O grande assalto
Uma antiga instalação
nuclear na Coréia do sul foi roubada, quatro quilos de urânio
enriquecido foram retirados do núcleo central por um espião que
usou as credenciais de um famoso físico americano, encontrado morto
num prostíbulo em Tóquio, uma noite após ter feito uma série de
palestras na universidade de física da cidade.
O crime não foi
noticiado pela imprensa, temia se que se a notícia viesse a público
as pessoas exigissem uma reação militar contra o vizinho do norte,
o que causaria uma guerra, com muitos mortos para ambos os lados.
Os coreanos rapidamente
ligaram para os Estados Unidos que destacaram para lá, os melhores
agentes que tinham na Ásia, especialistas das agências de segurança
foram chamados a Washington para dar uma idéia do que aquele
material poderia ser capaz e quais possíveis forças poderiam ter
interesse em roubar esse tipo de produto.
Todos divergiram quanto
à origem, uma parte dizia que poderiam ser os terroristas, dispostos
a tudo para destruir a América, outros diziam serem os russos e os
chineses para forçar uma guerra que desestabilizaria a região,
aumentando a influência chinesa naquela parte em especial.
Somente um dos chefes
da inteligência ousou ir por um caminho diferente: Frank Stone era o
líder de uma agência de contra espionagem, um veterano na ativa a
mais de trinta anos no mundo da espionagem. Para ele isso era uma
pequena ação da Yakuza japonesa, que também tinha grande
influência na Coréia, provavelmente era uma ação separada de um
pequeno líder que estava ascendendo na hierarquia, depois que os
maiores chefes dos clãs acabaram presos pela polícia do Japão. Seu
nome era Domo Yamaguschi, era um Nipo – americano que tinha nascido
na América e ido estudar no Japão há dez anos.
Seu QI era
elevadíssimo, ele tinha conhecimentos avançados em matemática e
segundo seu histórico escolar nos EUA sempre teve grande facilidade
com táticas e estratégias, tanto que por cinco anos consecutivos
foi campeão do desafio de xadrez realizado pela universidade de
Harvard.
Seu pai um militar
linha dura queria que o filho fosse estudar em West Point, mas acabou
cedendo a pressão de sua esposa para deixa – lo ir para o Japão.
Soubemos dos nossos
aliados em Tóquio que o rapaz nunca freqüentou a universidade e que
vive em uma mansão, cercada de homens fortemente armados. Anda
escoltado para bares e restaurantes refinados e já foi visto em
reuniões com grandes líderes da máfia russa e italiana,
interessados em se aproveitar do momento de fraqueza que a Yakuza
está enfrentando.
O presidente olhou para
Frank, com o riso estampado na face, todos ali tinham dado idéias
importantes e feito grandes progressos em sua área, mas falar que um
traficante menor da máfia japonesa poderia ter feito um ato tão
ousado quanto roubar uma usina nuclear sabe se lá para qual fim era
algo no mínimo idiota.
_ Frank, não insulte
minha inteligência com suas paranóias, disse quando ele terminou de
expor suas opiniões. O velho agente se sentiu ofendido e pediu
licença para sair.
Os colegas sempre o
odiaram, por que a agência de contra – espionagem era
ultra-secreta e obtinha muito mais êxito que eles em suas investidas
para proteger a América e seus aliados. Tudo graças a uma intuição
de Frank Stone, eles adoraram ver aquela cena do presidente
americano, humilhando o herói das sombras que defendia a América há
quase quatro décadas.
Mas enquanto ia saindo
um general de alta patente, comandante Schaulz, chefe das forças
americanas no Iraque e no Afeganistão, chamou o pelo nome e disse:
_ Frank, você pode
provar que essa teoria do roubo é a certa? Confiei em você uma vez
para me ajudar a prender Saddam e sua dica me fez ter essa medalha
que carrego no peito. Estou disposto a arrisca – La para te ajudar,
mas quero que me garanta cada palavra dita ali diante do presidente.
_ Schaulz, eu te
garanto que se não fizermos nada para deter a Yakuza, esses malditos
vão vender esse urânio para alguém, com o número elevado de
malucos doidos por uma bomba, eles podem vender quatro quilos de
urânio para terroristas do oriente médio, malucos nazistas da
Europa central, ditadores africanos ou para a escória comunista na
América latina, tudo para um só, ou um pouco para cada. Não
importa estaremos ferrados do mesmo jeito.
_ Eu dispenso sua ajuda
general, quero ver a América fracassar, quero ver o presidente me
chamar aqui, mas dessa vez eu não vou agir. Aceito muitas coisas,
mas ser chamado de idiota é um insulto que jamais perdoarei.
E saiu dali deixando o
general preocupado, aquele homem era uma espécie de ouvido mor do
submundo e se ele acreditava no que dizia talvez fosse bom fazer o
presidente reconsiderar.
Nas semanas seguintes
todo o esforço foi feito afim de recuperar o urânio, mas nenhum
progresso foi feito, todos os agentes no Oriente sinalizaram que os
árabes não tinham nada sobre aquilo e os que estavam no Kremlin
disseram a mesma coisa.
Os coreanos estavam
impacientes, abafar rumores e investigações na imprensa estava
ficando caro e dispendioso, o tempo estava passando e agentes
especiais constataram traços de radiação em diversos pontos da
capital Seul.
Áreas ao redor foram
isoladas e a população mantida em toque de recolher, disseram para
a imprensa que se tratava de uma medida de proteção contra um novo
surto de gripe aviária, mais poderoso e mortal.
No entanto um repórter
descobriu a verdade sobre aqueles isolamentos, entrou na linha da
polícia e ouviu os agentes dizendo a verdade: Que estavam isolando
as pessoas por temerem radiação.
O pânico foi
generalizado, o parlamento caiu e o primeiro ministro acabou preso, o
país fechou os vôos e os portos foram fechados.
A população temendo
algo pior parou de sair de casa, crianças deixaram de ir à escola e
trabalhadores não apareceram nas fábricas.
Alguns mais paranóicos
saíram da capital e foram se esconder em áreas mais afastadas, o
medo se tornou geral, alguns começaram a saquear comida e outros a
estocar água mineral por conta própria.
O país entrou em um
surto de pânico e as autoridades passaram a serem vistas como os
vilões, não era raro quando um político aparecia nas ruas acabasse
sendo linchado por populares aos gritos de traidor.
O presidente americano
via a situação desabar, os americanos e funcionários da embaixada
foram removidos para o Japão, todas as teorias levantadas para
recuperar o material nuclear não tinham dado em nada, exceto a de
Stone, mas o líder dos Estados Unidos se recusava a ceder e tinha
aceitado a carta de demissão de toda a divisão para contra –
espionagem.
