domingo, 28 de agosto de 2016

Espíritos sugados.




Passeando pelas ruas novamente vi vários jovens usando seus celulares próximos ao rosto. Na tela apareciam pequenos monstrinhos.
A mente deles saía da realidade e todos pareciam felizes e contentes, enquanto isso o programa sugava a energia dos seus usuários.
Os antigos tinham um ditado, os olhos são as janelas da alma, aquilo que vemos enche nosso espírito e molda nossas realidades.
Aquilo que prende sua atenção prende seu corpo, sua mente e seu espírito.
Caminhava pelas ruas olhando o movimento dos carros, a cidade pulsava tanto materialmente quanto espiritualmente e os celulares daqueles jovens estavam sugando os.
Crianças em um parque já estavam quase secas espiritualmente, de tanto olhar para a tela do celular, enquanto seus pais estavam felizes e satisfeitos de as verem quietas e caladas, como seria se soubessem que seus filhos e até eles próprios viraram gado?
Eu não iria me intrometer, eles escolheram viver com as máquinas, escolheram serem escravos de mundos virtuais, que arcassem com sua própria ignorância.
Diversas ordens de magia, poderiam estar por trás desse aplicativo que virou febre mundial, nenhuma delas usaria a energia dos jogadores para algo positivo.
Possivelmente um grande pacto com demônios pudesse estar sendo feito, nas escondidas, mas se eu dissesse isso para alguém seria tratado como maluco.
Os humanos comuns, estão perdendo sua essência, vivem pelas máquinas, são escravos delas há muito tempo. Muitos até duvidam da existência do mundo espiritual, tão cheios de si que ousam afirmar que só há um mundo, aquele que podem tocar.
Criaram sobre seus olhos uma venda que os impede de ver a verdade. Foi no fim da idade média, a renascença fez o homem ficar arrogante, fez todos se sentirem o centro do mundo, ousou criar uma filosofia cujo centro era o próprio homem, o barro chamando a si mesmo de deus.
E de lá para cá tudo piorou, a mente da maioria é fechada até para a própria vida, vivem no automático, sem sonhos, sem imaginação. São apenas máquinas com um coração que pulsa friamente.
E daí que as crianças vão perder seu espírito? E daí se vão ser apenas escravos de novas ordens mundiais? Eles escolheram isso, e eu sigo apenas meu caminho, vivendo em paz na selva de pedra.

sábado, 27 de agosto de 2016

Besouro no chão.



Aquele era um caso estranho, um corpo foi encontrado no meio de um prédio abandonado, os peritos chegaram e nada foi encontrado, nem mesmo um vestígio, uma pegada, uma simples digital.
O corpo não disse muito também, não tinha marcas, ferimentos nem mesmo havia drogas nas veias. Nada foi encontrado nos bolsos, a roupa estava intacta. Era como se ela fosse uma boneca de cera, branca, com cabelos sujos, vestida com uma túnica branca quase transparente, mostrando a forma do corpo torneado e forte da policial.
Parecia que ela tinha sido colocada ali, o prédio estava abandonado e repleto de sujeira, os mendigos que ali habitavam esporadicamente não disseram nada. No entanto nenhum deles podia ser acusado de nada e logo foram liberados para voltar as suas vidas miseráveis.
O único detalhe que a perícia achou foi uma pequena mosca de ouro, que estava presa por um alfinete no vão do elevador desativado.
A identificação da moça, mostrou que ela era parte das forças de segurança do primeiro Ministro Israelense, uma soldado treinada e que estava no Brasil como parte da comitiva que veio para protege – lo durante as olimpíadas e que desapareceu dois dias antes do fim dos jogos enquanto estava em um treinamento junto as tropas de segurança do Brasil.
Várias pessoas foram chamadas para depor, seus testemunhos eram desencontrados e não trouxeram grandes progressos, o único ponto em comum era que todos se lembravam de ter deixado a em frente ao hotel em que estavam hospedadas as forças de segurança de Israel.
Os funcionários falaram pouco acerca da chegada da policial, nas câmeras ficou provado que ela realmente entrou no horário que os policiais tinham relatado.
Um detalhe no entanto chamou a atenção do investigador Cléber, responsável pelo caso, as câmeras mostravam ela entrando, no entanto a porta do quarto dela, que se abria somente com um cartão de acesso ainda estava trancada.
Os funcionários abriram a porta com uma chave extra e ali dentro tudo estava revirado, manchas de sangue estavam por todos os lados e uma mensagem escrita num espelho do banheiro mostrava um símbolo antigo.
O investigador saiu do hotel e chegou em sua casa, logo começou a procurar na internet dados a respeito e só achou em um site de teoria da conspiração sobre uma antiga seita: Os adoradores do escaravelho, uma seita muito antiga que tinha várias ramificações ao longo do Oriente médio, recentemente um de seus locais de culto foi estourado em Israel após a morte de um garoto sequestrado e aniquilado em um ritual místico, a policial responsável era justamente a que foi morta no Rio de Janeiro, que havia levado a prisão um poderoso político do país, envolvido com o grupo e com o assassinato.
O simbolo da seita era igual ao encontrado no vão do elevador, Um símbolo que parecia levar ao assassino.





