sábado, 26 de dezembro de 2015

Mais duas histórias para vocês ( Que estavam ansiosos por elas! Não estavam?)

Tirando as presas do conde Drácula.


Depois desse meu furto no mosteiro, voltei a sair pelo mundo vestindo meu caso de Lobo mau, passei um tempo na África aprendendo a curar meus ferimentos e caçando terroristas, afinal se eles forem mortos por um porco perdem as setentas virgens e vão para o inferno.
Sai dali depois de ter me cansado de matar terroristas, fui para o sul da Itália, mais especificadamente para a Sicília e acabei servindo como matador de mafiosos. Quando uma família de criminosos desejava matar a outra, eu era chamado e sempre fazia meu serviço de maneira rápida e direta, cortando a cabeça do inimigo e pregando a em uma lança, era algo idiota mas eu não resistia a esse toque dramático.
Minha vida como caçador da máfia foi interrompida quando um exorcista vindo da Europa do Leste, me procurou na ilha onde eu morava junto com outras vinte garotas.
Era um velho que cheirava como uma múmia putrefa, começou dizendo que tinha ouvido falar que eu matava qualquer um por dinheiro, disse que poderia me pagar e que o próprio Papa me daria a benção pelos pecados caso eu conseguisse vencer a esse inimigo que ameaçava a própria existência da humanidade.
Bocejei depois de todo aquele falatório e perguntei: _ Quem seria o alvo?
_ O conde Vlad Dráculi.
Rapidamente peguei meu computador e peguei a ficha dele e nada foi encontrado.
Procurei nas enciclopédias e vi que ele estava morto há pelo menos quatrocentos anos.
Ri da cara do velho enquanto lhe mostrava a página falando da morte do alvo que ele tinha me falado.
Ele apenas fez um gesto e tirou do bolso um pequeno pen drive e pediu que eu visse; Era um vídeo de segurança, em modo de visualização por calor.
Mostrava uma jovem que corria pelas ruas de Budapeste, os sons eram estridentes, mas dava para ouvir os gritos dela pedindo socorro num inglês bem forçado com sotaque russo e parava num ponto, próximo a praça principal da cidade.
O vídeo parava ali, depois tinham as fotos de um laudo necroscópico que atestavam a morte da jovem sem nenhuma gota de sangue no corpo. Tinha sido sugada até a morte pelo vampiro em questão.
Vi aquelas cenas e perguntei mais interessado: _Quem é a gritadora sem sangue?
_Uma arqueóloga que trabalhava numa escavação na Romênia para procurar vestígios do Conde Drácula e acabou encontrando sua tumba perdida.
Foi incinerada após a retirada das fotos e o pó dos seus ossos colocado num vidro de água benta, que explodiu na mesma hora.
_ Tudo bem! Você me convenceu múmia falante. Mas eu quero outra coisa além de ouro. Eu sei que a igreja tem todos os pergaminhos sobre as lendas antigas, guardados na biblioteca proibida. Se eu vencer o conde Drácula, quero tudo o que vocês tem sobre o coelho da páscoa.
Ele me olhou espantado, parecia não acreditar que eu estava dispensando ouro e até a benção papal para pecados futuros, mas se recompôs rapidamente e disse: _ Posso garantir que você os terá assim que terminar o trabalho.
Ótimo parto agora mesmo, e dizendo isso sai da sala e pedi para uma das minhas garotas levar o padre para seu transporte.
Fui até meu computador na sala de armas e pesquisei tudo que havia na biblioteca de como matar anormalidades bizarras.
Encontrei o termo vampiro seguido das seguintes armas: Alho, Estaca, Prata e Água benta.
Teclei na minha impressora 3D e fiz algumas armas modificadas para disparar poções de alho e água benta, pistolas com munição de prata e um disparador de estacas de madeira, além disso um coagulante poderoso, com o qual eu enchi dezenas de granadas.
Peguei meu helicóptero e parti para mais uma batalha. Coloquei no andróide automático e fui almoçar no banco de trás.
Comi dois sanduíches e um vidro de coca – cola e dormi até chegarmos a Budapeste.
Meu andróide alugou um carro e me levou até um hotel, onde com um tapa na cara me acordou.
No mesmo instante saquei uma pistola que sempre carrego no bolso esquerdo inferior do casaco e disparei na cabeça daquela máquina abusada que quebrou o vidro e saiu voando pela porta.
Desci do carro, dei uma coçada nas partes intímas e sai assoviando uma canção dos anos 20. Que era mais ou menos assim:
Quando eu te vi.
Soube que era você.
Não havia nada a fazer.
Além de ficar parado.

Você chegou e levou meu carro.
Eu fiquei embasbacado.
E atirei no seu pneu.
E tu parou no hospital.

E morreu...
Quando eu soube que ia fugir com o João.
Te esganei com seu cordão.”

