quarta-feira, 29 de julho de 2015

Segunda mensagem de socorro

A perdição de John Maxiner.

Nome: John Maxiner
Idade: 42 anos
Profissão: Herói
Estado do alvo: Eliminado.

John Maxiner foi por muito tempo conhecido como o mestre das chamas, senhor do fogo. Um herói que salvava vidas na região da Europa Central.
Após vencer todos os vilões daquela área durante o período da guerra na Bósnia ele tinha se aposentado e para todos os efeitos, era apenas um inglês encravado no meio da Romênia.
Sua morte foi tramada após descobrirmos seu paradeiro e armamos um vilão fajuto que sequestrou sua filha e pediu para que ele o encontrasse em um castelo abandonado no norte da Ucrânia, contudo assim que ele pisou no local, a construção foi implodida em torno dele, matando o juntamente com sua filha, os jornais noticiaram uma morte grandiosa e foi feito uma bela homenagem ao herói.
Sua casa e seus pertences foram levados para uma base onde foram incinerados e seus registros foram apagados.
Esse era um caso onde o herói tinha permanecido oculto por muito tempo e eu ajudei a encontrarem ele. Na época eu era uma criança e fui enganada por eles que diziam estarem atrás dele para lhe prestar homenagens.
Eu o localizei em minhas premonições dois dias após estudar os relatos históricos do seu caso e vi ele numa casinha, cuidando dos netos próximo a Bucareste.
E depois que tudo foi realizado e que eles mataram a filha, os netos, a esposa e limparam no dos registros eu comecei a ser atormentada pelos meus crimes.
Eu vi ele pegando fogo, e ouvi seus gritos, passei a ter crises violentas de pesadelos, onde me via no lugar dele. Passei então a ser sedada por longos períodos de tempo, tanto que fui apelidada pelos doutores da base de Bela, referência a história infantil da bela Adormecida.
Com o passar do tempo eu entendi minha função e cada vez mais tentava adiar as minhas visões, mas elas vinham e eu era forçada a revelar a real localização dos heróis.
O caso de John Maxiner contudo revelou uma nova face, quando eu vi num sonho, uma criança que se inflamava espontaneamente, era um filho bastardo dele que tinha absorvido os poderes do pai, o velho herói tinha ido a um bordel na Ucrânia durante uma viagem de férias e acabou transando num prostíbulo de lá, após várias bebedeiras e a criança veio a nascer dias após a sua morte.
E eu sinto em admitir que fiquei feliz e acabei contando num diário o que eu tinha visto no sonho, mal sabia que eles liam meu diário todo dia e que ao lerem minhas palavras felizes em árabe a respeito do garoto, eles acabariam encontrando sua localização e o matando em um acidente de carro.
Sua mãe e ele vinham dirigindo numa auto – estrada, rumo a Kiev, onde esperavam obter alguma ajuda para a criança, depois que a mãe tinha o visto se incinerar completamente e apagar depois sem nenhum hematoma no corpo, quando viram uma luz brilhante no céu que cegou a vista da motorista e fez com que passassem para a pista contrária, onde bateram de frente com um caminhão carregado de concreto.
Novamente eu passei a sentir todas as noites a dor daquela família, contudo os relatos desse caso são apenas os primeiros de uma série grandiosa onde o destino final de todos os envolvidos que eu revelava o paradeiro era o mesmo: A morte de uma maneira brutal e disfarçada de acidente. Alguns corpos não tinham direito nem a um sepultamento, eram roubados no hospital e nunca devolvidos, eram os casos de mutações raras que eram estudadas profundamente pelos membros da agência de modo que eles pudessem tentar reproduzir aqueles efeitos em humanos comuns num futuro próximo criando agentes melhorados para enfrentar os grandes heróis quando eles tivessem exterminado a seus vilões.
Esse diário publicado é uma forma de eu mostrar para o mundo o perigo que os aguardam e de não deixar que minha mente perca esses meus crimes, fazendo com que eu me lembre da dor que causei e dos horrores que fiz outras pessoas passarem.
Sei que fui um monstro e que ajudei a agência de caça a matar vários heróis, alguns inclusive de renome mundial, como no caso do Cavaleiro Solar, herói da década de oitenta, cujos poderes vinham de uma antiga relíquia egípcia, que lhe dava controle sobre a luz do sol.
Ele vivia no Brasil, curtindo a aposentadoria, no estado do Tocantins, seu nome real era Paulo Lacerda Medeiros, e havia muito tempo que tinha deixado os atos heróicos e enterrado sua relíquia num ponto remoto do rio.
Desde então tinha passado a dar aulas para crianças ribeirinhas, dando lhes alguma instrução básica, mesmo que sem receber nada por isso.
Durante seu tempo de herói tinha acumulado muito dinheiro e não precisava se preocupar com isso, uma vez que suas despesas eram modestas e sua casa era apenas uma choupana de madeira sem nenhum conforto.
Eu o encontrei no meu segundo ano na base, já tinha sido forçada a rastrear mais de cinquenta heróis aposentados no mundo todo, e a cada dia minha dor piorava mais, tanto que após esse ano eles passaram a colocar em mim um dispositivo de controle mental, que mantinha meus acessos controláveis.
Passei cinco anos sendo nada mais que uma marionete de luxo da organização, até que chegou o diretor na base e o professor teve de me mostrar para ele, daí retirou o dispositivo e me fez parecer estar bem e saudável, contudo eu o denunciei para aquele homem importante e disse que ele me maltratava e contei tudo o que tinha visto acontecer nos sonhos aos heróis que eu localizava.
Ganhei uma cela própria e minha mente ficou livre do controle, contudo o doutor passou a racionar minha comida, como forma de vingança e exigia de mim cada vez mais testes e localizações, de modo que não era raro eu ir parar na enfermaria por estafa mental.
Poucas vezes eu o via pessoalmente desde o ocorrido, minha vida se resumia a ler e a desenhar, não escrevia quase nada e no meu quarto tinham vários livros, em geral histórias de super – heróis do passado, devorava aqueles relatórios antigos de homens e mulheres tão formidáveis que comecei a me sentir um verme por ajudar aqueles homens a caça – los.
Me recusei em vários momentos, mas quase sempre acabava voltando ao trabalho depois de semanas trancada em um caixão sem espaço nem para respirar, sendo alimentada por uma sonda em quantidades mínimas.
Eu sou claustrófoba e quando eles descobriram isso passaram a usar com mais frequência essa ameaça para me fazer trabalhar.
E assim os anos se seguiram, comigo agindo como a vidente mortal dos grandes heróis do passado e eles com as equipes de busca e assassinato, eliminando os alvos mundo afora, de modo que nos vários anos que passei ali, perdi as contas de quantos ajudei a eliminar.
Hoje escondida, entendo melhor o que eles queriam, desejam eliminar todas as forças que defenderiam a Terra em caso de uma tomada de poder de um governo central, seu plano é dominar os humanos de uma maneira completa, em todos os sentidos para fazer as sociedades servirem cegamente aos únicos poderosos do mundo: Eles!
Assim acabando com os heróis, eles podem dissolver a soberania nacional de cada nação, pouco a pouco, sem ninguém que defenda diversas regiões do Globo.
Escapei mais um grupo de heróis da base onde eramos mantidos, há alguns dias e já tivemos um primeiro ataque há poucas horas, descobriram nossa posição após nossa última transmissão, queremos pedir que os heróis que ainda estão na ativa, nos ajudem! O tempo é curto e a vida de vocês pode estar em risco!
Espero também que passem essa mensagem pela rede de computadores até que ela chegue ao guardião temporal: O Paradoxo, é preciso que ele venha em nosso socorro, caso contrário tudo o que conhecemos pode vir a desmoronar!
ADANA _

