A verdade não está lá fora.
Quando eu pensei em escrever essa
história pensei em ter coisas legais para falar a vocês: Tais como batata frita,
refrigerante ou carne assada, mas a vida desse porco é regida pelo código de
merdas, então toda vez que eu faço algo tem de dar uma merda forte.
Eu entrei de férias, quis ir para
a praia no Rio de Janeiro, abri o portal e montei no primeiro cachorro que vi,
dando asas para ele e jogando uma sela no dorso do animal que ficou a princípio
um pouco tenso, mas depois parou de resfolegar e foi correndo pelo céu.
Enquanto eu ia voando pelos céus
como um cometa, passei por uma praia deserta onde vi um monte de anjos atacando
uma pobre guerreira, já completamente despida, aquela cena me aqueceu mais do
que pimenta no fogo.
Entrei na briga e pus os anjos
para correr, ataquei dois deles com um míssil e os demais voaram ao meu redor,
gritavam coisas como “Morra demônio! Ou agora será seu fim, besta.”
Eu acertei outros dois com uma
granada e os quatro que sobraram foram mortos pelo meu machado zumbi que mordeu
as asas deles, fazendo com que perdessem o equilíbrio e assim eu pude perfurar
o coração deles com vários tiros.
Eu me vesti como príncipe encantado
e me preparei para dar um beijo naquela bela guerreira, que ao sentir o toque
do meu focinho, me deu um soco tão forte que me fez ir do Rio de Janeiro até o
Mato Grosso em um único arco nos céus.
Meu coração estava palpitando:
Tinha dado meu primeiro beijo e tinha ganhado um soco, isso era bom demais para
ser verdade.
Pus minha mochila foguete e dez
segundos depois eu estava na mesma praia, mas não havia nada mais ali além de
um forte cheiro de enxofre.
Foi quando uma voz falou na minha
cabeça: Você precisa prender aquele demônio ou sofrerá as conseqüências pelo
seu crime.
Eu fiquei parado enquanto a voz
ia me dando visões daquela mulher que tão meigamente tinha me dado um soco e
que tinha me deixado delirante de amor.
Até que por fim recomeçou com o
blá, blá, blá. Falando que o destino da Terra dependia de mim.
Eu estava pensando como é que o
papai (O escritor). Poderia ser tão repetitivo ao ponto de criar mais uma história
com demônios? Será que ele não se cansava desse mundo das trevas pelo menos por
um dia?
Mas como eu não podia mudar minha
história resolvi aceitar o chamado e vesti meu manto sagrado, coloquei minha
esfera cósmica no bolso, meu cartão Você pode tudo e cinqüenta quilos de
armamentos e por fim peguei minha Katana que tinha no cabo os ossos de vinte
coelhos.
E assim fui procurando por aquele
demônio belíssimo, vaguei como um mendigo por vários continentes.
Lutei contra dragões na China, apenas
para vender suas escamas.
Dei uma volta na Austrália para
aprender boxe com um Canguru chamado Rock e poder comer carne humana com os antropófagos
da Tasmânia.
Fui até Nova York e subi até o
topo do Empire State, depois de seqüestrar uma loira vestindo um macacão preto
e amarelo, que acabou pegando uma espada e nós lutamos lá no alto e lá em cima
eu usei o velho truque do: “Eu sou seu pai”, ela abaixou a guarda para dar uma
risada e nesse instante acabou cortada ao meio, os pedaços caíram no chão e eu
acabei sendo preso pelo pessoal do FBI que ficaram realmente nervosos ao me
verem com tantos explosivos.
Tentaram me apagar de diversas
formas, com tiros, bombas, borracha azul... Mas nada adiantou, então eles me
mandaram numa missão até Paris para matar o chefe de uma organização terrorista
que estava prestes a soltar um novo vírus que tornava as pessoas do mundo em
zumbis pervertidos que gostavam de comer genitálias e todo o resto do corpo.
Jogaram-me dentro de um avião com
uma arma e algumas munições dizendo que a missão era secreta e quando estavam
sobrevoando Paris me chutaram do avião em pleno vôo.
Enquanto eu caía tocava ao fundo
aquela música legal do filme missão impossível e eu me senti como um super espião,
vesti um terno em plena queda livre e antes que eu percebesse, já estava
agarrado a Torre Eiffel.
