sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Um monstro que se espalha.



Voltamos a essa história para publicar a arte feita pelo meu amigo Weberton sobre o personagem principal, uma forma de homenagem que muito me honrou, deixo aqui publico o meu agradecimento!






Capítulo 1 – Acima de qualquer Suspeita

Todos os dias ele acorda do mesmo modo, vive do mesmo jeito e parece sempre estar feliz. É uma pessoa acima de qualquer suspeita, seus vizinhos gostam dele, seu chefe gosta dele, todos sem exceção acham ele um cara em quem se pode confiar.
Mal sabem eles que por trás dessa aura de bondade há uma pessoa vil, mesquinha e se nenhum senso de ética, alguém que destrói pessoas sem pensar duas vezes e ainda sai de tudo como um herói.
Todos os dias, Antônio sai para o trabalho, transita pelas ruas em seu carro e escolhe seu alvo, alguém que viva nas ruas em situação de pobreza extrema, para na hora que sair do serviço, fazer aquilo que realmente gosta: matar!
Uma vez por semana em média, ele faz esse mesmo ritual, para satisfazer algo nele que não podia explicar. Matar a fome de morte que aquele monstro na sua cabeça tinha. Sempre procurava alvos marginalizados pela sociedade, pessoas que não tinham valor para a sociedade e por muitas vezes ao matar: Traficantes, mendigos e viciados sentia se até como um benfeitor para a sociedade limpando o mundo da escória.

Capítulo 2 - Origem

Ele tinha vindo de uma família humilde, onde o pai tinha sido morto por policiais após trocar tiros com a polícia e a mãe que não tinha parentes nem auxílio de ninguém após seu marido ser morto e um novo chefe subir na escala do crime, partiu para a prostituição e não era raro, ele chegar da escola e ver ela toda roxa após apanhar na rua de um dos homens com quem se deitava todas as noites.
As pessoas na comunidade olhavam para ele e riam, zombavam dele, o mundo todo parecia olhar para aquele garoto e rir, rir, mas no fim não teve graça.
Ele ficou quieto o tempo todo, ele não reagiu a nada disso, mas dentro dele uma raiva cega contra o mundo foi aumentando até que quando fez quatorze anos de idade aconteceu algo que marcaria sua história: Ele assassinou a primeira pessoa em sua vida.
Era um colega de classe que há anos vinha massacrando o, mas naquele dia tinha ido longe demais, estava contando para todos: O quanto a mãe do colega era feia e que seu pai tinha dado uma surra nela muito bem dada, após ela exigir ser paga.
Ele tinha acabado de sair do hospital, onde sua mãe estava internada, as pancadas que receberá tinham lhe furado o baço e provavelmente ela morreria em breve.
Apesar de ser uma meretriz, ela sempre fora decente para com ele e tentou lhe ensinar algum valor moral para a vida, mas acabou falhando por que certas pessoas nascem com o coração tão escuro e perverso que todo o bem não existe.
Vendo aquele garoto se vangloriar do que tinha visto e ajudado a fazer, ele pegou uma vassoura que estava à mão e pela primeira vez soltou sua raiva.
Era como estar possuído por um animal, não se lembrava de nada que havia ocorrido somente que quando recobrou os sentidos estava num hospital e de lá foi levado para uma delegacia, onde todos os policiais olhavam para o garoto com ódio.
Ele foi levado até a sala do delegado onde então ficou sabendo do que tinha ocorrido: Sete colegas dele estavam mortos, duas professoras tinham tido ferimentos graves e se encontravam em coma no hospital e quando a polícia chegou ao local, ele enganou uma das policiais, roubou sua arma e atingiu ela com um tiro na cabeça, além disso, a diretora da escola, uma senhora de mais de sessenta anos tinha dado um infarto vendo toda aquela cena ocorrida na instituição de ensino.
Ele foi levado a um reformatório, onde após quebrar a cara de um dos internos mais velhos do lugar, o que lhe rendeu seis anos internado e vários atestados psiquiátricos dizendo claramente que ele não podia voltar para a sociedade, o garoto que achava ser dono de tudo e todos agora estava sendo o senhor do cemitério após ter seu coração perfurado por uma faca de cozinha, levada para a briga por ele mesmo, após essa luta, o novo garoto passou a ser tratado como uma espécie de líder, aquele lugar era como uma matilha e ele era o alfa a quem todos seguiam.
Isso explicava por que todos ali estavam se aplicando nos estudos, igual a ele, que se esforçava tanto para aprender e dominar todas as disciplinas que as notas daquela instituição prisional para adolescentes infratores eram melhor que algumas das melhores escolas do país.
Aquele esforço todo lhe valeu uma bolsa permanente em uma faculdade, após ele conseguir permissão para fazer um vestibular na federal de Sergipe para o curso de Química industrial.
Ele agora morava no campus, após conseguir aos dezoito anos de idade a sua liberdade. Para todos se apresentava como um modelo de como o sistema prisional poderia dar certo, passando a imagem de completamente recuperado.
Agia pacificamente, estudava muito, mas sentia dores de cabeça insuportáveis, verdadeiras torturas dia e noite e nenhum médico parecia entender o porquê daquilo, tentando mil e um experimentos que em geral tinham efeito passageiro.
Todas as noites ele costumava ir até o laboratório para poder admirar algumas pesquisas ali realizadas e estudar a fundo aqueles experimentos para poder prever possíveis erros, ele tinha ganhado a confiança de toda equipe docente e tinha uma cópia da chave para fazer esses passeios sem ser incomodado.
Por vezes ficava ali até o amanhecer e voltava ao seu quarto para dormir já com o dia claro, sendo dispensado das matérias da parte da manhã, após ter cumprido boa parte das atividades na madrugada, muitos alunos lhe chamavam de coruja por esse estranho costume que ele mantinha rigorosamente.
Seu corpo tinha emagrecido e após alguns problemas passará a ter de usar um par de óculos que conseguirá comprar após trabalhar em pesquisas avançadas na usina de Angra I.
Sua aparência lembrava muito um corvo e por muitas vezes tinha sido questionado se estava se alimentando direito, mas não era fome ou nenhum outro mal físico, era seu psicológico que vivia numa depressão por falta de se soltar novamente.

