou a sua posição avançamos para o vestiário.
Abri a porta do local com facilidade e mudamos de roupa.
Por sorte ali eram guardadas as roupas dos pacientes para que não se enforcassem nelas.
Eu vesti um camiseta simples e sapatos e ela um vestido reto e justo. Como não havia roupa íntima em nenhum lugar ficou a mostra o bico dos seus seios e confesso que me senti excitado vendo aquela cena.
Naquele instante no entanto um alarme tocou.  Era o de fugas. Demoraria 5 minutos até o portão ser avisado.
Corremos até a garagem.  Ela abraçou em mim quando montamos na moto, no instante que senti o calor do corpo dela próximo do meu correu me uma onda de adrenalina . Acelerei e pulei a cancela antes dela fechar.
Corri como louco. A moto parecia um raio na estrada.
Fui até minha casa há alguns quilômetros dali.  Peguei tudo que havia de provas contra o sanatorio e corri para a sede do ministério público.
Fui com a jovem e invadi a sala do promotor gritando que iríamos ser mortos se não falassemos com ele.
Eu e ela contamos tudo. Mostrei as provas.
Aquilo fez o velho homem se sentir enojado.
Abriu se ali um processo que acabaria por afetar até o governador.
Dois adversários políticos tinham sido internados ali. Além do manicômio aceitar suborno para internar pessoas contra vontade.
Quando saíamos daquele gabinete senti a jovem bastante envergonhada.  Ainda estava sem sutiã e viu se cercada de homens por todos os lados.
Nessa hora tirei minha camisa e enrolei ao redor do seu colo de modo que ela me agradeceu com um sorriso sem graça.
Depois de todo escândalo e alguns encontros depois começamos a namorar. E hoje ela é minha esposa.
Eu jamais completei o estágio.  Acabei virando perito e investigador e vivo ajudando esposas a saber a verdade das traições dos maridos.  E amanhã irá nascer meu primeiro filho: João.
Escrevo essa história no meu diário para que ele saiba como seus pais se conheceram quando for mais velho.

Escreva um TCC sem dor!

Eu já tive que passar pelo dilema de escrever uma monografia. Foram meses penando e sofrendo. Li muitos materiais que diziam ajudar mas que na verdade apenas atrapalhavam meu avanço.
Foram várias vezes em que eu sofri tanto ao ponto de pensar em desistir de escrever apenas por me sentir vazio tanto de ideias, quanto de um marco por onde eu pudesse trilhar.
Por isso fiz esse pequeno guia com alguns guias para você escrever um TCC com menos sofrimento.
Espero com isso poder te ajudar a você que vai passar ou está passando por esse momento a ter um pouco mais de alívio.

Dica 1 - Todo texto científico é claro!
Rodeios, percas em detalhes desnecessários e floreios linguísticos não te ajudam a escrever. Preze por uma escrita que esteja dentro das normas e vá direta no ponto.

Dica 2 - Pesquise bastante antes de começar a escrever.
Só comece a escrever sobre um tema quando tiver uma bagagem de leitura suficiente. Isso te ajuda a entender o que é o assunto e te impede de tentar reinventar a roda, se perdendo em conceitos e discussões já abordadas, e facilita muito na hora de produzir seu texto, pois todas as citações já devem estarão disponíveis.

Dica 3 - Tenha paixão por seu tema.
Você vai lidar com o assunto da sua pesquisa por anos a fio, portanto precisará ser algo que te motive. Serão horas lidando com textos e materiais muitas vezes pesados e incompreensíveis. Se não houver ligação emocional com o que quer pesquisar suas dificuldades aumentarão muito!

Dica 4 - Discuta seu tema com professores e colegas.
Terá momentos em que mesmo o mais brilhante pesquisador se sentirá travado. Por onde continuar? Como continuar a desenvolver um tema! Fale sobre seu tema com todas as pessoas. Discuta muito com todos, professores, colegas, amigos, família... Muitas vezes as outras pessoas por não estarem vivendo a situação te farão perguntas e darão excelentes ideias para continuar o seu trabalho.

Dica 5 - O capricho com o idioma.
Tenha cuidado ao escrever palavras que não conhece. Se for preciso revise várias vezes uma sentença, oração ou frase que lhe seja desconhecida. Lembre se também de evitar cometer erros gramaticais. Não é preciso dizer que você quer convencer a banca e não fazer eles ficarem com raiva ao ler seu trabalho repleto de erros. Lustre as palavras até que cada uma fique brilhando.

