Morfeu
pegou uma pedrinha que estava solta na escadaria e a fechou em sua
mão, em poucos instantes a pedrinha tinha se tornado pó.
Ele
juntou um pouquinho daquele pó e jogou sobre os olhos de Luanna e
disse:
_
Vamos viajar do meu modo!
E
no mesmo instante ela caiu no sono e durante seus sonhos viajou até
um passado muito distante, as moradas ainda eram novas, os deuses e
semi – deuses viviam em paz e ao olhar para baixo ela via a
humanidade completamente feliz e alegre, mas na mesa não havia
nenhum dos deuses gregos que se conhecia até então, eram os
primeiros deuses, Cronos, Réia e outras divindades mais antigas que
não tinham feições humanas e não se pareciam com nada que ela
conhecesse, ela e Morfeu estavam num canto da sala, quando percebeu
que estava sonhando e que não tinha como aquelas criaturas de
aparência horripilante lhe fazerem algum mal.
_
Venha minha querida, temos muito ainda que viajar,
E
foi saindo atravessando uma pesada porta de carvalho, passearam por
vários cômodos com inscrições muito antigas, a língua dos deuses
disse Morfeu, você não entenderia nada mesmo que tentasse, nem eu
sei nada do que está escrito nessas paredes, Apolo que é o mais
sábio dos deuses disse me certa vez na aurora dos tempos que são os
relatos do início, da forma como o mundo foi criado, algo que não
nos interessa nesse momento.
Um
crime está para acontecer no salão de Cronos e preciso que você
veja e foram seguindo até chegarem ao salão do líder do panteão,
que saia correndo em busca de sua foice, Zeus tinha invadido o
banquete e tinha lhe desafiado, ele não sabia como aquela criança
tinha escapado de sua barriga, mas iria resolver aquilo da sua
maneira, mas quando procurou no braço esquerdo do trono por sua arma
sagrada com a qual tinha castrado Urano.
Não
a encontrou em lugar nenhum, quando aparece Zeus com a arma e usando
dos poderes concedidos por ela, parou o tempo e num só golpe
libertou seus irmãos presos no estômago de seu pai, todos sairão
como adultos e começaram a bater nele até que nenhum dos seus ossos
estivesse inteiro e depois Zeus com a foice foi cortando os pedaços,
quando iam cortar a cabeça, saiu do meio do cérebro uma serpente
que rastejou muito rapidamente até encontrar um pedaço de osso
completamente descoberto da carne, se enrolou nele e transformou se
em ouro e antes que os assassinos pudessem pegar aquela joia, ela
flutuou pelos ares.
O
assassinato de Cronos e a prisão de todos os antigos deuses destruiu
todo o mundo dos mortais que foi jogado numa guerra constante, por
mais que os novos grandes deuses ameaçassem a humanidade, ela ficou
louca devido a influência com que a mente humana se apega ao
sagrado, foram anos de guerra e morte, vários novos panteões
entraram em disputa e fracassaram, vários monstros foram criados, a
era de paz tinha acabado e chegamos a era dos Heróis!
_
Vamos agora ao Oráculo de Delfos alguns milhares de anos a frente
dessa cena...
E
num fechar de olhos estavam na primitiva Delfos, mas ainda não era o
templo de Apolo, mas da grande serpente, um antigo Deus que há muito
tempo não se ouvia falar nada, uma jovem maltrapilha chegou até ali
implorando ajuda, os sacerdotes a carregam até defronte ao adivinho
e naquele instante ele aspirou o vapor sagrado das entranhas de Gaia
e disse:
_
Você é filha de um pai assassinado, mãe de uma criança roubada,
esposa de um marido enforcado, ninguém mais do que você precisa do
presente do Deus que caiu mas retornará!
E
com um gesto entregou para ela a joia que ali tinha ido parar, tinha
sido envolvida em um cordão de ouro.
Quando
a mulher pegou naquela gargantilha seus olhos se abriram e ela disse
a profecia da morte dos deuses:
_
A humanidade ainda voltará a paz de que saiu, enquanto os assassinos
viverem não se poderá ter paz, o símbolo do fim dos deuses
encravado na alma da escolhida, ajudará a limpar o mundo.
E
naquele instante o espírito da serpente lhe picou os olhos e ela
deixou de ser uma humana, naquele instante ela se tornou a vingança
contra o primeiro assassinato que havia trazido a luz a discórdia, a
deusa que agia no meio dos mortais e se alimentava de seu ódio.
E
quando Luanna viu aquela cena, a gargantilha em seu pescoço brilhou
e tal qual havia ocorrido com sua antepassada, ela se tornou a nova
escolhida: Ela agora conseguia ver a verdade, tinha acordado para a
verdade e ao olhar para o vestido que tinha até então, percebeu
que ele tinha se tornado uma armadura feita de sombras e escuridão e
o capuz que tinha no vestido havia se tornado um capacete que lhe
escondia completamente o rosto, ela olhou para Morfeu e agora via
somente uma areia parada a sua frente que lembrava vagamente a um
homem.
_
Por que meus olhos doem?
_
Você não está acostumada a ver a verdade!
_
Acabaste de acordar novamente, Nêmesis.
_
Quer continuar vendo seu passado?
_
Não, prefiro voltar.
_
Tudo bem então!
E
no instante seguinte eles estavam novamente na escadaria, mas antes
que abrissem os olhos uma flecha foi disparada de uma posição mais
elevada e acertou o coração do Deus dos sonhos, Nêmesis correu até
ele, e viu que já era tarde, quando no instante seguinte uma segunda
flecha foi disparada e a armadura a jogou para trás instantes antes
dela ser atingida.
O
corpo do deus dos sonhos foi definhando, diminuindo até se tornar
uma mera pedra, ela olhou para ele e se sentiu muito triste, se
sentiu sozinha e desprotegida, quando olhou em volta e percebeu que
estava cercada e que de todos os lados os deuses do Olimpo estavam
vindo em sua direção.
Ela
correu até a pedra, pegou enquanto fugia dos ataques de Ártemis e
Apolo que lançavam flechas numa velocidade incrível, a armadura a
protegeu de boa parte dos ataques mas uma flecha atingiu a máscara,
rompendo a proteção e acertou um dos olhos dela deixando a cega
daquele olho, os deuses se juntavam ao seu redor, mas no instante em
que a pedra deu seu último brilho, ela se desfez e viajou para outra
dimensão: O reino dos sonhos!