Me registrei no hotel e pedi duas garrafas de pimenta para alegrar minha noite. O porteiro ficou espantado com meu pedido e quase pensou em recusar, mas eu dei uma nota de cem euros para ele e logo fui rapidamente levado ao meu quarto, quase como se fosse rei e minutos depois tinha meus dois vidros de pimenta.
Dormi até a meia noite sonhando com vampiros e garotas vestindo sobretudos justos, quando acabei acordado por gritos que vinham dos quartos vizinhos.
Fiquei de mau humor e quase xinguei muito, mas depois prestei um pouco atenção e vi que os gritos das pessoas nos corredores pareciam ter cessado e em seu lugar tinham somente barulhos de pessoas gemendo e de sangue escorrendo.
Rapidamente peguei minha pistola e derrubei a porta num chute, lançando um vampiro que estava atacando uma prostituta no corredor.
Eles tinham vindo me caçar, mas como eu não tenho cheiro pelo fato de ser um desenho vivo, não souberam onde eu estaria e resolveram fazer uma boquinha de qualquer jeito.
Acabaram entrando em cada um dos quartos e sugando até matar cada um dos hóspedes.
Por sorte não entraram no meu quarto, mas para meu azar com minha barulheira eu tinha chamado a atenção de todo aquele pelotão de cem vampiros que tinha vindo me matar.
Narrando os fatos para vocês agora, imagino que o velhote deveria ser um deles e quando me contratou deve ter passado para os vampiros uma descrição geral a meu respeito.
Voaram para cima de mim pelo menos uns trinta seres branquinhos, parecidos com vegetarianos, e eu apenas atirava, minha pistola de estacas super aqueceu de tantos disparos que eu dei.
Os trinta vegetarianos, ops quero dizer, vampiros estavam ali paradinhos, quando os que foram para outros andares do hotel começaram a chegar pelos elevadores e escadas e a minha munição estava acabando, tinha apenas as granadas , provoquei eles mostrando minhas nádegas e no mesmo instante um dos vampiros mais nervosos veio em minha direção usando sua super velocidade e quando ele foi para cravar seus dentões no meu traseiro eu me virei rapidamente e joguei a bomba na garganta da besta e dei um chute na cabeça dele, fazendo o recuar para o grupo que tinha ficado parado me encarando.
Foi como jogar Napalm em humanos ou em coelhos, os vampiros começaram a derreter como se a pele deles tivesse sido exposta a um poderoso ácido.
Seus gritos ecoavam pelos quatro cantos e juntamente com o lamentar parecia uma sinfonia de guerra, mas eu não tive muito tempo para aproveitar aquela música dos pesadelos.
Quebrei a janela do corredor e pulei para fora, jogando no chão o meu pula – pula instântaneo, que furou após aparar minha queda.
Peguei o vidro de pimenta nuclear da Vovó e bebi duas gotas, no mesmo instante eu estava correndo próximo a velocidade do som.
Dei a volta no mundo tantas vezes que fiz todos voltarem para o ano 2000, as crianças voltavam a ser só uma célula e até meu papai voltou a ser só um adolescente chato, com excesso de livros e espinhas no rosto.
Quando o efeito parou eu tinha voltado no tempo, estava novamente no lugar onde tinha começado a correr, meu corpo estava moído e só então resolvi ler o rótulo que dizia: “Só tome mais de uma gota caso queira voltar no tempo. E na letra bem pequena vinha o aviso, em caso de querer consertar os erros cometidos, acesse www.desfazendocagadas.com/digiteaquiamerdaquevocêfez.”
Rapidamente comecei a pensar e me veio uma lâmpada de plasma: _ Eu poderia sumir com o Drácula e nada mais aconteceria e para provar que eu o tinha matado, era só arrancar suas presas.
Peguei um carro e parti para a Transilvânia. Andei por todos os castelos daquela região e depois de dezoito meses e muitas doses de pimenta, achei o tal túmulo, bem antes da arqueóloga russa.
Tirei o caixão dali e o levei até o alto de uma montanha e bem ao meio dia levantei a tampa, protegendo a cabeça com um capuz impermeável contra radiação solar, estava um sol forte que rapidamente dissolveu o corpo do mentecapto vampirão, dissolvendo a estaca que o mantinha desacordado.
No mesmo instante ele começou a se agitar dentro do saco, dizendo pragas e mais pragas contra mim.
Fiz quatro embaixadinhas com a cabeça do líder supremo dos vampiros e peguei meu carro, voltando para a cidade, onde invadi um laboratório de pesquisas em armas químicas com o saco e disquei pela rede o site da empresa. Quando eu terminei de discar, rapidamente apareceram milhões de duendes com caras de idiota, que começaram a apagar as lembranças de todos que eu tinha visto.
O caixão do Drácula assim como seu castelo de campo, até então desconhecidos foram incinerados e na minha frente eles abriram um portal transdimensional, com muito custo permitiram que eu levasse a cabeça, mas consegui convence – los e logo estavamos de volta ao nosso tempo normalmente anormal.
Novamente eu estava na minha ilha um dia antes do padre me encontrar. Rapidamente levei ele para o subsolo vesti meu avental de dentista, coloquei a cabeça num suporte onde ele não poderia se mexer ou tentar morder a mim, ou a uma das minhas garotas e extrai cada uma das suas presas, e não contente extrai os outros dentes também, colocando no lugar uma dentadura velha e meio podre.
Logo após coloquei o numa bandeja de prata lacrada e fui dormir, tomando o cuidado de colocar no cofre as presas do vampiro.
Antes que alguém me pergunte, quando eu voltei no tempo meu eu anterior simplesmente deixou de existir e as garotas que moram comigo na minha ilha, (As empregadas e as namoradas), no geral tem o QI muito baixo e não souberam da mudança nem por um segundo.
Acordei no outro dia com a visita do padre, algo na Romênia, os crimes de um maníaco que sugava as vítimas e que parecia ser inspirado pela lenda do conde Drácula.
Eu me fiz de bobo e quando ele me pediu para caçar aquela aberração fiz uma proposta inocente:
_ Quanto vocês pagariam pelo autêntico conde Drácula?
_ Ele me olhou espantado e disse que faria qualquer coisa para poder entregar aquela peste demoniaca para as autoridades eclesiásticas que dariam para sempre um fim em seu reinado de horror.
Rapidamente pedi que uma de minhas namoradas pegasse a bandeja e entregasse para o padre enquanto eu tirei do cofre as presas envenenadas daquele vil ser e pus elas num pires de café e mostrei para o religioso, que na mesma hora tirou seu disfarce e tentou me atacar.
Era um vampiro desde o príncipio. Malditos sejam os clichês de filmes de aventura fantástica. Ele pulou na minha assistente e disse que iria sair dali agora ou a garota iria ter a garganta rasgada e saiu com a cabeça do Drácula em uma das mãos enquanto o outro braço apertava o pescocinho sedoso e macio de uma das minhas namoradas.
E ao dizer isso apertou suas mãos que agora tinham um aspecto bolorento e cheiravam muito mal.
Deixei que ele se afastasse um pouco, enquanto eu pegava meu rifle mágico de caça. Carreguei com um super – hiper tranquilizante e disparei, acertando o no alto da cabeça.
O maldito caiu por cima da garota e quase a matou sufocada com a pressão feita pelo braço envolto em sua garganta e o mau cheiro que aquele corpo podre tinha.
Rapidamente salvei ela e mandei que a levassem para dentro e lhe dessem um bom banho, enquanto eu levava o maldito para o subsolo, e juntamente com a cabeça do Drácula que ele tinha roubado.
Amarrei ele nu numa cama de pregos e dei uma martelada forte na virilha, o choque psiquíco causado pela dor fez com que ele acordasse do tranquilizante.
Na mesma hora eu perguntei: _ Quem te mandou aqui?
Tua mãe! Seu idiota, ele respondeu e no mesmo instante eu cortei ele com uma faca de prata na região do abdomem, o sangue podre dele foi escorrendo pelo piso metálico do meu laboratório.
Sai um pouco para respirar um ar mais fresco, quando resolvi inspecionar os bolsos da batina que ele usava e me deparei com algo interessante, um anel de disfarce usado pelos iluminnati para protegerem se da humanidade.
Aquele anel permitia ao seu portador ficar imune a quaisquer tipos de fraqueza, tinha no seu meio uma jóia que protegia o portador contra qualquer tipo de ataque.
Eu sabia há muito tempo que o coelho da páscoa era o líder dos illuminati, após ter matado o imortal mestre Molay em uma batalha que durou cem luas.
Pelo menos foi o que eu ouviu de um índio bêbado na floresta amazônica, séculos atrás, após eu salva – lo da morte na mãos dos colonizadores espanhóis. ( Depois darei mais detalhes dessa história, não falo agora por que se não vocês perdem o climax da descoberta incrível que eu fiz, afinal eu também sou maravihoso, estupendo, incrível, magnífico, um verdadeiro herói).
Voltei a sala e o maldito tinha se libertado e vinha correndo para me atacar gritando:
_ Vou fritar você em uma frigideira! Porco maldito.”
Naquela hora eu fiz meu olhar de bandido mau encarado e tirei do meu casaco a minha arma mortal: O disruptor atômico – molecular.
Era apenas uma pistolinha amarelada que disparava um raio que fazia as células de qualquer criatura explodir até o indivíduo ficar em mil e um pedacinho.
Ajustei a arma para o volume máximo e disparei.
Ele caiu como uma fruta madura no pé e ainda tentou se arrastar até a mim, mas seu corpo se desintegrou antes que chegasse próximo as minhas patas.
Dele não sobrou nem dente e posso dizer o mesmo da ilha, cujas rochas começaram a se desintegrar.
Deixei o Drácula ali e levei tudo o que pude em pimentas e quadros para dentro do meu barco.
A Amanda que era minha namorada e secretária que ficava no barco se salvou, as outras estavam ocupadas vendo a novela italiana da tarde: O Drama os sete amores de Gaston Leparux e morreram quando a ilha toda veio a baixo com a desintegração, juntamente com a cabeça do rei dos vampiros que afundou no mar do sul da Itália.
Ainda hoje eu uso o anel e busco vingança contra o maldito coelho da páscoa.

Descobrindo uma forma de matar o coelho da páscoa.

Acabei conseguindo os documentos sobre a lenda do coelho com um mitólogo maníaco por remédios em Roma que já tinha conseguido acesso aos originais durante o período que tinha sido estudante no Vaticano e copiado os pergaminhos para si.
Trocou os rascunhos por duas dose s de Valium e ficou feliz quando terminamos nossa transação tendo sua overdose de tranqulizantes num beco próximo ao antigo Coliseu.
Eu estudei por semanas aqueles pápeis, por que a letra do cara era terrívelmente feia e acabei por descobrir um detalhe que me chamou muito a atenção.
O papai noel, ou são Nicolau na verdade não era um velhinho que dava crianças, mas um guerreiro que ajudava os indefesos contra as terríveis forças milenares do coelho da páscoa.
Fazendo parte da antiga e extinta ordem dos caçadores de monstros. Um grupo monástico que tinha por missão acabar com as forças do mal mitológicas e pagãs, mas que foi extinto na era moderna quando as pessoas deixaram de ver sentido na sua luta. Pelo menos era o que os pápeis diziam.
Quanto ao coelho ao que parece tinha sido uma criatura das trevas, um ser utilizado por Caim em um sacríficio profano na tentativa de se livrar da sua maldição eterna.
A criatura foi queimada no fogo e mesmo assim sobreviveu, matando a Caim com sua vara de apartar ovelhas e saindo pelo mundo a procura de novas vítimas.
Pouco se sabe da sua vida a partir daí, só volta a ser mencionado entre os povos Celtas como o demônio que transforma crianças em doces em forma de ovos.
Ao que parece todos os cronistas e copistas que mencionavam as lendas do coelho acabavam morrendo inexplicavelmente durante a próxima páscoa. Até os irmãos Grimm tinham evitado essa parte da história do coelho, contando somente as partes boas que alguns sábios da antiga Germânia lhes contavam (provavelmente eram bêbados ou covardes para falar bem de um dos maiores inimigos da humanidade).
Daí o fato que poucos sabiam da sua real história.
A lenda terminava dizendo que para matar aquele ser demoníaco era necessário encontrar a espada do Natal, uma arma feita de energia que poderia queimar a terrível fera e manda – la de volta para o inferno que era seu lugar.
Li aqueles rabiscos com tanto interesse que perdi a noção do tempo e mal parei para comer, quando terminei estava faminto, guardei o caderno no meu casaco e sai para comer uma pizza de pimenta e beber um pouco de conserva de malagueta mexicana.
Agora eu sabia como mata – lo e tinha a certeza de que ele estava por trás de todos os massacres e tragédias, usando um anel dos iluminatti para andar entre os homens sem ser visto.
Antes de entrar na pizzaria coloquei aquele anel no dedo e foi uma sorte pois após eu ter entrado eis que surge na porta da Pizzaria: O Frankeinsten, gritando a seguinte frase: “ Eu vou matar o porquinho!”
(Esperem até o próximo episódio para saber o que esse monstro feio, cinzento e fumante quer comigo! Acreditem vai ter muita ação e ossos partidos)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Aventuras, biografias e uma garrafa de pimenta malagueta


