sexta-feira, 21 de junho de 2019

Alucinação?

Eu era um policial recém saído da academia. Não tinha nenhum ideia da realidade das ruas.
Tinha muitos ideais, queria mudar o mundo. Mas os mundos não mudam, apenas nós mudamos nossa visão sobre eles.
Persegui no meu primeiro dia persegui um assaltante que havia acabado de roubar uma bolsa num ponto de ônibus. Eu gritava exigindo que parasse, mas ele continuava a correr. Num determinado perdi o de vista e acabei entrando num terreno baldio.
Ali eu fui emboscado. O homem escondido atrás de uma moita se aproveitou quando eu me virei e desferiu dois tiros contra mim. Um pegou no colete e o outro acertou minha perna. Fiquei ali caído a espera da morte.
Ver seu próprio funeral se aproximando passo a passo é aterrorizante. Me senti perdido. Pensei em tudo que eu ainda tinha por fazer. Não queria morrer, mas o medo me paralisou e tudo que eu conseguia fazer era tremer.
Quando aconteceu algo estranho, do nada começaram a aparecer ratos que cercaram o bandido. E um homem estranho apareceu atrás dele e tentou derruba - lo. Parecia ser um mendigo já bastante idoso. Aquele senhor entrou do nada ali e era como se ele encantasse os ratos que o seguiam conforme uma briga entre ele e o criminoso ia se tornando cada vez mais intensa.
Num determinado momento o criminoso conseguiu tirar o senhor de seu pescoço e ali naquele instante pensei eu que veria um assassinato ocorrer na minha frente. Isso me acordou para a vida e voltei a ter controle do meu corpo. Saquei minha arma e num lance instintivo atirei no bandido.
A minha bala fez o trajeto certo e matou o homem e eu fiquei tão abalado com isso que fiquei com meu emocional totalmente abalado.
Entrei em pânico e desmaiei. Quando me encontraram já era de manhã, eu estava ao lado de um corpo repleto de ratos.
Fui levado ao hospital e depois da minha recuperação tive de dar explicações a corregedoria. Quando contei a eles os trechos daquela noite ninguém acreditou, me mandaram para terapia e nem mesmo o médico me deu ouvidos.
Será que eles tem razão e tudo não passou de uma alucinação e eu fiquei louco?
Não sei o que dizer. Nada naquela noite nada é claro. E eu vou atrás desses detalhes. Quero a verdade e vou obtê-la.

terça-feira, 11 de junho de 2019

A recompensa

Era um planeta devastado. Não havia nenhuma atmosfera existente ali. O sol varria metade do território. Era inóspito e assustador.
Histórias antigas diziam que ali viveram uma raça muito antiga chamada de humanos. Há em algumas bibliotecas espaciais relatos dessa raça estranha.
Eu era um caçador de recompensas e precisava invadir um túnel subterrâneo e roubar a I.A que mantinha um sistema de defesa ainda em funcionamento.
Segundo os dados da missão. Havia ali naquele inferno uma estrutura de titânio protegida por uma inteligência artificial.
Qualquer tentativa de explosão causava um tremor de terra que desestabilizava os estabilizadores da nave arrebentando a contra o solo. Os que tinham tentado antes de mim tinham fugido ou sido incinerados pelo calor do sol.
Eu tinha um plano para passar pela porta de defesa e ser vitorioso.  Contava que meu pulso eletromagnético destruiria a porta.
A descida foi intensa. O calor mesmo na parte fria era terrível.
Cheguei ao ponto mais ao norte e ali desci com os equipamentos.
A nave entrou em piloto automático e voltou ao espaço.  Poderia chama - la a qualquer momento por meio de um controle no meu antebraço.
Caminhei nas rochas ainda ferventes até a porta. Era um pedaço sólido de metal. Grande o suficiente para entrar um veículo de combate e resistente à milhares de graus todos os dias.
O pulso deu certo e as portas se abriram num rangido insano. Alarmes tocavam e luzes cermelhas acendiam por toda parte.
Era como entrar num local muito antigo.
Tudo ali cheirava mal e o calor dentro da estrutura era absoluto.
O ar lá de fora entrou na estrutura aquecendo o chão de metal. Minhas botas começaram a derreter. Fiquei irritado com aquilo. Comecei a correr rápido enquanto pedaços do meu calçado ficavam para trás.
Andei por um longo corredor reto até chegar a uma parede. Ali não havia mais nada.  Fiquei irado ao sentir que fora enganado.
Xinguei muito a mãe do meu contratante em vários idiomas que conhecia.
Naquele instante a porta se fechou causando uma onda de choque terrivel e o chão onde eu estava automaticamente começou a descer.
Mal sabia eu onde estava entrando. Mas tratei de sacar minha arma e de preparar outra carga contra robôs e aparelhos computadorizados no meu EPM portátil.
_ Venha brincar! Eu gritei sorrindo para a escuridão que me cercava.

Como escrever bem nas redes sociais?

Hoje os aplicativos de redes sociais consomem várias horas do nosso dia.
Postamos diversos conteúdos nessas plataformas em busca de curtidas.
Muitos acabam esquecendo de escrever bem e cometem falhas que estragam tudo. Aqui vai algumas dicas para não fazer feio ao escrever para redes sociais:

1 - Evite linguagem chula.
Você pode estar bravo com algo ou alguém.  Mas ninguém gosta de ver palavrões em um texto. Respeite seus seguidores.

2 - Não dificulte as palavras. Seja simples  ao comentar e postar.  Não queira demonstrar conhecimento complicando o idioma.  Isso pode acabar te deixando constrangido caso alguém pergunte o que quis dizer e você não souber responder.

3 - Cuidado com o duplo sentido.
Preze por palavras e expressões claras. Não deixe espaço para interpretações errôneas.  Escreva de maneira que as pessoas vejam nitidamente o que você quer.

4 - Mantenha a etiqueta.
Redes sociais são um espaço público onde várias pessoas vão interagir contigo.
Suas postagens ficarão ali e podem ser usadas por empresas em entrevistas de emprego.
Tenha cuidado ao postar conteúdos adultos, de baixo calão, opiniões políticas, etc...

5 - O bom uso da língua é fundamental!
Escrever corretamente é essencial. Tanto para causar uma boa impressão, quanto para tornar suas idéias mais claras.
Não estou pedindo para ninguém postar somente com um dicionário do lado.
Mas evitar gírias e abreviações mostra respeito para com seus interlocutores e te torna diferenciado.

Espero ter ajudado e até a próxima.

Medo de dormir

Era um beco escuro, eu tinha acabado de atender um cliente particular.
Um funcionário do museu de história, um velho vigia que precisava tomar injeções de medicamentos para tratar suas crises de hipertensão.
Ia até o museu toda noite a pé. Era poucos quarteirões e eu não tinha o menor problema em caminhar um pouco.
Gostava daquele senhor.  Sua voz era gentil e ele mostrava me com entusiasmo cada parte do museu.
Eu ficava sempre fascinado ao andar pelos diversos salões. Era minha diversão toda quarta feira.
Ia embora satisfeito. Mas naquele dia foi diferente. Ao passar na sessão de egiptologia uma múmia estava exposta em uma caixa de acrílico.
Aquela criatura parecia inumana, atemporal e deformada. Ao vê la me assustei muito.
Sai dali sem a mesma euforia. Fiquei impressionado e quando entrei na rua pensei estar seguro.  Doce engano!!!
Eram apenas poucos quarteirões mas em cada sombra eu via aquela múmia.  Sentia seu cheiro e ouvia sons distintos.
Meu peito parecia saltar. Estava amedrontado e logo comecei a alucinar!
Não lembro do que aconteceu a partir daí.
As pessoas disseram que eu alucinei. Sai gritando. Atravessei ruas e avenidas e acabei sendo atingido por um caminhão.
O impacto me deixou tetraplégico e toda noite sou assolado por um pânico profundo. Em sonhos a múmia me persegue e sempre acaba por me destruir.
Fico pensando em me matar para acabar com minha dor. Mas se eu não tiver êxito e ficar pior?
Sobrevivo com medo de dormir. A noite é minha maldição.  Já tentei de tudo. Nem a medicina nem a fé podem me salvar.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Dominado pela culpa



