segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Kundi: Uma busca.

Duelos entre samurais eram sempre uma grande atração, mas aquele prometia ser uma grande disputa de um lado o poderoso Agamoto, o rei das duas espadas, guerreiro valente e dono de uma personalidade irascível.
Do outro lado estava um shaolin, chamado Kundi que o desafiou após ver ele acertar uma jovem que estava em seu caminho com um chute.
A briga para todos seria um massacre e o pequeno monge seria fatiado e colocado nos muros da cidade.
Mas o experiente samurai não conseguia acertar nenhum golpe, sua lâmina sibilava no ar como uma serpente procurando o corpo do jovem, mas este parecia saber o exato momento de desviar.
Assim foram avançando as horas, até que o guerreiro parou de atacar e começou a ficar ofegante, manter se ágil por tanto tempo tinha exigido muito do seu corpo e seus braços estavam em chamas, somente sua raiva parecia estar ainda forte, enquanto cada músculo parecia gritar para que parasse.
Nesse instante ele parou, abaixou as lâminas e procurou respirar e antes que pudesse perceber seu oponente lhe acertou um soco no pescoço, foi possível ouvir o barulho do osso se quebrando e da boca de Ogamoto no mesmo instante começou a jorrar sangue, seu corpo tombou para trás e ele caiu sem vida, para espanto da plateia que tinha se juntado e azar dos que haviam apostado na morte do pequeno monge.

Para se destruir o grande dragão é necessário saber o momento certo de atacar.

Esse conto se inicia num pequeno monte, O mestre de um mosteiro Shaolin estava meditando em busca de paz, quando ouviu ao longe o barulho de uma criança chorando no rio.
O menino vinha enrolado numa pequena barcaça de bambu, reta e forrada com um pedaço de seda.
Ele viu ele de onde estava e reparou que dois ursos vinham seguindo o berço, dispostos a matar a pequena criança.
Rapidamente o mestre se levantou e conseguiu tirar o cesto da água com a ajuda de seu cajado, no mesmo instante os ursos chegaram dispostos a comer a criança, mas antes que pudessem atacar foram acertados por dois golpes do mestre que destruiu todo o focinho, quebrando de uma vez todos os dentes das duas feras.
O mestre pegou a criança do cesto e deu a ele o nome Kundi que no idioma antigo significa a “serpente do rio da vida”.
Kundi foi cuidado pelos monges e se tornou uma espécie de aprendiz das artes. Os shaolin buscavam aprimorar o corpo e a mente, na busca de se unir ao uno, assim sendo a rotina de meditações, estudos e trabalhos corporais desde cedo passou a fazer parte do garoto.
De fato ele nunca foi bom em lutar, não tinha interesse em atacar ninguém, mesmo quando ordenado, exceto quando combatia em prol dos outros.
Sua filosofia pessoal era muito centrada em si mesmo. Não costumava ser desobediente, mas fazia tudo do seu jeito. Até que ao entardecer de mais um dia, o mestre se iluminou e antes de partir disse uma profecia para cada um dos seus discípulos.
Para alguns foi profetizado prosperidade, outros força e que outros teriam vida longa e próspera. Quando chegou a vez de Kundi no entanto a profecia foi vazia:
“A sua jornada é para fora e para dentro, você vai se tornar mestre e um dos seus discípulos irá causar grande destruição”.
Os taoístas controlam a mente e o corpo de tal modo que conseguem viver muitos anos sem aparentar sua verdadeira idade. Sua dieta e exercícios os tornam bastante longevos, ele continuou por muito tempo com uma aparência jovem.
Seu corpo parecia estar harmonizado ao local e a noite era difícil para muitos diferencia - lo da paisagem.
Tudo ainda corria em paz, mas a guerra chegou, o exército do norte devastou o monte onde estava o templo e Kundi só escapou de ser morto, por que se escondeu na sala secreta, protegendo escritos antigos contendo sabedoria de milênios atrás.
Ele não soube o que aconteceu com seus amigos que ali estavam, mas depois de dois dias dentro daquelas paredes precisava sair.
Andou com dificuldade devido a noite estar bastante avançada, carregava com cuidado todos os tesouros. Os guardas já tinham partido e ao longe era possível ouvir gritos de uma pequena aldeia bem próxima, o exército por onde passava era famoso por causar massacres e aquela pequena vila iria compensar a fúria daqueles assassinos, uma vez que o imperador havia exigido que nenhum dos monges fosse morto, apenas carregados em um comboio até a capital.
A idade do imperador já estava avançada e alguns sábios disseram a ele que naquele velho mosteiro estava escondido o antigo tomo da sabedoria que continha a fórmula da vida eterna e logo esse conhecimento se tornou o objetivo de vida do monarca.
Logo as tropas foram enviadas e causaram um verdadeiro massacre até ali chegarem, o exército em marcha era visto pelos camponeses como um grupo enorme de gafanhotos vindos do céu. Eram mais temidos no interior do país do que a mais cruel das maldições impostas pelos magos que viajavam por todo o reino.

Kundi agora via o mundo novo a sua frente, as ruínas do mosteiro todo revirado lhe impulsionaram a andar.
Pegou uma pequena bolsa disposto a proteger os pergaminhos e saiu dali com duas mudas de roupas, sem destino, ele nem se lembrou de levar mantimentos. Sua mente estava tentando entender tudo aquilo em um ciclo de perguntas que parecia não ter fim.
Caminhou até a vila, seguindo somente os desígnios do céu e quando lá chegou foi logo percebido pela sentinela que deu o alarme, gritando: Um monge, um monge! Logo alguns soldados que ainda não tinham bebido demais começaram a despertar.
Riram da figura cambaleante do monge que naquele exato instante tinha entrado num estado de meditação tão forte que era conhecido como projeção. Quando os guardas tentaram cerca - lo, ele desviou de seus golpes como se fosse um pensamento, nem mesmo os mestres samurais tinham tanta agilidade.
Ele jogou um dos soldados longe, com apenas a força dos pulsos, a armadura de couro se rachou em pedaços e a caixa torácica implodiu como se tivesse sido atingida por um projeto de catapulta.
A luta foi rápida em poucos segundos o monge estava sozinho e os soldados que tentaram detê - lo foram jogados ao longe, os corpos pareciam terem sido atingidos por pedras.
Com o barulho os demais membros da guarnição apareceram, mas ao verem o que se passava, saíram correndo como se tivessem visto a um dragão.
O acólito shaolin então caiu e foi socorrido por um grupo de homens que tinha se escondido dos soldados e aos verem sair da cidade, apareceram para o salvar.
Kundi estava desmaiado, sua energia vital estava muito baixa, e mesmo assim foi capaz de invocar a fúria, um estado mental, onde a raiva e a vontade da pessoa passam a ser uma só, e assim um indivíduo comum passa a ter poderes sobre humanos...

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...