A situação saiu do
controle quando um grupo de revoltados tentou invadir uma base
americana a fim de conseguir armas para derrubar o parlamento, os
soldados estacionados ali desde o fim da guerra das Coréias reagiram
e houve um verdadeiro massacre, mais de cem foram mortos por tropas
americanas, as imagens do acontecido circularam mundo afora e em
alguns países começava se a criar uma teoria de que os americanos
estariam por trás do ato.
Os políticos de
esquerda no mundo inteiro condenaram a ação e usou as imagens como
propaganda de campanha para conseguirem convencer as pessoas que os
americanos eram um grande mal para o mundo.
Embaixadas americanas
foram atacadas por todo o globo e agora a crise tinha chegado até as
fronteiras da América, o congresso pressionou o presidente para
tomar medidas em prol de resolver a crise e assim ele teve de
recorrer ao único homem cujas idéias não tinham tentado.
Ele viajou para o
Texas, tinha que se encontrar com o homem que segundo seu comando
maior poderia resolver o problema: Frank Stone.
O presidente era alguém
duro, tinha aprendido a lidar com toda sorte de situações e sabia
se sair bem mesmo em reuniões com inimigos, mas ter de se submeter a
um ex – agente para salvar o país era algo novo e que lhe causava
grande desconforto, torcia para que ele rejeitasse a proposta,
sentiria se tão grato que nem mandaria prende – lo como a lei
permitia. Teria feito o que seu comando maior pedia e assim voltaria
para Washington sem pressões e nem senadores democratas pedindo por
medidas mais duras.
Ele pousou em Houston e
de lá seguiu em comitiva até uma pequena fazenda no leste.
Desceu do carro em
frente a um pequeno rancho, feito no estilo mexicano com um grande
alpendre na frente e com as cavalariças e galpões ao fundo.
Bateu a porta e foi
recebido por uma moça cega que caminhava com auxílio de uma
bengala. Perguntou por Stone e ela lhe disse: Está lá em cima!
Senhor presidente, reconheço o pela voz e é uma pena para a América
que você tenha ganhado.
Aquelas palavras lhe
feriram, quem era aquela jovem para tratá-lo assim? Nunca ninguém
falará com ele dessa forma.
Ficou parado na porta
cercado por trinta agentes das forças de segurança que montavam um
perímetro, logo ouviu se passos descendo as escadas e um homem
forte, de cabelos grisalhos, vestido com uma camisa branca simples de
algodão, uma calça jeans surrada nos joelhos e um coturno militar
bastante gasto na sola veio e apertou a mão do presidente.
_ Perdoe minha filha,
tem o mau gênio da mãe, e te odeia desde que soube da sua
arrogância comigo. Disse ele apertando a mão do homem com toda sua
força, parecia pouco surpreso com a segurança e com o fato do chefe
da América estar vindo procura – lo pessoalmente.
_ Bem vejo que a crise
se agravou e suas grandes agências não tem nada a fazer além de
pedirem desculpa igual a crianças tolas que roubam doces da mãe.
Disse isso e ficou
parado ali o encarando como se esperasse que o outro desse seu
movimento.
O homem na sua frente
se sentiu com raiva ao vê – lo falar com franqueza sobre tudo,
engoliu em seco um pouco do próprio orgulho e com um sorriso meio
torto disse:
_ Precisamos de você,
todos os outros já tentaram e falharam somente a sua idéia ainda
não foi levada a sério.
_ Então não sou um
idiota presidente? Por que você viria atrás de um imbecil, caipira,
que te faz perder tempo?
Ao ouvir aquelas
palavras o maior homem da América perdeu a paciência e gritou:
_ Seu maldito
egocêntrico, você acha mesmo que é tão importante assim? Eu só
estou aqui por estou à beira de enfrentar um motim de oficiais que
exigem a sua presença no caso ou nenhuma operação militar será
realizada, além disso, estou enfrentando senadores que trabalharam
contigo no Vietnã, ou seja, lá que guerra for que acreditam ser
você o escolhido e não vão apoiar outras ações militares sem a
sua presença!
_ Eu poderia mandar te
prender, mandar prender sua filha e por fogo no sítio apenas pelo
modo como me tratou, seu maldito miserável, porcaria de super
espião!
Quando terminou com
aqueles gritos histéricos precisava de sua bombinha para asma, tinha
a doença desde a infância e poucas pessoas sabiam dessa fraqueza do
líder americano, tinha o escondido a fim de poder ganhar as eleições
e passar a imagem de homem forte, másculo e viril em tempos de uma
esquerda vacilante que aceitava qualquer coisa e que ia contra os
valores americanos.
_ Esse é o seu real
eu! Um babaca mimado que acredita ter poder de vida e morte. Eu não
vou voltar, e se você tivesse realmente afim de matar, não viria
pessoalmente fazer ameaças e dar gritinhos na minha frente e da
minha filha e pegando o presidente pelo colarinho com um golpe
somente jogou o na terra do rancho. Os agentes no mesmo instante
apontaram as armas, mas a porta já tinha sido fechada atrás dele.
_ Olhou na ponta do
rancho e viu o chefe da segurança nacional, olhando para ele com uma
cara de “eu te avisei que não iria conseguir”. Respirou fundo,
limpou o terno e disse bem alto: “Me desculpe por ter te ofendido,
não era minha intenção te chamar de idiota”. O gosto de ódio na
garganta era tão forte que lhe fez doer ainda mais o estômago, o ar
ainda não tinha se estabilizado e somente a raiva o fez conseguir
dar aquele urro.
A porta se abriu
novamente e o agente olhou para ele ainda incrédulo e riu. Era um
riso debochado de escárnio, como se aquela fosse à reação que ele
queria.
_ Tudo bem, menino
mimado da América, eu vou trabalhar neste caso, mas não quero saber
de você, quero toda a minha equipe reunida, dinheiro e armamentos a
minha disposição. Quero ser eu o chefe da operação e não ter de
pedir benção para nenhuma das suas agências cheias de idiotas
engravatados que eu detesto.
_ Mas e se você
falhar? Perguntou o presidente americano.
_ Bem ai você mata a
sua vontade de me matar e me manda para a cadeira elétrica por alta
traição.
Ao ouvir aquelas
palavras ele ficou satisfeito, sabia no fundo do seu coração que
chamar aquela velharia da guerra fria era um erro e agora tinha a
chance de mata – lo. Aceitou prontamente e duas horas depois ele
estava a bordo do avião força aérea um.
Quarenta e oito horas
depois ele estava de volta ao prédio onde sempre esteve os móveis
tinham sido trazidos de volta e um depósito com armas instalado no
cofre, onde antes só ficavam pilhas de papéis e alguns armamentos
apreendidos desde os anos 30.
