A
perdição de John Maxiner.
Nome:
John Maxiner
Idade:
42 anos
Profissão:
Herói
Estado
do alvo: Eliminado.
John
Maxiner foi por muito tempo conhecido como o mestre das chamas,
senhor do fogo. Um herói que salvava vidas na região da Europa
Central.
Após
vencer todos os vilões daquela área durante o período da guerra na
Bósnia ele tinha se aposentado e para todos os efeitos, era apenas
um inglês encravado no meio da Romênia.
Sua
morte foi tramada após descobrirmos seu paradeiro e armamos um vilão
fajuto que sequestrou sua filha e pediu para que ele o encontrasse em
um castelo abandonado no norte da Ucrânia, contudo assim que ele
pisou no local, a construção foi implodida em torno dele, matando o
juntamente com sua filha, os jornais noticiaram uma morte grandiosa e
foi feito uma bela homenagem ao herói.
Sua
casa e seus pertences foram levados para uma base onde foram
incinerados e seus registros foram apagados.
Esse
era um caso onde o herói tinha permanecido oculto por muito tempo e
eu ajudei a encontrarem ele. Na época eu era uma criança e fui
enganada por eles que diziam estarem atrás dele para lhe prestar
homenagens.
Eu o
localizei em minhas premonições dois dias após estudar os relatos
históricos do seu caso e vi ele numa casinha, cuidando dos netos
próximo a Bucareste.
E
depois que tudo foi realizado e que eles mataram a filha, os netos, a
esposa e limparam no dos registros eu comecei a ser atormentada pelos
meus crimes.
Eu
vi ele pegando fogo, e ouvi seus gritos, passei a ter crises
violentas de pesadelos, onde me via no lugar dele. Passei então a
ser sedada por longos períodos de tempo, tanto que fui apelidada
pelos doutores da base de Bela, referência a história infantil da
bela Adormecida.
Com
o passar do tempo eu entendi minha função e cada vez mais tentava
adiar as minhas visões, mas elas vinham e eu era forçada a revelar
a real localização dos heróis.
O
caso de John Maxiner contudo revelou uma nova face, quando eu vi num
sonho, uma criança que se inflamava espontaneamente, era um filho
bastardo dele que tinha absorvido os poderes do pai, o velho herói
tinha ido a um bordel na Ucrânia durante uma viagem de férias e
acabou transando num prostíbulo de lá, após várias bebedeiras e a
criança veio a nascer dias após a sua morte.
E eu
sinto em admitir que fiquei feliz e acabei contando num diário o que
eu tinha visto no sonho, mal sabia que eles liam meu diário todo dia
e que ao lerem minhas palavras felizes em árabe a respeito do
garoto, eles acabariam encontrando sua localização e o matando em
um acidente de carro.
Sua
mãe e ele vinham dirigindo numa auto – estrada, rumo a Kiev, onde
esperavam obter alguma ajuda para a criança, depois que a mãe tinha
o visto se incinerar completamente e apagar depois sem nenhum
hematoma no corpo, quando viram uma luz brilhante no céu que cegou a
vista da motorista e fez com que passassem para a pista contrária,
onde bateram de frente com um caminhão carregado de concreto.
Novamente
eu passei a sentir todas as noites a dor daquela família, contudo os
relatos desse caso são apenas os primeiros de uma série grandiosa
onde o destino final de todos os envolvidos que eu revelava o
paradeiro era o mesmo: A morte de uma maneira brutal e disfarçada de
acidente. Alguns corpos não tinham direito nem a um sepultamento,
eram roubados no hospital e nunca devolvidos, eram os casos de
mutações raras que eram estudadas profundamente pelos membros da
agência de modo que eles pudessem tentar reproduzir aqueles efeitos
em humanos comuns num futuro próximo criando agentes melhorados para
enfrentar os grandes heróis quando eles tivessem exterminado a seus
vilões.
Esse
diário publicado é uma forma de eu mostrar para o mundo o perigo
que os aguardam e de não deixar que minha mente perca esses meus
crimes, fazendo com que eu me lembre da dor que causei e dos horrores
que fiz outras pessoas passarem.
