domingo, 18 de outubro de 2015

O fim de um anjo mercenário

Introdução

- Talvez toda essa história de começar a caçar demônios tenha sido apenas uma piração da minha cabeça. Sabe como é o céu? Um lugar monótono onde se discute guerras e ataques mas muito pouco se tem de ação!
- Eu fui criado para a batalha e com essa missão me voluntariei para ser parte de uma divisão de angelicais treinados para viver entre mortais e matar qualquer influência maligna que viva entre meio a eles.
- Na verdade tem mais de cinquenta anos que não vejo nenhum dos meus antigos aliados, até que ela apareceu no alto daquele prédio, esquartejada e sem sangue, deu uma repercussão danada em São Paulo e eu logo fiquei sabendo.
- Ela era o mais perto de uma família que eu já tive, me ajudou algumas vezes quando eu estava perdido no álcool, sim pode parecer estranho, mas eu por um tempo perdi qualquer vontade de viver e cai para a bebida até ela me resgatar em pleno ano de 1939, na cidade de Roma e por um tempo nós até tivemos algum relacionamento até que numa manhã ela ficou sabendo do que aconteceria nos campos de concentração de Hitler durante a segunda guerra e resolver ir ajudar! Saiu a noite e me deixou sozinho numa vila próxima a Roma.
- É estranho contar minha história para um pedaço de papel, se um humano ler isso pode até pensar que eu enlouqueci ou que sou um bom escritor, mas os fatos aqui narrados são totalmente reais! Tão reais que não me deixam descansar tem mais de noventa anos.

