quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Aventuras, biografias e uma garrafa de pimenta malagueta


A verdade não está lá fora.

Quando eu pensei em escrever essa história pensei em ter coisas legais para falar a vocês: Tais como batata frita, refrigerante ou carne assada, mas a vida desse porco é regida pelo código de merdas, então toda vez que eu faço algo tem de dar uma merda forte.
Eu entrei de férias, quis ir para a praia no Rio de Janeiro, abri o portal e montei no primeiro cachorro que vi, dando asas para ele e jogando uma sela no dorso do animal que ficou a princípio um pouco tenso, mas depois parou de resfolegar e foi correndo pelo céu.
Enquanto eu ia voando pelos céus como um cometa, passei por uma praia deserta onde vi um monte de anjos atacando uma pobre guerreira, já completamente despida, aquela cena me aqueceu mais do que pimenta no fogo.
Entrei na briga e pus os anjos para correr, ataquei dois deles com um míssil e os demais voaram ao meu redor, gritavam coisas como “Morra demônio! Ou agora será seu fim, besta.”
Eu acertei outros dois com uma granada e os quatro que sobraram foram mortos pelo meu machado zumbi que mordeu as asas deles, fazendo com que perdessem o equilíbrio e assim eu pude perfurar o coração deles com vários tiros.
Eu me vesti como príncipe encantado e me preparei para dar um beijo naquela bela guerreira, que ao sentir o toque do meu focinho, me deu um soco tão forte que me fez ir do Rio de Janeiro até o Mato Grosso em um único arco nos céus.
Meu coração estava palpitando: Tinha dado meu primeiro beijo e tinha ganhado um soco, isso era bom demais para ser verdade.
Pus minha mochila foguete e dez segundos depois eu estava na mesma praia, mas não havia nada mais ali além de um forte cheiro de enxofre.
Foi quando uma voz falou na minha cabeça: Você precisa prender aquele demônio ou sofrerá as conseqüências pelo seu crime.
Eu fiquei parado enquanto a voz ia me dando visões daquela mulher que tão meigamente tinha me dado um soco e que tinha me deixado delirante de amor.
Até que por fim recomeçou com o blá, blá, blá. Falando que o destino da Terra dependia de mim.
Eu estava pensando como é que o papai (O escritor). Poderia ser tão repetitivo ao ponto de criar mais uma história com demônios? Será que ele não se cansava desse mundo das trevas pelo menos por um dia?
Mas como eu não podia mudar minha história resolvi aceitar o chamado e vesti meu manto sagrado, coloquei minha esfera cósmica no bolso, meu cartão Você pode tudo e cinqüenta quilos de armamentos e por fim peguei minha Katana que tinha no cabo os ossos de vinte coelhos.
E assim fui procurando por aquele demônio belíssimo, vaguei como um mendigo por vários continentes.
Lutei contra dragões na China, apenas para vender suas escamas.
Dei uma volta na Austrália para aprender boxe com um Canguru chamado Rock e poder comer carne humana com os antropófagos da Tasmânia.
Fui até Nova York e subi até o topo do Empire State, depois de seqüestrar uma loira vestindo um macacão preto e amarelo, que acabou pegando uma espada e nós lutamos lá no alto e lá em cima eu usei o velho truque do: “Eu sou seu pai”, ela abaixou a guarda para dar uma risada e nesse instante acabou cortada ao meio, os pedaços caíram no chão e eu acabei sendo preso pelo pessoal do FBI que ficaram realmente nervosos ao me verem com tantos explosivos.
Tentaram me apagar de diversas formas, com tiros, bombas, borracha azul... Mas nada adiantou, então eles me mandaram numa missão até Paris para matar o chefe de uma organização terrorista que estava prestes a soltar um novo vírus que tornava as pessoas do mundo em zumbis pervertidos que gostavam de comer genitálias e todo o resto do corpo.