Lá em cima vi a minha amada,
quero dizer inimiga que a voz tinha me mandado matar.
E ao lado dela estava uma guerreira
ninja, vestida de branco que segurava uma espécie de corrente, o toque daquela
arma fazia minha amada queimar e eu como um grande apaixonado subi rapidamente
recorrendo a um pombo a quem dei uma gota de pimenta malagueta que o fez voar
bem alto indo de encontro ao avião secreto, entrando em sua turbina e matando
os ocupantes.
Nesse momento eu novamente estava
no céu, ganhando altura, meu estômago doía de fome, afinal não comia nada desde
a carne humana na Austrália alguns parágrafos atrás.
Liguei para um disque pizza e
pedi tudo o que ele pudesse produzir de pizza em meia hora, paguei com meu cartão
de crédito ilimitado e no mesmo instante um caminhão contendo variados sabores
de pizza estava lá embaixo me esperando.
Tinha anchovas, pepperoni,
frango, coelho, quatro queijos, cinco presuntos, lingüiça ( de coelho, afinal não
mato meus parentes).
Desci rapidamente como todo
desenho animado pode fazer usando o tele transporte mágico comi toda pizza,
bebi cinqüenta litros de refrigerantes e para evitar a soneca bebi um vidro
inteiro de pimenta concentrada da mamãe porquinha, na mesma hora cresci e me
tornei uma montanha de músculos e com um pum subi até o topo da torre, causando
um leve amassar que a fez ficar um pouco menor.
O problema da pimenta é que ela
causa grande flatulência me dando a aparência de musculoso, quando na verdade
os gases enchem todo o meu lindo corpinho, e com aquele pulo, meu estômago
tinha ficado um pouco mexido e no mesmo instante comecei a disparar uma rajada
de gases tóxicos que fizeram o céu de Paris ficar verde escuro.
A luta das duas guerreiras estava
terminada, minha amada tinha perdido novamente, (lamento dizer que ela era meio
que saco de pancadas, tudo por que quem está escrevendo gosta de me ver sofrer
em situações engraçadas, humilhantes e apaixonantes.)
A guerreira que a segurava pela
corrente tinha um cristal no peito e eu me lembrei dela numa lista que vi no
FBI enquanto comia um pedaço de rosquinhas dos policiais, e quando fui
descoberto culpei o terrorista que eles tinham acabado de prender de ter as
envenenado com algum tipo de poção secreta que ele colocou no seu dente.
Era a assassina do cristal, uma
guerreira sagrada que tinha matado o presidente Kennedy, John Lennon, Getúlio
Vargas e outras personalidades históricas.
Atrás do capuz branco dela pude
ver que estava quase vomitando, seu aspecto estava verde e acabou caindo
desmaiada, deixando a corrente cair, e minha amada bater com a cabeça no chão,
em cima de uma placa de metal onde se lia: “Não pise na grama”.
Agora é a hora onde todos esperam
que eu chore muito e tenha uma luta com a guerreira desmaiada, mas na verdade é
que eu peguei o primeiro tele transporte para a África caçar os caçadores de
elefantes, por diversão.
Gostava de me vestir igual a um
caçador usando peles de um lobo que eu venci com as mãos nuas.
Aliás, antes de acabar essa história
vou lhes contar como ganhei minha roupa de lobo. Sentem se e aproveitem que
dessa vez não terá nenhum demônios, apenas uma daquelas histórias mais psicológicas
do meu passado como criança triste cercada no mundo cruel.
Fiz um casaco da pele do lobo
mau.
Eu nasci em uma casa feliz, na
vila dos porcos felizes. Todos ali eram capitalistas, gostavam da coca – cola até
que um dia chegou o lobo mau, se passando por defensor dos porcos mais pobres e
acabou levando minha vila ao caos.
Logo ele estava nos jornais do
mundo inteiro, tinha conseguido se eleger jogando os pobres contra os ricos, os
rosados contra os manchados e por fim ninguém mais se entendia para nada.
Conseguiu um exército de raposas
e hienas para vigiar a cidade e matava todas as semanas os porcos descontentes.
Minha mãe conseguiu escapar
comigo e meus três irmãos e nos passamos a viver numa grande planície.
Plantávamos e colhíamos, mas tudo
mudou quando nossa mãe morreu: Meu primeiro irmão era um hippie que não queria
morar numa casa sem contato com a natureza e se mudou para uma casa na árvore
feita de barro.