A verdade não está lá fora.

Quando eu pensei em escrever essa história pensei em ter coisas legais para falar a vocês: Tais como batata frita, refrigerante ou carne assada, mas a vida desse porco é regida pelo código de merdas, então toda vez que eu faço algo tem de dar uma merda forte.
Eu entrei de férias, quis ir para a praia no Rio de Janeiro, abri o portal e montei no primeiro cachorro que vi, dando asas para ele e jogando uma sela no dorso do animal que ficou a princípio um pouco tenso, mas depois parou de resfolegar e foi correndo pelo céu.
Enquanto eu ia voando pelos céus como um cometa, passei por uma praia deserta onde vi um monte de anjos atacando uma pobre guerreira, já completamente despida, aquela cena me aqueceu mais do que pimenta no fogo.
Entrei na briga e pus os anjos para correr, ataquei dois deles com um míssil e os demais voaram ao meu redor, gritavam coisas como “Morra demônio! Ou agora será seu fim, besta.”
Eu acertei outros dois com uma granada e os quatro que sobraram foram mortos pelo meu machado zumbi que mordeu as asas deles, fazendo com que perdessem o equilíbrio e assim eu pude perfurar o coração deles com vários tiros.
Eu me vesti como príncipe encantado e me preparei para dar um beijo naquela bela guerreira, que ao sentir o toque do meu focinho, me deu um soco tão forte que me fez ir do Rio de Janeiro até o Mato Grosso em um único arco nos céus.
Meu coração estava palpitando: Tinha dado meu primeiro beijo e tinha ganhado um soco, isso era bom demais para ser verdade.
Pus minha mochila foguete e dez segundos depois eu estava na mesma praia, mas não havia nada mais ali além de um forte cheiro de enxofre.
Foi quando uma voz falou na minha cabeça: Você precisa prender aquele demônio ou sofrerá as conseqüências pelo seu crime.
Eu fiquei parado enquanto a voz ia me dando visões daquela mulher que tão meigamente tinha me dado um soco e que tinha me deixado delirante de amor.
Até que por fim recomeçou com o blá, blá, blá. Falando que o destino da Terra dependia de mim.
Eu estava pensando como é que o papai (O escritor). Poderia ser tão repetitivo ao ponto de criar mais uma história com demônios? Será que ele não se cansava desse mundo das trevas pelo menos por um dia?
Mas como eu não podia mudar minha história resolvi aceitar o chamado e vesti meu manto sagrado, coloquei minha esfera cósmica no bolso, meu cartão Você pode tudo e cinqüenta quilos de armamentos e por fim peguei minha Katana que tinha no cabo os ossos de vinte coelhos.
E assim fui procurando por aquele demônio belíssimo, vaguei como um mendigo por vários continentes.
Lutei contra dragões na China, apenas para vender suas escamas.
Dei uma volta na Austrália para aprender boxe com um Canguru chamado Rock e poder comer carne humana com os antropófagos da Tasmânia.
Fui até Nova York e subi até o topo do Empire State, depois de seqüestrar uma loira vestindo um macacão preto e amarelo, que acabou pegando uma espada e nós lutamos lá no alto e lá em cima eu usei o velho truque do: “Eu sou seu pai”, ela abaixou a guarda para dar uma risada e nesse instante acabou cortada ao meio, os pedaços caíram no chão e eu acabei sendo preso pelo pessoal do FBI que ficaram realmente nervosos ao me verem com tantos explosivos.
Tentaram me apagar de diversas formas, com tiros, bombas, borracha azul... Mas nada adiantou, então eles me mandaram numa missão até Paris para matar o chefe de uma organização terrorista que estava prestes a soltar um novo vírus que tornava as pessoas do mundo em zumbis pervertidos que gostavam de comer genitálias e todo o resto do corpo.
Jogaram-me dentro de um avião com uma arma e algumas munições dizendo que a missão era secreta e quando estavam sobrevoando Paris me chutaram do avião em pleno vôo.
Enquanto eu caía tocava ao fundo aquela música legal do filme missão impossível e eu me senti como um super espião, vesti um terno em plena queda livre e antes que eu percebesse, já estava agarrado a Torre Eiffel.
Lá em cima vi a minha amada, quero dizer inimiga que a voz tinha me mandado matar.
E ao lado dela estava uma guerreira ninja, vestida de branco que segurava uma espécie de corrente, o toque daquela arma fazia minha amada queimar e eu como um grande apaixonado subi rapidamente recorrendo a um pombo a quem dei uma gota de pimenta malagueta que o fez voar bem alto indo de encontro ao avião secreto, entrando em sua turbina e matando os ocupantes.
Nesse momento eu novamente estava no céu, ganhando altura, meu estômago doía de fome, afinal não comia nada desde a carne humana na Austrália alguns parágrafos atrás.
Liguei para um disque pizza e pedi tudo o que ele pudesse produzir de pizza em meia hora, paguei com meu cartão de crédito ilimitado e no mesmo instante um caminhão contendo variados sabores de pizza estava lá embaixo me esperando.
Tinha anchovas, pepperoni, frango, coelho, quatro queijos, cinco presuntos, lingüiça ( de coelho, afinal não mato meus parentes).
Desci rapidamente como todo desenho animado pode fazer usando o tele transporte mágico comi toda pizza, bebi cinqüenta litros de refrigerantes e para evitar a soneca bebi um vidro inteiro de pimenta concentrada da mamãe porquinha, na mesma hora cresci e me tornei uma montanha de músculos e com um pum subi até o topo da torre, causando um leve amassar que a fez ficar um pouco menor.
O problema da pimenta é que ela causa grande flatulência me dando a aparência de musculoso, quando na verdade os gases enchem todo o meu lindo corpinho, e com aquele pulo, meu estômago tinha ficado um pouco mexido e no mesmo instante comecei a disparar uma rajada de gases tóxicos que fizeram o céu de Paris ficar verde escuro.
A luta das duas guerreiras estava terminada, minha amada tinha perdido novamente, (lamento dizer que ela era meio que saco de pancadas, tudo por que quem está escrevendo gosta de me ver sofrer em situações engraçadas, humilhantes e apaixonantes.)
A guerreira que a segurava pela corrente tinha um cristal no peito e eu me lembrei dela numa lista que vi no FBI enquanto comia um pedaço de rosquinhas dos policiais, e quando fui descoberto culpei o terrorista que eles tinham acabado de prender de ter as envenenado com algum tipo de poção secreta que ele colocou no seu dente.
Era a assassina do cristal, uma guerreira sagrada que tinha matado o presidente Kennedy, John Lennon, Getúlio Vargas e outras personalidades históricas.
Atrás do capuz branco dela pude ver que estava quase vomitando, seu aspecto estava verde e acabou caindo desmaiada, deixando a corrente cair, e minha amada bater com a cabeça no chão, em cima de uma placa de metal onde se lia: “Não pise na grama”.
Agora é a hora onde todos esperam que eu chore muito e tenha uma luta com a guerreira desmaiada, mas na verdade é que eu peguei o primeiro tele transporte para a África caçar os caçadores de elefantes, por diversão.
Gostava de me vestir igual a um caçador usando peles de um lobo que eu venci com as mãos nuas.
Aliás, antes de acabar essa história vou lhes contar como ganhei minha roupa de lobo. Sentem se e aproveitem que dessa vez não terá nenhum demônios, apenas uma daquelas histórias mais psicológicas do meu passado como criança triste cercada no mundo cruel.

