terça-feira, 4 de junho de 2019

O som

Eu havia sido contratado para cuidar da casa de verão de um milionário. A proposta era excelente. Teria a casa toda para mim, suprida e um salário inicial de 2.000 reais além de um adiantamento para a mudança do meu primeiro salário.
Não pensei muito, aquela era a oportunidade que eu tanto sonhará. Mal me despedi dos amigos e da família e parti rumo ao que pensei ser uma vida fácil e tranquilidade.
Cheguei a mansão do milionário na região nobre da cidade, o local tinha muitos guardas e parecia um pequeno palacete inglês que eu via nos filmes antigos com meu avô.
Troquei algumas palavras com o mordomo e fui rapidamente levado para a casa de campo. Era uma fazenda muito antiga próxima a uma vila rural no interior.
O carro me deixou ali e rapidamente partiu. Havia na expressão do motorista um verdadeiro terror frente a ideia de entrar no lugar. Na hora eu julguei se tratar de inveja da minha conquista.
Entrei lá dentro e comecei a explorar a casa. Era enorme e muito bem mobiliada. No entanto dava sinais de abandono há bastante tempo.
Os móveis estavam repletos de poeira e no porão uma grande infiltração já tinha criado bolor, ameaçando destruir a pintura rústica.
Rapidamente desfiz minhas malas e comecei meu serviço. Era inicio da noite quando terminei de varrer todo o recinto. Fiz apenas uma janta frugal e fui me deitar perto das sete horas da noite.
Naquele primeiro dia tive sonhos estranhos, acordei várias vezes assustado com um frio na espinha que me era incomum.
Era jovem, tinha apenas 27 anos e jamais havia sentido tanto medo assim. Pensei no início que se tratava de alguma influência ruim dos filmes de terror que eu vivia assistindo com meus amigos e resolvi deixar para lá.
O sol raiou e logo já comecei o meu trabalho. Na hora do almoço, fiz minha primeira refeição completa ali, já tinha feito muito pelo lugar e logo estaria limpo e brilhante.
Os anos trabalhando em hotéis como faxineiro haviam lhe dado alguma experiência e ficará orgulhoso olhando a qualidade de seu trabalho.
Por volta das quatro da tarde julgou estar tudo devidamente arrumado e que deixaria quaisquer outros detalhes para o dia seguinte.
Decidiu então tomar um banho de banheira. Era algo que achará divertido e assim foi até o quarto do patrão, se despiu e ficou assistindo a banheira encher numa satisfação evidente.
Quando terminou de preparar o banho, caiu na água e ficou ali aproveitando o momento. Sentiu se por um instante como dono do lugar e aquela gostosa sensação lhe fez ter uma pequena crise de risinhos.
No momento em que curtia sua imaginária vida, um rádio no quarto começou a chiar, era um som desagradável que o incomodou o suficiente para ir ali nu e molhado.
Quando chegou saiu do banheiro e chegou ao quarto, o rádio novamente chiou e no mesmo instante ele caiu no chão, estava apavorado e ficou encolhido em posição fetal vendo monstros em todos os lados.
Dentre suas visões havia uma pequena criança que parecia se divertir vendo o berrar a plenos pulmões expulsando criaturas que estavam somente em sua cabeça.
Demorou uma hora todo esse delírio. Quando recobrou os sentidos estava numa poça de urina e fezes.
Ficou profundamente impressionado com todas aquelas visões estranhas. Era como se ele tivesse sido transportado para todos seus pesadelos.
Ficou horas paralisado até recuperar algum senso de razão e ir tomar um banho, dessa vez nada de banheira! Tomou um banho rápido, pegou alguns produtos e conseguiu depois de algum tempo deixar o piso limpo.
A partir daquele primeiro episódio ele passou a evitar subir até o quarto, suas pernas tremiam toda vez que tinha de ir até ali.
Ao final da primeira semana, um entregador do supermercado o encontrou apavorado na porta da casa. O rapaz jovem estava acabado! Suas olheiras eram tão profundas que causou medo a primeira vista.
Ele recebeu as compras, assinou uma nota e pediu que o rapazote saísse dali o mais rápido possível para seu próprio bem!
Havia algo de soturno e assustador na voz do homem que fez o jovem empregado voltar ao povoado o mais rápido possível.
Era uma localidade pequena, onde os mexericos com a vida dos vizinhos era a diversão do povo.
Quando a história se espalhou, de uma hora para outra, começaram a surgir vizinhos, crianças apareciam para bisbilhotar e na entrada sempre juntavam alguns curiosos de passagem que procuravam ver ao menos de soslaio o rapaz assustador.
Mal sabiam eles que o foco do seu interesse não dormia, mal comia e estava a beira de um ataque de nervos. Ao menor barulho ele ficava louco!
Seu terror se tornou tão frequente que decidiu fazer um ato extremo! Furou seus ouvidos com uma velha chave de fenda que encontrou na garagem.
O sangue jorrava aos montes enquanto ele ria. Acreditava ter vencido o barulho! Mas novamente escutou o rádio chiando!
Sua principal reação foi correr, correr como um louco! Apavorado andou por alguns metros na estrada até ser encontrado por dois vaqueiros que voltavam para casa após comprar suprimentos na vila.
Foi levado ao hospital e dali levado a capital. Seu quadro maníaco e a constante tentativa de se cortar acabaram forçando os médicos a leva-lo a um sanatório.
Sua mãe autorizou sua internação aos prantos. Seu filho morreria dentro de poucas semanas em um estado de pânico gritando a plenos pulmões!
Um ataque nervoso o fulminou deixando primeiro em estado vegetativo e depois o quadro se complicou devido a baixa imunidade e ele desenvolveu uma pneumonia que o levou a óbito.
E ainda hoje na velha gazeta que circula na capital a um anúncio para caseiro numa casa de campo, esperando alguém disposto o bastante para aceitar um "negócio da China" sem volta.