Os cinco melhores
agentes trabalhavam na contra espionagem, Marlus o maior Hacker da
América, ele tinha sozinho conseguido por abaixo todo o sistema de
segurança dos chineses em meia hora e conseguido assim salvar uma
invasão a Cingapura anos atrás.
Samantha, era uma femme
fatale, era a mais bela mulher do mundo, tinha ganhado o concurso de
miss universo e nas horas vagas tinha uma vida como modelo. Além de
um rosto bonito, era uma acrobata e perito em entrar em instalações
fortificadas.
Albert, um especialista
em armas de longa distância, ex fuzileiro naval ele tinha conseguido
atirar de um helicóptero na cabeça de um terrorista que fez refém
um soldado americano durante a guerra no Iraque, durante uma
tempestade de areia que quase derrubou a aeronave, no tempo que
esteve fora, fez alguns serviços para outras agências apagando
mafiosos e políticos no mundo afora.
Armand, um francês
perito em explosivos, sua técnica era tão apurada que ele conseguia
fazer bomba até com latas de sardinha. Tinha se internado num
sanatório para veteranos de guerra, onde passava boa parte do tempo
lendo e assistindo pornografia compulsivamente.
E por fim Frank Stone,
o líder que era responsável por criar planos e estratégias para
qualquer tipo de operação, era extremamente capacitado em toda
sorte de operações e apesar da idade avançada ainda mantinha a
saúde em um estado muito bom e já tinha competido em provas de alta
performance para a terceira idade e ganho no tempo que esteve em
férias.
Conseguiram acesso a
todos os satélites espiões da inteligência americana e aos códigos
que a NSA usa para rastrear a internet, checaram cada centímetro da
casa de Domo Yamaguschi e acabaram por descobrir que uma repórter
iria entrevista – lo para uma revista de celebridades do Japão.
Ele tinha se separado recentemente de uma cantora famosa e duas horas
depois tinha se casado com a maior estrela de filmes pornô da Ásia
em um hotel de luxo na China.
Tinham poucas horas,
avisaram aos japoneses que detiveram a repórter e quando chegaram ao
aeroporto Samantha já tinha sido maquiada e teve a voz modulada para
parecer completamente com a repórter, a cooperação dos japoneses
era total e ao menor sinal de Frank ele teria a sua disposição toda
a força policial do país.
Ela chegou no horário
marcado para a entrevista e durante o tempo em que esteve na casa uma
câmera grudada na sua presilha de cabelo dava imagens em tempo real,
que eram analisadas na sede da polícia especial japonesa por Marlus
sob diversas formas até que quando ela apontou a câmera para o
chão, foi encontrado sinal de radiação no subsolo.
Rapidamente ela recebeu
um pequeno código Morse que mandava a sair dali rapidamente, pois os
homens da polícia japonesa estariam entrando.
Mas ela resolveu ficar
e pediu para ir ao banheiro retocar a maquiagem, um segurança a
seguiu até a porta, ela tirou da bolsa um pouco de perfume com
hormônios sexuais, transformava qualquer homem num animal adestrado.
Quando ela saiu do
banheiro, o segurança ao sentir aquele cheiro já ficou parado
olhando a apaixonado, ela puxou o pela gravata, encostando o numa
parede e deu lhe um beijo profundo na boca, o batom que ela usava,
tinha compostos químicos que ao serem pressionados liberavam uma
pequena quantidade de toxina altamente venenosa que paralisava os
pulmões e fazia a vítima ir a óbito em poucos minutos.
Ela tinha o antídoto
correndo nas veias, mas saiu da sala contendo a respiração, após
pegar a arma do segurança e seu rádio.
Podia ouvir o barulho
das sirenes invadindo os portões, sabia que Domo não tinha medo da
polícia provavelmente por que eles estavam comprados e estava certa.
Ele estava subindo em
um helicóptero carregava uma maleta de chumbo em uma das mãos. Os
seguranças da casa começaram a atirar nela, que teve de buscar
abrigo em um salão de jogos próximo ao hangar.
No entanto o chefe da
yakuza não iria escapar, Albert estava posicionado em um dos prédios
mais altos da cidade e quando o helicóptero entrou no raio de ação
do seu rifle de alta tecnologia, com capacidade para atingir um alvo
há um quilômetro de distância
Com um disparo atingiu
conseguiu abrir um furo no tanque de combustível, o estrago forçou
a aeronave a pousar num píer próximo a praia.
Domo tentou roubar um
carro, mas recebeu mais um tiro vindo do telhado. Seus homens caíram
abatidos por arpões e ele viu saindo do mar um vestindo uma roupa de
mergulho completa.
Ele pegou a maleta e
ativou um botão e se matou sacando sua pistola e apontando para a
cabeça.
Frank correu até o
dispositivo que começou a disparar uma contagem regressiva,
rapidamente conseguiram um carro e foram até Marlus que conseguiu
colocar a maleta online e com os softwares da NSA desarmar o
dispositivo, abrindo o.
Lá dentro tinha três
cápsulas de proteção com um quilo cada uma.
Era uma forma portátil
de se transportar urânio desde os incidentes ocorridos em Chernobyl.
Ele teve tempo de
vender uma e como tinha se matado não saberíamos para quem foi. Os
japoneses encontraram os vídeos das câmeras de segurança e uma
mulher vestindo negro e trazendo como seguranças diversos ninjas foi
a única pessoa que saiu da casa, outros seguranças estrangeiros que
não viviam sob o código da máfia contaram que a transação
ocorreu dias atrás e tinha rendido cifras muito altas, ouviram o
chefe dizendo para seus subordinados numa festa que deu em uma boate
no centro da capital que aquela venda iria permitir que eles
superassem os comunistas na venda de drogas, ou que passassem os
russos no tráfico humano e prostituição.
O governo da Coréia
teve a situação parcialmente normalizada quando as TVs
internacionais noticiaram que fora recuperado três dos quatro quilos
roubados e pela primeira vez no mundo a agência de contra –
espionagem era citada.
O presidente americano
foi homenageado com uma parada militar no Japão e na Coréia do Sul,
frustrando os planos da esquerda em todo o mundo que já se preparava
para enviar guerrilheiros numa nova guerra na região que
consideravam iminente para livrar o mundo do mal capitalista.
Todos comemoraram por
um tempo, mas ninguém sabia do paradeiro da cápsula com um quilo de
urânio roubado pelos yakuzas.