Meu segundo irmão era um
ambientalista e se recusava a morar numa casa que tivesse uma agressão a
natureza e foi morar numa casa feita somente de materiais reciclados.
Como eu era o irmão mais velho
fiquei com a casa toda para mim. Lia os jornais do mundo dos desenhos e soube
que os lobos rondavam a região, tentei avisar meus irmãos, mas eles eram
idiotas e não me escutaram. Eu então tratei de melhorar as defesas da casa,
colocando armadilhas por todos os lados.
Quando soube que o lobo tinha
atacado a casa do hippie na árvore e tinha assado ele, não dei nem bola e
depois quando o mesmo aconteceu com o ambientalista eu apenas limpei minha
espada.
Quando eles vieram, metralharam
minha casa toda e quando avançaram através da grade, cairão em várias
armadilhas.
As raposas e as hienas correram
ao verem troncos, espinhos e bombas explodindo seus irmãos. Apenas o lobo mau
ficou.
Ele agora era um chefe guerreiro
e soube que uma família de porquinhos tinha escapado e resolveu unir seus
melhores guerreiros para matar aqueles fugitivos enquanto filmava tudo pela TV
e ganhava dinheiro com apostas.
Meus irmãos não duraram nem dez
minutos, mas eu estava disposto a sobreviver não importa o que custasse.
Assim que ele arrombou a porta da
minha casa, eu ataquei o com minha espada.
O golpe decepou as pernas dele
que caiu surpreso pela minha rapidez.
Eu não dei tempo para ele
respirar, subi em cima de um armário e aterissei com a espada no peito dele que
antes de morrer deu um último suspiro: Salve o coelho da páscoa.
Apaguei e não me lembro de mais
nada, acordei no hospital da vila dos Porcos, eu tinha me tornado o herói
daquela gente que após servirem de almoço para os vilões resolvera reagir,
tinham matado os outros guardas, quando viram na TV, o lobo mau morto.
Fui me recuperando e quando pude
andar fui levado até o gabinete de crise e ali ganhei o casaco, os porcos
alfaiates que ainda restavam tinham tirado a pele dele e feito um casaco para
mim e um empalhador tinha feito um troféu com a cabeça do Lobo mau.
Vesti aquele casaco e me senti
bem, vinguei meu pai que acabou sendo comido pelo Lobo mau.
O prefeito que assumiu
interinamente me entregou também uma série de papéis onde se viam as transações
escusas do lobo com o coelho da páscoa que tinha roubado todo o petróleo da
região. O lobo também tinha enviado para ele todo o ouro que havia nos cofres
da vila.
No mesmo dia eu parti em busca da
destruição do coelho da páscoa, queimei minha casa e sai carregando somente
minha espada e meu casaco. E assim começaram minhas aventuras.
(Agora é a parte que você fica
feliz ou chora de emoção ao pensar em todo esse sangue, ou no sofrimento dos
porquinhos vendo seus familiares sendo comidos e ainda tendo de servir aos
assassinos).
Eu venci o bicho papão.
Minha jornada depois me levou por
lugares inóspitos, tive tempo de treinar com os mestres: Yoda, Kame, Obi Wan,
Merlin, Senhor Miagy, Pai Mei, Sherlock Holmes... (Viu o tanto que eu sou
classe A?)
Até que um dia depois de todo
esse treinamento eu cheguei numa vila a leste da cidade Roma, todos os
habitantes do local estavam deitados e se contorciam em dores profundas, todos
estavam na mesma posição e quando escureceu vi o motivo; o senhor dos sonhos
tinha sido possuído pelo bicho papão, um vilão que rouba a paz dos sonhos das
pessoas.
Eu sabia que precisava elevar meu
QI para atacar aqueles bandidos, por isso tirei meu televisor de 42 polegadas do casaco
e peguei umas fitas do telecurso 2000 e fiquei assistindo até pegar no sono.
Ainda não sabia para que servia a
fórmula de Baskara, quando me vi num sonho.
Acordei num especial do Roberto
Carlos e da Simone cantando suas canções sem fim, as pessoas da vila estavam
amarradas nas cadeiras e a cada nova música pareciam murchar e se contorcer em
espasmos de puro tormento e dor.
