João apesar da pouca idade era fascinado por bruxas, feitiço
e toda sorte de brincadeiras que envolvessem o mundo dos mistérios. Sua família
bem que tentou dissuadi – lo desse interesse, mas a proibição teve apenas o
efeito de aumentar ainda mais o seu interesse pelo assunto.
Quando fez cinco anos ele aprendeu na escola a usar o
computador e começou a pesquisar tudo o que podia sobre o tema, logo se tornou
um mágico amador bastante competente e começou a ganhar moedas para fazer
truques com moedas e bolinhas, mas isso não era o bastante, ele estava
realmente interessado em conhecer mais a magia e resolveu fazer algo que todos
não aconselhavam: O jogo do copo.
Era um ritual antigo para chamar espíritos que nos dias
atuais tinha se convertido numa espécie de brincadeira para jovens intrépidos e
estúpidos. No passado esse feitiço era usado como forma de barganhar com seres
que já morreram a fim de conseguir algum benefício e já teve efeitos catastróficos,
causando vários casos de mortes sem motivo e internações em hospitais
psiquiátricos.
Mas essa parte não era descrita na internet, apenas
mostravam a parte legal, e assim João resolveu tentar. Preparou toda a cena
necessária, colocou os copos em cima de uma mesa, tarde da noite após os pais
terem ido dormir.
Começou a invocar diversos nomes místicos até que por fim
perguntou se havia algum espírito na mesa e os copos se moveram e passaram por
cima das letras correspondentes a palavra sim, colocadas em cima da mesa.
_ Posso conversar com você? O garoto perguntou sem vacilar a
voz, mas com o coração quase saltando pela garganta.
_ Sim, mas você vai se arrepender se continuar. O copo se
moveu formando a frase.
O garoto ignorou o aviso e perguntou: _ Me diga seu nome?
_ Jack, os copos se moveram e no mesmo instante a vela se
apagou. Alguns minutos se passaram e o garoto já estava removendo os itens para
não ser pego pelos pais e acabar de castigo, quando começou um grande alvoroço
no quarto da pequena Sofia, a irmã mais nova de João que tinha apenas dois
anos.
Os pais correram para o quarto do bebê que ficava ao lado e
quando lá chegaram encontraram o corpo da filha completamente esquartejado e
uma inscrição na parede ao lado dizia:
_ Obrigado João, você me libertou do inferno! Assinado: Jack
o Estripador.
A mãe da criança ficou horrorizada, acabou morrendo em
estado de coma profundo, os médicos diziam que a cena tinha sido muito
traumática e era provável que a mente dela jamais se recuperasse.
O pai nos meses que se seguiram passou a beber e quase nunca
ia a casa, dizia ter medo do filho, falava que o garoto tinha feito um pacto
com o diabo e entregará a irmã para ter alguma coisa em troca.
A criança quando soube do ocorrido ficou em pânico, o pai ao
vê – lo lhe deu um soco e saiu carregando a esposa para o hospital, os vizinhos
o insultaram, até mesmo sua avó tinha o chamado de maldito.
Nada fazia sentido,
vez ou outra o pastor amigo da família vinha até a casa, lhe dava alguma comida,
orava, e ia embora. Sempre que ele voltava da escola a polícia passava na
porta, até que numa noite a voz de um homem o chamou do lado de fora.
_ Venha João é hora de você se tornar o maior mágico que já
existiu!
Interessado em aprender ainda mais, ele abriu a porta, no
mesmo instante não havia ninguém na rua, apenas um cachorro de olhos vermelhos.
O garoto tentou correr e fechar a porta, mas o cão num pulo caiu em cima dele,
impedindo o de se mover.
No instante em que a fera lhe paralisou uma voz entrou em
sua cabeça e disse é hora de receber o pagamento pela sua invocação garoto! Não
tenha medo afinal você me invocou!
E no mesmo instante a pele da pequena criança ia queimando e
pela boca dele o cão ia despejando fogo, mas não para o corpo, mas para a alma.
Tudo em magia tinha seu preço e aquelas palavras que ele usará para conjurar o
copo eram na verdade um pacto demoníaco para dar a alma dele em troca da
liberdade de um prisioneiro, dando até a especificação de quem queria que fosse
solto, um assassino que tivesse matado a própria mãe, um dos crimes mais
nefastos para a alma, que torna o ser que o comete um pária eterno.
A polícia encontrou o corpo do garoto incinerado na porta da
casa, o pai foi avisado e logo que se recobrou da bebedeira comprou gasolina em
um posto e embebedou todo o lugar, não deixou nada sem ensopar e depois quando
estava do lado de fora acendeu um fósforo e jogou dentro da casa, que no mesmo
instante se incendiou.
O homem acabou preso, foi para a igreja, e sempre contava
essa história para crianças que gostavam de magia.