sábado, 22 de agosto de 2015

Redenção e a volta do Hotel da morte.



As vezes sou visitado por criaturas de vários tipos para me contratarem em missões de assassinato, busca e resgate.
Não costumo olhar muito para a cara nem para o tipo de quem está me contratando e isso já me levou diretamente para diversas armadilhas.
Tenho uma recompensa no inferno que vários caçadores tentam conseguir após eu ter matado a esposa de Satã e fugido de sua penitenciária mais brutal.
Naquela noite, assim que sai de minha tumba, Karina tinha deixado um bilhete dizendo que precisava me encontrar a negócios.
Como era ela que me servia de secretária depois de muito me torrar a paciência, roubei um terno de um idoso que tinha sido assassinado numa troca de tiros entre policiais e milicianos na zona leste paulista e fui até o local combinado.
Chegando lá encontrei a sentada num bar conversando com um homem cujos pensamentos eram brutais, naquela mente só tinha um objetivo me matar!
Rapidamente percebi do que se tratava e fugi do local, contudo não percebi que a região toda estava dominada de demônios serviçais.
Não era um idiota caçador, fugitivo do inferno para me pegar e subir de posto, era um duque infernal, pois quando virei uma esquina tentando fugir dos lacaios fui cercado por vinte cavaleiros infernais montados em motos.
Um deles mais afoito, atropelou meu corpo e antes que minha cabeça caísse no chão, outro deles me pegou em suas garras e fui carregado até o chefe deles que me colocou em cima da mesa, deixando atônita a mulher que tinha me levado até aquela emboscada.
A idiota soltou um grito ao ver meu corpo separado da cabeça e rapidamente recebeu um balaço disparado por uma arma amaldiçoada, o que condenou sua alma a vagar pelo inferno por toda a eternidade.
Me fingi de morto no meio disto tudo, enquanto usava meus poderes para irradiar ódio nos guardas, sabia que o chefe deles era imune aos meus poderes mentais, mas aquelas bestas feitas das entranhas do inferno só sabiam matar e sua mente era suscetívelf a ataques neurais.
Ele apertou meu crânio com suas unhas e no mesmo instante senti uma dor cruel, era como um porre muito forte misturado com um tiro que atingisse meus ossos, algo incrivelmente doloroso para se fazer a um cadáver.
Apaguei e quando voltei a mim estava diante da Peste um dos quatro cavaleiros do apocalipse. Ele tinha uma mensagem do monarca do inferno para mim, a qual eu não podia negar sob pena de ser eliminado da face da Terra.
Fui colocado no centro e um círculo infernal e me foi feita uma proposta, eu deveria voltar no tempo e eliminar a filha da Morte, e arrancasse o coração dela e trouxesse para o mensageiro dentro de cinco dias.
Não tinha escolha se não aceitar a ordem daqueles caras, me foi dado um corpo para possuir cujos ossos tinha magias profanas de identificação, o que me tornava um alvo fácil, e me foi dado uma arma antiga, uma lãmina vinda diretamente do mal primordial, a adaga de Belhet Kazam, O primeiro necromante que existiu.
Sai dali após entrar no corpo e derrete - lo, fui escoltado até um carro de ultima geração onde encontrei uma maleta contendo detalhes do meu alvo e o local onde eu deveria a encontrar.
Era uma moça bonita que estaria teve um encontro com o Destino e lhe conferida uma função como a guardiã do mundo dos mortos visto que sua mãe, portadora do dom tinha sumido após se confrontar com Apolo.
Andei até uma estrada de terra, após sair de São Paulo, até chegar num sítio onde vários corpos estavam estirados no chão e um portal tinha sido aberto, um demônio me mandou ficar no meio do portal e naquele mesmo instante eu fui transportado de volta no tempo.
Me deparei há poucos metros de distância de uma jovem fugindo do reformatório, era Amanda, segui ela mantendo uma distância mínima, mas na hora em que ela adormeceu e eu pude ataca - la de maneira covarde, ganhando minha liberdade, senti pena, era apenas uma garota com as roupas sujas que tremia de frio, protegida somente por um papelão.
Eu não iria matar alguém naquelas condições, fugi dali e rapidamente senti que meu corpo ficará vermelho, era o sinal que eu havia falhado, diversas criaturas me cercaram, e eu lutei corajosamente pela minha vida, mas a cada golpe que eu dava perdia partes de mim, até que no instante final, em que eu pensava já estar morto um homem vestindo um capuz aparece e profere algumas palavras em um idioma estranho, uma luz vermelha se acende do cajado dele e no mesmo instante todos aqueles abutres e cães infernais se tornaram somente pó.
Ele vem até mim devagar, sem pressa, pega a adaga com a qual eu lutava e num gesto rouba toda minha energia vital.