Dica 6 - Tenha pelo menos meia dúzia de manuais.
Manuais de escrita, normas técnicas, dicionários, tudo isso é seu amigo para não deixar nenhum erro passar. Quanto mais materiais técnicos dentro do tema você tiver melhor!

Dica7 - Revise e edite.
Mesmo o melhor texto precisa de reparos. Mantenha sempre uma atitude analítica e dê para outras pessoas lerem de tempos em tempos. Isso vai te ajudar a manter clara a linguagem e adquirir uma objetividade que se transformará em nota.

Espero ter ajudado. Até a próxima!!!

A casa

Era apenas um velho casarão desabitado.
O prédio repleto de mofo e poeira servia apenas para os viciados que ali se reuniam nas noites frias.
Era um local evitado pela população. Diziam que ali pairavam demônios e fantasmas.
Lendas de cidade do interior cuja origem se perde, mas acabam criando forças e viram parte da cidade.
Uma garotinha chamada Joana chegou ali para passar as férias com seus avós.
Era curiosa e amava histórias de fantasmas. Seu interesse por mistério e pelo paranormal era incrível.  Sua mãe já havia levado a uma exorcista que não conseguiu muda-la assim ela foi mandada para o interior nas férias.
Era a última tentativa de seu pai para livra la desse interesse que considerava terrível.
O avô da garota era coronel no exército e criou seus filhos numa disciplina brutal e direta.
Era duro e os castigos que aplicava nos filhos deixaram marcas e cicatrizes.
A menina ao chegar recebeu um pedaço de papel com todas as regras. E junto tinha uma lista enorme de proibições.
Seu semblante era de desespero ao ver o quão duras seriam essas férias.
Acabou se resignando e por vários dias seguiu a vida de quartel. Mas quando foi a padaria na segunda semana ali ouviu uma história de fantasmas que uma mãe contava para o filho pequeno afim de assusta-lo. Ela parou e ficou fascinada vendo os terrores da velha casa sendo descritos em forma de bronca para assustar a criança levada.
Esqueceu do seu dever e resolveu pedir que a senhora lhe contasse mais sobre.
Foi com ela para sua casa e ali ficou até quase a hora do almoço.
Voltou extasiada e quando chegou a porta da casa seu avô estava lhe esperando.
Ele a passou para dentro e a segurando firmemente a levou para o porão. Ali sem nenhum pudor ele pegou um pedaço de couro e desceu nela varias vezes.
Parou somente quando a menina parecia não respirar.
Subiu para cima e trancou a porta. Deixou a menina quase morta. Somente horas depois sua avó abriu a porta e veio ver os estragos feitos.
Ela fora enfermeira no passado e verificou feliz que a menina não tinha nenhum osso quebrado.
Ajudou a ir para o quarto e a deixou ali. Foi a cozinha pegar uma sopa e quando retornou a menina não estava mais ali.
A senhora contou ao marido que ficou possesso. Correu pela cidade a procura da menina. Chamou a polícia e mobilizou muitos.
Passaram se algumas horas e então se lembrou do gosto da menina pelo sobrenatural e foi em direção ao casarão.
Pegou sua arma no carro e saiu. Sua tensão estava no máximo e mataria qualquer um que passasse em sua frente.
Vasculhou tudo e a encontrou num cômodo no segundo andar. Estava nua e seus longos cabelos vermelhos balançavam livremente. O velho ficou possesso.
Preparou se para atirar. No entanto a menina não se mexia. Não corria. E muito menos respondia ao velho.
Ela apenas se virou devagar rumo a um velho espelho que havia naquele cômodo e foi desaparecendo.
O velho ao ver a cena caiu duro. A mente dele ficou em choque e nunca mais retornou. Contou sua visão em sessões de hipnoterapia meses antes de morrer.
Da menina só foram encontradas as roupas sujas e repletas de sangue.
O que se espalhou foi que o velho abusara da neta e inventou o desaparecimento para encobrir seu funesto crime.
Ninguém conseguiu provar o que aconteceu e a história do seu desaparecimento entrou para os anais de mistérios da cidade.
E o casarão acabou sendo demolido semanas depois após um incêndio misterioso que todos os moradores atribuiam ao demônio.
Os mais sensatos no entanto, creem que se trata de um camponês com medo que se cansou de esperar algo e decidiu queimar o mal com suas mãos.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...