Sei
que fui um monstro e que ajudei a agência de caça a matar vários
heróis, alguns inclusive de renome mundial, como no caso do
Cavaleiro Solar, herói da década de oitenta, cujos poderes vinham
de uma antiga relíquia egípcia, que lhe dava controle sobre a luz
do sol.
Ele
vivia no Brasil, curtindo a aposentadoria, no estado do Tocantins,
seu nome real era Paulo Lacerda Medeiros, e havia muito tempo que
tinha deixado os atos heróicos e enterrado sua relíquia num ponto
remoto do rio.
Desde
então tinha passado a dar aulas para crianças ribeirinhas, dando
lhes alguma instrução básica, mesmo que sem receber nada por isso.
Durante
seu tempo de herói tinha acumulado muito dinheiro e não precisava
se preocupar com isso, uma vez que suas despesas eram modestas e sua
casa era apenas uma choupana de madeira sem nenhum conforto.
Eu o
encontrei no meu segundo ano na base, já tinha sido forçada a
rastrear mais de cinquenta heróis aposentados no mundo todo, e a
cada dia minha dor piorava mais, tanto que após esse ano eles
passaram a colocar em mim um dispositivo de controle mental, que
mantinha meus acessos controláveis.
Passei
cinco anos sendo nada mais que uma marionete de luxo da organização,
até que chegou o diretor na base e o professor teve de me mostrar
para ele, daí retirou o dispositivo e me fez parecer estar bem e
saudável, contudo eu o denunciei para aquele homem importante e
disse que ele me maltratava e contei tudo o que tinha visto acontecer
nos sonhos aos heróis que eu localizava.
Ganhei
uma cela própria e minha mente ficou livre do controle, contudo o
doutor passou a racionar minha comida, como forma de vingança e
exigia de mim cada vez mais testes e localizações, de modo que não
era raro eu ir parar na enfermaria por estafa mental.
Poucas
vezes eu o via pessoalmente desde o ocorrido, minha vida se resumia a
ler e a desenhar, não escrevia quase nada e no meu quarto tinham
vários livros, em geral histórias de super – heróis do passado,
devorava aqueles relatórios antigos de homens e mulheres tão
formidáveis que comecei a me sentir um verme por ajudar aqueles
homens a caça – los.
Me
recusei em vários momentos, mas quase sempre acabava voltando ao
trabalho depois de semanas trancada em um caixão sem espaço nem
para respirar, sendo alimentada por uma sonda em quantidades mínimas.
Eu
sou claustrófoba e quando eles descobriram isso passaram a usar com
mais frequência essa ameaça para me fazer trabalhar.
E
assim os anos se seguiram, comigo agindo como a vidente mortal dos
grandes heróis do passado e eles com as equipes de busca e
assassinato, eliminando os alvos mundo afora, de modo que nos vários
anos que passei ali, perdi as contas de quantos ajudei a eliminar.
Hoje
escondida, entendo melhor o que eles queriam, desejam eliminar todas
as forças que defenderiam a Terra em caso de uma tomada de poder de
um governo central, seu plano é dominar os humanos de uma maneira
completa, em todos os sentidos para fazer as sociedades servirem
cegamente aos únicos poderosos do mundo: Eles!
Assim
acabando com os heróis, eles podem dissolver a soberania nacional de
cada nação, pouco a pouco, sem ninguém que defenda diversas
regiões do Globo.
Escapei
mais um grupo de heróis da base onde eramos mantidos, há alguns
dias e já tivemos um primeiro ataque há poucas horas, descobriram
nossa posição após nossa última transmissão, queremos pedir que
os heróis que ainda estão na ativa, nos ajudem! O tempo é curto e
a vida de vocês pode estar em risco!
Espero
também que passem essa mensagem pela rede de computadores até que
ela chegue ao guardião temporal: O Paradoxo, é preciso que ele
venha em nosso socorro, caso contrário tudo o que conhecemos pode
vir a desmoronar!
ADANA
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