O levantar dos mortos.

Era mais uma noite em busca do vício, João trinta e dois anos, pai de família, viciado em cocaína desde os dezesseis.
Toda noite ele saia de casa para trabalhar bem cedo e passava ali para comprar o pó antes de ir para o serviço, trabalhava como segurança de uma pequena empresa de um tio seu, na zona sul da cidade de São Paulo.
Sua família morava na Zona Oeste e ele atravessava a cidade inteira, gastando bem mais do que deveria em conduções para chegar ao morro, mas aquela seria a última manhã de sua vida.
Um grupo de traficantes rivais de outro morro, veio subindo as ladeiras, atirando em todos que passavam na rua, o primeiro tiro disparado acertou o na testa, fazendo o cair para trás, já inerte.
Sua família nem pode velar o corpo que acabou sendo jogado pelos bandidos depois da troca de tiro numa vala comum, sem nenhum enterro, nem missa, nem oração, sua filha até hoje chora o pai desaparecido e todos se perguntam onde ele estará?
A esposa depois de alguns meses se casou com outro cara, as filhas estão estudando, todos sentem a dor, mas esqueceram dele, depois que descobriram seu vício, ninguém mais se importou e todos meio que se conformaram com sua morte.
Mas a vida é imprevisível demais, e uma noite de sexta feira, um necromante apareceu naquele morro, seu nome era Krien e usando feitiços antigos e esquecidos ele ergueu o corpo de João da sepultura, um zumbi preparado para matar os bandidos que assolavam a região e que estavam atrapalhando o mago realizar seus feitiços noturnos.
Contudo a magia arcana devolveu para ele, memórias confusas de seu passado, e uma raiva profunda por todos aqueles que ainda estavam vivos e assim quando ele se levantou saiu correndo pela cidade, matava cada humano que via passando na rua, assassinava sem piedade, balas não o atingiam, seu corpo já estava morto e ele foi até sua antiga casa, pulou o muro e com um chute matou seu cachorro, arrebentou a porta e vendo outro na cama com sua mulher não pensou duas vezes e o estrangulou, o feitiço tinha lhe dado uma força descomunal, demoníaca e ele estava possuído pelo ódio, assim depois de matar o homem, quebrou a coluna da esposa e pôs fogo na casa, quando arremessou um botijão de gás contra o corpo inerte da própria esposa, incendiando a si mesmo no processo.
O rastro de sangue e morte, foi rapidamente atribuído a bandidos espalhados pela cidade e fez com que o secretário de segurança fosse demitido sumariamente enquanto os jornais clamavam pela prisão de um bandido que não existia...
Somente aqueles com poderes místicos souberam da verdade, que aquilo tinha sido uma besta mágica levantada da tumba com ódio e fome de vingança que acabou descontando nos que amava a sua dor guardada. Contudo não esperavam que alguém em pleno século vinte e um tivesse força mística para realizar um ritual tão poderoso como aquele.
E enquanto isso no morro, o necromante ri das manchetes dos jornais, sua risada é macabra e agora ele sabe como irá realizar seus próximos sacrifícios rituais!
Será que algum herói irá nos proteger?

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...