Capítulo 2.1 – voltando a ser um monstro.

Naquela noite, todos tinham ido numa festa, bebida estava correndo solta, o som era quase insuportável.
Mas ele estava saindo para ir ao laboratório como sempre fazia, desde que tinha se instalado ali, mas naquele dia ele encontrou um grupo de rapazes cercando uma garota que berrava por ajuda, provavelmente devido ao álcool aqueles brutamontes estavam tentando estuprar ela, ele passava um pouco ao longe, mas suas pernas iam se aproximando daquela jovem que corria desesperadamente, sem nenhuma esperança.
Ele tentou se controlar quando chegou perto da cena, mas o monstro dentro dele clamou mais forte, pois lembrou se da sua mãe vendo aqueles brutamontes segurando ela enquanto rasgavam suas roupas.
A fúria voltará a ele e novamente ele parecia possuído por algum demônio quando partiu para cima daqueles caras covardes, mesmo sendo enormes não conseguiam derrubar ele, que torceu a mão de um dos inimigos que carregava um canivete e antes que a arma caísse ao chão, atingiu o no coração com tanta força que a ponta da lâmina começou a sair pelo outro lado do corpo.
Os outros rapazes vendo aquela cena sairão correndo, o medo tinha lhes devolvido um pouco da sanidade.
A garota tinha desmaiado de puro medo e ele estava sozinho, sentado ao lado do cadáver, tinha chamado a polícia ele mesmo e esperou ali sentado até que quarenta minutos depois, os agentes da lei chegaram e o prenderam.
Seu corpo estava cheio de hematomas, mas não era necessário levar lhe para a cadeia, para averiguação, o delegado lhe interrogou e a todos os outros que tinham se envolvido, e acabou mandando o processo para o ministério público que não abriu processo, por ver naquele caso somente um ato de altruísmo heróico e assim o processo foi engavetado e ele voltou para a universidade sob aplausos dos professores e colegas de curso.
Os outros agressores tinham sido presos e condenados e ele era uma espécie de celebridade, mas nada havia mudado nele, voltará da cadeia até mais feliz, algo nele tinha mudado.
Seu corpo parecia estar criando vida novamente e o brilho no seu olhar agora estava de volta.

Capítulo 3 – Amor e tragédia.