Não havia verdades em nada que ela me disse.
Estava no carro em alta velocidade, queria fugir da cena que vi. Ela e outro cara juntos em uma cama de motel barato.
Nem nos meus piores pesadelos eu imaginava aquilo. Queria somente fugir! Os sentimentos no meu peito eram ódio puro. Não sabia o que pensar. Estava indo para casa, ia por fogo em tudo que era dela. As sirenes atrás de mim pareciam um barulho distante.
Nem percebi quantas pessoas atropelei. Meu velocímetro marcava 240 e eu queria pisar mais. Somente a adrenalina dava algum conforto e evitava a dor.
Numa curva bem fechada eu perdi o controle do carro e ali naqueles poucos instantes quando eu despencava ladeira abaixo senti um alívio louco, a certeza que eu não iria morrer.
Os bombeiros demoraram muito para me tirar dos escombros. Eu estava eufórico. A adrenalina me dava uma força absurda, era como se eu fosse um super-herói.
Sai dos destroços e fui levado ao hospital algemado. Os homens estavam me acusando de múltiplos assassinatos, de crimes de trânsito e outros tantos crimes.
O policial que foi comigo ao hospital num determinado momento começou a me perguntar por que eu tinha matado minha namorada num motel do outro lado da cidade?
Eu olhei para ele sem entender nada. Não me lembrava de ter feito nada daquilo. Neguei com veemência que tinha feito aquilo e então o homem tirou um celular do bolso e pôs bem em minha frente. Era um vídeo que tinha sido postado nas redes sociais logo que começou a perseguição a mim.
Nele eu espancava um homem com uma barra de ferro e depois a enfiava em seu coração e corria atrás de uma mulher, derrubava no chão e com as mãos nuas a esganava e depois que ela desmaiou coloquei a no rumo da roda do carro e dei ré várias vezes deixando para trás apenas um corpo sem crânio.
Eu fiquei em choque depois de ver aquelas cenas. Não conseguia lembrar nada daquilo. Senti-me um monstro.
Meu advogado me tirou da cadeia e me pôs em um sanatório judicial, fiquei ali sendo maltratado por um bom tempo e sai com a certeza de que eu merecia ser mais punido.
Escrevo isso para contar meu lado da história. Voltei para meu apartamento, escrevi essas palavras num papel. E agora estou pensando em como vou terminar minha vida.
Sempre quis reviver a adrenalina daquela perseguição. A janela está aberta. Um último pulo seria maravilhoso. Adeus, e sim meu último ato é motivado pela culpa, a culpa por ter sido um monstro mesmo que não conseguisse lembrar.

Coragem para ajudar

Era difícil viver naquele bairro. Gangues dominavam o local.  Havia tiroteios. A escola era uma zona de guerra.  Eu não tinha amigos e era o alvo preferido dos idiotas.
Meu pai era um bêbado que me batia e em minha mãe. Meu irmão estava na cadeia e minha irmã tinha fugido de casa.
Eu tinha tudo para me dar mal e ir para o submundo. Parecia que meu destino estava selado.
Porém eu me mantinha firme por uma promessa que fiz ao meu avô antes dele morrer que eu não seria o que os outros queriam. Eu teria o controle da minha vida.
E em parte eu estava me mantendo bem nisso. Fugindo até da minha sombra.
Eu era um grilo contra leões.  Não era raro eu tirar as melhores notas e no mesmo dia não era raro ser espancado pelos demais como "prêmio".
Um dia eu voltava para casa e um grupo de moleques decidiu se divertir.  Me cercaram e me mandaram correr depois de mostrarem na cintura terem armas.
Sai disparado e eles vieram atrás.  Tentei gritar mas ninguém me deu atenção.  Num beco eles começaram a atirar. Meu medo quase dominou. E eu pulei o muro de um prédio abandonado.
Era um futuro hospital prometido pelo prefeito. As obras tinham parado quando descobriram a corrupção envolvida.
Eu corri para me esconder em qualquer buraco. No fundo eu sabia que estava acabado e iria morrer ali. Mas algo dentro de mim me disse para continuar.  A imagem do meu avô numa cama de hospital me veio a mente e eu me esgueirei até o que iria ser a sala cirúrgica.
Ali encontrei um velho dormindo calmamente ao lado de um pequeno cachorro.
Era um senhor sujo e fedido. O cachorrinho mal parecia ter cor tamanha a sujeira em que vivia.
Tentei acorda lo mas ele mal se mexia.
Pensei que estivesse chapado ou pior desmaiado.
Sabia que iriam tentar mata lo. Moleques como aqueles não tinham piedade.
Decidi deixar de fugir e lutar.
Fechei a porta onde o velho estava e fui até o depósito.  Os caras que queriam me matar estavam dando tiros a esmo. Queriam me assustar antes de me matar.
Confesso que eu não sabia o por que de não estar apavorado. Mas algo em mim queria proteger aquele senhor e seu cachorro.
Peguei um bisturi e amarrei na ponta de um arame.
Vi vários galões de oxigênio enferrujados num canto. Por sorte estavam cheios.  Abri os e os rolei para o corredor. O gás os fez rolar para o outro lado. O barulho chamou a atenção dos caras que vieram como cachorros na caça.
Eram idiotas e quando me viram começaram a atirar.  O oxigênio médico é altamente inflamável.  E eles começaram um incêndio que os fritou. Começaram a gritar como loucos e eu corri até a sala do senhor e do cachorrinho.  Arrastei até uma maca e juntamente com o cachorro descemos para o segundo andar pela rampa da saída de incêndio. Eu guiava com cuidado e por duas vezes quase acabei esmagado.  Mas não queria correr. Algo maior que eu me impedia de fugir. Ajudei o senhor e o cachorro a saírem. Tive o cuidado de conseguir que o dono de um pequeno restaurante lhe desse comida.
O prédio mal construído desabou antes do incêndio se espalhar.
Os corpos dos caras que queriam me matar não foram encontrados e eu me tornei um herói.
Havia recuperado minha coragem e pela primeira vez as pessoas me viram como alguém digno. O garoto magrelo tinha salvado um homem. Nessa hora inventei uma história de ter ouvido gritos e ido ajudar.  A mentira me pareceu mais sensata do que contar os fatos reais.
No entanto ao voltar para casa meu pai estava bêbado e minha mãe desacordada no sofá.
Ele apenas olhou para mim e riu dizendo:
_Vai para o seu quarto. Já,  já é sua vez de receber disciplina!
Eu fiquei parado e disse não!
Ele avançou para cima de mim e me jogou contra a estante. Bati a cabeça e perdi a consciência.  Sonhei com meu avô sorrindo para mim dizendo:
_ Estou orgulhoso de você!
Recobrei a consciência horas depois. Meu pai tinha tido um ataque do coração e morrerá.
Uma vizinha trouxe a mim e minha mãe ao hospital.
Meu medo acabará.  Minha vida iria mudar para sempre. Nunca me esquecerei daquele mendigo e seu cachorro.
Hoje eu sou um líder comunitário. Sou respeitado por todos e uma das poucas vozes que fala sem medo contra o crime sou eu.
Muitos me dizem que eu posso morrer por ser tão corajoso.
Eles já estão mortos por terem medo. Eu sou o senhor da minha vida! E isso é tudo que um homem necessita.
Essa história é a origem de um dos maiores nomes contra a violência do país e apareceu em um documentário ganhador de vários prêmios internacionais além de ser um exemplo para outros tantos líderes que não se calam diante do mal.

Salvador anônimo

Eu havia passado a noite toda num bar.
Tinha ido beber depois de terminar meu casamento.
Me embebedei muito e perdi boa parte da noite. Quando estava saindo dei de cara com um grupo de homens.
Consegui correr deles e entrei no meu carro. Dei a partida antes de um dos homens me arrancar de dentro do veículo.
Estava muito bêbada para dirigir com alguma proficiência e bati em vários carros e por fim me acidentei quando bati numa árvore.
A visão estava turva. A cabeça doía muito.  Vi os homens que me perseguiram saírem do carro e virem me pegar. Sabia que iria morrer. Nada adiantaria. Meus maiores pesadelos passaram pela minha mente dolorida e em pânico total.
Quando vi aparecer um mendigo gritando umas palavras estranhas.  Pareciam urros guturais animalescos.
Os homens riram dele e o ameaçaram mas ele continuou urrando e gesticulando.
Nessa hora eu perdi a consciência. Voltei a mim no hospital. Tinha sido deixada ali horas atrás.
Na TV passava um grande incêndio na estrada envolvendo três carros.
Quatro homens foram encontrados carbonizados.
Eu fiquei assustada. Mas decidi me calar. Não queria ser envolvida naquilo. Não queria que soubessem o que eu estava fazendo no bar aquela noite.
Conhecia bem a hipocrisia da sociedade que logo iria me chamar de vagabunda e coisas do tipo.
Além disso minha família iria me crucificar.  Por isso me calei perante a todos.  Fingir ter amnésia e voltei para casa depois de dois dias.
Muitas pessoas ficaram preocupadas e eu menti dizendo que tinha tido um mau súbito e um vizinho me ajudou a ir ao hospital.
Tudo corria bem.  Semanas depois eu saindo do trabalho vi o velho mendigo. Pensei ser alucinação. Pensei que eu estava maluca.  Parei e lhe dei todo o dinheiro que tinha.
O homem apenas sorriu, mal tinha dentes, era sujo e fedido. Mas eu me senti tão bem diante dele que não queria sair dali.
Deixei o e fui para casa. Não perguntei seu nome e nem o agradeci direito. Mas sei que aquele homem é especial. Por trás de toda máscara de sujeira existe alguém especialmente bondoso.
Depois desse incidente larguei a bebida e entrei para um grupo de apoio.  Todo bem que recebemos devemos repassar.
Nunca mais vi aquele salvador anônimo.  Queria poder agradece lo. Mas sei que ele está por ai ajudando as pessoas.