Fiz um casaco da pele do lobo mau.

Eu nasci em uma casa feliz, na vila dos porcos felizes. Todos ali eram capitalistas, gostavam da coca – cola até que um dia chegou o lobo mau, se passando por defensor dos porcos mais pobres e acabou levando minha vila ao caos.
Logo ele estava nos jornais do mundo inteiro, tinha conseguido se eleger jogando os pobres contra os ricos, os rosados contra os manchados e por fim ninguém mais se entendia para nada.
Conseguiu um exército de raposas e hienas para vigiar a cidade e matava todas as semanas os porcos descontentes.
Minha mãe conseguiu escapar comigo e meus três irmãos e nos passamos a viver numa grande planície.
Plantávamos e colhíamos, mas tudo mudou quando nossa mãe morreu: Meu primeiro irmão era um hippie que não queria morar numa casa sem contato com a natureza e se mudou para uma casa na árvore feita de barro.
Meu segundo irmão era um ambientalista e se recusava a morar numa casa que tivesse uma agressão a natureza e foi morar numa casa feita somente de materiais reciclados.
Como eu era o irmão mais velho fiquei com a casa toda para mim. Lia os jornais do mundo dos desenhos e soube que os lobos rondavam a região, tentei avisar meus irmãos, mas eles eram idiotas e não me escutaram. Eu então tratei de melhorar as defesas da casa, colocando armadilhas por todos os lados.
Quando soube que o lobo tinha atacado a casa do hippie na árvore e tinha assado ele, não dei nem bola e depois quando o mesmo aconteceu com o ambientalista eu apenas limpei minha espada.
Quando eles vieram, metralharam minha casa toda e quando avançaram através da grade, cairão em várias armadilhas.
As raposas e as hienas correram ao verem troncos, espinhos e bombas explodindo seus irmãos. Apenas o lobo mau ficou.
Ele agora era um chefe guerreiro e soube que uma família de porquinhos tinha escapado e resolveu unir seus melhores guerreiros para matar aqueles fugitivos enquanto filmava tudo pela TV e ganhava dinheiro com apostas.
Meus irmãos não duraram nem dez minutos, mas eu estava disposto a sobreviver não importa o que custasse.
Assim que ele arrombou a porta da minha casa, eu ataquei o com minha espada.
O golpe decepou as pernas dele que caiu surpreso pela minha rapidez.
Eu não dei tempo para ele respirar, subi em cima de um armário e aterissei com a espada no peito dele que antes de morrer deu um último suspiro: Salve o coelho da páscoa.
Apaguei e não me lembro de mais nada, acordei no hospital da vila dos Porcos, eu tinha me tornado o herói daquela gente que após servirem de almoço para os vilões resolvera reagir, tinham matado os outros guardas, quando viram na TV, o lobo mau morto.
Fui me recuperando e quando pude andar fui levado até o gabinete de crise e ali ganhei o casaco, os porcos alfaiates que ainda restavam tinham tirado a pele dele e feito um casaco para mim e um empalhador tinha feito um troféu com a cabeça do Lobo mau.
Vesti aquele casaco e me senti bem, vinguei meu pai que acabou sendo comido pelo Lobo mau.
O prefeito que assumiu interinamente me entregou também uma série de papéis onde se viam as transações escusas do lobo com o coelho da páscoa que tinha roubado todo o petróleo da região. O lobo também tinha enviado para ele todo o ouro que havia nos cofres da vila.
No mesmo dia eu parti em busca da destruição do coelho da páscoa, queimei minha casa e sai carregando somente minha espada e meu casaco. E assim começaram minhas aventuras.
(Agora é a parte que você fica feliz ou chora de emoção ao pensar em todo esse sangue, ou no sofrimento dos porquinhos vendo seus familiares sendo comidos e ainda tendo de servir aos assassinos).

Eu venci o bicho papão.

Minha jornada depois me levou por lugares inóspitos, tive tempo de treinar com os mestres: Yoda, Kame, Obi Wan, Merlin, Senhor Miagy, Pai Mei, Sherlock Holmes... (Viu o tanto que eu sou classe A?)
Até que um dia depois de todo esse treinamento eu cheguei numa vila a leste da cidade Roma, todos os habitantes do local estavam deitados e se contorciam em dores profundas, todos estavam na mesma posição e quando escureceu vi o motivo; o senhor dos sonhos tinha sido possuído pelo bicho papão, um vilão que rouba a paz dos sonhos das pessoas.
Eu sabia que precisava elevar meu QI para atacar aqueles bandidos, por isso tirei meu televisor de 42 polegadas do casaco e peguei umas fitas do telecurso 2000 e fiquei assistindo até pegar no sono.
Ainda não sabia para que servia a fórmula de Baskara, quando me vi num sonho.
Acordei num especial do Roberto Carlos e da Simone cantando suas canções sem fim, as pessoas da vila estavam amarradas nas cadeiras e a cada nova música pareciam murchar e se contorcer em espasmos de puro tormento e dor.
Alguns vomitavam outros pareciam desmaiar, mas na mesma hora eram acordados por pequenos demônios verdes que davam choques na costela das pessoas fazendo com que ficassem acordadas.
Estávamos em um teatro, e eu estava num camarote, tinha que tirar aquela gente da agonia dessa música ruim, pulei para o chão e no mesmo instante apareceram milhares de bestas armadas até os dentes.
Eu não tinha nada ali, além de cadeiras onde aquelas pessoas estavam amarradas, então rapidamente peguei uma delas e joguei para cima das bestas que ficaram atordoadas com aquela ação e fui agachado por entre as cadeiras correndo como um louco.
Cheguei ao palco e chutei a Simone para fora do palco, ela caiu fazendo um barulho estranho e explodindo em seguida.
No mesmo instante o Roberto me atacou, atingindo um soco direto em mim, que usei a força da pancada para me impulsionar na parede, bater os pés e voltar com mais força contra aquele cantor horrível, dei uma mordida na jugular dele que caiu no chão, rindo.
Você é valente porquinho! Bem que o coelho da páscoa me avisou que viria tentar me deter. Mas ainda bem que eu tenho grandes amigos na yakuza japonesa e eles não se importaram em me emprestar algumas dezenas de ninjas.
(Naquele momento surgiram milhares de caras  até no teto, armados de espadas e shurikens. Suspirei aliviado ao saber que eu tinha a força do roteirista do meu lado, caso contrário estaria perdido totalmente.)
O vilão sumiu numa nuvem de fumaça e no mesmo instante, começaram a voar coisas pontudas na minha direção, peguei uma daquelas facas e comecei a correr entre as pernas deles, cortando a artéria da perna e deixando os caídos.
Até que vi próximo da entrada um ogro de seis metros de altura, com uma clava que parecia o osso da perna de um Tiranossauro.
(Sério, que mente pervertida pode escrever um personagem para fazer esse tipo de coisa? Você é doente? Só pode, mas prossigamos nessa cena maluca, onde eu terei hematomas, escoriações, lesões e traumatismos).
O monstrengo estava ali parado, os ninjas estavam brincando com meu corpinho quando num instante de extrema lucidez eu coloquei minha mão em minha testa e sai dali, voltando para meu corpinho.
Ao meu lado na pensão estava um monstrengo todo deformado que parecia um zumbi e que ainda se vestia com o terno do cantor de dentro daquele teatro maluco.
_ Vejo que você voltou! Agora poderemos ter nossa batalha final.
E ao dizer isso sacou uma arma e começou a disparar como um louco, eu corri para debaixo da cama e apertei o botão de pânico dentro do casaco, no mesmo instante tinha em minhas mãos duas katanas feitas para cortar a carne podre de zumbis.
Sai dali e já fui tratando de cortar o bicho, que após perder o corpo tentou fugir na forma de uma fumaça sinistra. Sem pensar duas vezes eu puxei todo o ar e prendi o bem dentro do meu estômago, só o soltando quando ele parou de se debater.
Foi o meu pum mais fedido e barulhento. Apontava o gás intestinal para todos os lados e ia causando uma destruição total, quase como se meu ânus tivesse se tornado um lança – chamas dos infernos.
Ao fim daquela sessão de descarrego gástrico a cidade estava totalmente destruída, seus habitantes reduzidos a pó e até mesmo a grama que tomava conta das ruas e calçadas tinha sido incinerada.
Senti-me mal por tudo aquilo quando vi nos céus um dirigível com o símbolo do coelho da páscoa me observando do alto e indo embora, após ver todo o massacre que eu tinha causado.
Depois daquilo passei um século meditando em meio a um mosteiro na China antiga para me purificar, via relatos de vários lugares sendo atacados pelos homens do coelho da páscoa, de vampiros e lobisomens destruindo vilarejos e eu nem me movia, esperava que um sinal me indicasse à hora de agir.
Meu sinal veio, quando acabei dando um colapso nervoso após ficar cinco anos sem comer carne. Acabei desenvolvendo uma segunda personalidade mais agressiva e mais idiota que me disse para seguir, sai dali, roubando todas as armas antigas que serviam como museu para os turistas gastarem dinheiro.
Novamente eu estava em marcha para combater as forças do maligno coelho da páscoa.




terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Um porco paranoico.