Meu espírito no entanto após aquela boa ação que tive ao não matar uma inocente, foi enviado para o céu. Como eu não era uma alma comum, mas um matador, meu caso passou a ser julgado no conselho dos maiores, composto pelos arcanjos: Miguel, Rafael e Gabriel.
Eles demoraram horas decidindo sobre o que deveria ser feito a meu respeito enquanto eu ficava sentado, aquilo foi me cansando até que por fim eu falei umas verdades para eles:
"_Prestem atenção, eu tenho uma porrada de erros dos quais não me envergonho, sou alguém que matou mais gente do que muito psicopata, no entanto, fui eu e não um de vocês que salvou o mundo do conde Drácula dois séculos atrás, ou que matou aquela bruxa de nome Morgana, quando ela planejava transformar todos os humanos em animais comestíveis. Eu sou um completo filho da puta, assassino, psicótico, mas posso ajudar aos humanos se me for permitido viver novamente."
Blefei tudo o que consegui, minha cara era horrenda na forma espíritual mas acho até que consegui convencer aos alados de que eu não era totalmente podre, fui levado do tribunal e semanas depois me foi permitido treinar junto aos angelicais querubins, eu iria me tornar algo especial, eles iriam me usar em missões totalmente arriscadas.
Tentei conseguir mais informações acerca disso, mas nada me foi contado e a partir de então eu era levado para um salão de pancadaria, cercado por uns vinte soldados e a luta era generalizada, esse início era só o aquecimento para destravar os músculos e nenhum golpe muito forte era permitido, depois exercicios com lâminas contra alvos móveis, como os anjos voavam, os deles eram no céu, os meus eram em terra e passados alguns meses eu já conseguia não ser atingido por nenhum dos disparos e ao fim de dois anos, já completava as provas mais rápido que os anjos mais habilidosos.
Minha cama era uma espécie de cela, adaptada com alguns livros, era um claustro de um exorcista angelical mandado para a Terra que nunca havia retornado, seu nome era Rachaminov.
Após muitos outros treinamentos, eu fui novamente mandado para a sala dos grandes, levado por um líder da casta dos guerreiros que relatou todo meu progresso e depois saiu.
No mesmo instante, os três grandes, me levaram até o monte mais alto, era uma espécie de ordenação. Perguntei a eles o que iria acontecer e ganhei de Rafael uma resposta seca: _Você será o novo Atalaia divino, mandado a Terra para proteger a humanidade. E nada mais foi dito, subimos uma longa sequência de escadas até o alto de tudo, onde um ancião que parecia ter em sua fronte bilhares de anos nos aguardava.
Seu corpo era coberto por uma veste alva e seus olhos brilhavam com uma força tão grande que era impossível olhar para ele e não ser cegado por aquele brilho.
Ao chegarmos perto dele, os três arcanjos se ajoelharam e disseram: _ Pai fizemos conforme o ordenado e saíram de volta aos seus postos.
Não sabendo que eu estava diante de Deus, me atrevi a perguntar: _ Quem é você? A resposta veio de uma maneira que derrubou toda minha impáfia: _ Eu estava lá quando você nasceu, eu estive junto ao nascimento de todas as crianças, sou a última esperança dos que não tem saída...
Eu o interrompi perguntando novamente: _ Vai me dizer que és Deus? E ele com paciência me perguntou? _ Por que eu não seria? Olhe para seu corpo e veja sua real aparência.
No mesmo instante minha face putrefa e meu corpo espiritual podre estavam novamente normais, eu era um humano como outro qualquer e debaixo dos meus pés, toda lama que eu carregava.
_ Aquilo são as culpas e os erros dos mortos que seu corpo absorveu, você canalizou essa dor para dentro de si e destruiu seu espírito, mas agora eu lhe perdoo dos seus pecados e lhe dou a permissão para voltar a Terra, tal como seu coração deseja, mas há uma condição que precisarás cumprir: _ Você terá que limpar a alma dos humanos, que se viciaram em doutrinas demoníacas como o Marxismo. Sua tarefa é levar a verdade, extirpando o mal, em seu trabalho você terá muitos inimigos e está totalmente liberado para tratar destes do jeito que quiser.
Sem pensar eu gritei aceito, feliz de uma forma completamente radiante.
Naquele instante meu corpo foi recoberto com uma armadura e um cinto com uma espada pendia de minha cintura e segundos após tudo aquilo tinha sido reduzido a um mero anel em meu dedo.
_ Você é Didacus, aquele que ensinará aos bons e punirá aos maus.
Foram essas as últimas palavras que eu ouviu, perdi a consciência e quando voltei estava dentro de um Hotel, abandonado onde espíritos eram mantidos subjugados para que se abrisse uma porta constante entre o mundo dos mortos e a terra, era um hotel de morte e em meu coração, senti que deveria destruir aquele mal para proteger a humanidade...

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...