O campeão do fliperama

Eu havia conseguido um trabalho de zelador num antigo parque próximo a cidade.
Eu passava as noites limpando o chão e cuidando das máquinas marcadas para manutenção.
Era um serviço tranquilo, não tinha ninguém ali comigo e na maior parte do tempo minha única companhia era um velho cachorro vira-lata que ficava próximo da entrada. Eu o alimentava e colocava o para dentro. Sentia pena do pobre animal ficar ali no frio.
Era um cachorro velho, seus olhos cansados pareciam ter uma profundidade estranha. Um dia ao chegar no trabalho vi o pobre cachorro ferido na altura do abdômen.
Era uma ferida feia. Peguei o e corri para o veterinário.  Nem pensei em como iria pagar por aquilo.
Por sorte o hospital veterinário era 24 hrs. E quando eu cheguei com o animal o levaram para a cirurgia.
Contei toda a história para a atendente. Ela se condoeu de mim e disse que iria tentar me ajudar quanto aos custos.
Voltei para meu trabalho pesaroso. Fiquei me culpando por não deixar aquele aninal morrer ali como qualquer pessoa comum faria.
Contei o por que da minha falta ao segurança.  Ele me disse que o encarregado não tinha ido e bastava eu passar meu cartão que ficaria tudo bem.
Senti em seu olhar uma certa zombaria pelo meu ato.
Aquilo me fez ficar bastante irritado com ele e comigo mesmo.
Entrei para o parque e fui limpar tudo com o mau humor escorrendo pelos olhos.
Quando cheguei aos video-games vi um velho em andrajos. Cheirava mal. Tinha uma mochila a seu lado repleta de livros antigos.
O senhor se divertia num jogo e quando me aproximei vi que ele já passava dos 10 milhões em pontuação.
Aquela máquina era a mais difícil de todo parque. Tinha até um prêmio para quem conseguisse passar dos dez mil pontos.
Fiquei impressionado! Meu espanto se tornou maior quando ele se virou, olhou para mim e disse:
_ Olá Sérgio! Obrigado por salvar meu cachorro!
Fico te devendo essa.
E voltou ao jogo. Pediu que a máquina o fizesse perder anotou a pontuação em meu nome e saiu dizendo somente:
_ Isso deve bastar para o tratamento e o pulguento gosta muito de você. Ele diz que você é especial.
Nenhum humano comum recebe elogios dele.
Eu fiquei ali paralisado. Terminei meu trabalho sem entender nada. No outro dia fui chamado ao parque.  Tomei uma senhora bronca por jogar no expediente. Mas me pagaram o prêmio por vencer o jogo. Fiquei conhecido como o rei do fliperama. Muitos garotos resolveram tirar fotos comigo.
Inventei uma história qualquer sobre minha habilidade naquele jogo.
E assim ganhei uma promoção, salvando um cachorro esfaqueado. Mas o que me interessa saber é: Quem era aquele estranho homem que parecia conversar com máquinas e animais? Será que eu enlouqueci? Precisava contar o que realmente aconteceu e nem mesmo meu terapeuta acreditaria em mim. Por isso coloquei nesse papel.
Quem quer que aquele homem seja. Tenho apenas que o agradecer. O cachorrinho vive comigo. É dócil e de uma lealdade feroz.
E graças a minha exposição na imprensa consegui juntar grana para ajudar os abrigos que cuidam de animais.

sábado, 8 de junho de 2019

O duelo

Eram dois samurais com grande reputação.
Guerreiros experientes que manejavam espadas como se fossem apenas extensões do próprio braço.
Sua fama e seu desejo de serem o maior os fizeram se confrontar.
Mandaram emissários um ao outro marcando um duelo.  O local marcado seria uma ponte na divisa entre dois daimyos rivais.
Iriam cada um representar um lado e assim serviriam para acabar com uma richa que logo poderia virar guerra.
Cada um dos lados chegou no horário certo. Vestiam armaduras completas e estavam prontos a ir até a morte.
Mas um dos senhores envolvidos naquela disputa não queira se arriscar e mandou um arqueiro disfarçado no meio da plateia com ordens de vencer o conflito de qualquer jeito.
Se julgava superior ao seu rival e jamais aceitaria perder.
Os guerreiros tiraram suas espadas e começaram um balé de morte.
O som do choque das armas era tão alto que parecia com os rumores de uma tempestade.
Todos os espectadores mantinham se a uma curta distância, se afastando a medida que os combatentes se aproximavam.
O combate era equilibrado e se manteve assim até o arqueiro pegar um dos oponentes de costas.
Era uma violação do duelo e do acordo.
O derrotado foi acertado nas costas e acabou caindo no rio, manchou as águas de sangue.
O assassino fugiu dali. Sabia que acabaria sendo linchado.
Mas a noticia da traição estava espalhada e logo até os reinos vizinhos se envolveram.
O samurai ofendido iria se tornar um dos maiores comandantes do Japão: Tokugawa.
Um homem que pela ganância de um nobre foi transformado em vingador e no maior de todos os generais!

Fantasmas ou mentira?

O velho bosque no alto da colina era famoso por suas lendas.
Os moradores o evitavam por medo das histórias de fantasmas.
Muitos já diziam ter vistos criaturas e luzes inexplicáveis ali.
Um grupo de criminosos fugindo da capital após um roubo bem sucedido chegou a pequena cidade e por acaso escutou um bêbado contando histórias de fantasmas para um amigo.
Os homens se olharam e decidiram se esconder naquele local, esperando a poeira baixar e os policiais perderem o rastro.
Dirigiram para a colina. Esconderam os carros e encontraram repouso num velho celeiro quase abandonado.
Por alguns dias ficaram ali, assistiam as notícias e quando viram que os policiais já eram ridicularizados pelos jornalistas decidiram que iriam embora na manhã seguinte.
Estavam cansados de dormir mal. Tomar banhos improvisados e comer alimentos frios.
Queriam aproveitar a grana que tinham conseguido.
Ficou decidido então que na manhã seguinte haveria a divisão e cada um seguiria seu caminho.
Dormiram preocupados naquela madrugada.  Todos ficaram acordados com medo de serem roubados.
Não havia a menor amizade entre eles. O menor movimento errado poderia acabar em morte.
O clima de tensão misturado a olhares gananciosos deixaram todos animalescos.
E assim foi até as 3 da manhã quando um barulho estranho deixou todos alvoroçados.
Pareciam passos de uma grande quantidade de homens.
Pensaram que tinham sido descobertos. Cada um pegou sua arma e saiu disposto a matar.
Eram homens brutais e tensos cujos sentidos estavam voltados para a sombra interior. Não havia ali nem sinal de remorso e piedade.
Seguiram por todo o perímetro. Verificaram os carros. Abriram o porta malas, onde estava o dinheiro e quando percebeu se que estava calmo se permitiram relaxar um pouco.  Nesse momento, um dos homens deu um grito agonizante.
Havia sido mordido por uma serpente. E no seu pavor acabou tentando disparar na cobra e acertou o pé.
Caiu para trás e bateu a cabeça numa pedra.
Não havia nada a ser feito. Ele ficou variando por alguns instantes ali numa poça de sangue enquanto seus comparsas voltaram lá para dentro.
Alguns impressionados com o ocorrido. Outros felizes com o fato de terem menos um para dividir.
As 4 da manhã. Sons de trombeta foram ouvidos. Parecia que uma banda estava postada ali do lado de fora.
Aquele barulho estridente e alto deixou a todos apavorados.
Um dos homens saiu correndo do local e foi crivado de balas.
Outro se escondeu atrás de um saco de feno enquanto os demais se mataram.
Quando somente sobrou o que estava escondido houve algo estranho. Ele sentiu se cercado por mãos espectrais. Ele abriu os olhos e viu diversas criaturas negras de formas enevoadas. Suas presenças eram frias. O bandido saiu dali correndo e continuou correndo até ser encontrado por um policial que foi avisado de um homem correndo em pânico na base da colina.
O homem foi detido e não parou de gritar. Precisou ser sedado para conseguir se acalmar.
Quando as digitais foram checadas descobriu se quem ele era. Foi levado a capital e ali ninguém acreditou na sua história.
Procuraram no velho bosque pelo dinheiro e não encontraram.
Os corpos também não foram achados. No velho celeiro havia somente as armas e muitas cápsulas deflagradas.
Todos acharam que o sobrevivente na verdade tinha matado seus colegas, escondido o dinheiro e então se entregado para aproveitar tudo sozinho.
Bem, não posso afirmar nada, apenas escutei essa história e decidi registrar.
Será que o homem teve uma visão paranormal? Ou é apenas um homicida bom de prosa?
Você decidi!