A busca pelo portal
As agências dos
serviços secretos após semanas de incessantes pesquisas sabiam
pequenas pistas daquela organização. Era uma vertente da tríade
chinesa, mais voltada para artes marciais e para a magia, se
intitulavam como trevas e até então suspeitava se que estivessem
por trás de vários assassinatos na China e mais recentemente no
Tibet, um possível nome de sua líder seria Perdição, uma mulher
que segundo relatos de um prisioneiro da organização das trevas que
conseguiu fugir tinha pacto com o demônio e conseguia apodrecer a
alma. Pena que o homem desapareceu do hospital e foi encontrado em um
lago na região da Lhasa.
Sem que ninguém
suspeitasse Perdição tinha escravizado a população de um mosteiro
e todos os que viviam nos arredores, precisava encontrar um portal
selado na base de uma montanha, uma porta para o inferno que os
monges tinham trancado bem no meio daquela montanha e depois trancado
todo o caminho com uma erupção vulcânica.
Depois de ter se
desviado para cumprir outra missão na Europa, ela tinha voltado para
sua principal missão, trazer o inferno para a Terra, fazer com que
as sombras reinassem e assim conseguir a cabeça daquele que tinha a
feito morrer e perder sua alma para todo o sempre.
Os agentes que foram em
busca de Domo, foram tornados líderes para aquela operação por uma
assembléia nas nações unidas. Os chineses liberaram toda a
tecnologia possível e juntamente com outras nações criaram uma
nova geração em armamentos: As armaduras de combate E 54 armadas
com canhões de plasma, metralhadoras e lança foguetes, esses
construtos de combate com quase três metros de altura eram a mais
alta tecnologia da Terra, contavam com propulsores para voar e um
núcleo de fusão que permitia uma autonomia até mesmo no espaço.
Foram construídas em
poucos dias com recursos e material humano de todos os países da
Terra, pela primeira vez a raça humana estava trabalhando para
impedir uma ameaça real contra sua existência.
Um mês após
retornarem do Japão com os três quilos de urânio, os agentes da
contra – espionagem estavam embarcando novamente, dessa vez para a
Sibéria, onde três deles iriam pilotar as armaduras enquanto os
outros dias dariam cobertura para um operativo russo, ainda
desconhecido no ocidente conhecido como agente M.
Albert e Stone iriam
junto com a agente M em um helicóptero com stealth, inviabilizar uma
usina de força que mantinha as obras de escavação funcionando,
enquanto as armaduras de combate serviriam para deter os demônios e
criaturas vistas pelos satélites espiões.
Foi um vôo de trinta
horas até a base secreta dos russos, uma antiga instalação da
guerra fria que contava com centrais para disparos de mísseis e no
subsolo tinha um grande canhão movido a energia geotérmica que
quando carregado tinha potência suficiente para destruir a lua.
Os cinco agentes da
contra – espionagem foram recebidos pelo major Yuganov, um militar
veterano que os levou do aeroporto até a base e os acomodou em uma
tenda especial. Os prédios ao redor da base estavam lotados pelas
maiores mentes da humanidade.
Marlus abriu seu
computador e com alguma dificuldade conseguiu acessar o sistema de
segurança do lugar, tinha pelo menos cinco mil pessoas ali, entre
cientistas e agentes, era uma grande força de ataque e logo se
percebeu que o assunto não era somente a missão no Tibete, uma nave
espacial foi lançada e duas armaduras a acompanharam rumo ao espaço,
algumas horas após eles terem chegado.
Os demônios tinham
aberto um vórtice na lua, de onde tinha saído uma besta alada com
nove cabeças que estava voando em direção ao nosso planeta.
O portal depois da
saída daquela criatura estava se expandindo e já era possível vê
– lo pelos telescópios, tomando um quarto da superfície lunar.
Naquela noite Marlus
não conseguiu dormir, estava acompanhando em tempo real toda a
missão para o espaço e no outro dia estava exausto, acabou sendo
deixado para trás e a armadura que ele pilotaria foi direcionada na
tentativa de destruir a criatura no espaço, atraindo a para o sol.
Duas armaduras e uma
nave partiram para a China, iriam começar o ataque dentro de 13
horas e caso falhassem sabiam que todas as armas atômicas do mundo
estariam miradas ali em poucos minutos.
Armand e Samantha
destruiriam as criaturas em volta da escavação enquanto Albert,
Stone e a agente M destruiriam a usina.
As armaduras voavam
mais rapidamente e logo sairiam dos radares, os dois soldados estavam
calados arrumando as novas armas. Albert tinha conseguido um novo
rifle e duas pistolas com muita munição de fósforo e Stone tinha
muitos explosivos, facas e uma grande pistola que disparava duas
granadas por vez.
No entanto ainda não
tinham sido apresentados a agente M, que era mantida dentro de um
cofre na aeronave, como se fosse um animal ou coisa parecida.
Quando aterrissaram há
duzentos metros do local, protegidos pelo modo invisível da nave, o
cofre foi aberto e eles puderam a ver pela primeira vez usando os
óculos de visão térmica.
Vestia um uniforme que
repelia a luz criando a ilusão que ela estava completamente
invisível, além disso, mantinha em volta do pescoço um pequeno
colar, pregado a garganta, onde mantinha uma grande quantidade de
micro – robôs que reparavam todo o seu traje.
Não tinha armas apenas
um pequeno dispositivo no pulso, parecido com um comunicador,
avançava com facilidade em meio ao terreno pedregoso e conseguiu
escalar uma cerca de arames farpados em apenas dois pulos
Os dois soldados
ficaram impressionados com a criança, primeiro pelo fato que tinham
mandado os para defende – La e segundo pela roupa e habilidades que
ela tinha demonstrado.
Mas logo a surpresa
acabou e eles voltaram a sua missão, quando viram que ela tinha
entrado no complexo.
O atirador de elite
ficou em posição e logo abateu cinco seguranças que ficavam do
lado de fora da base onde a usina estava inserida.
Ao atirar neles logo
percebeu que algo estava errado, pois ao invés de caírem, os
soldados e técnicos apenas viraram fumaça.
Stone tinha se afastado
alguns passos até o portão, onde usando um garrote, matou os dois
guardas na guarita, atraindo os para fora usando um pequeno
transmissor de rádio velho, que emitiu um chiado forte o bastante
para faze – lo verificar o que estava acontecendo.
Os homens foram jogados
em um monte de pedras. A entrada estava limpa, e Stone foi em direção
a setor onde estavam estacionados os veículos da base, ia devagar,
tomando cuidado com os atiradores protegidos no lado leste, longe do
alcance de Albert, avançava sem pressa, quando um alarme soou no
prédio da usina e segundos após uma explosão foi sentida, algo que
abalou até o chão, rapidamente ele passou a correr em direção aos
carros, jogou uma granada no primeiro e saiu correndo em direção a
entrada, quando foi atingido por um tiro que atravessou todo o
complexo e destruiu sua cabeça.