Jogaram-me dentro de um avião com uma arma e algumas munições dizendo que a missão era secreta e quando estavam sobrevoando Paris me chutaram do avião em pleno vôo.
Enquanto eu caía tocava ao fundo aquela música legal do filme missão impossível e eu me senti como um super espião, vesti um terno em plena queda livre e antes que eu percebesse, já estava agarrado a Torre Eiffel.
Lá em cima vi a minha amada, quero dizer inimiga que a voz tinha me mandado matar.
E ao lado dela estava uma guerreira ninja, vestida de branco que segurava uma espécie de corrente, o toque daquela arma fazia minha amada queimar e eu como um grande apaixonado subi rapidamente recorrendo a um pombo a quem dei uma gota de pimenta malagueta que o fez voar bem alto indo de encontro ao avião secreto, entrando em sua turbina e matando os ocupantes.
Nesse momento eu novamente estava no céu, ganhando altura, meu estômago doía de fome, afinal não comia nada desde a carne humana na Austrália alguns parágrafos atrás.
Liguei para um disque pizza e pedi tudo o que ele pudesse produzir de pizza em meia hora, paguei com meu cartão de crédito ilimitado e no mesmo instante um caminhão contendo variados sabores de pizza estava lá embaixo me esperando.
Tinha anchovas, pepperoni, frango, coelho, quatro queijos, cinco presuntos, lingüiça ( de coelho, afinal não mato meus parentes).
Desci rapidamente como todo desenho animado pode fazer usando o tele transporte mágico comi toda pizza, bebi cinqüenta litros de refrigerantes e para evitar a soneca bebi um vidro inteiro de pimenta concentrada da mamãe porquinha, na mesma hora cresci e me tornei uma montanha de músculos e com um pum subi até o topo da torre, causando um leve amassar que a fez ficar um pouco menor.
O problema da pimenta é que ela causa grande flatulência me dando a aparência de musculoso, quando na verdade os gases enchem todo o meu lindo corpinho, e com aquele pulo, meu estômago tinha ficado um pouco mexido e no mesmo instante comecei a disparar uma rajada de gases tóxicos que fizeram o céu de Paris ficar verde escuro.
A luta das duas guerreiras estava terminada, minha amada tinha perdido novamente, (lamento dizer que ela era meio que saco de pancadas, tudo por que quem está escrevendo gosta de me ver sofrer em situações engraçadas, humilhantes e apaixonantes.)
A guerreira que a segurava pela corrente tinha um cristal no peito e eu me lembrei dela numa lista que vi no FBI enquanto comia um pedaço de rosquinhas dos policiais, e quando fui descoberto culpei o terrorista que eles tinham acabado de prender de ter as envenenado com algum tipo de poção secreta que ele colocou no seu dente.
Era a assassina do cristal, uma guerreira sagrada que tinha matado o presidente Kennedy, John Lennon, Getúlio Vargas e outras personalidades históricas.
Atrás do capuz branco dela pude ver que estava quase vomitando, seu aspecto estava verde e acabou caindo desmaiada, deixando a corrente cair, e minha amada bater com a cabeça no chão, em cima de uma placa de metal onde se lia: “Não pise na grama”.
Agora é a hora onde todos esperam que eu chore muito e tenha uma luta com a guerreira desmaiada, mas na verdade é que eu peguei o primeiro tele transporte para a África caçar os caçadores de elefantes, por diversão.
Gostava de me vestir igual a um caçador usando peles de um lobo que eu venci com as mãos nuas.
Aliás, antes de acabar essa história vou lhes contar como ganhei minha roupa de lobo. Sentem se e aproveitem que dessa vez não terá nenhum demônios, apenas uma daquelas histórias mais psicológicas do meu passado como criança triste cercada no mundo cruel.

