segunda-feira, 11 de maio de 2015

Noite dos punhais de cristal.



O reino de Vandar era um local calmo e pacífico, uma terra administrada por um rei bondoso e justo que punia com severidade aos criminosos, mas certo dia um adivinho chegou a cidade e previu seu fim, disse que um dia aquela paz iria acabar, quando a noite chovessem punhais de cristal, a corte levando a sério as palavras do adivinho, proibiu que se portasse quaisquer objetos de cristal e deu o exemplo quebrando tudo o que pudesse parecer com aquele material até, e os restos foram para o lixão, onde os dejetos do reino eram mandados, uma área escura de um pântano abandonado onde só morava um velho artesão e três jovens, os meninos vendo aquela quantidade de material disponível pegaram no aos milhares e foram para a oficina preparar o que mais gostavam: Armas, os três se uniram e fizeram trinta punhais de cristal e ficaram muito felizes, deram alguns de presente para seu pai que foi até a cidade os vender para conseguir algum dinheiro mas acabou morto como agitador, sua casa foi queimada e os garotos só escaparam por que estavam caçando, quando chegaram viram o edito real numa árvore que explicava os motivos daquele ato.
Os três se encheram de ódio e partiram para a cidade, eram profundos conhecedores da floresta e encontraram a beira do caminho em uma taverna os homens que tinham queimado sua casa, se vangloriando que tinham matado seu pai e de como ele gritava implorando para que não matassem seus filhos e riam para as garçonetes que ao verem os jovens chegarem sairão correndo.
Os três soldados eram mais velhos e experientes, mas lutavam em áreas com muito espaço e no combate na taverna lhes atrapalhou, além do mais foram pegos de surpresa e somente um deles teve tempo de reagir, quando voaram pelos ares os punhais de cristal.
Os rapazes mataram todos e roubaram as roupas dos três guardas escondendo no cinto vários punhais, a taverna foi queimada e ninguém escapou com vida, quando voltaram foram recebidos como heróis a cidade inteira os saudou e o rei naquela noite lhes ofereceu um belo banquete no palácio real.
Eles foram levados para banhos e até se divertiram, mas sem tirar o foco de sua vingança, até que chegou a noite e ai ocorreu o pior, enquanto o rei falava um punhal voou no seu coração e o matou.
Os irmãos mataram vários nobres com suas armas, até que todos os punhais se quebraram e eles foram cercados e mortos pelos guardas do palácio, mas toda a família real tinha sido morta, até mesmo o pequeno Arthur havia sucumbido e o medo tomado conta de todo o reino, o episódio entrou para as lendas do reino como a noite dos punhais de cristal, o dia em que um medo se espalhou entre a população e a paz acabou para sempre, um medo que começou com as palavras de um velho adivinho...

Enterrado no meio da noite



João era um coveiro de uma pequena cidade pequena no interior do estado de Alagoas, seu pai e seu avô tinham o mesmo emprego.
Ele morava no cemitério, numa casinha pequena no fundo do campo santo, era um homem reservado que tinha sua vida discreta, longe do olhar das fofoqueiras.
Porém naquela noite um grito cortou a cidade, uma prostituta tinha sido morta e foi encontrada num campo nos fundos do cemitério, a polícia não entendia as circunstâncias da morte, ninguém suspeito do coveiro, sempre tão reservado e além do mais a moça não era importante para a cidade e logo foi esquecida, enterrada no cemitério por seu assassino e tudo ficou tranquilo.
Mas isso iria mudar na época de Finados, o coveiro que também era segurança do cemitério, começou a ser visto correndo pelas ruas, seu olhar era de medo puro, acabou internado no hospital como louco, tinha a mente em colapso e repetia frases soltas sem sentido e quando a polícia foi a sua casa para entender melhor o caso, por medo dele ser um usuário de drogas.
Quando entraram no lugar por todos os lados haviam palavras escritas nas palavras, dizeres como assassino, ladrão, e pedidos de vingança, feitos recentemente e por todos os lados haviam pedaços de corpos em cada canto, que formavam um pentagrama irregular e no espelho do banheiro uma mensagem dizia:
_ Pelos crimes que você cometeu, o diabo te aguarda!
O padre da cidade foi chamado e exorcizou o lugar e passado algum tempo, o pobre homem voltou a sanidade, mas sua vida estava destruída, toda a cidade o tratava de maneira estranha, ele era um pária social e todas as fofocas tinham seu nome, até as mães diziam as crianças que se não se comportassem, o coveiro iria as pegar...
Era o primeiro dia de fevereiro, o prefeito da cidade morreu do coração em uma festa e na manhã todos foram ao cemitério para enterrar o político, mas o lugar estava fechado, os homens do prefeito pularam o muro e bateram na porta da casa não encontrando ninguém, a polícia chegou e arrombou a porta, encontrou o local todo remexido e um fiapo de sangue que saia porta afora, os homens foram seguindo aquela trilha, até chegarem a uma cova fechada recentemente, ao lado do túmulo estavam os objetos de trabalho do homem, sua pá e o molho de chaves, os policiais abriram a cova com medo e o que viram foi aterrador, o corpo do homem foi arrastado para lá, estava cheio de marcas e cicatrizes e seus olhos tinham sido arrancados, ao seu lado três corpos se enrolaram em torno dele num abraço mortal e até hoje essa história causa medo nos moradores da pequena cidade, seus moradores até hoje não confiam no coveiro, a casa foi demolida e nada além dos mortos andam pelo campo santo a noite.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...