O corpo sumiu.

Logo pela manhã, o investigador recebeu uma ligação da central, o corpo da policial tinha sido roubado do IML, cinco peritos e um segurança foram encontrados mortos, o centro de necropsia tinha sido atacado a noite por homens fortemente armados.
_Tudo agora se complica, ele pensou após receber as informações da central.
_ Agora não tenho mais corpo, só esse broche e nada mais.
Saiu pela porta de sua casa, e quando começou a dirigir percebeu que estava sendo seguido, acelerou em meio a trânsito do Rio de Janeiro e se evadiu dos seus perseguidores retornando no meio de um túnel em alta velocidade.
Os seus perseguidores logo estariam novamente no seu rastro, abandonou o carro assim que chegou num ponto de ônibus, levou somente uma pequena pochete onde tinha os documentos do carro e o broche, sua arma e a carteira com documentos e dinheiro.
_ Se conseguiram entrar até no IML, que é perto da central, eu iria ser um alvo rápido, seria apenas mais um policial morto serviria apenas para divertir diálogos de esquerdistas maldosos.
A rota do ônibus seguiu, e antes que chegasse na última estação, uma mulher fez sinal e o motorista parou.
Ela deu alguns passos e atirou na cabeça do motorista, no mesmo instante, apertou um botão que estava em uma das mãos e o veículo foi pelos ares no mesmo instante.
Cléber e os demais passageiros acabaram incinerados. As investigações, vasculharam em meio dos escombros e encontraram dentro de um pedaço da pochete, o estranho broche, mas não tiveram a perspicácia de procurar na internet a procura dos dados sobre a origem do objeto.
A seita tinha recrutado anos atrás a jovem que tinha cometido aquele atentado em um sanatório e a guardavam sendo drogada em um quarto fechado, esperando para usa – la a fim de resolver algum problema.
O grão mestre olhou o caso nos jornais e deu um riso, resolveu todo o problema que os assassinos da ordem tinham causado por vingança.
Logo tudo aquilo estaria esquecido e os mortos seriam apenas um número na estatística e um discurso na boca dos hipócritas.
Outra pessoa pegou o jornal de uma lixeira e viu a notícia da morte do policial, olhou para o céu e declamou em alta voz:
_ Deus, poderoso pai do universo, leve para seu seio todos os idealistas, todos os tolos que buscam melhorar o mundo, eles são nobres demais para essa existência medíocre.
A cena poética daquele homem maltrapilho, chamou a atenção de alguns que passavam pela movimentada avenida. Mas logo a rotina os consumiu e eles voltaram a ser cegos a realidade dos desfavorecidos.
Enquanto isso aquele homem, caminhava alheio ao tempo e as pessoas, vagava meditando sobre a vida, apreciando a paisagem, pulava longas alturas e já tinha ajudado muitas senhoras assaltadas por bandidos.
A sabedoria e a paz que ele transmitia eram paradoxalmente opostas a sua própria condição maltrapilha, mas somente aqueles que viram a verdade podem se permitir não ser presos pela imagem dos outros.