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A vida por um fio

Era noite. Eu estava ali fechado dentro de um banco sem esperança alguma de sobreviver.
O local tinha sido invadido por bandidos e eu era o próximo a morrer se a negociação continuasse dando errado.
Sabendo que suas horas estão se acabando qualquer homem começa a olhar para o passado e tentar se arrepender de todos os erros.
Eu nasci numa favela. Lugar sujo e sem esgoto. Minha mãe era uma vendedora numa padaria e não raramente a única comida que tínhamos era pão velho.
Meu avô era um tarado que certa vez tentou estuprar minha irmã mais nova e ela num puro ato de desespero começou a gritar o que fez os vizinhos aparecerem e surrarem o até a morte.
Eu cresci sem pai, não tinha amigos na escola. Acabei tomando gosto por assistir filmes e ler. Algo incomum num local onde o mais perto de cultura que se tinha era o tráfico.
Aos 18 entrei para a marinha e lá fiquei por quinze longos anos. Lutei no exterior em missões de paz. Lutei contra criminosos e ajudei a pacificar zonas inimigas.
Não era fácil, no entanto voltar ao mercado de trabalho depois da dispensa ainda mais quando esta foi por causas psiquiátricas.
Me senti inútil, tinha um monte de medalhas, mas voltava a ser somente um peso para minha mãe que perto de completar 60 anos ainda não tinha conseguido trabalhar, mesmo tendo trabalhado desde os 13.
Naquele instante da minha vida eu me sentia um fracassado. Voltei para a casa ciente que tinha acabado o sonho e a realidade me trouxera a merda de onde eu sai.
Passei uma semana me punindo. Me sentia o pior de todos os fracassados, mal tinha fome, pensei em dois momentos até mesmo em me matar.
Foi quando um amigo da marinha me ligou e disse que tinha me arrumado um emprego como segurança num banco no centro.
Senti a vida voltar a bater dentro de mim. No outro dia acordei as 4h da manhã e sai rumo a agência.
Queria impressionar com minha pontualidade e para isso somente acordando muito cedo para que os trens e ônibus não me atrapalhassem.
Depois de quatro ônibus e um trem cheguei ao meu local de serviço. Entrei e me identifiquei. Uma balconista me mostrou a porta onde ficava o vestiário dos seguranças. Fui ali dentro, me troquei. Quando peguei minha arma de serviço uma voz forte anunciava um assalto.
Tentei fugir dali, mas meu instinto militar falou mais alto e eu retornei.
Esperei um dos assaltantes entrar no vestiário dos seguranças. E quando um deles assim o fez atirei nele, peguei sua arma e o tomei como meu refém.
Mas quando sai para o saguão disposto a tentar matar os demais usando seu aliado como escudo. O líder deles simplesmente atirou no parceiro que eu já havia ferido e nesse instante me vi cercado por cinco fuzis semiautomáticos.
Me rendi e logo fui chutado dezenas de vezes. Fiquei desacordado e quando recobrei os sentidos mal conseguia me virar, provavelmente tinham quebrado minhas costelas nos vários chutes que me deram.
Sentia me fraco e confesso que ali meu medo era enorme. Os policiais já estavam negociando e a situação ficou crítica quando outro segurança foi morto diante da porta principal.
O cara foi cravado de balas. Os bandidos não estavam para brincadeira. Exigiam a libertação do líder de uma das maiores facções criminosas do país ou se não iriam nos matar.
E todos sabiam que eu seria o próximo.
Naquele instante com a vida por um fio eu sabia que não tinha muito tempo. Comecei a pensar numa maneira de salvar me sem que ninguém mais fosse ferido.
Tinha poucas alternativas, mas num lampejo de coragem ou de adrenalina maluca, um dos bandidos se aproximou de mim disposto a me dar mais alguns chutes, nesse instante agarrei sua perna e com as forças que eu tinha consegui derruba-lo e tomar uma pistola que ele tinha no coldre da perna.
Meu instinto tomou o controle dali em diante. O treinamento de um fuzileiro consiste em treinar tanto que quando a hora do combate chega o soldado sabe como agir.
Dei um tiro no cara de quem eu roubei a pistola e corri rumo a porta. Estava cheia de explosivos e eu num ato de pura coragem atirei ali. A explosão me jogou para trás, meus ouvidos estavam com um chiado muito alto, eu caí no chão.
Atrás de mim pude ver os criminosos atirando, a minha frente o fogo e eu ali parado com a mente parecendo uma gelatina.
Quando olhei no alto do prédio e vi um grupo de snipers posicionados. Tive uma ideia, decidi provoca-los e tirar eles dali. Queria que viessem até bem perto de mim para os atiradores abate-los
Comecei a disparar a pistola até acabar as balas, fui alvejado nesse processo várias vezes. Sentia meu sangue esvair se.
Tudo fazia sentido na minha cabeça. Quando eles vissem eu ali quase inerte viriam terminar o serviço dando uma bala na minha cabeça. E foi assim que aconteceu. Eles não perceberam os homens no alto do prédio próximo e vieram três terminar de me matar. Os outros que sobraram ameaçaram os reféns, mas eram poucos e agora a negociação tinha mudado. A tropa de choque tinha entrado e foi questão de minutos até todos se renderem.
Eu fui salvo, tinha sobrevivido somente por que Deus quis. Beirei a morte muitas vezes, mas em nenhuma eu fora tão imprudente.
Queria impressionar e realmente esperava ter conseguido. O banco não foi roubado, nenhum refém ferido. E bandidos morreram.
Era algo que para mim poderia ser descrito como um dia bom. Apesar da perna cheia de platina, dos drenos no estômago e pulmão e de estar com dor até mesmo por existir esbocei um sorriso assim que recobrei a consciência no CTI de algum hospital público.
Ao meu lado não havia nenhum parente ou médico. Apenas um militar de alta patente. Um homem que ao me ver apenas sorriu e disse:
_ Parabéns por sua ação soldado! Vejo que um homem treinado sempre é um homem treinado!
Quando se recuperar eu tenho uma proposta a te fazer. Se quiser um emprego de verdade o governo irá lhe trazer uma ótima proposta. Me procure.
E deixou em minhas mãos um pequeno cartão com seu nome e telefone. Não dizia para quem trabalhava e muito menos que função exercia.
Demorou dois anos recebendo auxílio da previdência até que eu me recuperasse completamente. No dia em que eu voltei ao banco, no entanto, fui demitido! O gerente me agradeceu mas disseram que tinham contratado na minha ausência outro cara.
Voltei para casa frustrado, não teria dinheiro para nada naquele mês e para piorar minha irmã havia abandonado o marido e estava de volta a casa de nossa mãe também junto com 3 sobrinhos.
Decidi que como não tinha mais nada a perder, o homem do cartão poderia ser uma solução viável.
Mal sabia que dali em diante minha vida mudaria completamente e eu estaria completamente envolvido em proteger o país.
_ Olá! A proposta que me fez ainda está de pé?
_ Sim, venha me ver na padaria onde sua mãe trabalha como faxineira.
_ O que? Como assim? Como conhece minha mãe?
_ Venha me ver em trinta minutos e iremos conversar sobre o que estou te propondo.
Ao terminar essa conversa eu estava desconfiado e curioso. Mas decidi arriscar e fui. E a partir daí entrei para a organização.
E isso é tudo que você, caro leitor, pode saber sem que homens do governo venham tentar te matar.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