Albert que tinha matado
vários guardas – demônio foi descoberto por um soldado que
rapidamente mirou e atirou na direção dele um lança granada. A
explosão da arma passou bem perto de atingi – lo em cheio, mas ele
conseguiu se desviar, no entanto, estilhaços da granada atingiram
seus dois braços, deixando o incapacitado e fazendo o rolar até
bater contra a cerca elétrica que destruiu seu corpo, deixando
somente o pó.
Enquanto isso a agente
M se evadia do prédio o mais rápido possível, nenhum soldado tinha
conseguido a ver, pelo fato de ter usado os sistemas de ar para
entrar na base.
Mas agora precisava ir
pelos corredores e sentia a cada novo guarda que via passando sem a
ver um alívio que permitia a respirar normalmente por alguns
segundos.
Tinha programado todos
os explosivos para detonarem o núcleo daquela usina nuclear em
trinta minutos, colocou outro no núcleo auxiliar que já tinha
explodido, segundo o mostrador que tinha em seu capacete, ligado
diretamente ao sistema da bomba que marcava vinte minutos para a
explosão.
Ela não podia mais
manter o disfarce, rapidamente desligou o modo furtivo da roupa e do
pequeno dispositivo no seu antebraço apertou um botão e encostou a
mão numa porta, do objeto saíram alguns nano dróides que cortaram
o metal e moldaram para ela uma espada com lâmina leve e um cabo
simples, sem detalhes ou cores.
Ela rapidamente saiu
correndo, sem emitir nenhum som, enquanto descia vários andares indo
em direção a entrada. Os soldados estavam se dirigindo para o
hangar e ela sabia que teria poucos adversários, quando viu um homem
carregando um lança – granadas, numa mão e um rifle na outra.
Ao olhar a arma sabia
que algo tinha dado errado e seus aliados tinham sido abatidos,
fechou os olhos por alguns segundos e se lançou contra o homem, que
disparou uma granada antes de ser cortado da virilha até o esôfago.
Ela deixou a arma ali e
pegou o rifle, levantar aquela arma feita de metais leves e potentes
era como novamente voltar aos Estados Unidos, no ano da morte do
presidente Kennedy.
O passado de uma assassina.
Aquela pequena garota
era na verdade um projeto de engenharia genética da guerra fria, um
corpo geneticamente modificado para ter agilidade, inteligência e
destreza acima dos níveis comuns.
Desde cedo foi treinada
para ser a assassina perfeita, após sair do casulo os cientistas
faziam testes com ela, dando lhe hormônio do crescimento até a
idade certa.
Seu corpo não produzia
antioxidantes e hormônio do crescimento, suas células tinham traços
genéticos de lagartos do leste da ásia que eram capazes de se
regenerar.
Com isso ela era capaz
de se regenerar e manter a idade que eles escolheram: 10 anos de
idade, seu pequeno corpo, era um disfarce mais do que perfeito para
poder se infiltrar em qualquer país e a partir de então ficava a
cargo dos antigos operativos da KGB, unidade de espionagem da união
soviética que estava parcialmente paralisada. Batizaram na como
Camila Nashrov, há oitenta anos atrás e de lá para cá ela teve
pelo menos trinta identidades, isso sem contar as inúmeras famílias
de fachada que serviam apenas para que ela pudesse entrar dentro dos
países adversários rompendo rígidos protocolos de segurança.
A lembrança que ela
teve nos poucos segundos que segurou o rifle, foi dela numa manhã em
Washington tinha entrado na excursão para ver o presidente
americano, junto com um grupo de escoteiras, completamente idiota que
passou a viagem inteira falando de jogos e brincadeiras.
Na mochila ela levava
um pequeno rifle de ataque portátil e uma pistola com um disparador
de granadas. A munição revestida com teflon seria capaz de destruir
até mesmo aos mais avançados sistemas de blindagem da época.
Os homens do serviço
secreto a deixaram passar rapidamente sem se dar conta que entre as
meninas dóceis e frágeis estava a assassina do presidente.
Se misturando no meio
da multidão, ela saiu do grupo e procurou um telhado de onde pudesse
ver melhor o presidente.
Pulou em cima de uma
lata de lixo e com um grande impulso alcançou uma escada de
incêndio, avançou correndo até chegar ao topo, onde um atirador
fazia a escolta do caminho do presidente.
O homem nem notou a
criança, até ser chutado e cair no chão, na queda quebrou o
pescoço e algumas mulheres começaram a gritar, ela sabia que agora
tinha pouco tempo, tirou o rifle da mochila, era uma arma pequena,
estava escondida dentro de uma capa de violino, mas tinha o alcance e
o peso necessário para disparar à uma distância de até oitenta
metros.
Ela mirou na cabeça do
presidente e disparou, o tiro segundos depois veio a matar Kennedy,
entrando lateralmente e saindo pelo outro lado, o projétil no
entanto se destruiu dentro do corpo e o que foi encontrado não
permitiu que se fizesse um exame de balística.
Rapidamente ela se
evadiu do local, arrombou a porta do prédio e ficou dentro de um dos
apartamentos, fingindo ser uma criança que a mãe tinha deixado
sozinha em casa, a mochila com a arma e as munições foi jogada no
fosso do elevador.
Mas por sorte nenhum
dos homens levou a sério os relatos de algumas testemunhas que
diziam ter sido uma criança a assassina que matou o presidente e um
dos melhores homens da força áerea.
Nem sequer checaram a
informação e quatro horas depois ela estava de volta a caminho de
Moscou, os aliados em Cuba tinham gostado do modo como o inoportuno
presidente tinha sido eliminado e quiseram saber um nome para a
responsável, os russos responderam apenas com uma letra: M
Logo os americanos, por
meio de um agente duplo infiltrado no governo de Fidel Castro,
souberam e mobilizaram todas as agências para tentar descobrir quem
era a tal agente M, mas nada foi encontrado que pudesse ser
considerado uma pista, todos os esforços acabaram sendo levados a um
emaranhado de pistas falsas e todas as testemunhas que começavam a
falar acabavam mortas rapidamente.
A agente M desde então
foi designada como lenda e seus arquivos acabaram indo parar na área
cinquenta, junto com outros arquivos comprometedores ou meramente
suspeitos como o caso do incidente alienígena na cidade americana de
Roswell na década de 60.
Daquele dia até a
missão na usina já tinha se passado muito tempo, Camila agora era
oficialmente filha do presidente da Rússia, que a mandava em missões
por todo o país, eliminando opositores e ameaçando jornalistas
contrários a brutalidade do seu regime, que em tudo lembrava ao do
velho e sanguinário Stalin.
