Fim Trágico
A
verdade era que ele não sabia o que fazer depois daquela noite
trágica, era sua primeira vez no crime, tinha apenas uma missão
simples, assaltar o joalheiro do bairro e seria aceito para a gangue.
O
Senhor Shutz, era muito querido na vizinhança, tinha quase noventa
anos e ainda continuava a trabalhar todos os dias, ajudava aos
necessitados e sempre ia a igreja todos os domingos, sua loja era
pequena frente aos novos shoppings, mas vivia lotada de pessoas que
levavam para ele relógios para arrumar, pediam que fizesse joias,
sempre estava lotado.
Seu
nome ganhou por várias vezes o troféu de melhor comércio da
cidade, todos gostavam dele, menos o líder da gangue Cobras, que
assolava o lugar e queria dar uma prova de poder ao assaltar no
centro da cidade, local que até então nunca tinha sido atacado por
ninguém.
O
garoto era o Jean, um rapazinho franzino, filho de um policial
assassinado e de uma mãe que vivia para lavar roupa e manter a casa
juntamente com seu irmão mais velho Rafael, soldado da guarda
municipal que vez ou outra sofria ameaças e tinha que sumir de casa.
A
família dentro das possibilidades nunca passou necessidades de nada,
mas Jean, era um adolescente rebelde e crescia com sonhos de riqueza
e luxo, logo cedo se envolveu com as drogas, logo cedo abandonou a
escola e não conseguia parar em nenhum emprego.
Fugiu
de casa naquela noite, pegou a arma, num bar, ponto de drogas da
gangue, e saiu, era algo simples demais, mas de algum modo não era
tão fácil como parecia...
A
porta estava aberta, várias pessoas estavam lá dentro, era uma
reunião de vários senhores idosos, que seguravam suas mãos e
entoavam um canto, macabro que assustou profundamente o garoto, que
não conseguia se mover, suas pernas pararam ali e um grito saiu de
sua garganta, no mesmo instante os velhos se aproximaram, e suas
formas iam mudando para aberrações sinistras, monstros horrendos e
ele num instinto primitivo atirou contra a cabeça de um daqueles
seres, o projétil no entanto entrou e saiu sem que causasse nenhum
mal.
As
bestas se aproximaram do rapaz e comeram seu corpo, pedaço por
pedaço e quando tudo acabou, o sangue dele foi lambido do chão até
não sobrar nem ossos daquele rapaz.
A
gangue não soube o que havia ocorrido, se soubessem não teriam
mandado mais oito bandidos semanas depois que tiveram o mesmo fim.
Aquele
lugar era um vórtex, de onde infernais caídos se comunicavam com
seu mestre, que os avisava quando estranhos vinham ali para praticar
o mal e lhes dava permissão para sugar lhe os fluídos vitais
enquanto mais uma alma decaía ao inferno.
Aquele
rapaz não foi o primeiro e muito menos o último, sua mãe e seu
irmão até hoje não fazem ideia de onde ele esteja e choram a dor
de uma saudade sem explicação.
Cilada para um exorcista
Manuel
tinha acabado de se formar como exorcista, no Vaticano, sua família
a cada geração tinha tido um exorcista e ele não fugiu a tradição,
era um rapaz jovem, de origem humilde da região do Porto, logo foi
mandado para trabalhar para a igreja no Brasil.
A
antiga colônia lusitana, tinha perdido seu exorcista, Dom Emanuel
Borges, vítima da idade avançada e agora jazia desguarnecida frente
as potestades infernais.
Manuel
desembarcou no Rio e logo foi levado para a antiga casa do seu
antecessor, onde se instalou com suas poucas posses, era uma pena que
não tivesse tido tempo para ligar para sua mãe e lhe contar tudo o
que estava acontecendo, toda semana ele viajava, mal tinha tempo para
comer, eram muitas viagens, muitas orações, aquele povo parecia
estar sendo massacrado pelo demônio.
Careciam
de fé e eram vítimas da imoralidade em todas suas esferas, vilas
inteiras no interior eram atacadas por surtos de febres diabólicas
que matavam várias crianças em cada estação.
Passados
seis meses de trabalho constante, ele voltou para casa, mas naquela
noite, ele foi atacado, um espírito maligno que estava na Terra há
muito tempo, foi mandado para acabar com a vida daquele jovem
exorcista, para que ele parasse de ajudar as pessoas e que assim a
guerra entre o bem e o mal seria vencida e o último lado ganharia
aquela nação e poderia começar o Apocalipse na Terra.
Lúcifer
sabia que quando a batalha começasse no Armagedom, o Brasil seria o
último lugar a cair frente a ruína que se espalharia, a última
nação a perecer e o arcanjo caído queria mudar esse quadro, queria
perverter o Brasil de modo a tornar aqui uma base permanente do
inferno na Terra.
E
naquela noite ele teve sucesso, a mente do pobre Manuel foi devastada
por um mau súbito e nem mesmo os amuletos sagrados puderam o
proteger daquele mal noturno que veio o destruir.
Phobos
o antigo Deus grego do medo tinha conseguido mais uma missão com
sucesso
Mil
anos atrás, uma guerra dimensional começou, uma batalha nos reinos
do submundo pelo controle das almas.
As
hostes infernais atacaram o Hades, o Hell e foram devastando e
conquistando todos os infernos por onde passaram até se tornarem uma
ameaça a todos os reinos, gastaram nessa guerra de conquista mais de
mil anos, até que por volta do ano de 2015 conseguiram unir todos os
infernos, tinham a maior parte do controle das almas, somente no
Oriente, não conseguiram, por que ali as passagens infernais tinham
sido seladas, muito tempo atrás por um Samurai mago, que selou as
com sua alma e assim controlando uma hoste de trilhões de trilhões
de guerreiros o Arcanjo caído esperava conseguir agora tomar os
acessos do rio Estige e assim acessar a Terra para começar o
apocalipse final.
Tropas
de guerreiros seguiam em Leviatãs patrulhando cada entrada, muitas
tiveram sucesso em sua missão, outras no entanto foram atacadas por
criaturas abissais, seres muito antigos que habitavam o rio e não
gostavam de viajantes.
A
terra estava sendo invadida aos poucos, misturando se em meio aos
humanos, os seres bestiais estavam envolvendo a Terra na iniquidade,
enquanto os deuses e os anjos não percebiam a real dimensão do
problema...