Meu nome é Marcos Paulo, e eu escrevo simplesmente para lhes narrar como acabei sendo responsável por trazer ao nosso mundo um personagem dos quadrinhos. Um suíno baixinho de pele rosada que anda por ai de barba e bigodes, é um tipo que parece um mendigo, fede e fala muito palavrão e que tem uma única missão na vida: Matar o coelho da páscoa e como ele é um desenho animado e não pode ser ferido, então já imaginaram a encrenca que será.
Para quem gostava de ver desenhos antigos, onde os animais trocavam tiros, se explodiam e jogavam o planeta de cabeça para baixo deve imaginar o tamanho da encrenca que minha ação trouxe para o mundo.
O leitor no entanto deve estar se perguntando como eu pude fazer isso? Como eu consegui quebrar as regras da física e da química? Tudo é culpa de uma cigana, que me vendeu um lápis que ela dizia ser mágico, paguei 30 reais para ela que saiu rindo da minha cara, enquanto eu fiquei com aquela sensação de que tinha sido feito de trouxa.
Gosto de desenhar, apesar de ser péssimo desenhista e nesse dia apontei meu novo lápis e comecei a rabiscar um personagem, não tinha nada na cabeça então fui montando os traços de qualquer jeito e escrevendo algumas características da personagem, como se não tivesse mais nada para fazer, acabou saindo um porco paranoico, viciado em pimenta malagueta, depravado com um inimigo bizarro.
Ele odeia o coelho da páscoa e acredita que as galinhas são vítimas do sádico coelhinho por isso põe ovos de chocolate, após terem seus corpos violados por ele.
Eu estava com sono e fui escrevendo toda sorte de referências bizarras que eu podia me lembrar, até que deixei cair o papel de lado e fui dormir.
Já passava das quatro da manhã e quando eu acordei no outro dia tinha um porco pequeno, com uma barba curta e olhos vazios, quase dementes. Vestindo um sobretudo castanho bem sujo, estava me perguntando onde estava o coelho da páscoa.
Eu acordei assustado, pulei da cama, derrubando ele para um canto, procurava o papel e o lápis, mas nenhum dos dois estava mais lá, até que vi o porquinho terminando de roer o lápis e depois soltar um brutal arroto.
Minha cabeça estava estourando, não sabia mais o que fazer. Tinha trazido ao mundo um personagem de desenhos com uma série de defeitos, nem de longe pensava que o tal lápis da cigana era real e fiquei por alguns minutos parado, olhando tudo em volta. Quando vi o porquinho saindo pela janela, e pulando o portão.
Ele foi até um cachorro grande que passava e mudou de roupa magicamente, se tornou um cowboy e saiu esporeando o cão, que louco de dor corria em círculos tentando se livrar daquela criatura.
Notei no entanto que ninguém além de mim estava vendo aquela cena, todos passavam e apenas mencionavam o fato do cachorro ter ficado louco.
Até que uma criança, não deveria ter mais de quatro anos e perguntou para sua avó: O porquinho está batendo no cachorro por que? A velha muito rispidamente puxou o menino sem entender o que ele estava perguntando e saiu com uma cara azeda.
Vendo que aquela situação poderia gerar confusão, eu corri até a geladeira e peguei um vidro de pimenta e apontei para ele, veio no mesmo instante quase magnetizado e pegou o vidro e o abriu e foi bebendo quase que com conta gotas, dando gemidos de prazer a cada gota que caía em sua língua quase como se tivesse extasiado, depois de beber o vidro todo em trinta minutos caiu no sono e dormiu por três dias e quando acordou parecia um bêbado, bateu na minha cara e pediu para que eu acordasse.
Acorda seu babaca, preciso saber onde é o banheiro?”
Ali na porta do lado, apontei e voltei a dormir, enquanto ele sentava no sanitário e cantava uma canção chorosa enquanto gemia fortemente, minha mãe gritava comigo para sair rápido do banho, sem entender que eu continuava dormindo longamente.
Me acordou novamente e perguntou o que tinha para comer, eu mandei ele se virar e preparar alguma coisa. Como me arrependi de ter feito isso após, ver como ele fizera um verdadeiro banquete, tinha feito macarronada, pizza, lasanha, carne assada no forno, arroz a grega, galinhada.
Quando senti o cheiro da comida, acordei espantado e olhei a geladeira, por sorte ele não tinha acabado com a comida.
Vendo meu espanto, ele riu e tirou do bolso um cartão onde se lia: Tudo o que você quiser.
Minha mãe acordou comigo comendo juntamente com ele, e tive de inventar uma longa série de mentiras para explicar, como eu que cozinho pouco, tinha preparado um verdadeiro banquete medieval.
O porquinho ria da minha cara, baixinho e eu fui ficando estressado, até ao ponto de gaguejar e começar a passar mal.
Quando minha mãe terminou de comer e foi ao banheiro peguei aquela bolinha de pelos e lancei na parede, fez um barulho tremendo, e eu fingi ter batido meu joelho na parede.
Olhei para ele com uma cara fechada e ele desapareceu, sumiu. Pensei que tinha terminado meu tormento. Mas não tive tanta sorte, na manhã seguinte ele reapareceu com uma caixa de chocolates, um pacote de batatas fritas e um macaco numa jaula para mim e um cartaz feito toscamente em cartolina que dizia, “Me desculpa, papai”.
Suspirei desalentado, tudo bem eu te perdoo, disse com voz cansada e uma tristeza aparente, ele no mesmo instante fez estourar trinta caixas de foguetes e soprou uma corneta.
Rapidamente eu fiz um gesto para que ele se calasse e entrando na mente dele, sussurrei ao seu ouvido: “ O coelho da páscoa pode te ouvir e mandar as galinhas te matarem, fique quietinho e não faça tanto barulho”.
Ele apenas acenou com a cabeça e saiu correndo por todo o quintal, procurando galinhas e coelhos e depois de alguns segundos, voltou vestido com um macacão do exército, com o rosto camuflado e disse: “Tudo seguro papai!”
_ Precisamos treinar o macaco para conseguir rastrear coelhos, leve ele para uma mata e treine o em combate e furtividade.
Ele saiu dali com o macaco na gaiola e eu fiquei quatro semanas sem ver aquele porco, comecei a pensar que estava começando a ficar esquizofrênico, mas para minha sorte ele voltou num momento em que eu precisava muito de ajuda.


