A
perícia chegou e Luanna teve de ficar ali no local sem poder ver
como estava Cardoso, ambulâncias foram acionadas e depois de um
verdadeiro alvoroço eis que aparece o seu chefe, o delegado
Alessandro, um senhor que tinha sessenta anos e não era conhecido
por ninguém pela sua boa educação em especial quando estava
zangado.
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sua anta, imbecil! Era para você ter ficado lá na delegacia
preenchendo os relatórios até o fim do plantão! O que te deu na
cabeça para sair dessa forma?
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agora eu tenho um agente quase morto a caminho do hospital e um monte
de cadáveres e os urubus da imprensa já estão a caminho! Todos os
jornais!
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como o pereira que é o chefe dos detetives e investigadores está de
férias, o cardoso está quase morto e os demais agentes já tem
missões demais eu vou deixar esse caso na sua mão, mas aviso tá
sua panaca, novata, inconsequente, que se você fizer algo de errado
vou cair em cima de você, até sua expulsão da corporação,
entendido?
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sim senhor!
Naquele
instante ele recebeu uma ligação, era do hospital avisando que o
cardoso tinha falecido depois de meia hora no hospital, o telefone e
os estilhaços da bala haviam perfurado os pulmões e mesmo com os
cuidados médicos ele não sobreviveu aos ferimentos, a enfermeira
que ligou disse também que as últimas palavras dele eram caso 75,
caso 75.
O
delegado chefe abaixou a cabeça e chorou, ele e cardoso eram da
mesma delegacia e tinham estudado juntos na academia de polícia.
Luanna
ouviu uma parte da conversa e soube que ele tinha morrido, sua cabeça
estava a mil por hora, queria chorar mas sentia raiva demais para
isso, tudo ficou meio em parafuso na sua mente, ela ficou ali parada
em estado de choque até que alessandro veio até ela e lhe deu uma
sacudida:
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agora não é hora para prantear o cardoso, vá atrás do caso e
talvez você tenha a oportunidade de pegar quem fez isso com nosso
amigo, volta lá para dentro e vai trabalhar!
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sim senhor, ela disse e caiu em lágrimas, era um choro profundo
saído direto do desespero que sentia, pela culpa de ter matado seu
amigo e mentor ali na polícia, ela enxugou as lágrimas e entrou
para dentro do lugar, os sentimentos estavam confusos demais, ela
ficou pensando em tudo o que tinha ocorrido naquela noite, era como
se tudo não tivesse sido mais do que um minuto, mas já passava da
meia noite e pela primeira vez naquela noite ela se sentiu
profundamente cansada e enquanto subia pelas escadas até o terceiro
andar que até então não tinha ido, sua mente vagava por vários
momentos, mas quando subiu o último degrau para aquele andar ela viu
próximo a saída de incêndio um relógio que brilhava na escuridão,
com a mente embotada por toda essa confusão, ela demorou alguns
segundos até correr para o local, dando chance para que alguém
escapasse por aquela entrada que não tinha sido vistoriada ainda.
Ao
abrir a porta da saída de incêndio ela se deparou com uma escada
reta que descia até uma rua nos fundos do hotel e escutou passos
descendo as escadas, já alcançando o batente, mas ao invés de ir
atrás do suspeito ela preferiu pegar uma sacola que ele tinha
deixado cair ali no chão, cheia de objetos feito a base de ouro,
relógios, pulseiras, anéis e medalhas, mas o que mais chamava
atenção eram o número de broches que ali havia: seis, justamente o
número de mortes que havia até então dentro do quarto,
provavelmente ela tinha perdido a pista do assassino ou de alguém
que sabia o que havia ocorrido ali naquela noite.
Estava
decepcionada consigo mesma, duplamente decepcionada por se sentir
responsável pela morte do colega e por ter perdido a pista, sentou
se num dos degraus da escada e chorou até que um dos peritos chegou
perto dela e a chamou de volta a realidade ela entregou o pacote com
aqueles objetos e saiu na viatura, deixando dois guardas na porta do
local para novas perícias, tendo tomado o cuidado para pedir que
trancassem a saída de incêndio ao entrar na viatura percebeu que um
dos vidros estava levantado e no banco do passageiro havia uma carta,
ela abriu a porta pegou a carta e correu até os peritos contando
toda a história, pediu que um membro do esquadrão especial que fora
chamado para o caso verificasse o carro e foram encontradas duas
bombas, uma no câmbio e outra no acelerador, assim que ela
acelerasse até uma determinada velocidade iria acabaria indo pelos
ares.
A
viatura foi limpa de explosivos e levada de volta para o pátio para
ser periciada novamente e ela ganhou uma carona de outros policiais
para ir até sua casa, seu plantão tinha acabado e depois de tudo
que havia acontecido, o que ela mais precisava era de um bom e
merecido descanso.