Nigéria, dias atuais.
A região oeste do país é pilhada por grupos terroristas
islâmicos que destroem e saqueiam vilas e pequenas cidades, sem que o exército
consiga os exterminar.
Matam os homens e mulheres que acreditam no cristianismo
e levam suas filhas como escravas, isso quando não as matam ainda no local e
deixam os corpos para comida dos abutres.
Num desses ataques levaram a jovem Makra para ser
vendida, ela tinha apanhado muito por que gritou de pura dor pela morte dos
pais e pelos abusos a que foi submetida.
Ela estava num caminhão junto com outras moças, não
sabiam o que iria lhes acontecer e o medo era a única coisa que sentiam. Um
pavor tão intenso que as mantinha acuadas, como animais em uma jaula.
Mas Makra conseguiu vencer o medo e num ato de coragem
atacou o captor que estava armado e conseguiu tirar a metralhadora dele e
disparar várias vezes, antes de ser atingida pelos que escoltavam a carga.
Ela caiu com um tiro de pistola dado por um motoqueiro
que acertou a no ombro. O caminhão no mesmo instante parou e ela foi arrastada
para fora. A bala cortou uma artéria, causando uma hemorragia e fazendo com que
ela perdesse muito sangue a cada minuto.
Os terroristas a pegaram pelos cabelos e na frente de
todas as outras deram vários golpes com um machado nela. Seu corpo foi
desmembrado e um homem foi designado para pegar os pedaços e esconder os
rastros para que o exército não tivesse pistas para onde eles foram.
O soldado pegou tudo e juntou em sacos, colocando próximo
das jovens que eram constantemente amedrontadas quando ele levantava um pedaço
daquela sacola e ficava dizendo:
_ É assim que vocês vão ficar se tentarem fugir.
E passava aquilo nelas, algumas gritavam de pânico,
outras apenas choravam em puro estado de choque nervoso.
O acampamento dos terroristas era num antigo templo
perdido no meio da floresta, a região foi toda minada e vigias se revezam para
patrulhar do meio da vegetação as principais estradas, avisando quando as
patrulhas passam para que eles possam desaparecer dentro do labirinto daquela
antiga construção.
O lugar era cheio de inscrições de um povo antigo, que
falavam de fatos ocorridos há muito tempo, mas que tinham sido apagadas com
fogo e ácido quando o líder daquele bando: Omar Kaedh Sanir se tornou um líder
radical, após voltar do Oriente Médio, onde teve treinamento militar pela Al
Qaeda.
A carga com as moças desceu e foram levadas para um
calabouço improvisado no subsolo, os compradores viriam logo. No geral eram
milionários sem nenhuma moral que adoravam torturar e matar elas e que pagavam
muito bem para satisfazer a todas as suas perversões.
Na entrada do lugar um padre era mantido dentro de uma
gaiola suspensa, sempre que passava por ele o líder daquela célula terrorista
adorava zombar, perguntando:
_ Onde está seu Deus? Por que ele não te protege de mim?
E ria mostrando seus dentes alvos enquanto o religioso
somente orava, já estava magro e com os ossos a mostra e em breve iria morrer,
mesmo assim pedia perdão a Deus para aqueles homens capazes de tamanha
atrocidade.
O soldado que carregava o saco com o corpo de Makra foi
até o líder num desses momentos em que ele estava se divertindo zombando do
padre.
_ O que eu faço com isso? Perguntou. Omar apenas olhou para o conteúdo pingando
sangue e disse: _ Jogue na caverna como todas as outras.
Antes de Makra, noventa e nove moças foram mortas e
jogadas ali era uma grande depressão no centro do lugar onde eles lançavam os
mortos e todo o lixo. Para evitar o mau cheiro e os gases tóxicos que a decomposição
produz eles colocaram uma tampa de concreto.
Quando dois soldados mandados para ajudar ele na missão
de se livrar do lixo abriram a tampa, no mesmo instante toda a caverna ficou
cheia de um gás tóxico. Os homens tamparam o rosto com lenços embebidos num
preparado de ervas muito forte para evitar desmaiarem, e tão logo
o corpo foi jogado, fecharam rapidamente o lugar e por duas horas todos
ficaram fora do esconderijo.