Alguns vomitavam outros pareciam
desmaiar, mas na mesma hora eram acordados por pequenos demônios verdes que
davam choques na costela das pessoas fazendo com que ficassem acordadas.
Estávamos em um teatro, e eu
estava num camarote, tinha que tirar aquela gente da agonia dessa música ruim,
pulei para o chão e no mesmo instante apareceram milhares de bestas armadas até
os dentes.
Eu não tinha nada ali, além de
cadeiras onde aquelas pessoas estavam amarradas, então rapidamente peguei uma
delas e joguei para cima das bestas que ficaram atordoadas com aquela ação e
fui agachado por entre as cadeiras correndo como um louco.
Cheguei ao palco e chutei a
Simone para fora do palco, ela caiu fazendo um barulho estranho e explodindo em
seguida.
No mesmo instante o Roberto me
atacou, atingindo um soco direto em mim, que usei a força da pancada para me
impulsionar na parede, bater os pés e voltar com mais força contra aquele
cantor horrível, dei uma mordida na jugular dele que caiu no chão, rindo.
Você é valente porquinho! Bem que
o coelho da páscoa me avisou que viria tentar me deter. Mas ainda bem que eu
tenho grandes amigos na yakuza japonesa e eles não se importaram em me
emprestar algumas dezenas de ninjas.
(Naquele momento surgiram
milhares de caras até no teto, armados
de espadas e shurikens. Suspirei aliviado ao saber que eu tinha a força do
roteirista do meu lado, caso contrário estaria perdido totalmente.)
O vilão sumiu numa nuvem de
fumaça e no mesmo instante, começaram a voar coisas pontudas na minha direção,
peguei uma daquelas facas e comecei a correr entre as pernas deles, cortando a
artéria da perna e deixando os caídos.
Até que vi próximo da entrada um
ogro de seis metros de altura, com uma clava que parecia o osso da perna de um
Tiranossauro.
(Sério, que mente pervertida pode
escrever um personagem para fazer esse tipo de coisa? Você é doente? Só pode,
mas prossigamos nessa cena maluca, onde eu terei hematomas, escoriações, lesões
e traumatismos).
O monstrengo estava ali parado,
os ninjas estavam brincando com meu corpinho quando num instante de extrema
lucidez eu coloquei minha mão em minha testa e sai dali, voltando para meu
corpinho.
Ao meu lado na pensão estava um
monstrengo todo deformado que parecia um zumbi e que ainda se vestia com o
terno do cantor de dentro daquele teatro maluco.
_ Vejo que você voltou! Agora
poderemos ter nossa batalha final.
E ao dizer isso sacou uma arma e
começou a disparar como um louco, eu corri para debaixo da cama e apertei o botão
de pânico dentro do casaco, no mesmo instante tinha em minhas mãos duas katanas
feitas para cortar a carne podre de zumbis.
Sai dali e já fui tratando de
cortar o bicho, que após perder o corpo tentou fugir na forma de uma fumaça
sinistra. Sem pensar duas vezes eu puxei todo o ar e prendi o bem dentro do meu
estômago, só o soltando quando ele parou de se debater.
Foi o meu pum mais fedido e
barulhento. Apontava o gás intestinal para todos os lados e ia causando uma
destruição total, quase como se meu ânus tivesse se tornado um lança – chamas
dos infernos.
Ao fim daquela sessão de
descarrego gástrico a cidade estava totalmente destruída, seus habitantes
reduzidos a pó e até mesmo a grama que tomava conta das ruas e calçadas tinha
sido incinerada.
Senti-me mal por tudo aquilo
quando vi nos céus um dirigível com o símbolo do coelho da páscoa me observando
do alto e indo embora, após ver todo o massacre que eu tinha causado.
Depois daquilo passei um século
meditando em meio a um mosteiro na China antiga para me purificar, via relatos
de vários lugares sendo atacados pelos homens do coelho da páscoa, de vampiros
e lobisomens destruindo vilarejos e eu nem me movia, esperava que um sinal me
indicasse à hora de agir.
Meu sinal veio, quando acabei
dando um colapso nervoso após ficar cinco anos sem comer carne. Acabei
desenvolvendo uma segunda personalidade mais agressiva e mais idiota que me
disse para seguir, sai dali, roubando todas as armas antigas que serviam como
museu para os turistas gastarem dinheiro.
Novamente eu estava em marcha
para combater as forças do maligno coelho da páscoa.