Ver o mundo em um cogumelo atômico
Depois desse pequeno
momento de devaneio, ela percebeu que um sistema de monitoramento
dróide a estava espreitando, tinha estudado o sistema da base e
sabia que aquilo era o primeiro sinal de que o Ar N9, um robô de
alta tecnologia a estava procurando.
Rapidamente correu até
as escadas e foi pulando andar após andar, usava técnicas de
parkour, aprendidas em suas aulas no Kremlin e assim evitava lesões
e machucados, conseguiu chegar em minutos até a entrada.
A esquerda viu o corpo
de Stone estirado ao chão sem cabeça, seu cinto de granadas ainda
estava preso.
Rapidamente ela correu
até ele e ligou todos os explosivos térmicos que ele tinha, ativou
a invisibilidade do seu traje e saiu correndo rumo ao ponto de
encontro, onde um jato já deveria ter entregue uma mochila –
foguete que permitiria que ela passasse para a fase dois.
O Ar N9, chegou a
entrada segundos após ela começar a correr, suas pequenas pernas
doíam pela tensão muscular, mas ela não parava. Esperava que a
máquina se distraísse com o calor das bombas tempo suficiente para
acabar sendo destruída.
A máquina seguiu
realmente o rastro, mas apenas ficou parada frente ao corpo de Stone
por poucos minutos e a detonação das bombas lhe atingiu somente na
região das pernas, causando danos múltiplos porém baixos.
Apenas fez com que o
dróide de combate ligasse dois retro foguetes e passasse a escanear
a área em busca de traços de vida humana, encontrou a agente M há
alguns metros dali, abrindo uma caixa rapidamente afim de conseguir
se evadir do local.
Ela mal prestou atenção
na primeira arremetida daquele robô assassino e por puro instinto se
abaixou quando ele atirou uma munição com ponta de fósforo nela.
O tiro no entanto fez
com que o conteúdo da primeira caixa explodisse.
A caixa de Albert e
Stone estava em locais separados e ela não sabia onde era o ponto de
encontro deles.
Desviou de mais um
ataque e num salto que aprendeu na academia de Balé Bolshoi pulou em
cima daquele ser de metal, cravando as pernas em seus braços
enquanto usava o dispositivo para criação de armas moldado no seu
ante – braço para gerar uma carga que danificasse a programação
e permitisse que ele se tornasse seu método de fuga.
Era como cavalgar um
jato de combate e por muito pouco ela não teve uma lesão severa nos
joelhos, a dor era angustiante, quase a fez desmaiar, mas por fim os
sistemas do robô foram desligados, mantendo somente os jatos em
potência máxima para frente.
No mesmo instante o
explosivo estourou, a onda de radiação por pouco não a alcançou,
tudo num raio de dois quilômetros acabou devastado.
Quando ela desceu do
robô que acabou se espatifando contra uma muralha de rochas mais a
frente, não conseguia caminhar, suas pernas estavam queimadas na
parte de trás e em vários lugares os músculos estavam negros pelas
lesões severas sofridas.
Ela só conseguia
sentir frio, era uma congelante sensação de morte, a dor a fez
perder os sentidos e por alguns instantes ela sentiu apenas o vento
frio batendo ao seu redor, o cenário de destruição, os gritos de
algumas doninhas agonizando seus últimos momentos em uma toca eram
tudo o que ouvia.
Quando escutou passos
no gelo, não sabia se era alucinação, o capacete do traje estava
avariado, seus sistemas de monitoramento na base em Moscou estavam
apagando e o sinal no radar estava desaparecendo a medida que o
coração da agente M estava parando.
No entanto eles não
iriam mandar ninguém para resgata – la, ela já tinha servido por
muito tempo e agora com o aprimoramento da clonagem iriam criar
outras dela em escala industrial.
Alguém a levantou,
eram mãos metálicas que tocavam os rasgos de radiação em suas
costas e esfriavam a mais rápido.
Caminhou até uma tenda
dentro de uma caverna, cem metros a esquerda de onde o dróide tinha
se destruído.
Ao chegar lá, ela
recebeu uma injeção, o líquido entrou nas veias dela como fogo,
reviveu a do frio mortal e a trouxe de volta.
Conversar consigo mesmo traz sérios problemas mentais.
Camila acordou depois
de quatro dias, estava ligada a um sistema improvisado de
monitoramento, a sua frente estava parada em modo de defesa uma
unidade de combate e a uma curta distância uma mulher estava parada
consertando a um veículo que parecia uma moto só que sem pneus.
Ela não se moveu,
preferindo ficar parada, mas de algum modo a mulher se levantou e
disse:
_ Olá Camila, espero
que esteja bem. A solução para te curar teve de ser muito ampliada,
sinto muito, mas tive de amputar sua perna esquerda na altura da
virilha, mas por ora improvisei uma perna mecânica, a sua já tinha
apodrecido totalmente.
Com dificuldade ela
respondeu, passando a mão na coxa e constatando o frio duro do
metal, uma lágrima correu pelos seus olhos e com dificuldade
respondeu:
_ Quem é você?
_ Eu? Ela perguntou e
ficou rindo por algum tempo até que respondeu secamente: Eu sou
você, vinte anos no futuro.
_ Deve estar se
perguntando por que vim te ver, mas na verdade é que no dia de hoje,
você desapareceu e o governo russo abriu um programa de duplicação
do seu DNA que vai acabar gerando uma arma biológica eugênica
perfeita.
_ Usaram seu sangue
para criar uma bomba mutagênica que eliminou todas as pessoas da
Terra que tinham qualquer fraqueza genética, algo como noventa e
nove por cento de todos os seres humanos.
_ Milhares morrendo por
hora, e você vendo tudo impassível e então veio o caos: O governo
soltou milhares de você pelo mundo. Seu rosto como o símbolo da
nova ordem mundial.
_ A radiação te
envelheceu, seu corpo vai mudar muito e logo você vai encontrar um
namorado e ter um pequeno filho. Ele será um dos líderes da
resistência, um dos maiores cérebros que o mundo já viu.
_ Mas a dor de se ver
como a causadora da morte de muitos vai te perseguir como uma sombra,
eu sei por que a mim persegue como uma agulha enfiada no meu cérebro,
não permitindo que eu tivesse paz.
_ No entanto não posso
te forçar a seguir um caminho, você pode seguir sua missão, ou
pode voltar a Moscou e impedir o holocausto do mundo, a missão
contra a líder demoníaca Perdição está perdida, as duas unidades
estão destruídas e se você for até lá, estará se condenando a
uma cadeira de rodas bem mais cedo e há vinte anos num asilo para
débeis mentais na Sibéria, sendo tratada todo o dia com doses
elevadas de remédios para te manterem fora de área enquanto
preparam o caos.