Nesse meio tempo a pilha de corpos lá embaixo estourou
uma antiga porta de pedra e adentrou num antigo templo. A construção que agora
era habitada por aqueles sádicos terroristas, no passado era um antigo templo
dedicado à mãe Terra.
Ali dentro estava uma relíquia que no passado já
pertencerá a Gaia que acordou quando a porta foi aberta e abriu um portal que
trouxe de volta para aquele lugar a mãe Terra.
Ela ficou furiosa ao ver seu templo profanado por lixo e
sangue, palavras não poderiam expressar tamanha a fúria que aquela elemental
teve. Num pequeno gesto de suas mãos a Terra se abriu e tudo foi engolido. O
tremor fez o lixo adentrar ainda mais para dentro e o saco onde estava o corpo
de Makra se abriu mostrando a cabeça dela, o terror que aquela jovem carregava
no rosto fez com que Gaia se compadecesse e parasse com os tremores que se
alastravam em onda por toda a placa Africana.
Todos os homens de Omar tinham sido mortos no tremor e
nos deslizamentos que ocorreram, as jovens capturadas também morreram quando a
única saída por onde entrava oxigênio se findou e todo o ambiente ficou sem ar.
O líder daquela célula ficou sem entender quando o tremor
abriu a jaula onde ele mantinha o padre preso e esse num acesso de puro
instinto pegou um pedaço de pau e veio correndo para ele, dando lhe golpes com
uma força vinda puramente da fé.
Conseguiu por milagre causar graves fraturas e caiu morto
por pura exaustão do corpo. Omar teve ainda alguns minutos de vida até perecer
ali mesmo, mas antes de morrer pode ver a face do inferno.
Na caverna Gaia usou seus antigos poderes sobre a Terra
para unir a carne de Makra, só que ao invés de sangue o novo corpo era formado
do pó da Terra.
Jogou o corpo num poço de lama criado e com seu poder
moveu todos os corpos que ali estavam juntamente com o lixo, até que a mistura
brilhou numa luz profunda e dali se levantou uma mulher.
Não mais uma humana, sua face era da cor do solo, seus
olhos eram vazios, sua mente não tinha lembranças, não sabia quem era. O corpo
dela não precisava respirar ou comer, não temia mais a morte. Gaia tinha dado a
luz a mais um de seus filhos e assim que viu seu novo feito, abriu ela própria
o portal e voltou para o descanso eterno, deixando a relíquia para servir como
guia a sua nova filha.
A mulher se ergueu do poço de lama e caminhou pelo
templo, que agora estava vazio e sem vida. Seus olhos discerniam muito bem cada
pedra que havia sido entalhada naquele caminho. Ela caminhou até a pedra e
quando tentou encostar-se ao antigo cristal vindo do espaço para a Terra que
tinha poderes além do que a humanidade é capaz de imaginar.
Ao receber o toque dela, se dissolveu, dentro dela, foi
entrando através dos dedos e subindo pelo braço até chegar à cabeça. No mesmo
instante ela recebeu diversas visões do seu passado embaralhadas com outros
eventos aos quais desconhecia completamente.
Via outras realidades onde a sua história era outra, onde
ela tinha sido escolhida para ser prêmio Nobel da paz, após lutar contra as
milícias islâmicas e conseguir ser a primeira mulher presidente da Nigéria. Mas
isso tudo eram em outros tempos outras realidades.
Ali ela era apenas uma elemental de terra, criada com pó,
ossos e resíduos. Sua essência no frio da caverna foi se condensando na forma
de pedra e para andar precisava gastar muito tempo.