O último discurso

O general Mattais era um homem acima dos demais.
Sua carreira foi repleta de feitos grandiosos. O reino da Bretanha devia muito a ele.
Manejava uma espada tão bem que seus inimigos o apelidaram de flagelo. E sabia impor moral e ânimo nas tropas.
Diria sinceramente que aquele homem valia por um exército.
Lembro vivamente de seu último discurso antes da derrota contra Joana Dar'c em Rouen.
Motivara nos a lutar mesmo em menor número e cercado pelos exércitos franceses.
Muitos de nós estávamos com medo absurdo e queríamos voltar a Inglaterra mesmo que fosse a nado.
Mas ao ouvir suas palavras alguns encontraram sua coragem perdida.
Estávamos ali isolados e na manhã seguinte os franceses iriam avançar contra a cidade.
Muitos teriam esperado os inimigos dentro dos muros. Mas Mattais queria nos levar a vitória.
Naquela madrugada saímos em formação da cidade.
Marchamos contra o acampamento francês em velocidade.
Nosso movimento pegou alguns soldados despercebidos.
A batalha foi encarniçada. Os gritos e gemidos na madrugada se tornaram comuns após algumas horas com somente som de espadas se chocando.
Conseguimos fugir daquele cerco. Éramos agora somente uma pequena companhia de homens do grande regimento que havia na cidade. No entanto nossa disposição em continuar vivos e livres nos mantinha atentos.
Íamos para o litoral norte de modo a saímos da França e assim conseguirmos ser resgatados de volta a Inglaterra.
Avançamos com dificuldade por prados e bosques. Compravamos comida em pequenas vilas ao longo do caminho.
Fomos impedidos de saquear qualquer coisa dos franceses.
Nosso general era um homem superior que via no roubo e na morte fora da batalha algo incrivelmente ruim.
Não considerava o adversário como alguém que deveria ser destruído.
Mantinha sempre a idéia de poder contar com algum apoio da população pobre se fosse honesto para com estes.
Sabíamos que nossa vida estava ameaçada.  Logo o exército francês iria chegar e não teria a menor piedade de nós.
Vagamos alguns dias tomando o máximo cuidado em evitar todas as patrulhas.
Pelos cálculos do nosso comandante no dia seguinte estaríamos na Bélgica e dali poderíamos voltar para casa em poucos dias.
Mas o nosso destino fora traçado e emboscados na fronteira dezenas de homens nos aguardavam.
Recebemos ordens de recuar e espalharmos pelo país.
Nosso general, no entanto avançou com coragem e audácia.
Corríamos chorando sem olhar para trás.
Um dos maiores homens se sacrificou para que tenhamos chance de ganhar algumas horas e ter uma retirada.
Ali acabava o sonho.
Mas o exemplo de Mattais ficará em todos nós que resistimos.
Muitos seriam presos e executados. Os que conseguiam fugir mantinham contato e por anos ficaram esperando a oportunidade de voltar para casa.
Muitos, no entanto, se integraram a sociedade francesa e ali se casaram.
Eu fui um desses. Consegui documentos falsos e passei a viver em uma vila a leste de Toulose.
Me casei e vivi a ascensão de Joana Dar'c e sua posterior queda.
Estive em Paris quando ela foi queimada.
Quero dizer que amei vê la arder. As palavras do meu amado conandante naquela noite em Rouen e seu sacrifício por nós vieram a memória e eu era um dos mais eufóricos ao ver minha inimiga ser reduzida a cinzas.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A paciente do quarto 10

O sanatório Santa Gertudres era parte da Santa Casa.
Tinha um péssimo histórico de abusos e maus tratos, porém não era fechado, pois  nada havia sido provado.
Os internos eram constantemente submetidos a tratamentos arcaicos como choque e alguns acabavam sendo surrados pelos dois enormes enfermeiros: Fred e Alberto.  Dois monstros gigantescos que mal sabiam conversar, porém eram ótimos em soltar socos e pontapés.
Nesse inferno eu era apenas um estagiário.  Repleto de sonhos e com muitos ideais.
Reclamava e tentava impedir aquilo mas precisava do estágio e quando comecei a incomodar me ameaçaram corta - lo.
Decidi então me conter e fiquei calado vendo cenas degradantes.  Comecei a gravar tudo e a tomar notas em um pequeno caderno.
Tirei fotos dos alimentos mofados e dos machucados feitos em um senhor com esquizofrenia, cujos dentes tinham sido arrancados com um bastão, quando este gritou demais para não receber a medicação.
Nesse ambiente hóstil eu tomava cuidado com tudo que falava ou fazia.
Mantinha uma postura indiferente perante os médicos e enfermeiros.
Só me permitia relaxar quando andava pelos corredores ou ia ao arquivo.
Uma parte isolada do prédio. A estrutura daquele local era muito antiga. Fichas de pacientes e ratos viviam unidos e em algumas caixas, as folhas com os relatórios dos pacientes haviam virado ninho para ratazanas.
Numa de minhas pesquisas achei uma antiga planta do prédio. Mostrava que haviam muitos outros leitos.
Aquilo, no entanto, não aparecia em lugar nenhum.
No mesmo instante decidi entrar naqueles antigos túneis.
Confesso que não acreditava que iria pessoas ali. Apenas esperava dar um passeio pelo passado do tratamento psiquiátrico.
Minutos depois vasculhando próximo ao jardim, encontrei um alçapão. Entrei por ele tomando todo cuidado e ali embaixo nos corredores no subsolo algo chamou minha atenção: Havia luz elétrica ali!
E não só isso. As paredes estavam caiadas e não tinha o menor sinal de bolor ou algo parecido.
Um misto de medo e curiosidade passou pelo meu corpo. Sentia ondas de choque percorrendo cada pedaço de mim.
Fechei o alçapão com cuidado e fui caminhando por ali.
Em cada cela havia pacientes insanos. Homens e mulheres de boa aparência, mas que viviam completamente insanos.
Alguns ao me verem passar se esconderam, outros começaram a rezar. Uma gritou e por fim outra apenas me pediu socorro.
Era uma jovem bonita, loira de profundos olhos azuis.
Me contou que seu tio a tinha internado ali para a roubar.
Que ela vivia dopada e sendo estuprada.
Tinha tentado suicídio, mas falhara.
Eu acreditei nela e tentei ajuda la. Mas a porta com grades de aço mal se movia.
Procurei algo que pudesse usar para abrir quando um dos enfermeiros grandalhões apareceu, carregava um carrinho repleto de comida e remédios.  Eu me escondi num canto. Sentia minha respiração tensa e meu coração doía muito.
Quando ele se aproximou do quarto 10 tirou a calça e a cueca abriu a porta e entrou.
Nem teve o cuidado de trancar a porta.  A jovem começou a gritar por socorro.
Eu corri até o carrinho, peguei um sedativo poderoso, coloquei o na seringa e entrei no quarto.
Ele tinha cercado a paciente do outro lado e se divertia a beijando lascivamente enquanto tentava arrancar lhe o roupão.
Nem deu importância a minha presença até sentir a agulha cravando em seu pescoço.
Ele rugiu como um urso e num soco me jogou do outro lado do quarto.
Avançava em minha direção devagar. O sedativo o fazia cambalear e por dois minutos ele ficou assim.
Minha cabeça sangrava muito. E eu fiquei com a visão turva.
Nesse meio tempo ele caiu e a moça com um bisturi que achou no bolso do enfermeiro cortou o genital dele com um sorriso macabro e o enfiou dentro da sua garganta, afundando bem.
Logo o enfermeiro morreria com falta de ar.
Mas isso pouco me importava.  Quando recobrei os sentidos vi ela em minha frente, preocupada comigo. Rapidamente decidi que ela precisava sair dali.
Corri em frenesi pelo corredor.  Eu e ela vestindo apenas um roupão.
Por sorte tínhamos a chave dali e saímos disfarçadamente.  Já era noite e logo alguém viria procurar o enfermeiro abusador.
Andávamos como se fossemos rumo a enfermaria tomar remédio.  O guarda do turno da noite era um cearense quase cego que quase todos os dias me via sair dali tarde da noite.
Apenas disse que a moça precisava ser medicada e ele abriu o portão.  Andamos rumo a enfermaria por alguns passos. Mas logo que ele voltou a sua posição avançamos para o vestiário.
Abri a porta do local com facilidade e mudamos de roupa.
Por sorte ali eram guardadas as roupas dos pacientes para que não se enforcassem nelas.
Eu vesti um camiseta simples e sapatos e ela um vestido reto e justo. Como não havia roupa íntima em nenhum lugar ficou a mostra o bico dos seus seios e confesso que me senti excitado vendo aquela cena.
Naquele instante no entanto um alarme tocou.  Era o de fugas. Demoraria 5 minutos até o portão ser avisado.
Corremos até a garagem.  Ela abraçou em mim quando montamos na moto, no instante que senti o calor do corpo dela próximo do meu correu me uma onda de adrenalina . Acelerei e pulei a cancela antes dela fechar.
Corri como louco. A moto parecia um raio na estrada.
Fui até minha casa há alguns quilômetros dali.  Peguei tudo que havia de provas contra o sanatorio e corri para a sede do ministério público.
Fui com a jovem e invadi a sala do promotor gritando que iríamos ser mortos se não falassemos com ele.
Eu e ela contamos tudo. Mostrei as provas.
Aquilo fez o velho homem se sentir enojado.
Abriu se ali um processo que acabaria por afetar até o governador.
Dois adversários políticos tinham sido internados ali. Além do manicômio aceitar suborno para internar pessoas contra vontade.
Quando saíamos daquele gabinete senti a jovem bastante envergonhada.  Ainda estava sem sutiã e viu se cercada de homens por todos os lados.
Nessa hora tirei minha camisa e enrolei ao redor do seu colo de modo que ela me agradeceu com um sorriso sem graça.
Depois de todo escândalo e alguns encontros depois começamos a namorar. E hoje ela é minha esposa.
Eu jamais completei o estágio.  Acabei virando perito e investigador e vivo ajudando esposas a saber a verdade das traições dos maridos.  E amanhã irá nascer meu primeiro filho: João.
Escrevo essa história no meu diário para que ele saiba como seus pais se conheceram quando for mais velho.