Ao ouvir todas aquelas
informações a cabeça da agente entrou em pane, eram muitos dados,
ela caiu inconsciente, delirando. Sua contra – parte no futuro,
sabia que isso poderia acontecer, mas não tinha escolha. Desde que
roubou a máquina do tempo no centro do Kremlim, sabia que não tinha
volta, precisava se redimir. A culpa a comia por dentro, precisava
tentar tudo e esperava que em quarenta e oito horas teria de
enfrentar o guardião do tempo: Uma criatura mística chamada
Paradoxo, que tinha poderes ilimitados e poderia bani – la para
sempre, impedindo que ela conseguisse sua redenção.
A jovem Camila se
encontrava perdida em um sonho numa floresta onde um soturno mago
vestido com uma capa negra a perseguia, tentava gritar pedindo ajuda,
mas ele parecia travar sua garganta. Acordou duas noites depois suada
e fraca. Estava recebendo somente soro e alguns compostos minerais
para se manter em pé.
Levantou com
dificuldade a nova perna ardia, caminhou se arrastando até a parede
onde encontrou aquela jovem que alegava ser ela no futuro, fumando na
porta da caverna, tinha nas mãos um rifle diferente de todos que já
tinha visto. Era uma arma menor e com o cano redondo com sulcos
triangulares por toda a extensão, no entanto não prestou mais
atenção, quando sentiu cheiro de comida.
Procurou ao redor e
achou em um canto, uma pequena panela com um caldo fervendo num fogo
improvisado.
_ Sabia que estaria com
fome quando resolvesse se levantar. Disse a mulher sem se virar. Se
quiser comer, fique a vontade, não está envenenado, preciso
realmente de você bem e que decida logo o que irá fazer.
Ela pensou por um
momento, e depois disse: _ Acredito em você, por ora vou contigo,
mas se estiver armando algo para mim, não terei pena em te matar no
momento em que você estiver mais frágil.
Rindo muito ela
respondeu: _Não me lembrava que eu era tão corajosa assim, ou
estúpida. Se eu quisesse você morta, tinha te deixado ali próximo
ao carvalho, para ser encontrada somente daqui quatro dias, por um
caçador e sua esposa.
_ Estou apagando toda
minha vida, ao te ajudar a impedir o fim do mundo e talvez destruindo
o futuro da Terra, mas tudo valerá a pena se eu puder enfim ter uma
remissão.
As duas se olharam e
começaram a comer, tinham preparado duas canecas com o caldo e
engoliam o conteúdo com auxilio de colheres.
Depois elas desmontaram
o acampamento e montaram na moto improvisada, enquanto em algum lugar
fora da linha do tempo, uma caçada começava.
_ Uma rachadura se
abriu no espaço tempo, preciso ir ver o que está acontecendo, disse
uma criatura vestida como um monge, perdido em meio a uma biblioteca
de obras perdidas ao longo do tempo.
Salvação
e morte
A chegada das duas
armaduras na escavação aconteceu horas antes dos três agentes
desembarcarem para destruir a usina de força que mantinha o
maquinário ativo.
Samantha disparou
diversos foguetes na superfície do túnel, enquanto Armand ia em
direção a mansão para tentar destruir aquele lugar onde se
concentrava boa parte dos monstros.
No entanto algo
aconteceu de errado, as armaduras quando dispararam, começaram a
superaquecer, seus sistemas começaram a apitar pane e por fim os
dois soldados acabaram sendo ejetados e capturados pelas forças
infernais
Eles foram levados para
o porão daquela mansão construída com o uso de trabalho escravo no
alto da montanha.
Armand teve a orelha,
os dedos e a língua decepada por Perdição, que parecia se divertir
vendo os gritos de agonia, enquanto cravava uma espécie de lança em
força de flecha que saía das ataduras que tinha nos antebraços.
Samantha assistia a
tudo em estado de pânico, temia pela morte e a todo momento orava
para que Deus a libertasse daquilo, como agente nunca deu muita
importância para proteção espiritual, até zombou de um colega
certa vez enquanto ainda era do FBI que dizia a todos ter sido salvo
por que carregava sempre junto ao colete um exemplar da bíblia
dizendo que se ele não tivesse o colete aquele livro não adiantaria
de nada.
Pedia perdão por tudo
de ruim que já tinha feito, lágrimas começaram a cair do seu rosto
e ao ouvir aqueles preces aquela mulher vestida com roupas negras e
com uma máscara de fúria nas faces se irritou e mandou que dois
demônios a trouxesse na sua presença, enquanto ela apertava uma das
ataduras em volta do pescoço de Armand até que o tecido queimasse
as veias e deixasse somente os ossos, lívidos e brancos.
Vendo aquela cena
brutal, ela soltou apenas uma frase: _ Senhor eu peço perdão por
tudo que já tenha feito contra ti, aceita minha alma nos céus.
Ao ouvir aquela prece
falada em voz calma e tranquila perdição a atacou com o pulso. Ela
foi lançada ao chão, tinha o nariz quebrado e podia sentir vários
dentes quebrados.
Armand caiu no chão e
ela viu o corpo dele começar a queimar como se tivesse sido
queimado. Do alto dos céus, Deus atendeu as preces daquela mulher e
no momento em que ela receberia o golpe final, eis que surge um homem
trajando uma túnica roxa feita em sua corte, que parecia aderir por
todo seu corpo e entrou na frente dela.
_ Hoje está mulher não
vai morrer Perdição.
_ Zacarias, nos
encontramos novamente! Espero que dessa vez, pato emplumado você
seja melhor guarda – costas.
_ Espero que dessa vez
você não volte e dizendo isso a atacou com um raio saído de suas
mãos que no mesmo instante incendiou aquela criatura banindo a para
o lugar de onde viera.
Os outros vendo se sem
sua mestre fugiram apressadamente e como ratos procuraram algum lugar
para onde se esconder.
Vendo que a casa estava
limpa, aquele misterioso ser se virou para a jovem e disse:
_ Deus ouviu sua
oração, agora venha precisamos sair daqui, Logo a legião rubra irá
chegar para limpar a região do pecado e assim ajudar a manter a paz.
E pegou sua mão,
ajudando a levantar – se.
_ Vamos sair logo
daqui, há coisas piores do que esses lacaios por aqui. Temos de te
levar para fora da região, a legião escarlate irá voltar e
Perdição pode agora passar novamente pelo portal.
_ Legião Escarlate? O
que é isso?
_ Aquela demônio que
destruiu seu aliado acabou de libertar o primeiro assassino, um dos
maiores guerreiros do inferno na Terra, o cavaleiro Caim: O primeiro
a manchar a terra com sangue de um inocente.
Os dois saíram
correndo do local e logo encontraram um carro e o angelical foi
pilotando pela região até quando chegaram ao topo de um monte longe
da região do conflito.