Fiz um casaco da pele do lobo mau.

Eu nasci em uma casa feliz, na vila dos porcos felizes. Todos ali eram capitalistas, gostavam da coca – cola até que um dia chegou o lobo mau, se passando por defensor dos porcos mais pobres e acabou levando minha vila ao caos.
Logo ele estava nos jornais do mundo inteiro, tinha conseguido se eleger jogando os pobres contra os ricos, os rosados contra os manchados e por fim ninguém mais se entendia para nada.
Conseguiu um exército de raposas e hienas para vigiar a cidade e matava todas as semanas os porcos descontentes.
Minha mãe conseguiu escapar comigo e meus três irmãos e nos passamos a viver numa grande planície.
Plantávamos e colhíamos, mas tudo mudou quando nossa mãe morreu: Meu primeiro irmão era um hippie que não queria morar numa casa sem contato com a natureza e se mudou para uma casa na árvore feita de barro.
Meu segundo irmão era um ambientalista e se recusava a morar numa casa que tivesse uma agressão a natureza e foi morar numa casa feita somente de materiais reciclados.
Como eu era o irmão mais velho fiquei com a casa toda para mim. Lia os jornais do mundo dos desenhos e soube que os lobos rondavam a região, tentei avisar meus irmãos, mas eles eram idiotas e não me escutaram. Eu então tratei de melhorar as defesas da casa, colocando armadilhas por todos os lados.
Quando soube que o lobo tinha atacado a casa do hippie na árvore e tinha assado ele, não dei nem bola e depois quando o mesmo aconteceu com o ambientalista eu apenas limpei minha espada.
Quando eles vieram, metralharam minha casa toda e quando avançaram através da grade, cairão em várias armadilhas.
As raposas e as hienas correram ao verem troncos, espinhos e bombas explodindo seus irmãos. Apenas o lobo mau ficou.
Ele agora era um chefe guerreiro e soube que uma família de porquinhos tinha escapado e resolveu unir seus melhores guerreiros para matar aqueles fugitivos enquanto filmava tudo pela TV e ganhava dinheiro com apostas.
Meus irmãos não duraram nem dez minutos, mas eu estava disposto a sobreviver não importa o que custasse.
Assim que ele arrombou a porta da minha casa, eu ataquei o com minha espada.
O golpe decepou as pernas dele que caiu surpreso pela minha rapidez.
Eu não dei tempo para ele respirar, subi em cima de um armário e aterissei com a espada no peito dele que antes de morrer deu um último suspiro: Salve o coelho da páscoa.
Apaguei e não me lembro de mais nada, acordei no hospital da vila dos Porcos, eu tinha me tornado o herói daquela gente que após servirem de almoço para os vilões resolvera reagir, tinham matado os outros guardas, quando viram na TV, o lobo mau morto.
Fui me recuperando e quando pude andar fui levado até o gabinete de crise e ali ganhei o casaco, os porcos alfaiates que ainda restavam tinham tirado a pele dele e feito um casaco para mim e um empalhador tinha feito um troféu com a cabeça do Lobo mau.
Vesti aquele casaco e me senti bem, vinguei meu pai que acabou sendo comido pelo Lobo mau.
O prefeito que assumiu interinamente me entregou também uma série de papéis onde se viam as transações escusas do lobo com o coelho da páscoa que tinha roubado todo o petróleo da região. O lobo também tinha enviado para ele todo o ouro que havia nos cofres da vila.
No mesmo dia eu parti em busca da destruição do coelho da páscoa, queimei minha casa e sai carregando somente minha espada e meu casaco. E assim começaram minhas aventuras.
(Agora é a parte que você fica feliz ou chora de emoção ao pensar em todo esse sangue, ou no sofrimento dos porquinhos vendo seus familiares sendo comidos e ainda tendo de servir aos assassinos).

Eu venci o bicho papão.