Alguns dias depois a garota que quase tinha sido violentada, aluna do curso de ciência política foi até ele para lhe agradecer e assim começou a ser envolvida na lábia daquele psicopata.
Os dois começaram um romance sério, eram vistos todo o tempo juntos e ninguém duvidaria que aquele romance fosse acabar em casamento.
Eram um casal apaixonado e logo ela resolveu oficializar em um jantar o seu amor por ele.
A família de Débora era ligada a política, seu pai tinha sido deputado e senador por vários mandatos e seus irmãos estavam ligados ao governo do estado por diversos mandatos, ela era a filha mais nova, querida por todos e quando falou que queria se casar houve certa resistência. Mas logo a família acabou envolvida por ele e logo todos estavam ao seu lado e o pai dela até mesmo tinha lhe oferecido um emprego como chefe da estatal que lidava com a água para o cargo de chefe da pesquisa sobre a qualidade hídrica do estado.
Tudo tinha corrido melhor do que a encomenda, agora ele tinha o caminho livre para ter uma vida digna de rei, após se casar com uma princesinha.
Seus sentimentos em relação eram ambíguos e muitas vezes iam de admiração mútua até interesses escusos, no entanto amor era para ele uma palavra completamente desconhecida para ele.
Ela, no entanto tinha uma paixão tão avassaladora por ele, que não se importava com mais ninguém, seu mundo era ele e o resto pouco importava.
Passado pouco tempo ela engravidou, ele sempre ao seu lado, muitas vezes mais até do que seria necessário, tinha se tornado presente até demais, estava no último ano e seus professores lhe davam folga durante o dia, contanto que ele trabalhasse a noite, ela ainda tinha mais dois anos para concluir seu curso.
Os noves meses foram seguindo, até que dois dias antes do parto ela resolveu que queria comer pizza, e lá foram eles num carro da família dela até uma pizzaria no centro da cidade.
Naqueles dias, ondas de protesto tinham se desencadeado por todo o estado, após uma greve das policiais militares que exigiam melhores salários. A justiça já havia determinado a volta, porém mesmo com o efetivo nas ruas, a crise ainda estava instalada e naquela noite enquanto aquele casal se divertia contando piadas e pensando no futuro da criança ainda por nascer, um grupo de assaltantes estava limpando o bairro, indo de comércio em comércio, até chegarem à pizzaria, aonde eles virão o carro de luxo e entraram com tudo, exigindo as chaves que estavam na bolsa de sua esposa.
Eles estavam próximos a porta, já tendo saído e ela rapidamente entregou a bolsa, todavia, os bandidos virão o dono da pizzaria ligando para a polícia e atiraram no casal, fugindo no carro.
Os dois disparos efetuados pelos criminosos tinham atingido Antônio na cabeça e Débora no coração, causando morte instantânea para ela.
O socorro lutou para manter seu corpo respirando e quando chegaram ao hospital, foi feita uma cirurgia para tirar a criança de dentro do corpo da mãe.
Os médicos tiveram sucesso e o bebê foi para a incubadora.
Antônio, entretanto, só tinha entrado em coma, mas seus sinais vitais permaneciam inalterados, a bala tinha atingido a parte do cérebro responsável pelas emoções e provavelmente ele teria alguma dificuldade para lidar com sentimentos comuns aos seres humanos no dia a dia.

Capítulo 4 - Voltando à realidade. Ou soltando os monstros da mente.