domingo, 21 de agosto de 2016

A vibrante cor do sangue

Era uma noite calma na cidade de Paris, Maria passeava pelos ruas apagadas da cidade luz.
Todos tinham ido dormir tarde após a comemoração do ano novo, ela no entanto estava voltando da faculdade e caminhava pensando em todos os projetos que estariam por vir.
Sonhava com uma bolsa de estudo e sua pesquisa no laboratório poderia ajuda - a ir mais longe, talvez um mestrado no Brasil pesquisando o Zika ou na África trabalhando com o Ébola.
Caminhava calmamente do campus da faculdade até sua casa, estava tão focada em seu trabalho que nem se deu conta que olhos na escuridão a seguiam bem de perto.
Estava frio aquela noite, ela chegou a estação de trem alguns minutos depois do fechamento do último trem.
Agora teria de ir a pé para casa, antes que terminasse esse pensamento começou a sentir um frio na espinha, uma sensação de medo se apoderou dela totalmente, começou a olhar ao redor até que viu ao longe um rapaz, pálido e de olhos vermelhos, ele parecia estar meio escondido na penumbra da noite.
Ela começou a andar rápido, mas antes que desse poucos passos viu novamente os mesmos olhos ameaçadores, girou o pescoço ao redor e antes que pudesse perceber estava cercada, um grupo de vampiros se divertia com ela antes de mata - la.
A mente deles sentia o calor do corpo dela, ouvia o bater do seu coração com uma mistura de desejo e fome.
Arnand, Marak e Shabul, eram vampiros árabes que tinham sido atacados antes de virem para a Europa.
Se infiltraram no meio de uma carga do museu de história natural que foi resgatar peças romanas em Palmira antes da cidade ser destruída, e quando o avião dos pesquisadores pousou em Paris para um reabastecimento saíram e começaram a saciar seus instintos.
A jovem era sua quinta vítima, gostavam de atacar moças, brancas e bonitas.
Desapareciam com o corpo antes que alguém pudesse aparecer.
Durante o dia viviam nos esgotos e passaram a se unir como uma matilha.
Os três atacavam a vítima até satisfazerem sua vontade. Mas Maria não iria ser uma vítima.
Ainda na infância a jovem ganhou um pequeno amuleto da avó, uma pedra chamada de a cor do sangue, era um talismã cigano que protegia das criaturas da noite.
Maria não acreditava nessas bobagens, mas ainda sim para não desagradar a avó sempre o usava por baixo da blusa. E foi esse o motivo que impediu ela de acabar sendo somente um cadáver a mais boiando pelo Sena.
Os vampiros resolveram brincar, queriam saciar seus desejos sexuais e antes de morderem ela, rasgaram sua roupa, despindo a em poucos golpes enquanto ela tentava gritar, mas sua voz parecia estar travada no fundo da garganta.
No instante em que se preparavam para violenta - la um deles passou de leve a mão na pedra que ela carregava no pescoço e no mesmo instante começou a queimar.
A jóia começou a emitir uma luz sagrada, como se fosse um pequeno social, irradiando tudo ao redor com uma luz avermelhada.
No mesmo instante os três vampiros começaram a desaparecer, foram pouco a pouco ficando transparentes até que sumiram, deixando somente suas roupas ali.
Depois que eles desapareceram um guarda ouviu os berros da moça, que em estado de choque se agarrava a jóia em seu pescoço, como se ela fosse lhe proteger de um grande mal.
O caso virou manchete dos jornais, a jovem foi tratada como louca, mas daquele dia em diante, voltou se a suas raízes, o mundo da ciência perdeu uma bacteriologista inteligente e a humanidade ganhou uma poderosa conjuradora de magia, uma estudiosa dos segredos arcanos contra os vampiros.
Maria, também como Slayer, despertou naquela noite, onde por pouco ela não acabou se tornando parte da alimentação de um grupo vampírico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Kundi: Uma busca.

Duelos entre samurais eram sempre uma grande atração, mas aquele prometia ser uma grande disputa de um lado o poderoso Agamoto, o rei das duas espadas, guerreiro valente e dono de uma personalidade irascível.
Do outro lado estava um shaolin, chamado Kundi que o desafiou após ver ele acertar uma jovem que estava em seu caminho com um chute.
A briga para todos seria um massacre e o pequeno monge seria fatiado e colocado nos muros da cidade.
Mas o experiente samurai não conseguia acertar nenhum golpe, sua lâmina sibilava no ar como uma serpente procurando o corpo do jovem, mas este parecia saber o exato momento de desviar.
Assim foram avançando as horas, até que o guerreiro parou de atacar e começou a ficar ofegante, manter se ágil por tanto tempo tinha exigido muito do seu corpo e seus braços estavam em chamas, somente sua raiva parecia estar ainda forte, enquanto cada músculo parecia gritar para que parasse.
Nesse instante ele parou, abaixou as lâminas e procurou respirar e antes que pudesse perceber seu oponente lhe acertou um soco no pescoço, foi possível ouvir o barulho do osso se quebrando e da boca de Ogamoto no mesmo instante começou a jorrar sangue, seu corpo tombou para trás e ele caiu sem vida, para espanto da plateia que tinha se juntado e azar dos que haviam apostado na morte do pequeno monge.

Para se destruir o grande dragão é necessário saber o momento certo de atacar.