Minha jornada depois me levou por lugares inóspitos, tive tempo de treinar com os mestres: Yoda, Kame, Obi Wan, Merlin, Senhor Miagy, Pai Mei, Sherlock Holmes... (Viu o tanto que eu sou classe A?)
Até que um dia depois de todo esse treinamento eu cheguei numa vila a leste da cidade Roma, todos os habitantes do local estavam deitados e se contorciam em dores profundas, todos estavam na mesma posição e quando escureceu vi o motivo; o senhor dos sonhos tinha sido possuído pelo bicho papão, um vilão que rouba a paz dos sonhos das pessoas.
Eu sabia que precisava elevar meu QI para atacar aqueles bandidos, por isso tirei meu televisor de 42 polegadas do casaco e peguei umas fitas do telecurso 2000 e fiquei assistindo até pegar no sono.
Ainda não sabia para que servia a fórmula de Baskara, quando me vi num sonho.
Acordei num especial do Roberto Carlos e da Simone cantando suas canções sem fim, as pessoas da vila estavam amarradas nas cadeiras e a cada nova música pareciam murchar e se contorcer em espasmos de puro tormento e dor.
Alguns vomitavam outros pareciam desmaiar, mas na mesma hora eram acordados por pequenos demônios verdes que davam choques na costela das pessoas fazendo com que ficassem acordadas.
Estávamos em um teatro, e eu estava num camarote, tinha que tirar aquela gente da agonia dessa música ruim, pulei para o chão e no mesmo instante apareceram milhares de bestas armadas até os dentes.
Eu não tinha nada ali, além de cadeiras onde aquelas pessoas estavam amarradas, então rapidamente peguei uma delas e joguei para cima das bestas que ficaram atordoadas com aquela ação e fui agachado por entre as cadeiras correndo como um louco.
Cheguei ao palco e chutei a Simone para fora do palco, ela caiu fazendo um barulho estranho e explodindo em seguida.
No mesmo instante o Roberto me atacou, atingindo um soco direto em mim, que usei a força da pancada para me impulsionar na parede, bater os pés e voltar com mais força contra aquele cantor horrível, dei uma mordida na jugular dele que caiu no chão, rindo.
Você é valente porquinho! Bem que o coelho da páscoa me avisou que viria tentar me deter. Mas ainda bem que eu tenho grandes amigos na yakuza japonesa e eles não se importaram em me emprestar algumas dezenas de ninjas.
(Naquele momento surgiram milhares de caras  até no teto, armados de espadas e shurikens. Suspirei aliviado ao saber que eu tinha a força do roteirista do meu lado, caso contrário estaria perdido totalmente.)
O vilão sumiu numa nuvem de fumaça e no mesmo instante, começaram a voar coisas pontudas na minha direção, peguei uma daquelas facas e comecei a correr entre as pernas deles, cortando a artéria da perna e deixando os caídos.
Até que vi próximo da entrada um ogro de seis metros de altura, com uma clava que parecia o osso da perna de um Tiranossauro.
(Sério, que mente pervertida pode escrever um personagem para fazer esse tipo de coisa? Você é doente? Só pode, mas prossigamos nessa cena maluca, onde eu terei hematomas, escoriações, lesões e traumatismos).
O monstrengo estava ali parado, os ninjas estavam brincando com meu corpinho quando num instante de extrema lucidez eu coloquei minha mão em minha testa e sai dali, voltando para meu corpinho.
Ao meu lado na pensão estava um monstrengo todo deformado que parecia um zumbi e que ainda se vestia com o terno do cantor de dentro daquele teatro maluco.
_ Vejo que você voltou! Agora poderemos ter nossa batalha final.
E ao dizer isso sacou uma arma e começou a disparar como um louco, eu corri para debaixo da cama e apertei o botão de pânico dentro do casaco, no mesmo instante tinha em minhas mãos duas katanas feitas para cortar a carne podre de zumbis.
Sai dali e já fui tratando de cortar o bicho, que após perder o corpo tentou fugir na forma de uma fumaça sinistra. Sem pensar duas vezes eu puxei todo o ar e prendi o bem dentro do meu estômago, só o soltando quando ele parou de se debater.
Foi o meu pum mais fedido e barulhento. Apontava o gás intestinal para todos os lados e ia causando uma destruição total, quase como se meu ânus tivesse se tornado um lança – chamas dos infernos.
Ao fim daquela sessão de descarrego gástrico a cidade estava totalmente destruída, seus habitantes reduzidos a pó e até mesmo a grama que tomava conta das ruas e calçadas tinha sido incinerada.
Senti-me mal por tudo aquilo quando vi nos céus um dirigível com o símbolo do coelho da páscoa me observando do alto e indo embora, após ver todo o massacre que eu tinha causado.
Depois daquilo passei um século meditando em meio a um mosteiro na China antiga para me purificar, via relatos de vários lugares sendo atacados pelos homens do coelho da páscoa, de vampiros e lobisomens destruindo vilarejos e eu nem me movia, esperava que um sinal me indicasse à hora de agir.
Meu sinal veio, quando acabei dando um colapso nervoso após ficar cinco anos sem comer carne. Acabei desenvolvendo uma segunda personalidade mais agressiva e mais idiota que me disse para seguir, sai dali, roubando todas as armas antigas que serviam como museu para os turistas gastarem dinheiro.
Novamente eu estava em marcha para combater as forças do maligno coelho da páscoa.




Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...