quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Uma descoberta inesperada.




O livro escrito pelo árabe louco, cujas lendas superam em muito o limite da imaginação humana. O necronomicon traz fórmulas e antigos segredos dimensionais que enlouquecem só de pensar.
Sua história é demoníaca e não sei de muitos detalhes, além do que já foi publicado.
Meu nome é Antônio Bueno da Silva. Trabalho como arquivista na biblioteca imperial na cidade do Rio de Janeiro.
Encontrei uma passagem secreta, que abria para um antigo lance de degraus que terminava em uma série de prateleiras baixas e muito mofadas.
Repleto de tomos, pergaminhos e manuscritos muito antigos, aquele local foi descoberto por acaso enquanto analisava as paredes a procura de uma infiltração que há muito tempo não fora consertada pelo governo carioca.
Eu estava só no momento, era novato e tinha ido trabalhar, mesmo enquanto os outros funcionários tinham entrado em greve.
Caminhei por aquela sala baixa, quando esbarrei num corpo num dos cantos, próximo a um diário, que parecia ser o alimento de traças e mofo há algumas centenas de anos.
Peguei as finas folhas com cuidado, e levei o para cima, e pouco a pouco movi os demais livros encontrados ali para a sala da restauração, misturados há várias obras antigas que estavam ali paradas por falta de materiais para serem recuperadas não seriam percebidas.
Limpei uma mesa e comecei o processo de restaurar o pergaminho que encontrará. Gastei nisso sete longas horas, mas quando a noite já estava caindo eu consegui ler.
Descrevi a história de um sábio que fora feito cativo e levado a Portugal pouco antes de D. Sebastião morrer na África, um homem culto conhecedor de mistérios antigos que viajará o mundo e vinha apavorando a colônia portuguesa nas Índias.
Procurei pelo nome e vi num pedaço quase borrado pelos produtos que usará para tirar o mofo um nome: Ali Alzahed.
Anotei o nome, iria pesquisar mais sobre ele na internet, quando chegasse em casa, pois a rede do prédio tinha sido cortada por falta de pagamento.
O relato prossguia falando que Dom Sebastião se interessou pelos seus conhecimentos e em pouco tempo administrava a biblioteca imperial.
Foi então onde passou a trazer livros interditos de vários lugares do mundo e passou a copia – los.
Relata, o que parece serem esboços de um culto entre os bibliotecários e copistas do rei organizado por ele. Uma ordem esotérica tão secreta cujos relatos nunca tinha ouvido falar.
Eles juraram proteger o conhecimento antigo e profundo, dos deuses há muito esquecidos daqueles não iniciados.
Espalharam cópias em pontos por toda Portugal. Mas veio então a derrocada de Ali, sua aparência não mudará nada em mais de cinquenta anos que servia a família imperial e com a morte do rei nas campanhas da África, as intrigas da corte o forçaram a sumir.
Se tornou um próscrito e foram enviadas cartas a todas as províncias e capitanias para que fosse morto caso encontrado.
No entanto ele não sairá de Portugal, passando a viver numa torre em Coimbra.
Há um hiato de tempo em que não tenho como provar, precisaria ter dinheiro para bancar mais pesquisas em fontes portuguesas.
Volto a ter relatos legíveis dele no início da guerra contra a França.
_ Provavelmente é um filho, ou herdeiro do nome, algo comum entre esótericos, pensei eu.
Mas ao passar uma lupa no texto notei com espanto e pavor que a caligrafia era a mesma. Idêntica a tal ponto que somente uma única pessoa redigira aqueles pápeis.
Fala de como conseguiu organizar no meio da fuga real, o envio dos livros.
E os contratempos ocorridos quando os navios partiram sem levar as obras.
Conta detalhes sobre correspondências com pessoas no mundo inteiro e de como todos pareciam interessados pela recente descoberta de Ali: Um manuscrito roubado da biblioteca proibida do Vaticano dois anos antes, por um ladrão que fora junto com o diplomata português para a corte do papa.
O necronomicon, o livro narra fórmulas escritas para fins além da compreensão. Mas sua descrição estava nos trechos finais da mensagem, em uma linguagem codificada tão incrivel que não consegui ler.
Não há mais páginas e eu não contei a ninguém sobre o caso. Tenho comigo em meu apartamento todos os livros achados naquela antiga sala.
Iriam ser jogados fora pelos técnicos do laboratório. Para eles não era nada além de velharia. Peguei todos e levei os comigo em segredo.
Desde então passo boa parte dos dias restaurando artesanalmente os compêndios e tenho ficado assustado.
São fórmulas de magias proibidas. Relatos místicos tão absurdos quanto estupendos, diários antigos que dão a localização de itens que antes apenas pertenciam a lendas.
Ontem aconteceu algo inesperado. Sonhei com sombras me perseguindo e eu me sufocando.
Vi pessoas dançando em uma praia suja, corpos de diferentes etnias nus e grotescamente pintados em uma orgia ritual tão insana que não me atrevo a descrever.
E eu estava ali no meio daquilo, meu corpo preso em um tronco ardia como sacríficio há uma divindade muito mais antiga que o tempo.
Pretendo fugir. Enviarei esse relato há meus amigos.
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Desaparecerei. A ignorância é uma benção, nunca busquem a verdade! E sempre deixem os acasos fechados!

Amor e loucura.



Desde que eu te conheci amei as flores porque lembravam você.
Gostava do sol e da alegria do mundo desperto.
Hoje só tenho paz em oníricas viagens, quando por um relance você reaparece.
Sua feição bela e alva como na primeira vez que eu te vi.
Quando você morreu, perdi o sentido da vida, decaí ao ocultismo, as drogas e
choro cada noite quando acordo.
 Surto em viagens loucas a procura da fórmula para te trazer de volta.
Por que por um mero instante eu consegui.
Roubei do museu de Paris, o tomo antigo e interdito escrito pelo árabe louco Abdul Alhazred, que segundo os antigos relatos podia trazer os mortos de volta a vida.
Fiz tudo que estava ali, levei semanas montando o ritual.
Sei que pareço um degenerado ao falar dessa forma e que muitos não entenderiam, mas eu fiz por amor.
Matei cinquenta pessoas e vinte cabeças de gado para conseguir o sal que traria ela de volta.
Sabia que a polícia iria vir atrás de mim. Que a morte dos mendigos e loucos não passaria despercebida, mas não me importava. Quanto mais eu folheava o livro, mais frenético ficava.
Até que veio a noite final, tudo deu errado. Ela apareceu para mim apenas por um momento.
Comprei um corpo de uma criança morta recentem de um perito corrupto da  polícia cientifica.
Algo deu errado,  não coube a alma dela, que se dissolveu deixando para trás um maldito cheiro pestilento.
O livro não deixava claro como deveria ser o corpo. A página estava rasgada, creio que por outro ocultista
Foi então que a polícia chegou e me prenderam. Provavelmente o livro está desaparecido, mesmo louco por meu objetivo eu percebi que haviam pessoas me seguindo.
Pessoas de várias partes do mundo, homens e mulheres que desapareciam quando eu os olhava fixamente.
A minha pena já está dada. Morri no dia que eu a vi perecer novamente.
Não haverá tribunal nem sentença. Apenas esse depoimento de um coração despedaçado pelo amor que dilacerou minha mente e deixou para trás apenas culpa e dor.
Depoimento prestado por Charles Ward horas antes de se matar com um cadarço em sua cela na delegacia central.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...