Meu porco me salvou de um assalto

Sai para uma viagem em Goiânia por motivos de saúde, voltei para a cidade já a noite e estava tendo uma tempestade grande e a energia tinha caído, não se via nada nas ruas, eu ia caminhando rápido, até que ao virar uma esquina senti uma faca nas minhas costelas e logo depois um cara, alto de rosto branco e olhar insano me disse para passar tudo o que tinha.
Eu fiquei em choque, a escuridão e a chuva fizeram aumentar a adrenalina no meu sangue, me deixando paralisado, o bandido me deu um soco e eu cai ao chão, meu nariz tinha se quebrado, tudo ficou meio turvo e me lembro somente do meu porquinho aparecer e pular no bandido, pegando a faca dele e começando a acerta – lo, várias vezes, fiquei ali parado enquanto ele parecia possesso, arrancando cada pedaço do bandido e jogando num carrinho de churrasco que fez aparecer, as partes daquele homem caiam na grelha do carrinho, protegida da chuva por uma lona como se fossem bifes e depois de tê – lo matado, comeu os pedaços de carne com molho de tomate, enquanto a chuva corria loucamente.
Lembro somente de ter apagado, enquanto escutava barulhos de sirene. Acordei no hospital. O soco no nariz tinha interrompido minha respiração, fechando as vias aéreas e por muito pouco não morri.
Estava todo enfaixado quando acordei com um enfermeiro gordo, que cantarolava uma melodia de amor colocou no soro uma dose cavalar de dipirona que entrou nas minhas veias queimando, até chegar ao ponto que meu braço parecia estar em chamas.
Minha mãe veio e ficou horas comigo, até ficar muito cansada e ser substituída por uma de minhas tias. Meu porquinho só apareceu tarde da noite. Ficou todo feliz me puxando pela roupa do hospital e dizendo que tinha treinado o macaco para ser um operativo ninja, e que eu não precisaria me preocupar que agora ninguém iria me fazer mal, pois aquele mísero macaquinho iria me proteger.
Olhei bem para o animal, o remédio estava parando de fazer efeito e eu estava começando a sentir dor, o macaco estava vestido como um ninja e só se viam os olhos, lunáticos e insanos, olhando ao redor com uma frieza louca.
Aquela situação me deu medo, principalmente quando um enfermeiro do turno da noite veio me ver e o macaco pegou uma faca de cozinha que tinha nas mãos e fez um corte profundo na espinha do profissional que caiu no chão, morto sem nem ao menos reagir, enquanto o animal voltará para sua posição próxima a janela.
Ele me olhou como se esperasse aprovação, apenas disse lhe para falar ao macaco atacar somente quando eu gritasse. Ele chegou no ouvido do bicho e depois respondeu afirmativo e sabia que mais nenhum enfermeiro iria morrer.
O caso do enfermeiro foi considerado como um ataque cardíaco que tinha gerado uma paralisia na coluna, lamentei muito pela morte dele, não queria que aquilo acontecesse.
E iria lamentar mais ainda quando ligaram a televisão e eu vi, uma reportagem especial, um estúdio de filmes infantis estava queimando, vários profissionais de animação tinham as cabeças arrancadas e seu sangue estava por toda a parte e uma mensagem estava escrita em neon.
Morte aos inimigos dos humanos! Os aliados do coelho da páscoa pagarão”.
Horas depois chegaram umas crianças que estavam assistindo em casa a um filme sobre o coelho da páscoa, um desenho bobo que o pai tinha baixado da internet e dado para o filho naquela tarde, do computador da empresa onde trabalhava como técnico em informática.
Só falavam que um porco tinha invadido a casa, batido nelas dizendo para não verem aquilo, se não ficariam hipnotizadas pelo grande inimigo dos seres humanos e levado o DVD embora, saindo pela janela, batendo os braços como se fosse uma ave.
Mandaram chamar uma psicóloga e depois uma psiquiatra e dois pastores também passaram pelo quarto dos dois irmãos, todos na cidade acharam estranho aquilo e os boatos de um porco falante a partir dali se tornaram uma lenda urbana no município de Pontalina.

Eu tento treinar um porco na arte da guerra usando o cinema e falho consideravelmente.

Só fui ver o porco novamente quando estava em casa, já tinha me curado, mas não podia fazer movimentos repetitivos ou muito intensos.
Minha mãe tinha saído para ir a igreja e ele apareceu me trazendo alguns livros que rapidamente inseriu no meu tablet, fazendo os se transformar num pequeno cartão de memória.
Não estava falando nada e eu sabia que a paranoia com o coelho da páscoa estava no auge naquela cabeça, tentei acalma – lo e confesso até tentei fazer ele se sentir melhor, puxei o e abracei aquele porquinho, granadas do seu bolso e ele começou a falar frases sem sentido:
Por que os humanos ficam do lado inimigo?”
Será que Deus não irá punir a esse maldito coelho pervertido?”
Falava e chorava, até chegar a um ponto onde a cozinha da minha casa já estava começando a inundar. Disse apenas que ele precisava lhes mostrar a verdade, não mata – las se não elas iriam ter medo dele e o que os humanos temem, eles matam.
Dizia cada palavra com uma dificuldade tremenda, puxando a respiração a cada frase. Meus pulmões pareciam estourar, eu me levantei e caminhei até o computador, entrei num site de scans positivos, histórias de honra e coragem com heróis, ensinei ele a baixar e a ler as revistas e fui dormir.
Pensei que agora ele iria melhorar, tendo menos loucuras na cabeça, como eu estava enganado.
Ele usou seus poderes para criar as revistas, e abriu um porão embaixo do meu quarto, para onde foi carregando milhares de títulos. Ele ficou louco lendo revistas em quadrinhos, mas para meu azar não eram sobre os heróis com honra, mas sim os anti – heróis, os caçadores de recompensa, sem moral ou código de honra que interessavam a ele, consumiu todo o conteúdo dos sites de quadrinhos, dentro da tal fortaleza, enquanto eu ia lá uma vez ou outra, mais preocupado com aquele suíno doido, que ora aparecia vestido de Darth Vader e em outros momentos treinava tiro ao alvo com um coelho de pelúcia posicionado num alvo imaginário e após alguns tiros passava a acertar somente na cabeça.
Eu saia dali com medo, já estava com aquela criatura há dois meses e daqui dois dias seria o mês da páscoa, as lojas iriam se decorar de motivos do tema, passariam propagandas na TV, no rádio e até idiotas se fantasiariam de coelho para poderem levar outros imbecis a comprarem como loucos.
Tive uma ideia para tira – lo da Terra por um mês, criei num site de notícias falsas uma mensagem onde um repórter dizia que seriam mandados coelhos para a estação espacial afim de testarem novas experiências.
Fui o mais falso possível para que ele não percebesse o quanto eu estava preocupado, mostrei pelo tablet a notícia e esperei que ela tivesse o efeito desejado, ele sumindo da Terra por um bom tempo, procurando onde lançariam o foguete e como destruir os coelhos.
Mas na hora ele se agarrou em mim e se teleportou para os EUA, invadindo a área restrita da NASA, depois quando percebeu não ser ali, invadiu a área 51, nos dois casos eu era deixado a uma distância longa, enquanto ele entrava nas bases e destruía metade da paisagem.
Depois de destruir a área 51 e sair de lá carregado de itens de alta tecnologia que trouxera como souvenir, ele nos teleportou de volta para casa.
Fez alguns reparos no porão que agora se estendia por quase um quilômetro e era sustentado por vigas de aço. Montou um mega laboratório e só parava para tomar um vidro de pimenta malagueta a cada doze horas, parecia totalmente focado naquilo e eu me arrependi de ter enganado ele quando terminou de montar sua base, dizendo com um sorriso:
Agora nenhum coelho vai para o espaço matar nossos astronautas”. Enquanto no computador, se via todos os satélites de defesa conectados naquela sala, ao menor sinal de uma espaçonave saindo, ela seria deletada na hora.
O porquinho de algum modo tinha conseguido hackear todos os sistemas de segurança globais e poderia usa – los para atacar qualquer aeronave interespacial que fosse vista nos radares e para o azar dos pilotos, sete dias depois um grupo da estação voltou a Terra e quando entrou na nossa atmosfera, os satélites apitaram loucamente e ele apenas correu até um botão instalado na parede, que dizia em casos de coelhos, quebre.
No mesmo instante oito misseis nucleares de diversos países foram lançados no rumo do foguete que se transformou numa terrível bola de fogo nos céus, criando uma nuvem tóxica nas camadas mais elevadas que passou a impedir os seres humanos de viajarem para o espaço, se formou na segunda camada, uma espécie de anel de radiação que selou as brechas da camada de ozônio, impedindo a destruição ambiental do planeta.
Mas acelerou por todo mundo um surto de evolução como nunca antes se viu, a natureza em vários pontos começou a mudar, a crescer e ficar mais forte.
Os primeiros relatos nos jornais falavam em Cangurus começando a desenvolver cidades, depois vieram serpentes na China que se organizavam para atacar humanos e por fim, nuvens de moscas que conseguiam atacar como soldados de uma legião.
Aquele porquinho te causado a salvação da crise ambiental causada pela poluição, mas agora tinha tornado necessário aos seres humanos se adaptarem as novas condições ou abandonar o planeta.
Após uma série de catástrofes que devastaram grandes áreas do mundo nas semanas que se seguiram, com leões e humanos brigando por espaço, o governo dos EUA resolveu abrir um programa para se colonizar Marte.
Milhões de pessoas se ofereceram para viajar ao planeta vermelho, eu era uma delas, no aeroporto milhares de outros jovens estavam unidos para tentar se salvar, minha mãe tinha sido atacada por um grupo de cães raivosos, enquanto voltava da igreja, os cachorros cercam ela e um grupo de senhoras que voltavam sem escolta armada para os abrigos.
Não foi encontrado nada para eu fazer um enterro digno para ela e desde então não conseguia mais dormir passei a comer mal e quando ouvi sobre as colônias em Marte me vi na oportunidade de mudar tudo, de deixar tudo para trás.
Mas quando entrei no avião e decolei rumo aos Estados Unidos, meus olhos se abriram e eu vi o porquinho me cobrindo com sangue de coelhos.
Ele tinha me esmagado por engano, excitado quando eu lhe falei sobre o plano do coelho para ir ao espaço, tinha sem querer feito aparecer uma bigorna que havia me esmagado o crânio.
Na mesma hora ele reconstruiu minha cabeça, mas tinha me deixado completamente calvo e com um bigode gigantesco que simplesmente não sumia, crescendo novamente minutos após.
Os coelhos mortos tinham vindo de um pet shop em Goiânia onde vendiam coelhos como animais de estimação, ele atacou a loja, o criador, decapitando seu dono e roubando todos os animais.
Me contou que cortava a cabeça deles e derramava o sangue em mim, enquanto minhas células nervosas iam se reconstruindo devido ao uso excessivo de um remédio chamado ImagineX que estava me reconstruindo por dentro.
Perguntei se tinha algum efeito colateral e ele meio sem jeito falou:
Surto e alucinações, você verá e sentirá tudo que sua nova cabeça criar como real”. Fechei os olhos e respirei fundo, no mesmo instante vi uma cena onde eu esmagava o crânio daquele maldito porquinho e ela me pareceu tão real que eu podia sentir até os gritos dele.
Passei alguns minutos nesse frenesi assassino quando ele me acordou, jogando um dos corpos daqueles coelhos mortos no meu rosto.
_ O remédio que te salvou papai, agora vai te deixar maluco. Mas pensa pelo lado bom, não vai mais escrever com lápis, afinal agora você vai viver todas as suas aventuras e ao terminar de dizer essas palavras puxou o lápis mágico de um dos bolsos e me mostrou, eu rapidamente tomei dele e disse para não pegar minhas coisas.
Dei lhe uma missão de procurar o coelho da páscoa na China e ele partiu montado num pitbull que tinha sido selado para tal fim.
Rapidamente após vê – lo partir, peguei um papel e comecei a desenhar um portal dimensional que levaria ele direto para um mundo de desenhos animados, com diversas outras personagens, onde ele se tornasse algo comum.
Desenhei o portal para aparecer como um grande X no meu quintal, e logo que sai do meu quarto e fui checar, lá estava a marca bem no local onde eu tinha planejado.
Seis horas depois, o porco volta e nós começamos a conversar sobre as missões dele, o que tinha feito desde que sairá em sua busca, até que num determinado momento mudei de assunto e perguntei:
_ Foi você que fez aquele grande X no quintal?
_ Não fui eu não!
_ Então será que foi o coelho da páscoa que marcou a casa para nos destruir?
_ Ele rapidamente foi até lá e quando encostou o focinho no chão para cheirar a tinta do portal, uma grande luz surgiu do céu e o sugou para o mundo dos quadrinhos, o reino onde habitam todas as histórias fantásticas ou não.
Eu enfim acreditei estar livre dele para sempre, até mesmo reencontrei o papel com as anotações dele, caído atrás de uns arbustos.
Tranquei o lápis e o papel com as anotações do Paraoinc em um cofre dentro da minha casa, no porão secreto que ele criou, onde estavam todos os quadrinhos. Quarenta anos se passarão desde que ocorreram os fatos dessa aventura e minha vida tinha voltado a ser normal, nada mais de desenhos animados e coisas malucas, tinha me tornado somente um professor de história com grande foco na família e que ainda consumia quadrinhos em larga escala.