Escreva um TCC sem dor!

Eu já tive que passar pelo dilema de escrever uma monografia. Foram meses penando e sofrendo. Li muitos materiais que diziam ajudar mas que na verdade apenas atrapalhavam meu avanço.
Foram várias vezes em que eu sofri tanto ao ponto de pensar em desistir de escrever apenas por me sentir vazio tanto de ideias, quanto de um marco por onde eu pudesse trilhar.
Por isso fiz esse pequeno guia com alguns guias para você escrever um TCC com menos sofrimento.
Espero com isso poder te ajudar a você que vai passar ou está passando por esse momento a ter um pouco mais de alívio.

Dica 1 - Todo texto científico é claro!
Rodeios, percas em detalhes desnecessários e floreios linguísticos não te ajudam a escrever. Preze por uma escrita que esteja dentro das normas e vá direta no ponto.

Dica 2 - Pesquise bastante antes de começar a escrever.
Só comece a escrever sobre um tema quando tiver uma bagagem de leitura suficiente. Isso te ajuda a entender o que é o assunto e te impede de tentar reinventar a roda, se perdendo em conceitos e discussões já abordadas, e facilita muito na hora de produzir seu texto, pois todas as citações já devem estarão disponíveis.

Dica 3 - Tenha paixão por seu tema.
Você vai lidar com o assunto da sua pesquisa por anos a fio, portanto precisará ser algo que te motive. Serão horas lidando com textos e materiais muitas vezes pesados e incompreensíveis. Se não houver ligação emocional com o que quer pesquisar suas dificuldades aumentarão muito!

Dica 4 - Discuta seu tema com professores e colegas.
Terá momentos em que mesmo o mais brilhante pesquisador se sentirá travado. Por onde continuar? Como continuar a desenvolver um tema! Fale sobre seu tema com todas as pessoas. Discuta muito com todos, professores, colegas, amigos, família... Muitas vezes as outras pessoas por não estarem vivendo a situação te farão perguntas e darão excelentes ideias para continuar o seu trabalho.

Dica 5 - O capricho com o idioma.
Tenha cuidado ao escrever palavras que não conhece. Se for preciso revise várias vezes uma sentença, oração ou frase que lhe seja desconhecida. Lembre se também de evitar cometer erros gramaticais. Não é preciso dizer que você quer convencer a banca e não fazer eles ficarem com raiva ao ler seu trabalho repleto de erros. Lustre as palavras até que cada uma fique brilhando.

Dica 6 - Tenha pelo menos meia dúzia de manuais.
Manuais de escrita, normas técnicas, dicionários, tudo isso é seu amigo para não deixar nenhum erro passar. Quanto mais materiais técnicos dentro do tema você tiver melhor!

Dica7 - Revise e edite.
Mesmo o melhor texto precisa de reparos. Mantenha sempre uma atitude analítica e dê para outras pessoas lerem de tempos em tempos. Isso vai te ajudar a manter clara a linguagem e adquirir uma objetividade que se transformará em nota.

Espero ter ajudado. Até a próxima!!!

A casa

Era apenas um velho casarão desabitado.
O prédio repleto de mofo e poeira servia apenas para os viciados que ali se reuniam nas noites frias.
Era um local evitado pela população. Diziam que ali pairavam demônios e fantasmas.
Lendas de cidade do interior cuja origem se perde, mas acabam criando forças e viram parte da cidade.
Uma garotinha chamada Joana chegou ali para passar as férias com seus avós.
Era curiosa e amava histórias de fantasmas. Seu interesse por mistério e pelo paranormal era incrível.  Sua mãe já havia levado a uma exorcista que não conseguiu muda-la assim ela foi mandada para o interior nas férias.
Era a última tentativa de seu pai para livra la desse interesse que considerava terrível.
O avô da garota era coronel no exército e criou seus filhos numa disciplina brutal e direta.
Era duro e os castigos que aplicava nos filhos deixaram marcas e cicatrizes.
A menina ao chegar recebeu um pedaço de papel com todas as regras. E junto tinha uma lista enorme de proibições.
Seu semblante era de desespero ao ver o quão duras seriam essas férias.
Acabou se resignando e por vários dias seguiu a vida de quartel. Mas quando foi a padaria na segunda semana ali ouviu uma história de fantasmas que uma mãe contava para o filho pequeno afim de assusta-lo. Ela parou e ficou fascinada vendo os terrores da velha casa sendo descritos em forma de bronca para assustar a criança levada.
Esqueceu do seu dever e resolveu pedir que a senhora lhe contasse mais sobre.
Foi com ela para sua casa e ali ficou até quase a hora do almoço.
Voltou extasiada e quando chegou a porta da casa seu avô estava lhe esperando.
Ele a passou para dentro e a segurando firmemente a levou para o porão. Ali sem nenhum pudor ele pegou um pedaço de couro e desceu nela varias vezes.
Parou somente quando a menina parecia não respirar.
Subiu para cima e trancou a porta. Deixou a menina quase morta. Somente horas depois sua avó abriu a porta e veio ver os estragos feitos.
Ela fora enfermeira no passado e verificou feliz que a menina não tinha nenhum osso quebrado.
Ajudou a ir para o quarto e a deixou ali. Foi a cozinha pegar uma sopa e quando retornou a menina não estava mais ali.
A senhora contou ao marido que ficou possesso. Correu pela cidade a procura da menina. Chamou a polícia e mobilizou muitos.
Passaram se algumas horas e então se lembrou do gosto da menina pelo sobrenatural e foi em direção ao casarão.
Pegou sua arma no carro e saiu. Sua tensão estava no máximo e mataria qualquer um que passasse em sua frente.
Vasculhou tudo e a encontrou num cômodo no segundo andar. Estava nua e seus longos cabelos vermelhos balançavam livremente. O velho ficou possesso.
Preparou se para atirar. No entanto a menina não se mexia. Não corria. E muito menos respondia ao velho.
Ela apenas se virou devagar rumo a um velho espelho que havia naquele cômodo e foi desaparecendo.
O velho ao ver a cena caiu duro. A mente dele ficou em choque e nunca mais retornou. Contou sua visão em sessões de hipnoterapia meses antes de morrer.
Da menina só foram encontradas as roupas sujas e repletas de sangue.
O que se espalhou foi que o velho abusara da neta e inventou o desaparecimento para encobrir seu funesto crime.
Ninguém conseguiu provar o que aconteceu e a história do seu desaparecimento entrou para os anais de mistérios da cidade.
E o casarão acabou sendo demolido semanas depois após um incêndio misterioso que todos os moradores atribuiam ao demônio.
Os mais sensatos no entanto, creem que se trata de um camponês com medo que se cansou de esperar algo e decidiu queimar o mal com suas mãos.

