domingo, 30 de abril de 2017

Laboratório na rua 34

Na rua 34 havia um antigo complexo de pesquisas fechado após um incêndio anos atrás.
Os moradores próximos desde então escutavam passos, gritos, gemidos e viam luzes todas as noites.
A polícia era chamada mas nada era encontrado.
O local virou a lenda da cidade e um grupo de garotos resolveu apostar quem teria coragem de dormir ali dentro.
João, o mais corajoso topou a aposta. Iria ganhar 500 reais ao todo na segunda feira.
Os pais do rapaz não suspeitaram de nada.  Ele disse que iria passar a noite com sua avó.
Chegou no local as cinco da tarde. Pulou o muro e seguiu. Com uma barra de ferro arrombou o cadeado e entrou.
O cheiro de podridão era forte. Logo não aguentou aquele odor terrível e putrefo e vomitou e quando se abaixou viu a cabeça de um mendigo dez passos a direita.
Era um senhor que tinha passado por ele várias vezes catando lixo.  Rapidamente tentou correr, mas as pernas travaram. Um tentáculo horrível o prendeu.
Ele ainda carregava a barra de ferro e num golpe desesperado acertou o que chamou de monstro.
A criatura soltou o por alguns instantes dando o tempo necessário para ele correr.
O rapaz ainda carrega na altura dos quadris marcas de queimadura que ele diz ser fruto desse contato.
Sua mente retorna a cena por várias e varias vezes, esta preso nesse cenário e provavelmente não irá sair.
Toma medicamentos fortes e tem de ser contido a noite, pois ataques de pânico no escuro e tenta desesperadamente fugir.
Trecho do diário do doutor em psiquiatria Abdul Alzahred

sábado, 29 de abril de 2017

Bilhetes

Pedro e Jorge eram dois amigos de infância. Viviam unidos e felizes. Eram inseparáveis.
Até ficarem jovens e passar em seu caminho uma mesma moça.
Seu nome era Luíza, morena bonita, de olhos verdes e voz suave.
Ela deu vazão ao amor dos dois. Primeiro as escondidas com um e outro.
E por fim ela passou a joga – los como brinquedos. Sua mente era má! Ela usava os para conseguir qualquer coisa.
O amor havia cegado a mente dos dois ao ponto de nada mais importar.
Viviam em função dela. E por fim Pedro matou Jorge em uma emboscada. Tinha enganado o ex – amigo fingindo ser Luíza e o levou a um pântano antigo.
Enquanto o outro procurava pela amada, uma flecha o matou, disparada a média distância.
A ponta cravou no coração. Logo a família deu falta do rapaz e começou uma busca por ele.
Encontraram o apodrecido ainda no mesmo lugar, no entanto um pedaço de papel ficou intacto:
Um bilhete de Luíza o chamando para se encontrarem. Logo a moça foi presa e a população revoltada com a covardia do ato, invadiu a delegacia a tirou de lá e a linchou.
Quando soube disso horas depois, Pedro pegou uma arma antiga que seu avô guardava num baú em um dos quartos, se trancou no quarto, municiou a arma e disparou contra a cabeça.

Foi encontrado minutos após. Em seus minutos finais escreveu em um papel as seguintes palavras: _ “ Eu o matei, Luíza era inocente!”

O último pedido de um condenado

Penitenciária Hellgate: 11 de março de 2070

_ Não havia outro meio para ajudar minha família.