A Volta e o batismo do Paraoinc

Tinha notícias do porquinho sempre que algum produtor dizia escrever, filmar ou desenhar algo relativo a páscoa e de uma hora para outra os desenhos começavam a desaparecer como se fossem apagados.
Muitos paranormais acreditavam ter uma emanação mística maldita por trás do coelho da páscoa, mas na verdade eu sabia que o porquinho estava agindo no mundo da imaginação.
Me casei aos trinta e seis anos, depois de ter passado num concurso, o meu velho quarto na casa da minha mãe, continuava lá. A casa estava fechada e somente nas férias eu ia lá junto com ela, para darmos uma arrumada e pagarmos os impostos.
Eu gostava do lugar e todas as vezes, mesmo que com mais dificuldade ia até o porão, acendia as luzes e via tudo arrumado, toda aquela aventura ali e eu sem poder contar nada a ninguém, fazia parte do meu segredo.
Mas na minha última vez ali naquela casa, precisei levar minha mãe ao médico, ela tinha se machucado ao tentar tirar a poeira de um armário e corria o risco de ter quebrado algo.
Deixei meu filho sozinho na casa, Aquiles era seu nome e ele me causava problemas só pelo pavio curto, no geral era um garoto exemplar, seria perfeito se não tivesse um mau gênio e fosse quase arisco como um animal selvagem.
Sai com a avó do menino rumo ao hospital depois de fazer mil e seis recomendações para que tomasse cuidado. Ele apenas me fitava com os olhos aparentando tédio.
Nos saímos de carro a toda velocidade e ele entrou correndo dentro da casa e foi diretamente ao meu antigo quarto, e por algum grande azar encontrou a passagem para o porão, escondida embaixo da cama e ali viu todas as coleções e aparelhos eletrônicos, mas algo o fascinou ainda mais: O cofre colocado por mim próximo a parede.
Ele era obsessivo com criptografia, adorava decifrar códigos e ao ver o mecanismo foi logo tentando abrir ele.
Tendo uma boa memória e me conhecendo tentou os números dos filmes de espionagem e detetive, acabou conseguindo a combinação quando tentou 007221b
Ele abriu o cofre e encontrou um lápis e a folha do porquinho que eu tinha reencontrado quando ele foi sugado para os céus no grande raio.
Rapidamente leu os esboços do porquinho e começou a acrescentar mais detalhes. Eram a princípio somente quarenta palavras sobre o porquinho, ele fez os detalhes do passado dele até atingir a folha inteira e depois continuou até a outra, rasgando uma revista antiga que estava jogada numa mesa e continuou escrevendo até se sentir cansado e adormecer.
Eu voltei do hospital, após saber que minha mãe tinha apenas torcido o pé e que ficaria em observação por algumas horas, e quando ao chegar chamei o nome do meu filho e não ouvi nenhuma resposta fiquei preocupado, rapidamente corri a casa inteira e só então me lembrei do porão.
Entrei pelo alçapão e vi as luzes ligadas. O cofre estava aberto e o lápis jogado próximo a entrada. Numa parede no canto esquerdo do lugar estava escrito: Até breve papai.
Eu fiquei transtornado, peguei uma folha de papel e fui criando um novo personagem, precisava salvar meu filho e a mim mesmo, precisava deter aquele porquinho e assim nasceu o paradoxo, no instante que eu terminei os esboços cai no chão e já não era mais humano, minhas feições tinham se modificado e eu agora era um dos meus personagens, tinha me tornado o Paradoxo: O senhor do tempo e do espaço, precisava agora sair dali e usar o portal do tempo para voltar e impedir a mim mesmo de escrever aquele porquinho.
Mas no exato momento em que eu ia sair, o portal em forma de X me sugou para dentro de si e numa luz brilhante eu desapareci.