Procurou uma saída e as pedras do caminho apenas se
afastaram até ela encontrar a antiga escadaria que levava para uma saída na
floresta. Ver a luz do sol a fez fechar os olhos e seu corpo foi se dissolvendo
e no lugar das pedras foi criando uma casca de madeira resistente, como se
fosse a pele humana, as camadas de madeira foram moldando e quando tudo se
fechou ela era igual a uma árvore, tinha folhas na cabeça que caiam conforme
ela se mexia.
Quando se acostumou com a luz do sol e as mudanças no seu
corpo terminaram ela olhou pela primeira vez ao redor, sua capacidade ocular
era baixa, via somente o calor dos corpos e de plantas. Ela não enxergava as
cores ou as formas, apenas via a vida fluindo por todos os lugares, era capaz
de sentir o planeta em toda sua plenitude.
Levantou uma mão e no mesmo instante a terra se abriu e
um buraco engoliu a todos os corpos, e rapidamente a floresta recomeçou a tomar
o lugar que lhe era devido.
Ela foi caminhando deixando atrás de si grandes árvores
onde antes havia um acampamento militar. Sua presença parecia afetar as plantas
diretamente, fazendo árvores crescerem metros em questão de poucos minutos.
Parecia seguir a uma voz na sua cabeça que a mandava de
volta para casa.
Caminhava entre as árvores, criava uma trilha própria
evitando as estradas feitas pelas mãos do homem, pois ali não havia sinal de
vida no solo.
Os animais ao verem a passar apenas se abaixavam resignados
em sinal de respeito, era como se eles soubessem que estavam diante de alguém
superior a eles e até mesmo quando cruzou com o rei das selvas que caçava num
campo próximo a um antílope, esse parou sua caçada, dando oportunidade para sua
presa fugir e se inclinou perante a ela.
Caminhou por dias sem paradas nem descanso, até que
retornou a sua antiga vila. O lugar era apenas chamas e destruição, uma equipe
de TV estava no local e a viu saindo de uma floresta, começaram a gravar, mas
na hora que a câmera apontou para ela, ervas daninhas começaram a enrolar nos
pés do cinegrafista que caiu no chão, quebrando o equipamento. No mesmo
instante, formigas brotaram do chão e começaram a acertar o homem que naquele
instante já tinha as pernas tomadas de pequenas ervas que pareciam atar ele ao
chão.
A repórter enquanto ele foi atacado por um formigueiro
inteiro que rapidamente começou a surgir uma estrutura envolta do seu corpo, as
formigas usaram além de barro pedaços da roupa dele para revestir a nova toca.
Makra não via vida ali naquele local, a voz na sua cabeça
gritava, era como ouvir o lamento de mil pessoas mortas. A terra naquele lugar
clamava por vingança, tinha sido suja com sangue e pedia por punição.
Enquanto ela ouvia os gritos as câmeras apontaram para
ela, rapidamente abriu e fechou os olhos e logo a repórter estava correndo e o
cinegrafista morto.
O carro que eles estavam saiu correndo dali em altíssima
velocidade iria pedir ajuda a um comboio militar que tinha ficado um quilômetro
atrás, numa barreira para proteção da estrada que levava produtos do interior
do país para o porto a fim de serem exportados.
Mas tão logo ligaram começaram a atolar numa poça de
lama, o veículo começou a ser engolido pela terra, os ocupantes saíram correndo
e quando chegaram a porta da cidade um enxame de abelhas os atacou.
Os animais vieram furiosos de uma antiga colmeia que o
padre da localidade, preso pelos rebeldes, tinha e só pararam de atacar quando
os dois caíram inertes no chão com o pescoço e o rosto completamente inchados,
desfigurados.
Quando viu a força de vida sair dos corpos deles,
entendeu o que a voz queria. Jurou vingar e destruir a toda a humanidade,
limparia o mundo da chaga que era o ser humano. A Terra pedia para ser limpa
daquelas criaturas prepotentes e arrogantes que se achavam acima do bem e do
mal.
Esse é o princípio de uma grande ameaça para todos os
mundos, uma elemental com força e uma consciência ligada diretamente ao planeta
que acredita ter uma missão: Matar a humanidade, será que alguém conseguirá detê – la de sua missão?