Barulhos poderiam ser
ouvidos, choques de metal e uma forte ventania pairava por todos os
lados, fazendo voar árvores e levando pelos ares carros e máquinas
da construção.
Samantha no entanto
sabia que precisavam ir mais longe, não conseguia ver o que se
passava pois não tinha poderes mágicos, mas sabia que tinha vencido
o tempo e que em questão de minutos diversos mísseis atômicos
iriam chegar naquele ponto, para causar a destruição de tudo que
ali existisse.
O anjo no entanto parou
o carro e ficou admirando a luta, ele via ao longe os anjos da legião
rubra, a mesma que no Egito, matou a todos os primogênitos num
passado tão distante, que ele só tinha acesso lendo nos livros,
agora estava ativa novamente para combater a um mal tão forte quanto
ela própria, um ser que ameaçava toda a existência.
Como ele queria poder
gravar aquela cena, ver os maiores guerreiros alados enfrentando a
Caim e seus asseclas.
Flechas voavam de ambos
os lados imbuídas de poder místico, causando impactos profundos.
Vários demônios morriam enquanto outros passavam novamente pelo
portal que era alimentado por uma bateria atômica ligada para manter
a energia funcionando.
Os lutadores nem o anjo
que salvará Samantha no entanto deram importância para os mísseis
que vinham voando pelos céus.
Oitenta ogivas atômicas
miradas num ponto só, seria o fim do Tibete, toda a região ficaria
inabitável para sempre.
Samantha saiu do carro
e tentou puxar o anjo que a havia salvado, não queria morrer, estava
apavorada com muito medo.
O alado apenas tocou
lhe nos olhos e ela então pode ver o que se passava e o por que de
todas aquelas alterações e abalos na região.
Caiu no chão de
joelhos ao ver a magnitude e o poder ao seu redor e acabou morrendo
de um ataque cerebral, a lógica da sua mente não foi capaz de
entender a grandeza do que via.
O anjo que a salvará
no entanto apenas deu de ombros. Apenas esperava que uma humana fosse
capaz de entender tudo o que acontecia e ficou ali feliz em ver a
cena, estudava cada movimento tanto dos celestes quanto dos demônios,
até que algo mudou o curso das armas de destruição em massa.
Um mago forte o
bastante para vira – las para os céus, impedindo que a região se
tornasse uma zona morta.
As ogivas não
respondiam mais aos computadores do centro de crise, voaram até os
céus, onde o dragão estava destruindo uma das últimas armaduras
que falharam na tentativa de conter ele e leva – lo para o sol.
A besta estava
distraída e não conseguiu desviar dos mísseis, foi atingida por um
forte impacto que a feriu gravemente, sua cabeça foi separada do
corpo e começou a vagar pelo espaço.
Quando a criatura
explodiu fez se um clarão enorme, como se um novo sol tivesse se
iniciado.
O portal na lua começou
a se fechar até se apagar completamente, todos comemoraram no centro
de crise, um dos problemas tinha sido exterminado, agora faltava o
outro. A comunicação com os agentes tinha sido interrompida: Stone,
Armand, Albert e Samantha tinham desaparecido e a agente M dos russos
estava voando segundo o localizador atravessando a planície do
Cazaquistão rumo a Rússia, no entanto as tentativas de contata –
la não eram possíveis, se ouvia somente um ruído de interferência.
Grandes mudanças.
As duas Camilas, do
presente e do futuro, voavam naquela moto a jato, estavam ali a
horas, sem dizer nenhuma palavra.
Passavam por cidades e
campos muito mais rápido que um avião comercial, algumas pessoas
apontavam quando as viam no céu, voando rumo a Moscou.
A agente M do presente,
começou a relembrar tudo o que havia acontecido desde que receberá
os detalhes da missão, mas de algum modo não conseguia lembrar de
mais nada, sua mente parecia estar apagando todos os fatos ocorridos.
Uma dor começou a
incomoda – la, primeiro na cabeça e depois passou ao coração,
ela começou a ficar tonta e caiu da moto, sua parte no futuro gritou
e rumou para tentar pega – la no ar, mas quando ela encostou na sua
parte do passado, as duas estavam sem luvas e o encontro daqueles
dois corpos interferiu numa lei temporal e no mesmo instante a
existência das duas se cancelou e vários eventos começaram a ser
apagados.
A linha da história
foi alterada irreversivelmente, um ponto de ruptura se abriu no
contínuo de espaço tempo, uma força tão poderosa que foi sentida
pelos anjos e demônios em batalha, que começaram a querer se evadir
daquele conflito para tentarem ver o que era aquela fonte de energia
tão grande que se abriu repentinamente, mas não podiam sair dali
sem causar ter grandes perdas em soldados então continuaram a
batalhar.
No entanto a brecha na
linha do tempo começou a expandir uma onda de energia que começou a
alterar diversas partes do globo, uma força que apagou diversos
sistemas eletrônicos deixando a população em pânico, pais perdiam
seus filhos que nunca passaram a nascer e depois viam suas próprias
existências se apagarem, seu passado não existiu e em seu lugar
toda uma nova geração de pessoas apareceu do nada.
No centro de comando,
quase todos foram se dissolvendo e sendo substituídos até que por
fim a própria existência do prédio foi mudada e nenhuma lembrança
dos fatos sobreviveu.
Os angelicais demoraram
mais para serem alterados pela onda de energia temporal, mas por fim
foram apagados da Terra e com eles o portal que começou a se
dissolver e toda a Terra voltou ao normal.
Paradoxo chegou ao
ponto onde a brecha nos céus liberava a onda de energia que estava
mudando tudo. A vida das pessoas estava ameaçada pois aquela brecha
iria aumentar até abrir um enorme buraco que consumiria toda a
existência do universo.
Tentou usar seus
poderes para drenar o poder que vinha da brecha, mas quando seu raio
encostou na brecha ela ao invés de se fechar começou a se ampliar e
a traga – lo para seu interior.
Ele tentou resistir, se
agarrando a uma árvore, mas acabou sendo vencido e levado para
dentro da brecha do tempo.
Quando Paradoxo entrou
pela fenda, esta se fechou e a onda de energia começou a se
dissipar.
O mundo todo estava
alterado, um mundo novo tinha se iniciado, todo o passado tinha sido
extinto e toda história da raça humana estava alterada para sempre.
Milhões se perderam e
outros nasceram. Muitos heróis foram perdidos e nos imensos
multiversos que existem se criou mais um universo com toda a
complexidade, levando a vida para outros planetas e espalhando novas
dores e alegrias, novas aventuras e muitos novos heróis e vilões
que passariam a ser a esperança do futuro em meio ao caos do dia a
dia.