terça-feira, 4 de junho de 2019

O som

Eu havia sido contratado para cuidar da casa de verão de um milionário. A proposta era excelente. Teria a casa toda para mim, suprida e um salário inicial de 2.000 reais além de um adiantamento para a mudança do meu primeiro salário.
Não pensei muito, aquela era a oportunidade que eu tanto sonhará. Mal me despedi dos amigos e da família e parti rumo ao que pensei ser uma vida fácil e tranquilidade.
Cheguei a mansão do milionário na região nobre da cidade, o local tinha muitos guardas e parecia um pequeno palacete inglês que eu via nos filmes antigos com meu avô.
Troquei algumas palavras com o mordomo e fui rapidamente levado para a casa de campo. Era uma fazenda muito antiga próxima a uma vila rural no interior.
O carro me deixou ali e rapidamente partiu. Havia na expressão do motorista um verdadeiro terror frente a ideia de entrar no lugar. Na hora eu julguei se tratar de inveja da minha conquista.
Entrei lá dentro e comecei a explorar a casa. Era enorme e muito bem mobiliada. No entanto dava sinais de abandono há bastante tempo.
Os móveis estavam repletos de poeira e no porão uma grande infiltração já tinha criado bolor, ameaçando destruir a pintura rústica.
Rapidamente desfiz minhas malas e comecei meu serviço. Era inicio da noite quando terminei de varrer todo o recinto. Fiz apenas uma janta frugal e fui me deitar perto das sete horas da noite.
Naquele primeiro dia tive sonhos estranhos, acordei várias vezes assustado com um frio na espinha que me era incomum.
Era jovem, tinha apenas 27 anos e jamais havia sentido tanto medo assim. Pensei no início que se tratava de alguma influência ruim dos filmes de terror que eu vivia assistindo com meus amigos e resolvi deixar para lá.
O sol raiou e logo já comecei o meu trabalho. Na hora do almoço, fiz minha primeira refeição completa ali, já tinha feito muito pelo lugar e logo estaria limpo e brilhante.
Os anos trabalhando em hotéis como faxineiro haviam lhe dado alguma experiência e ficará orgulhoso olhando a qualidade de seu trabalho.
Por volta das quatro da tarde julgou estar tudo devidamente arrumado e que deixaria quaisquer outros detalhes para o dia seguinte.
Decidiu então tomar um banho de banheira. Era algo que achará divertido e assim foi até o quarto do patrão, se despiu e ficou assistindo a banheira encher numa satisfação evidente.
Quando terminou de preparar o banho, caiu na água e ficou ali aproveitando o momento. Sentiu se por um instante como dono do lugar e aquela gostosa sensação lhe fez ter uma pequena crise de risinhos.
No momento em que curtia sua imaginária vida, um rádio no quarto começou a chiar, era um som desagradável que o incomodou o suficiente para ir ali nu e molhado.
Quando chegou saiu do banheiro e chegou ao quarto, o rádio novamente chiou e no mesmo instante ele caiu no chão, estava apavorado e ficou encolhido em posição fetal vendo monstros em todos os lados.
Dentre suas visões havia uma pequena criança que parecia se divertir vendo o berrar a plenos pulmões expulsando criaturas que estavam somente em sua cabeça.
Demorou uma hora todo esse delírio. Quando recobrou os sentidos estava numa poça de urina e fezes.
Ficou profundamente impressionado com todas aquelas visões estranhas. Era como se ele tivesse sido transportado para todos seus pesadelos.
Ficou horas paralisado até recuperar algum senso de razão e ir tomar um banho, dessa vez nada de banheira! Tomou um banho rápido, pegou alguns produtos e conseguiu depois de algum tempo deixar o piso limpo.
A partir daquele primeiro episódio ele passou a evitar subir até o quarto, suas pernas tremiam toda vez que tinha de ir até ali.
Ao final da primeira semana, um entregador do supermercado o encontrou apavorado na porta da casa. O rapaz jovem estava acabado! Suas olheiras eram tão profundas que causou medo a primeira vista.
Ele recebeu as compras, assinou uma nota e pediu que o rapazote saísse dali o mais rápido possível para seu próprio bem!
Havia algo de soturno e assustador na voz do homem que fez o jovem empregado voltar ao povoado o mais rápido possível.
Era uma localidade pequena, onde os mexericos com a vida dos vizinhos era a diversão do povo.
Quando a história se espalhou, de uma hora para outra, começaram a surgir vizinhos, crianças apareciam para bisbilhotar e na entrada sempre juntavam alguns curiosos de passagem que procuravam ver ao menos de soslaio o rapaz assustador.
Mal sabiam eles que o foco do seu interesse não dormia, mal comia e estava a beira de um ataque de nervos. Ao menor barulho ele ficava louco!
Seu terror se tornou tão frequente que decidiu fazer um ato extremo! Furou seus ouvidos com uma velha chave de fenda que encontrou na garagem.
O sangue jorrava aos montes enquanto ele ria. Acreditava ter vencido o barulho! Mas novamente escutou o rádio chiando!
Sua principal reação foi correr, correr como um louco! Apavorado andou por alguns metros na estrada até ser encontrado por dois vaqueiros que voltavam para casa após comprar suprimentos na vila.
Foi levado ao hospital e dali levado a capital. Seu quadro maníaco e a constante tentativa de se cortar acabaram forçando os médicos a leva-lo a um sanatório.
Sua mãe autorizou sua internação aos prantos. Seu filho morreria dentro de poucas semanas em um estado de pânico gritando a plenos pulmões!
Um ataque nervoso o fulminou deixando primeiro em estado vegetativo e depois o quadro se complicou devido a baixa imunidade e ele desenvolveu uma pneumonia que o levou a óbito.
E ainda hoje na velha gazeta que circula na capital a um anúncio para caseiro numa casa de campo, esperando alguém disposto o bastante para aceitar um "negócio da China" sem volta.

Como não sofrer bloqueios na hora de escrever?

A arte de escrever requer muita paciência. O texto tem seu próprio curso de tempo. As vezes ao escrevermos ficção nossos pensamentos acabam tomando uma forma inesperada e não raramente vamos a caminhos inesperados.
No entanto tem vezes onde o caminho fica obstruído e as ideias simplesmente cessam seu curso e nos sentimos frustrados.
Muitos novos escritores nessa hora pensam em parar, são abatidos pelas críticas das pessoas próximas e acabando deixando de lado o sonho de escrever.
Aqui nessa pequena dica quero te trazer algumas maneiras de escapar dos bloqueios e assim conseguir continuar escrevendo, seja por hobbie ou sonhando em ser o próximo best - seller

1 - Foco.
Nada atrapalha mais do que ter de resolver mil e um problemas enquanto se tenta escrever uma cena ou ir até o próximo capítulo. Por isso quando sentar para escrever, afaste o celular e quaisquer outras distrações.

2 - Organização.
Mantenha um esboço das ideias que quer abordar a parte, crie um roteiro de ideias e mantenha sua história em ordem. Não viaje demais em descrições intermináveis e nem se case com os detalhes. Assim evita perder a inspiração e ficar parado em uma cena.
Outro ponto da organização é no que tange ao local onde você vai escrever. Mantenha o espaço onde vai trabalhar limpo e se possível com pouco barulho de modo que você possa prestar total atenção em seu texto.

3 - Regularidade.
Ninguém magicamente conseguirá chegar a qualidade de um texto profissional do dia  para a noite.
Escrever é uma habilidade que melhora com o tempo. Conforme se cria o hábito de todo dia escrever, logo os bloqueios são superados.
Manter se sempre escrevendo mesmo sobre os assuntos mais banais ainda te dá a oportunidade de aproveitar novos estilos de escrita, aproveitar fatos cotidianos e ter sempre mais material para novos trabalhos.

4 - Leitura.
Um bom escritor se faz tanto pelo labor diário com o papel quanto pela quantidade de palavras que ele absorve.
Bons escritores são sempre ávidos leitores de tudo que lhes cai a mão. Assim conseguem ter sempre material, melhoram seu controle da língua e podem aprofundar e melhorar sua escrita.

Por fim se nada disso melhorar seus bloqueios ainda vale esperar, até mesmo deixar o texto de molho e começar novos projetos. O importante é nunca parar e jamais desistir!


Sonho ou realidade?

Aquela era uma manhã normal como todas as outras. Um grupo de rapazes ataca um velho. 
Covardia? Claro que sim! Mas quem iria impedir aquilo. As pessoas daqui estão envolvidas por uma névoa de medo.
O grupo cercou aquele velho vestido em farrapos e se divertia vendo ele rezando.
Seguraram o e começaram a bater nele. Seu sangue verteu e nessa hora como num passe de mágica suas mãos pegaram fogo.
No mesmo instante os agressores estavam correndo apavorados. Dos seis que se divertiam com o velho dois foram incinerados na mesma hora. Seus corpos viraram cinzas quando foram tocados pelo ancião.
Eu vi tudo e de onde estava pude ver aqueles trogloditas fugindo com medo. Um deles tinha se urinado e mesmo todo dolorido eu me divertia.
Quem sou eu? Um garoto que tentou confiar na lei e bancou o detetive por semanas.
Tirou fotos e entregou na delegacia na esperança que a polícia as usaria contra aqueles marginais.
No entanto eu descobri horas mais tarde que os policiais e a gangue era aliados, fui cercado na saída da escola e levado para aquele parque.
Eles estavam me batendo quando viram o velho que caminhava com dificuldade e resolveram me deixar em paz por alguns instantes.
Eu fui deixado ali depois de receber vários socos e pontapés. Me arrastei por alguns centímetros, tentava fugir enquanto eles partiram para cima do velho.
Vi espantado as chamas queimar dois corpos. Se não fosse a dor e alguns ossos quebrados tinha fugido também. Mas a dor foi maior que o medo e eu fiquei ali sentindo que o velho viria para me matar.
Passaram se segundos antes do ancião vir em direção a mim. Mas na minha cabeça pareciam horas.
Cada passo era dado em câmera lenta. A tensão causada pelo medo fazia a dor se amplificar em um nível tão alto que cai ali naquela grama suja desmaiado.
Tive um pesadelo terrível onde eu era levado para uma casa antiga e devorado ainda vivo por uma criatura monstruosa, um ser abissal de olhos negros e com uma boca com dezenas de dentes.
Meu despertar foi suave. Era como se eu não tivesse sido espancado. Pensei que estava num hospital mas quando dei por mim vestia uma roupa completamente limpa.
Tudo ali era branco. A luz do sol entrava por uma janela e me incomodou.
A porta estava aberta. Meus pertences estavam ao meu lado. Eram apenas um relógio velho e um óculos meio torto.
Me p