(Algo interessante acontece quando uma pessoa entra em coma, muitos relatos dizem isso e o cinema já usou essas experiências em diversos filmes e isso também aconteceu com nosso protagonista.
Sua mente durante o coma tinha lhe feito recordar cenários do seu passado, triste e numa espécie de jogo, aonde as lembranças iam evoluindo para cenas cada vez piores até ele ser defrontado com a cena de sua esposa sendo baleada e a dor, muita dor, que ele sentirá quando a bala atravessou sua cabeça.)
À medida que aquilo ia acontecendo os médicos iam vendo com espanto as áreas do cérebro afetadas se recuperando aos poucos e para espanto de todos. Ele já conseguia respirar sem ajuda de aparelhos, após uma semana, no entanto ainda não tinha acordado totalmente, mas aqueles sinais de melhora foram um avanço e tanto.
Ele estava internado juntamente com sua filha, num dos melhores hospitais de Aracaju, referência médica em todo o país, o pai de sua esposa, tinha sido generoso ao pagar para ele também todo aquele tratamento, pois era graças aquele homem que ele ainda tinha um pedaço da sua filha preferida e o coração do velho ficou amolecido com toda aquela tragédia.
Os assassinos de sua filha estavam presos, a polícia tinha sido bem paga para fazer seu trabalho com uma agilidade absurda.
Em dois dias todos os envolvidos estavam presos e logo teriam um fim bem normal nas cadeias do Brasil inteiro: Acabariam mortos, quando o assunto esfriasse na imprensa para não levantar suspeitas e problemas.
Ele ficou dois anos em coma, sua filhinha, vez ou outra era levada no hospital ver ele e ficava comovida com a cena do pai naquele estado, comovida até demais para uma criança tão pequena, começava a chorar sem parar até ser tirada de perto dele.
Era como se tivesse medo de seu próprio pai, algo que todos ali deveriam ter...
Na noite em que ele acordou, estava mudado, não se lembrava mais de quem era somente pedaços de memória estavam soltos pela sua mente, naquela hora uma enfermeira trocava a sonda de todos os pacientes usando um carrinho, quando ela estacionou o carrinho bem ao lado da cama, ele rapidamente pegou um bisturi que estava próximo e ameaçou a enfermeira perguntando:
_ Quem sou eu?
_ O que está acontecendo?
_ QUEM SOU EU?
A mulher amedrontada gritou muito e se debateu e ele acabou por soltar ela, devido seu corpo ter estado fraco, após três anos paralisados em cima de uma cama, num coma profundo.
Ele estava mudado para pior, conforme o tempo ia passando os cacos do seu passado pareciam se diluir num mar de ódio que inflamava seu peito, tudo e todos eram seus alvos, ele planejava as noites naquele hospital enquanto se recuperava, qual seria a melhor forma de matar a cada um deles.
O choque do projétil tinha afetado toda sua estrutura cerebral e libertado o monstro da fúria com carga total, sentimentos como amor, compaixão que são a formação básica da humanidade nas pessoas, nele eram apenas lembranças lançadas ao subconsciente, totalmente esquecidas e perdidas.
Ele com o tempo acabou entendendo o mundo onde vivia, aos poucos sobe pedaços da sua vida que lhe eram contados em doses cada vez mais homeopáticas para evitar algum tipo de choque que pudesse trazer Antônio de volta ao estado de coma.
(Pode ser estranho chamar um personagem só pelo primeiro nome, mas ele não tinha na mente alguma idéia de sobrenome, até por que nem lembrava qual era este e como nunca teve certidão de nascimento, acabou sendo somente Antônio Silva, mas este por sua vez tinha sido uma exigência do tabelião que lhe deu o registro anos atrás!)
Mal sabiam eles que aquela mente já estava completamente perdida e se algum médico pudesse ver os pensamentos daquele homem, com certeza teria o trancado numa cela acolchoada, vestindo uma camisa de força para todo o sempre, ninguém tinha idéia do mal que ele iria começar.
“Quando a alma se torna noite, os gritos ecoam no ar!”

Capítulo 5 – A solta.