Esse conto se inicia num pequeno monte, O mestre de um mosteiro Shaolin estava meditando em busca de paz, quando ouviu ao longe o barulho de uma criança chorando no rio.
O menino vinha enrolado numa pequena barcaça de bambu, reta e forrada com um pedaço de seda.
Ele viu ele de onde estava e reparou que dois ursos vinham seguindo o berço, dispostos a matar a pequena criança.
Rapidamente o mestre se levantou e conseguiu tirar o cesto da água com a ajuda de seu cajado, no mesmo instante os ursos chegaram dispostos a comer a criança, mas antes que pudessem atacar foram acertados por dois golpes do mestre que destruiu todo o focinho, quebrando de uma vez todos os dentes das duas feras.
O mestre pegou a criança do cesto e deu a ele o nome Kundi que no idioma antigo significa a “serpente do rio da vida”.
Kundi foi cuidado pelos monges e se tornou uma espécie de aprendiz das artes. Os shaolin buscavam aprimorar o corpo e a mente, na busca de se unir ao uno, assim sendo a rotina de meditações, estudos e trabalhos corporais desde cedo passou a fazer parte do garoto.
De fato ele nunca foi bom em lutar, não tinha interesse em atacar ninguém, mesmo quando ordenado, exceto quando combatia em prol dos outros.
Sua filosofia pessoal era muito centrada em si mesmo. Não costumava ser desobediente, mas fazia tudo do seu jeito. Até que ao entardecer de mais um dia, o mestre se iluminou e antes de partir disse uma profecia para cada um dos seus discípulos.
Para alguns foi profetizado prosperidade, outros força e que outros teriam vida longa e próspera. Quando chegou a vez de Kundi no entanto a profecia foi vazia:
“A sua jornada é para fora e para dentro, você vai se tornar mestre e um dos seus discípulos irá causar grande destruição”.
Os taoístas controlam a mente e o corpo de tal modo que conseguem viver muitos anos sem aparentar sua verdadeira idade. Sua dieta e exercícios os tornam bastante longevos, ele continuou por muito tempo com uma aparência jovem.
Seu corpo parecia estar harmonizado ao local e a noite era difícil para muitos diferencia - lo da paisagem.
Tudo ainda corria em paz, mas a guerra chegou, o exército do norte devastou o monte onde estava o templo e Kundi só escapou de ser morto, por que se escondeu na sala secreta, protegendo escritos antigos contendo sabedoria de milênios atrás.
Ele não soube o que aconteceu com seus amigos que ali estavam, mas depois de dois dias dentro daquelas paredes precisava sair.
Andou com dificuldade devido a noite estar bastante avançada, carregava com cuidado todos os tesouros. Os guardas já tinham partido e ao longe era possível ouvir gritos de uma pequena aldeia bem próxima, o exército por onde passava era famoso por causar massacres e aquela pequena vila iria compensar a fúria daqueles assassinos, uma vez que o imperador havia exigido que nenhum dos monges fosse morto, apenas carregados em um comboio até a capital.
A idade do imperador já estava avançada e alguns sábios disseram a ele que naquele velho mosteiro estava escondido o antigo tomo da sabedoria que continha a fórmula da vida eterna e logo esse conhecimento se tornou o objetivo de vida do monarca.
Logo as tropas foram enviadas e causaram um verdadeiro massacre até ali chegarem, o exército em marcha era visto pelos camponeses como um grupo enorme de gafanhotos vindos do céu. Eram mais temidos no interior do país do que a mais cruel das maldições impostas pelos magos que viajavam por todo o reino.

Kundi agora via o mundo novo a sua frente, as ruínas do mosteiro todo revirado lhe impulsionaram a andar.
Pegou uma pequena bolsa disposto a proteger os pergaminhos e saiu dali com duas mudas de roupas, sem destino, ele nem se lembrou de levar mantimentos. Sua mente estava tentando entender tudo aquilo em um ciclo de perguntas que parecia não ter fim.
Caminhou até a vila, seguindo somente os desígnios do céu e quando lá chegou foi logo percebido pela sentinela que deu o alarme, gritando: Um monge, um monge! Logo alguns soldados que ainda não tinham bebido demais começaram a despertar.
Riram da figura cambaleante do monge que naquele exato instante tinha entrado num estado de meditação tão forte que era conhecido como projeção. Quando os guardas tentaram cerca - lo, ele desviou de seus golpes como se fosse um pensamento, nem mesmo os mestres samurais tinham tanta agilidade.
Ele jogou um dos soldados longe, com apenas a força dos pulsos, a armadura de couro se rachou em pedaços e a caixa torácica implodiu como se tivesse sido atingida por um projeto de catapulta.
A luta foi rápida em poucos segundos o monge estava sozinho e os soldados que tentaram detê - lo foram jogados ao longe, os corpos pareciam terem sido atingidos por pedras.
Com o barulho os demais membros da guarnição apareceram, mas ao verem o que se passava, saíram correndo como se tivessem visto a um dragão.
O acólito shaolin então caiu e foi socorrido por um grupo de homens que tinha se escondido dos soldados e aos verem sair da cidade, apareceram para o salvar.
Kundi estava desmaiado, sua energia vital estava muito baixa, e mesmo assim foi capaz de invocar a fúria, um estado mental, onde a raiva e a vontade da pessoa passam a ser uma só, e assim um indivíduo comum passa a ter poderes sobre humanos...

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...