Capítulo 1 - retomando o passado
Eu sou um Querubim, um anjo designado para a batalha, não sou bom com planos, nem tenho muitos truques na manga, poderes psíquicos ou coisas do tipo.
Não tenho por que nunca tive muita paciência para aprender, se fosse humano muitos falariam que tenho hiperatividade e talvez essa gana por ação seja a única coisa boa que tenho.
Já enfrentei mais demônios e outros seres das profundezas do que consigo me lembrar e olha que tenho uma memória até relativamente boa.
Depois das guerras contra o mal, onde acabei conseguindo uma bela cicatriz abaixo do olho direito que me deixou cego deste, o céu foi ficando mais louco com um ódio pela humanidade que transbordava em ira e uma paranoia por ataques e mais ataques sem sentido até que por volta do ano quatro dos humanos tudo foi parando, o paraíso entrou numa guerra fria e muito pouco era feito desde então!
Ficar parado treinando para algo que nunca vinha, esperar inimigos que só irão chegar quando o último dia chegar! É uma tortura mental para alguém que foi feito para ação! Minha natureza é feita para a guerra não importa por que ou sobre o que, pelo menos era assim que eu pensava até poucos dias atrás.
Uma missão especial precisava dos melhores de cada casta e para a escolha de um querubim para ser enviado a Terra houve um grande duelo, uma peleja simples e direta onde todos os soldados da minha casta foram reunidos num amplo espaço aberto com uma regra simples: O último que ficasse de pé seria o campeão!
Eu venci depois de lutar como um louco contra caras cinco vezes maiores que eu! Queria ir para a terra, não por nenhum interesse maior! Apenas queria um pouco de ação e entre os humanos eu teria isso aos montes! Assim quando tudo terminou e eu fui apresentado aos outros cinco caras da minha missão, na verdade achei todos eles um bando de panacas e só fiquei feliz mesmo quando me entregaram uma pequena adaga especial para matar demônios e outros seres das trevas, a arma tinha sido feita da essência do pai e era uma poderosa arma mágica contra qualquer ser da escuridão!
Depois veio o treinamento! Mal prestava atenção nas lições que não envolvessem combate direto e simples, estava amando minha nova arma e mal pude me conter quando fomos levados a um vórtice e mandados para a Terra por tempo indeterminado.
Fomos separados durante a viagem e eu fui parar no meio da floresta no sul da península de Yucatan, onde hoje é o México! As manifestações de demônios ali eram constantes, além de deuses antigos, na verdade não me incomodava muito nada disso! Apenas lutava nas guerras deles como um soldado e logo conseguia oferendas, honras e mulheres!
Quando cai a Terra me apaixonei por sexo e bebidas, com a mesma intensidade com que gostava de matar! Tinha me tornado devasso por natureza e depois de alguns acordos com os deuses antigos consegui enfim limpar minha área, sem derramamento de sangue nem nada do tipo! Apenas convidei os para se banquetear comigo e eles não vendo nenhum perigo vieram em massa!
Foi quando eu os trai na frente de todos e os matei na frente da minha pequena tribo! Ataquei os antigos deuses e um a um os matei!
Não acredite em mim quando digo que não derramei sangue por que fiz isso aos montes! Vivi tempos tranquilos, cometendo todos os pecados descritos nos livros sagrados!
Vivia bem entre os Astecas a quem ajudei a tornar a maior tribo de todas e passei a ser conhecido como o deus dragão, até que certo dia fui chamado a Inglaterra por um emissário dos céus!
Era um assunto urgente! Alguém tinha matado um anjo da guarda naquela localidade e precisava se encontrar o assassino em poucas horas antes que a paz fosse desfeita e uma guerra generalizada recomeçasse!
Parti e deixei minhas esposas chorando, Montezuma foi comigo até o mar onde mostrei minhas asas e parti! Aquela seria a última vez que os veria, os Espanhóis massacrariam meu povo antes de eu poder voltar para defender a eles que consideraram os inimigos como deuses por terem a pele igual a minha!
Atravessei o oceano até chegar a ilha inglesa! Cheguei lá bem cansado! Poderia ter usado os portais para chegar mais rápido, mas me sentia enjoado fazendo essas viagens dimensionais, por isso corri o risco de viajar usando minhas próprias asas.
Cheguei na região próxima as pŕaias do Devonshire a noite e sem saber falar nenhuma língua parti para uma cidade onde roubei umas roupas na aldeia e matei com as mãos nuas, um carneiro e comi assado num fogo improvisado dentro de uma caverna!
Parti pela manhã avançando pelas estradas, andando como um mendigo até que cheguei nos arredores de Londres, sentindo o cheiro de mágica, adentrei numa fazenda onde ao chegar próximo a um antigo barracão clássico vi um grupo de homens adorando a uma súcubos, um demônio sexual que se alimenta da virilidade de trouxas como aqueles!
Eu mal tinha aura de anjo depois de todos os pecados que tinha cometido portanto não era difícil me esconder mesmo durante o dia!
Acessei um portal onde guardava minhas armas e munido de minha faca mágica acessei ao recinto na esperança de poder mata - la rapidamente quando os homens entrassem em transe. No fim das contas acabei matando ela e todos os outros, com meus instintos de caçador derrubei dois sentinelas com uma pedra e com meus conhecimentos de linguagem animal fiz os cavalos saírem correndo deixando os sem chance de fugir!
Ao entrar no lugar percebi que tudo ali remetia ao mal e sinceramente um frio percorreu minha espinha! Ver tantas magias escritas nas paredes me deu um pouco de medo, mas logo a adrenalina banhou meus sentidos quando uma bala trespassou meu ombro atingindo um pouco alto apesar de ter sido mirada no meu coração!