Uma noite já em seu apartamento, após voltar do hospital ele acordou com febre, estava delirando, fazia quase dois meses que não matava ninguém.
Ele morava próximo ao centro da cidade e naquela noite ao abrir a janela para tentar se refrescar viu um grupo de menores se drogando na porta de sua casa.
Todos loucos e possuídos por algum torpor, elas pareciam dançar no meio das ruas que naquela hora por sorte estavam vazias, ele estava no terceiro andar e pode ver o traficante que tinha dado as drogas para as crianças indo embora por um beco entre seu prédio e outro prédio ainda em construção, de onde deveria pular para o outro lado e pegar algum veículo para dar o fora dali.
Era estranho, ele parecia possuído por uma febre, quando pegou uma bengala e desceu os andares até a escada de incêndio onde, viu chegando ao ponto onde a madeira fazia uma rampa para pular ao outro lado, ele viu aquilo e quando o criminoso se preparava para pular ao outro lado sentiu somente um impacto, Antônio tinha pulado para cima dele e os dois cairão pesadamente no chão, por sorte o criminoso cai em cima de um monte de lixo onde havia várias garrafas de vidro guardadas, causando a morte na hora, Antônio também saiu ferido e torceu o tornozelo e uma das mãos ficou seriamente machucada, no entanto conseguiu se evadir dali antes que alguém pudesse ver ele e os sinais de sangue deixados acabarão sendo lavados pela chuva que caiu naquela manhã, pouco antes dos policiais do departamento de homicídios chegarem ao local.
No outro dia, ele foi ao médico em um hospital particular e inventou uma história contando que tinha se machucado após cair de uma escada ao tentar instalar um suporte para a televisão que possibilitasse uma melhor visão.
Todos acreditaram e ele conseguiu um atestado para aquela semana, onde enquanto se recuperava do trauma corporal ia bolando maneiras para se tornar mais profissional na arte de matar toda sorte de escórias da sociedade, ele iria se tornar um lixeiro social, carregando para o caixão toda escória imunda da sociedade.
Mesmo estando machucado só naquela semana, ele matou mais de vinte trombadinhas e traficantes na região próxima a sua casa, aprimorando seus golpes para se tornar mortal, ele foi escrevendo seus êxitos num diário, lembrar de cada grito de suas vítimas era um prazer que ele não conseguia resistir.
A polícia começou a investigar seriamente o caso e algumas pistas desencontradas iam aparecendo, então para forçar esse assassino a aparecer eles colocaram uma policial disfarçada como prostituta e a deixaram naquela zona, mesmo sabendo dos riscos da agente acabar morta.
Os crimes naquela região contra os marginalizados tinham assumido uma proporção de extermínio, todas as vítimas eram encontradas nuas com o corpo coberto por ácidos que destruíam os tecidos, deixando somente esqueletos brancos para análise.
Prostitutas, mendigos, crianças de rua, ladrões, traficantes, todos estavam sendo encontrados mortos em várias partes daquela região, a imprensa começava a ir em cima dessa história e logo o país estava sabendo daquilo o que forçou ainda mais as autoridades a irem atrás do culpado.
A agente foi deixada ali e logo começaram a aparecer clientes, tudo parte do plano, o carro com os clientes só iria rodar um pouco para deixar aquilo algo mais verossímil.
Naquela noite, no entanto, o alvo estava em outro lado daquela região num ataque brutal contra outra prostituta que tinha ousado ficar fazendo ponto próximo à estátua de Nossa Senhora dos navegantes, aquilo era um ultraje! Que ele saberia reparar.
Seguiu a noite inteira e quando ela entrou no banheiro da praça para retocar a maquiagem ele já estava lá dentro, com uma injeção de uma droga que causava sonolência que aplicou no pescoço deixando a desacordada em questão de segundos, ele colocou seu corpo dentro de um saco e saiu pela parte arborizada escura, onde deixou um carro que tinha pegado de um cafetão, há quem matará a duas noites atrás, de pancada.
Naquele crime alguém tinha visto a placa do carro! Um mendigo que estava sob efeito do álcool, anotou mentalmente a placa, mas ninguém o levou a sério quando na frente dos repórteres ele disse: ANB – 2227.
No outro dia a polícia iria se arrepender de não ter ouvido aquele pedinte, um travesti foi encontrado morto, completamente nu, a causa da morte tinha sido asfixia causada por pressão e pela inserção do pênis da vítima por sua garganta até que está parasse de respirar.
A cidade tremia de medo e ele ficou cada vez mais feliz, nada era encontrado em lugar nenhum!
Capítulo 5 – O princípio do fim