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Os lobos

Naquele bosque sempre houveram boatos de uma alcatéia de lobos que mataria a noite.
Fazendas próximas tinham sido atacadas.  Uma vez um homem cujo morreu perto dali disse ter ficado apavorado só de ouvir os uivos das criaturas.
As crianças eram advertidas a não brincar ali.
Mas tudo girava em torno de boataria sem sentido até o primeiro domingo de primavera.
Um casal Marcos e Andressa saiu de carro a noite. Ela fugia com seu amor depois de seu pai ter lhes proibido namorar.
Pararam numa fábrica abandonada há cerca de 2 km do bosque.
Resolveram ter ali sua primeira noite de amor. O rapaz e ela se embebedaram com vinho que ele tinha ali no carro.
A mente turvada e a adrenalina do sexo no entanto lhe impediram de ver a aproximação de um estranho par de olhos.
Uma criatura faminta surgiu devagar. Seus passos não podiam ser ouvidos de dentro do carro tamanho era o frenesi sexual dos dois jovens que pela primeira vez experimentavam o amor.
A partir daí não se sabe ao certo. Os peritos ficaram impressionados ao verem a lataria do carro ter sido cortada como manteiga.
Os policiais foram avisados depois de um caminhoneiro passar por ali na manhã seguinte e ver toda aquela cena abjeta.
Dos jovens foram encontrados apenas pedaços dos corpos.  Nada estava inteiro o bastante para ser identificado.
No entanto os pedaços da maneira que estavam dispostos pareciam ter sido cuidadosamente orquestrados. Era como um ritual de psicopatas.
Por isso os federais foram chamados. Houve um verdadeiro pente fino na região.
Nada na mata foi deixado de lado. Nenhum pedaço esquecido. No entanto o homem ou criatura que tenha atacado os jovens escapou.
As pistas terminaram de esfriar quando a imprensa descobriu a lenda dos lobos da cidade.
Bêbados que ficavam perambulando foram parar em rede nacional ao contar histórias dos lobos, boa parte mentirosa, as pessoas ficaram espantadas e maravilhadas.
As fotos do ocorrido se tornaram virais na internet e as teorias da conspiração dispararam aos montes.
Tudo na cena era inconclusivo. Não havia DNA na saliva e muito menos se identificava a presença de mais algum humano ali além das vítimas.
Somente um homem sabia da verdade sobre a morte dos jovens. Morava bem distante dali e já se atormentava por saber que amanhã seria novamente lua cheia.

Banho de sangue

João tinha acabado de chegar em sua casa.
O trânsito e a tensão na empresa tinham lhe deixado exausto.  "Pelo menos amanhã é sábado". Ele pensou.
Chegou em casa. Tirou a roupa e se dirigiu ao banheiro.
Como era solteiro nem se preocupou em deixar todas as peças espalhadas.
Ligou rapidamente o chuveiro, ensaboou o rosto enquanto cantarolava uma canção country bem antiga.
Quando limpou os olhos começou a gritar copiosamente. Dava berros agudos. Seu coração palpitava repleto do mais profundo pânico!
Do seu chuveiro estava saindo sangue.
O seu pavor foi tanto que caiu no chuveiro e bateu com a cabeça no sanitário.
Por sorte os vizinhos arrombaram a porta e o socorreram a tempo.
Os médicos não sabiam dizer o que tinha causado aquele estado mas desde o estranho acidente ele entrou em estado de choque.
Só reagia quando via qualquer objeto na cor vermelha.
Os policiais que foram chamados para ajudar a socorre-lo verificaram a cena e não sabiam explicar como do chuveiro tinha vazado sangue.
Nenhum deles se lembra das antigas histórias daquela velha casa e de como um pai bruto e ignorante anos atrás havia matado sua filha que estava grávida de um rapaz e emparedado a na casa.
Ninguém se lembra da menina amaldiçoar o local.
Eu avisei aos donos da imobiliária que compraram a casa.  Eu lhes disse que se queriam fazer algo de bom deveriam demolir aquilo.
Mas eles me enxotaram como um cachorro e ameaçaram chamar a policia se eu assustasse os compradores.
Pensaram que eu era apenas louco. Mas será que esse rapaz concorda com eles?

sábado, 1 de junho de 2019

Em busca da coragem

Pedro era um recém nomeado cavaleiro do reino de Hagnar.
Tinha sido treinado por um grande herói do passado e carregava consigo duas espadas, um escudo e uma lança.
Era hábil em montar a cavalo e na academia tinha mostrado grande senso e liderança.
No entanto o treinamento era apenas uma parte e ele agora precisava demonstrar sua coragem.
Por que os feitos corajosos geram a honra de um cavaleiro.
Partiu no primeiro dia disposto a voltar com alguma vitória grandiosa que lhe desse a reputação de forte e destemido.
Dois dias depois cavalgava rapidamente e já tinha atingido a floresta da fronteira.
Quando no alto de uma colina vi um enorme dragão esverdeado.
De sua boca saia uma enorme quantidade de ácido.  Já tinha montado um pequeno rio que descia e devastava o bosque na base da colina.
A fumaça tóxica que subia em alguns pontos tornava o ar irrespirável.
Pedro avançou com coragem e se aproximou da besta. Esperou a noite próximo a um pântano lamacento que ali havia.
Naquela noite teve um pequeno cochilo onde uma criatura reluzente firmava se no alto do céu e como uma flecha atingia o dragão bem no alto de sua cabeça. 
Era o exato meio do crânio daquela besta.
No outro dia galopou rumo a colina. Desviava com agilidade dos disparos ácidos da criatura.
Seu cavalo parecia se mover com a velocidade do vento.
Ele chegou bem perto e quando a besta o atacou com uma mordida. Ele foi pego e levado para dentro de seu estômago.
O pobre cavalo foi rapidamente digerido.  Mas ele cravou sua lança na parede da boca e conseguiu não ser levado para a morte.
A partir dali sacou suas espadas e começou a cortar a criatura por dentro.  O sangue ácido jorrava por todos os lados. A armadura atingida começava a se dissolver.
Ele se abrigou próximo aos dentes e quando a fera cuspiu o de sua boca. Ele caiu no chão. Sentia os joelhos queimarem.
Sua visão estava turva. E ele correu em direção a criatura, desviou se de seus ataques e foi escalando a até chegar em sua cabeça e ali desferiu o golpe fatal!
A fera caiu e com ela foi ao chão o cavaleiro Pedro.
Ficou ali deitado. O corpo todo dolorido. O veneno da criatura entrou no seu sangue e ele estava prestes a morrer quando uma tropa da cidade vizinha, mandada para atacar aquela criatura. O encontrou e o levou para a cidade.
Ali ele se tratou. Sua saúde se recuperou e ele foi reconhecido como chefe dos cavaleiros e a partir desse momento deu se o início da história de um dos maiores cavaleiros do reino.

A pedra da vida

Muitos anos atrás um alquimista jovem salvou da morte um goblin que iria ser morto por camponeses e desde então os dois se tornaram amigos.
Passaram por muitas aventuras juntos. Mas o amor chegou para o alquimista e ele resolveu viver numa cidade junto de sua amada. Acabou esquecendo seu amigo. No entanto o amor durou pouco.
Um incêndio misterioso matou sua amada.
Ele ficou possuído pelo desejo de reve la. Juntou se novamente ao seu amigo e foram juntos viajar o mundo a procura do segredo da pedra da vida.
Procuraram nos mais profundos e escuros lugares para reunir os textos de antigos alquimistas.  Invadiram bibliotecas arcanas e roubararam reinos.
Tudo movido pelo desejo de driblar a morte.
Nada mais importava.  Tinha gasto boa parte do seu vigor e carregava no rosto as marcas do tempo. Apenas para poder ver aquela que ainda dominava o seu coração!
Nas ruínas de uma antiga cidade no meio de uma floresta encontraram o pedaço que faltava. 
Tinham nos seus equipamentos todo necessário para fazer o ritual.  Mas algo deu errado. No último momento o goblin brandiu seu machado e confessou: Fui eu que causei o incêndio! Não queria ver você perdido em um mundo que não era seu. E não vou deixar que complete o seu desejo.
A mente do alquimista ficou perdida.  O machado vinha em sua direção.  A cada segundo se aproximava.  Era apenas uma fração de tempo até ele ser decapitado.
Nada poderia impedir o fim trágico.
Traído e pego de surpresa por alguém que considerava amigo. Ele ficou inerte e terminou sendo atingido pela lâmina. 
No entanto o pequeno machado não conseguiu o matar e antes que o goblin tivesse uma segunda chance foi pulverizado sem nem perceber quando o alquimista disse apenas algumas palavras mágicas.
Depois disso ele caminhou sem entender mais nada. Depois de tanto esforço. Depois de tudo que fizera. Acabou sucumbindo ao peso de uma traição.
Nem mesmo o livro raro e antigo repleto de conhecimentos mágicos o interessava mais.
Ele apenas queria sair dali. E caiu à poucos de uma velha estrada. Onde um arqueiro o encontrou e o levou para sua cabana.
Na próxima história continuaremos a falar disso.
Até lá.  Fiquem bem!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...