- Olá pessoal aqui é o Paradoxo e a história desse caçador angelical terá suma importância para todos, seu nome é César e ele é um sobrevivente da primeira noite eterna, onde as criaturas das trevas fizeram um eclipse que durou um mês exatamente, seus poderes são muito além do que se espera e mesmo ele não podendo mais voltar para o céu por seus pecados ele pode ser a única esperança de salvação para o mundo frente aos perigos que se descortinam a nossa frente.
O primeiro confronto contra um demônio.
Fui adentrando pelos quartos daquela residência maldita, vendo por todos os lados corpos de homens e mulheres que morreram de prazer em meio as orgias orquestradas por aquela maldita.
Fui encontrar ela se deliciando enquanto quatro idiotas estavam na sua frente completamente nus e o chão ao redor estava completamente sujo de esperma, ela nem notou minha presença até que arremessei a cama onde ela estava para fora da casa
Ao cair ela saiu da cama se espatifando no chão, quebrando uma das pernas no processo e antes que tivesse chance de fazer alguma coisa a cama pesada feita com madeira nobre caiu sobre ela, o peso da cama fez ela fraturar a cabeça e sua real forma apareceu diante de todos a luz do sol!
Um demônio de meio metro com olhar depravado e uma cara pouco satisfeita olhava a casca de onde tinha sido arrancado apodrecer sem ele lá dentro e antes que pudesse olhar para cima eu estava em cima dele, acertei o com uma facada que acertou o bem no alto da cabeça com uma força descomunal afundando até o fim!
Ele explodiu segundos depois estourando pedaços de seu corpo por todos os lados e deixando um cheiro de enxofre insuportável! vomitei minha comida pois o cheiro daquele maldito estava forte demais, prova que ele já tinha corrompido muitos otários em troca de favores sexuais!
- Os humanos aceitam fazer qualquer idiotice desde que lhes seja prometido algum favor além de sua compreensão, esquecem que no mundo deles e no mundo dos espíritos a regra do nada vem de graça é uma máxima poderosa que não pode ser negada de jeito nenhum!
Voltei para a casa da fazenda e todos os corpos estavam mortos, varri tudo para fora e coloquei numa pequena vala aquele monte de corpos apodrecidos, incluindo até os panacas que estavam sobre o controle dele para serem suas vacas leiteiras, matei os também e joguei no poço.
Um dos poucos rituais que aprendi enquanto era treinado foi o da purificação, que consistia em orar a Deus enquanto jogava se sal e selava o poço cavado meditando bençãos para os corpos demoníacos assim estes e os humanos a quem afligirão são libertados para seguirem seus caminhos tanto para o céu quanto para o inferno.
Depois que fiz o ritual e dei uma faxina na casa resolvi que ali seria um bom lugar para residir! Arrumei algumas janelas quebradas e limpei todos os cantos onde havia sangue, deixando a casa sem nenhuma marca que ali residia um demônio! Um bom trabalho para mim que não tinha aprendido muito além das formas mais eficazes de se golpear um ser das trevas!
Um fim estranho
Eu sentia saudades de minha casa, do outro lado do Atlântico, mas resolvi cumprir minha missão e assim fui farejando por Londres em todas as partes, caçando cultistas e pequenos demônios, nenhum destes no entanto tinha força para matar a um anjo da guarda, criatura muito antiga e que conseguia resistir a toda sorte de ataques mentais, corporais tanto os efetuados com armas quanto aqueles feitos com magia.
Minhas pistas se perderam no norte, perto da cidade de Reading, quando eu decidi voltar para a capital, estava escuro próximo a velha estação, mas para alguém com meus poderes dava para ver bem para onde estava indo, foi quando eu vi a presença de um ser que todos temem: A morte, uma mulher de meia idade de longos cabelos negros, pelo branca que veio se dirigindo em minha direção, parecia disposta a me matar, sai correndo com medo, demorava muito para invocar as asas e minha adaga funciona somente em uma curta distância e todos sabem que a curta distância a morte é completamente fatal.
Mas as pernas falharam quando eu me vi próximo ao parlamento, depois de ser perseguido por toda a Londres antiga, olhei de relance para trás e lá estava ela e ao longe pude ouvir o soar do relógio: _ Meia noite, pensei.
De repente, ela estava diante de mim, vestindo somente uma camisola negra, sem foice, nem arma e me deu um beijo que me fez cair ali diante de uma multidão e saiu, no entanto aquilo não me matou totalmente, apenas roubou minha imortalidade, me deixando vulnerável ao final que viria a seguir: Uma série de bandidos controlados por um Deus antigo mercenário, o perverso Apolo, apareceram antes que eu pudesse me levantar, colocaram meu corpo num carro e saíram rodando comigo até o interior da Inglaterra, paramos próximo a um bosque, onde um homem bastante velho lia umas inscrições bem arcaícas enquanto eu era levado para a mesa de sacríficio e tinha meu coração arrancado por meio do uso de minha própria arma.
E foi assim que tudo, ocorreu, peço clemência diante do tribunal dos arcanjos e não tenho nenhuma alegação ou defesa perante a essa corte.
Foi isso que eu disse após terminar meu depoimento frente aos três maiores, contudo minha sentença foi ser banido para o inferno, afinal tinha me tornado pecaminoso para voltar a minha antiga casa e não merecia nenhum perdão, mesmo tendo feito atos de bondade, nada apagaria meus crimes e ofensas as regras.
_Você está se perguntando como está lendo essa história? Bem isso são apenas alguns mistérios que o tempo não revela.