Como não sofrer bloqueios na hora de escrever?

A arte de escrever requer muita paciência. O texto tem seu próprio curso de tempo. As vezes ao escrevermos ficção nossos pensamentos acabam tomando uma forma inesperada e não raramente vamos a caminhos inesperados.
No entanto tem vezes onde o caminho fica obstruído e as ideias simplesmente cessam seu curso e nos sentimos frustrados.
Muitos novos escritores nessa hora pensam em parar, são abatidos pelas críticas das pessoas próximas e acabando deixando de lado o sonho de escrever.
Aqui nessa pequena dica quero te trazer algumas maneiras de escapar dos bloqueios e assim conseguir continuar escrevendo, seja por hobbie ou sonhando em ser o próximo best - seller

1 - Foco.
Nada atrapalha mais do que ter de resolver mil e um problemas enquanto se tenta escrever uma cena ou ir até o próximo capítulo. Por isso quando sentar para escrever, afaste o celular e quaisquer outras distrações.

2 - Organização.
Mantenha um esboço das ideias que quer abordar a parte, crie um roteiro de ideias e mantenha sua história em ordem. Não viaje demais em descrições intermináveis e nem se case com os detalhes. Assim evita perder a inspiração e ficar parado em uma cena.
Outro ponto da organização é no que tange ao local onde você vai escrever. Mantenha o espaço onde vai trabalhar limpo e se possível com pouco barulho de modo que você possa prestar total atenção em seu texto.

3 - Regularidade.
Ninguém magicamente conseguirá chegar a qualidade de um texto profissional do dia  para a noite.
Escrever é uma habilidade que melhora com o tempo. Conforme se cria o hábito de todo dia escrever, logo os bloqueios são superados.
Manter se sempre escrevendo mesmo sobre os assuntos mais banais ainda te dá a oportunidade de aproveitar novos estilos de escrita, aproveitar fatos cotidianos e ter sempre mais material para novos trabalhos.

4 - Leitura.
Um bom escritor se faz tanto pelo labor diário com o papel quanto pela quantidade de palavras que ele absorve.
Bons escritores são sempre ávidos leitores de tudo que lhes cai a mão. Assim conseguem ter sempre material, melhoram seu controle da língua e podem aprofundar e melhorar sua escrita.

Por fim se nada disso melhorar seus bloqueios ainda vale esperar, até mesmo deixar o texto de molho e começar novos projetos. O importante é nunca parar e jamais desistir!


Sonho ou realidade?

Aquela era uma manhã normal como todas as outras. Um grupo de rapazes ataca um velho. 
Covardia? Claro que sim! Mas quem iria impedir aquilo. As pessoas daqui estão envolvidas por uma névoa de medo.
O grupo cercou aquele velho vestido em farrapos e se divertia vendo ele rezando.
Seguraram o e começaram a bater nele. Seu sangue verteu e nessa hora como num passe de mágica suas mãos pegaram fogo.
No mesmo instante os agressores estavam correndo apavorados. Dos seis que se divertiam com o velho dois foram incinerados na mesma hora. Seus corpos viraram cinzas quando foram tocados pelo ancião.
Eu vi tudo e de onde estava pude ver aqueles trogloditas fugindo com medo. Um deles tinha se urinado e mesmo todo dolorido eu me divertia.
Quem sou eu? Um garoto que tentou confiar na lei e bancou o detetive por semanas.
Tirou fotos e entregou na delegacia na esperança que a polícia as usaria contra aqueles marginais.
No entanto eu descobri horas mais tarde que os policiais e a gangue era aliados, fui cercado na saída da escola e levado para aquele parque.
Eles estavam me batendo quando viram o velho que caminhava com dificuldade e resolveram me deixar em paz por alguns instantes.
Eu fui deixado ali depois de receber vários socos e pontapés. Me arrastei por alguns centímetros, tentava fugir enquanto eles partiram para cima do velho.
Vi espantado as chamas queimar dois corpos. Se não fosse a dor e alguns ossos quebrados tinha fugido também. Mas a dor foi maior que o medo e eu fiquei ali sentindo que o velho viria para me matar.
Passaram se segundos antes do ancião vir em direção a mim. Mas na minha cabeça pareciam horas.
Cada passo era dado em câmera lenta. A tensão causada pelo medo fazia a dor se amplificar em um nível tão alto que cai ali naquela grama suja desmaiado.
Tive um pesadelo terrível onde eu era levado para uma casa antiga e devorado ainda vivo por uma criatura monstruosa, um ser abissal de olhos negros e com uma boca com dezenas de dentes.
Meu despertar foi suave. Era como se eu não tivesse sido espancado. Pensei que estava num hospital mas quando dei por mim vestia uma roupa completamente limpa.
Tudo ali era branco. A luz do sol entrava por uma janela e me incomodou.
A porta estava aberta. Meus pertences estavam ao meu lado. Eram apenas um relógio velho e um óculos meio torto.
Me p

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...