Ele se mudou da capital sergipana e por algumas semanas tudo parecia normal, as noites eram de patrulha constante da polícia, que para os jornais dizia ter pistas, mas na verdade todos sabiam que eles estavam caçando uma espécie de fantasma.
Sem fazer muito alarde a polícia federal entrou na investigação, mandando uma equipe de novatos, para serem treinados, dentre todos os novos agentes uma se destaca: A bela Marina Ferrati, uma mulher encantadora, de personalidade forte que tinha muita vontade de trabalhar.
Eles ficaram procurando pistas e voltando aos locais do crime, quando após duas semanas as mortes voltarão a ocorrer: Um traficante tinha sido morto e assado num bairro periférico, os vizinhos contam que um homem vestindo um terno cinza tinha entrado na casa do rapaz e atirado em todos lá dentro.
Puxando a ficha verificou que o rapaz tinha sido um dos assassinos da filha do político, esposa de Antônio.
Era um assassinato por vingança ou não, tudo agora tinha assumido um papel muito grande.
A polícia voltou à velha tática e dessa vez o alvo seguiu o que era esperado, no entanto algo saiu errado.
_ Marina, lembre se você está completamente vigiada, basta que qualquer um perto de você, lhe cause algum risco para que nós entremos em ação. Disse o chefe pelo ponto no ouvido dela.
No entanto ele estava observando do alto do seu prédio e por meio de uma pequena escuta soube que aquela não era uma presa comum: Era uma policial disfarçada!
Ele desceu para a praça, iria se divertir aquela noite, e deixar mais uma vez os policiais sem entender nada.
Pegou um pequeno dispositivo que havia comprado em uma loja de eletrônicos que embaralhava sinal de câmera e áudio e foi chegando perto dela, que demonstrava medo até pelos poros, os policiais estavam há uma quadra numa van, quando o sinal dela apagou sairão correndo para ver o que havia acontecido, mas ela já estava caída no chão e ele tinha entrado num táxi e pediu para ser deixado na porta de casa, rapidamente, dando um endereço no outro lado da cidade, na casa do seu sogro, onde iria criar um álibi visitando sua filha, que não tinha notícias há quase três meses.
No entanto não resistiu quando ao ouvir pelo rádio do táxi que uma agente tinha sido atacada pelo maníaco do centro.
O noticiário falava onde ela estava sendo levada e ele queria terminar o serviço de qualquer maneira e para lá se dirigiu, após matar o taxista com um tiro seco através do estofado e deixar seu corpo jogado no meio da pista, já na área norte da cidade.
 Capítulo 6 – Apostando com a sorte.

Era quase de manhã, mas ele tinha conseguido chegar ao hospital, tinha matado um enfermeiro na entrada de serviço, deixando desacordados dois médicos e um policial que fazia escolta da ala dos presos que precisavam ser vigiados para não escapar, mas agora ele estava ali do lado de sua vítima, ela estava desacordada, mas logo voltaria, era questão de minutos até ela estar gritando, pois a droga que tinha usado nela era um composto químico para causar sono letárgico que o corpo demorava apenas algumas horas para acordar.
Ela despertou e viu ele lá sentado ao seu lado, sorrindo!
_ Pensou mesmo minha cara, que eu iria te matar? Estava apenas me divertindo quando te envenenei, mas agora vendo você aqui, indefesa e sozinha, me sinto tão tentado a querer brincar!
_ Sabia que você lembra minha esposa? Sabia que um grupo de marginais roubou ela de mim? Sabia que ninguém fez nada para impedir aqueles malditos?
_ Aposto que não, mas agora você vai saber. E naquele instante um bisturi abriu a veia principal do braço dela e a dor era imensa. Ela tentou gritar, mas estava com a boca tampada por um respirador que abafava todo som que ela fazia, era inútil gritar e até mesmo resistir não era possível, pois estava amarrada na cama e ele foi cortando a em pedaços enquanto ela tentava em vão se defender.
Por fim ela, ela tinha sido dissecada ainda viva, os olhos tinham sido arrancados, os órgãos estavam expostos e por todo lado sangue jorrava sem parar.
Somente quando foi tarde demais uma enfermeira chegou ao quarto, somente quando foi tarde demais ela começou a gritar, pedindo socorro, mas a lâmina que tinha retalhado a policial voou em sua direção e por pura sorte atingiu lhe no tórax, não causando a morte somente por causa do implante de silicone que ela tinha no peito, que com o impacto acabou explodindo por dentro, vazando o líquido pelo seu abdômen.
A polícia chegou e ele foi cercado, acabou se matando no último andar do hospital.
O escândalo foi tremendo, abalou as estruturas políticas e manchou o nome da mais poderosa família da região.
Conforme a investigação foi avançando, várias ossadas foram encontradas no porão da casa dele e nos arredores, ossadas de pessoas humildes, pobres que não tinham culpa ou escolha.
Muito se repercutiu do caso e no fim, ele acabou se tornando um exemplo para milhares de outros insanos com propósitos de limpeza social e os crimes desse tipo aumentaram por todos os lados.
O monstro dele morreu! Mas gerou filhos em vários outros lugares...

















Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...