Acordando nas terras animadas

O portal tinha me levado até um deserto, no céu se viam umas letras escritas em amarelo: Numa galáxia tão, tão distante. Um guerreiro apareceu para salvar o povo da escravidão do lorde Dragão Sith de Gêmeos.
E no mesmo instante apareceram uma centena de monstros há uns trezentos metros, eram zumbis, orcs, e toda sorte de criaturas que vinham em minha direção.
Eu sai correndo, esperando conseguir alguma vantagem para poder enfrenta – los, quando tropecei em um sabre de luz laranja e quando me levantei já estava vestido com uma túnica cinzenta, peguei a espada do chão e dos meus lábios surgiu a seguinte frase: “Pelos poderes de Grayskull, eu tenho a força!”
No mesmo instante o sabre se acendeu e o simbolo do batman apareceu no céu assustando os guerreiros que partiam em debandada, enquanto eu ia atacando os com o sabre jedi. Me movia na velocidade da luz até que num determinado momento da luta, um raio caiu na minha cabeça e eu gritei involuntariamente: “Shazan!” e na mesma hora, ganhei super – força e ultra agilidade.
Voei em poucos segundos batendo nos guerreiros que faltavam e quando o deserto estava lotado de cadáveres eis que aparece o porquinho vindo ao meu encontro:
_ Papai, você está bem? Perguntou e foi me abraçando com carinho, eu confesso que tive vontade de mata – lo, mas me mantive quieto e perguntei:
Estou bem, quero saber onde está meu filho? Ele me olhou meio encabulado e disse: _ Ele voltou, o portal trouxe você e levou ele de volta para o seu mundo.
Eu fechei os olhos, as pálpebras cansadas e perguntei:
_ Você sabe como voltar para a Terra?
Ele riu e me olhou: _ Claro que sei, é preciso apenas encontrar o mago!
_ E onde este mago está?
_ No fim da trilha de tijolos brancos. E quando ele terminou de dizer isso, apareceu uma estrada que seguia para o norte, rumo a um palácio congelado.

Seguindo a trilha dos anéis.

A estrada de tijolos subia e descia em espirais que por vezes nos fizeram enfrentar dragões, lobisomens e até a um vampiro zoófilo que queria transar com o porquinho para nos deixar passar, mas que acabou sendo morto por ele, após chama – lo de pequeno.
A raiva fez aquele suíno crescer e ficar do tamanho de uma casa, seus músculos saltaram e ele bateu tanto no vampiro que ele acabou reduzido a pó, o gigante então preparou uma tigela de sucrilhos com banana e pegou o pó de vampiro e colocou no meio, comendo tudo e depois soltando um arroto que fez as árvores de um bosque próximo fugirem assustadas, deixando um pequeno templo perdido no meio delas exposto.
Chegamos a porta do lugar que estava fechada, havia algumas inscrições no chão, que não podiamos entender, por estar quase anoitecendo.
Nessa hora lembrei que o porquinho sabia ler quase todos os idiomas e usando o sabre de luz acendi o local e pedi que ele lesse as inscrições.
O cérebro dele começou a emitir uns barulhos estranhos e alguns segundos depois saiu um papel de sua boca com uma frase impressa:
Para entrar grite Sauroom com voz fina. Rapidamente o porquinho gritou e lá de dentro começaram a sair vilões e mais vilões, que fugiram levando o meu sabre de luz. Provavelmente para fazer coisas que não vem ao caso descrever, afinal crianças podem vir a ler essa história.
O porquinho entrou no lugar, que pareceu vazio, enquanto eu, vestido novamente de maneira normal o acompanhei.
Descemos o local por uma escada em forma de caracol até chegar a um amplo pátio, onde se viam várias mãos feitas em pedra maciça, cada uma continha um anel, sendo ao todo um total de 12 anéis na sala toda, três em cada canto, mas em uma das paredes as mãos estavam sem os anéis que tinham sido levados.
Enquanto eu ia analisando cada uma das mãos que tinham inscrições que explicavam o que o anel fazia, o porquinho ia pegando cada um deles:
Primeiro se tornou uma mulher, depois ganhou bafo de fogo, depois pegou outro anel que o fez ficar com os pés gigantes, nesse instante eu olhei para ele e vi uma asiática assando um espetinho de coelhos, enquanto coçava seus pés que pareciam duas enormes canoas indígenas.
Me virei para um dos anéis que eu ainda não tinha checado e vi nele escrito a frase “ A roda da fortuna, aposte com a sorte”.
Peguei ele rapidamente e no mesmo instante apareceu um apresentador que me pedia para rodar a roleta, onde estavam escritos desde coisas como: Ganhou uma vaca, até caiu no poço cheio de cobras.
Rodei a primeira vez e caiu no passe para seu parceiro, o porquinho então veio e rodou e então apareceu: O dobro ou nada.
Naquele momento surgiu mais uma roleta e nos dois rodamos no mesmo instante. Eu cai em batalha pelo tesouro e o porquinho em viagem a ilha da sua fantasia.
No mesmo instante eu fui mandado para uma espécie de calabouço, cheio de criaturas malignas e o porquinho foi parar numa ilha paradisíaca cheia de mulheres vestindo fio dentais minúsculos.
Ele se divertiu para valer disse que ficou dois dias naquela ilha, enquanto se divertia de várias maneiras com todas aquelas moças. Quando eu o revi novamente, ele estava me mostrando na câmera do celular, as diversas fotos que tinha tirado, todas tão obscenas que nem posso descrever.
Mas estou avançando a história, primeiro tenho de contar para vocês como eu escapei do calabouço.
Fui pelos telhados usando meus poderes matei as baratas que ali caminhavam que ao cair no chão ativavam as armadilhas preparadas para me matar, depois que o telhado acabou, fui correndo, enquanto atravessava um caminho cheio de flechas que saiam das paredes dispostas a me destruir até que por fim pulei em cima de uma bola de pedra e fui me equilibrando enquanto aquele enorme rochedo redondo ia avançando por uma espécie de túnel até que cheguei em uma arena onde eu me vi cercado por diversos gladiadores, que usavam uniformes espaciais e carregavam armas a laser gigantescas.
Eu usei meus poderes como mestre do tempo, para parar a realidade, roubei uma das armas dos meus adversários e acertei os demais e só então voltei a realidade ao normal, no mesmo instante os tiros disparados que estavam estáticos, foram até seus alvos e eu venci a primeira batalha. No mesmo instante os corpos carbonizados dos primeiros inimigos cairão ao chão e caiu do céu novamente o meu sabre laranja e eu voltei a estar vestido numa longa túnica marrom que agora fedia a pântano e na minha frente apareceu um velho baixinho vestido com uma roupa preta que gritou: “ Eu sou seu pai” e ficou parado esperando receber um abraço, eu avancei até ele numa velocidade que fez toda a arena voar pelos ares.
Cortei a cabeça dele e no mesmo instante apareceu um mapa com o caminho até o mago.
Fui enviado de volta para Sauroom, a sauna dos vilões e o porquinho também voltou de suas férias felizes.
Eu estava terrivelmente cansado e com uma fome imensa, estava fedendo horrivelmente enquanto aquele suíno parecia feliz e contente, cheirava a talco e estava vestindo um roupão de seda francesa e tinha um monte de marcas de beijo por todo seu pequeno corpo.
Fiquei furioso com ele, a inveja daquela paz e calma me fez ficar fora de mim e num instante me vi em cima dele, atirando o para cima e o cortando ao meio.
Naquele instante eu acordei em minha cama, estava ensopado de suor, minha mãe estava ao meu lado na cama. A chuva caía forte lá fora e o porquinho não estava mais lá.
Eu ainda tinha várias faixas cobrindo meu rosto e a respiração doía muito.
Tudo tinha acabado, pensei eu afinal, mas quando amanheceu vi o quanto eu estava errado. Um macaco pulou pela minha janela e me entregou uma carta e ficou parado exigindo uma gorjeta, dei para ele uma moeda de 1 real e rasguei o papel e ali dentro estava o esboço do porquinho feito por mim.
Não sabia o que fazer, resolvi que não iria rasgar aquele personagem e por fim o abracei com carinho, mesmo que fosse apenas insanidade minha, tinha sido um dos sonhos mais legais que eu já tinha passado, lágrimas cairão no papel e no mesmo instante um X surgiu no chão do meu quarto e eu acabei sugado para novas aventuras.
_ Não há final! Te decepcionei? Espero que não afinal ninguém é melhor que eu e se o papai não soube mostrar minhas qualidades é por que ele é um escritor um tanto medíocre para descrever minha personalidade marcante e explosiva, mas fiquem firmes que nas próximas histórias quem irá escrever serei eu mesmo.

Assinado: Paraóinc, ou Paranoico; PS: Eu me dei esse nome após vê – lo num anúncio de hospital psiquiátrico

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...