A negociadora de arte e sangue.


Morgana era uma grande negociadora de arte, viajava o mundo vendendo e comprando arte nos melhores lugares, conhecia todas as boas casas de penhores e logo fez fama internacional.
No entanto não esperava se tornar uma vampira quando foi a Paris na casa de um tal Duque Le Fort, que prometeu lhe mostrar artes medievais de alto valor.
Ficaram conversando preços até a noite, quando ele avançou para cima dela e lhe mordeu todo o sangue dando lhe uma gota do seu fluído vital e assim a transformando numa vampira.
Existe um código entre os vampiros que so permiti transformar humanos aprovados pelo conselho e como o Duque descumpriu essa regra, duas noites depois, enquanto a jovem passava pela transformação em uma cripta no subsolo da casa do nobre, ele foi assassinado numa caçada.
No entanto, o conselho decidiu não matar a cria do nobre e assim ela passou a viver naquele local, com permissão de atacar somente quando necessário e que a partir dali era pagaria todo mês uma quantia para poder ter um suprimento de bolsas de sangue desviado do hospital central de Paris.
Com medo e cercada de outros seres que não conhecia a pobre jovem aceitava qualquer coisa, seu corpo magro tinha adquirido algum vitalidade com a transformação, mas sua pele tinha se tornado quase translúcida e a fome começou a tomar conta dela, era uma fome abissal, aterradora e naquela noite ela fugiu e foi até a cidade de Reims, não aguentava de fome e escolheu um rapaz bonito que saía de um bar, suas roupas estavam sujas completamente rasgadas, mas mesmo assim ela foi até ele, gritava e logo todos pensaram que ela estava sendo seguida, chamaram a polícia pensando que a jovem estava sem cor devido há algum susto.
Por sorte o alvo era médico e saia do bar com os amigos após mais uma semana de boas cirurgias realizadas, colocou a no carro, mas a caminho do hospital, ela o atacou, dando um pulo do banco de trás e mordendo a veia do pescoço do jovem, fazendo com que eles capotassem o carro.
O médico morrerá na hora, ao longe ela podia ouvir barulhos de sirene e rapidamente se evadiu dali, passou semanas vagando pelas florestas, dormindo em buracos, sempre escolhendo homens bonitos para serem suas vítimas, agricultores fortes em geral eram seu prato preferido.
Até que depois de quinze dias ela foi levada por dois seguranças até o seu castelo, um homem baixinho sorriu ao vê – la entrar segura pelos dois homens.
_ Sempre deixamos um vampiro aproveitar suas primeiras noites livremente, mas a lua mudou e você agora precisa aprender sobre o nosso mundo.
E assim pelas semanas que se seguiram, ela passou a saber quase tudo sobre a hierarquia vampírica, até que no último dia da visita, quando a fome já corróia sua mente, o baixinho olhou para ela e disse:
_ Pegue sangue na geladeira e beba, vai te fazer bem, a propriedade e tudo mais lhe pertence agora. Use com parcimônia e saiu rindo.
Uma vez por semana ela tinha a geladeira reabastecida, provavelmente durante o dia e no restante do tempo ficava lendo os diários e livros na biblioteca, até que uma forte solidão se apossou dela e resolveu voltar a negociar arte, mas dessa vez com os vampiros e seres noturnos.
Resolveu que voltaria a trabalhar, pois precisava ver pessoas, se divertir, ou acabaria morrendo de tédio e solidão.
E assim voltou ao ramo das artes e uma vez por ano, ela escolhe entre os novos pintores, que mais a impressionaram um que terá a vida eterna, em geral o conselho sempre aceita, pois ela tem grande influência sobre vários nomes, tendo conseguido quadros para estes com inestimável valor.
Dizer que a história acaba aqui seria um erro, pois a jovem Morgana, que adotou o codinome Sendy no mercado paralelo das artes, estará viva até o fim dos dias. Uma vida de sangue, arte e luxo.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...