Começo essas memórias com o fim de explicar para o meu filho como vim parar no corredor da morte.
Eram tempos difíceis. Após uma tentativa de golpe de estado por parte da frente ampla fui forçado a fugir do país junto com sua mãe e vários outros funcionários do governo.
Nos refugiamos em Buenos Aires e de lá partirmos rumo a Paris. Ali sem emprego muitos foram forçados a cair na marginalidade.
Meu pai era chefe de polícia no Brasil e me ensinou a atirar muito bem. E com a falta de emprego e as ondas de ataques promovidos por islâmicos radicais, acabei me filiando a uma máfia que comandava a cidade de Calais e tinha extensão em vários locais da França.
Eu era bom para atirar e logo fiz carreira exterminando inimigos. Não conseguia olhar nos olhos de minha esposa, tinha vergonha do que fazia. Precisava do dinheiro. Ninguém dava empregos a brasileiros, ainda mais refugiados.
Então eu prosseguia. Era frio e preferia usar um rifle de franco atirador, disparava sempre para matar. Até que um dia veio um pedido estranho: Queriam que eu matasse o emissário da ONU que faria uma inspeção na região, após um massacre contra duzentos muçulmanos ocorridos num campo próximo dali.
No entanto eu estava incomodado em fazer aquilo. Não se tratava de matar um criminoso, mas sim um homem completamente inocente.
Não transpareci nada disso perante meus empregadores. Porém secretamente tramei um plano para fugir junto com minha esposa para os Estados Unidos. Seria o fim do meu tormento. E eu poderia me vingar de todos os bandidos para quem trabalhei.
Era suicídio caso fosse descoberto, mas imaginei que devido a minha precisão e submissão em todos os trabalhos, meus empregadores não seriam cautelosos o bastante para me vigiar de perto.
Comprei um celular descartável. E olhando as notícias do dia, vi onde o emissário passaria a noite.
Naquela noite não voltei para casa. Fiquei numa rua próxima esperando algum funcionário do hotel sair.
Um rapaz passou por mim, caminhava com o uniforme escutando música e nem percebeu quando eu o ataquei, deixando o desacordado, peguei suas roupas e voltei para o trabalho.
Passei pela guarda reforçada facilmente. Os policiais esperavam um ataque terrorista direto, com atiradores, homens bomba ou algo parecido. Não fui sequer revistado, mesmo estando carregando uma pistola pequena na bota esquerda.
Soube com a recepcionista que ele estava na suíte presidencial no último andar. Quando cheguei minhas pernas queimavam, mas sabia que tinha valido a pena, ir pelo elevador resultaria numa revista, onde eu provavelmente seria morto.
Cheguei na porta do quarto e quando bati logo ele atendeu. Com uma voz embargada e meio sonolenta me perguntou o por que daquilo e eu sussurrei de maneira decidida:
_ Por que a máfia quer te matar amanhã e eu sou a única pessoa que pode te salvar.
Ele rapidamente ficou alerta e me pediu para entrar. Falava um francês com muito sotaque britânico.
Começou logo uma sucessão de perguntas que eu prontamente fui respondendo.
Até que por fim me perguntou: _ O que para entregar os nomes desses homens que tramaram minha morte?
_ Que você leve minha esposa para os Estados Unidos e coloque no programa de proteção a testemunhas.
_ Isso pode ser arranjado hoje ainda, e pegou um celular e chamou um inspetor da interpol, que foi até minha casa e acompanhou minha esposa até o avião.
Logo após eu revelei todos os detalhes que sabia. Minha confissão precisa e detalhada resultou numa grande operação que prendeu vários membros dos partidos de centro, esquerda e até da frente nacional.
No entanto a justiça francesa me considerou culpado de uma dezena de crimes e fui condenado a prisão perpétua, durante esse primeiro período na prisão, acabei sofrendo mais de vinte atentados. Por fim matei o diretor da prisão e minha sentença foi progredida para a pena capital.
Estou a poucas horas do fim. Soube na cadeia do seu nascimento Joaquim. Não podia te ligar, nem te mandar carta, nem mesmo ter uma foto sua. Ou você poderia ser morto.

Espero que satisfaçam meu último pedido antes de me enforcarem e entreguem essas memórias a ti. Perdoe seu pai. Eu queria poder estar ao teu lado. Cuide de sua mãe e não siga pelo caminho do mal, ele sempre leva a morte!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...