quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Uma nova ameaça surge.


Nigéria, dias atuais.
A região oeste do país é pilhada por grupos terroristas islâmicos que destroem e saqueiam vilas e pequenas cidades, sem que o exército consiga os exterminar.
Matam os homens e mulheres que acreditam no cristianismo e levam suas filhas como escravas, isso quando não as matam ainda no local e deixam os corpos para comida dos abutres.
Num desses ataques levaram a jovem Makra para ser vendida, ela tinha apanhado muito por que gritou de pura dor pela morte dos pais e pelos abusos a que foi submetida.
Ela estava num caminhão junto com outras moças, não sabiam o que iria lhes acontecer e o medo era a única coisa que sentiam. Um pavor tão intenso que as mantinha acuadas, como animais em uma jaula.
Mas Makra conseguiu vencer o medo e num ato de coragem atacou o captor que estava armado e conseguiu tirar a metralhadora dele e disparar várias vezes, antes de ser atingida pelos que escoltavam a carga.
Ela caiu com um tiro de pistola dado por um motoqueiro que acertou a no ombro. O caminhão no mesmo instante parou e ela foi arrastada para fora. A bala cortou uma artéria, causando uma hemorragia e fazendo com que ela perdesse muito sangue a cada minuto.
Os terroristas a pegaram pelos cabelos e na frente de todas as outras deram vários golpes com um machado nela. Seu corpo foi desmembrado e um homem foi designado para pegar os pedaços e esconder os rastros para que o exército não tivesse pistas para onde eles foram.
O soldado pegou tudo e juntou em sacos, colocando próximo das jovens que eram constantemente amedrontadas quando ele levantava um pedaço daquela sacola e ficava dizendo:
_ É assim que vocês vão ficar se tentarem fugir.
E passava aquilo nelas, algumas gritavam de pânico, outras apenas choravam em puro estado de choque nervoso.
O acampamento dos terroristas era num antigo templo perdido no meio da floresta, a região foi toda minada e vigias se revezam para patrulhar do meio da vegetação as principais estradas, avisando quando as patrulhas passam para que eles possam desaparecer dentro do labirinto daquela antiga construção.
O lugar era cheio de inscrições de um povo antigo, que falavam de fatos ocorridos há muito tempo, mas que tinham sido apagadas com fogo e ácido quando o líder daquele bando: Omar Kaedh Sanir se tornou um líder radical, após voltar do Oriente Médio, onde teve treinamento militar pela Al Qaeda.
A carga com as moças desceu e foram levadas para um calabouço improvisado no subsolo, os compradores viriam logo. No geral eram milionários sem nenhuma moral que adoravam torturar e matar elas e que pagavam muito bem para satisfazer a todas as suas perversões.
Na entrada do lugar um padre era mantido dentro de uma gaiola suspensa, sempre que passava por ele o líder daquela célula terrorista adorava zombar, perguntando:
_ Onde está seu Deus? Por que ele não te protege de mim?
E ria mostrando seus dentes alvos enquanto o religioso somente orava, já estava magro e com os ossos a mostra e em breve iria morrer, mesmo assim pedia perdão a Deus para aqueles homens capazes de tamanha atrocidade.
O soldado que carregava o saco com o corpo de Makra foi até o líder num desses momentos em que ele estava se divertindo zombando do padre.
_ O que eu faço com isso? Perguntou.  Omar apenas olhou para o conteúdo pingando sangue e disse: _ Jogue na caverna como todas as outras.
Antes de Makra, noventa e nove moças foram mortas e jogadas ali era uma grande depressão no centro do lugar onde eles lançavam os mortos e todo o lixo. Para evitar o mau cheiro e os gases tóxicos que a decomposição produz eles colocaram uma tampa de concreto.
Quando dois soldados mandados para ajudar ele na missão de se livrar do lixo abriram a tampa, no mesmo instante toda a caverna ficou cheia de um gás tóxico. Os homens tamparam o rosto com lenços embebidos num preparado de ervas muito forte para evitar desmaiarem,  e tão logo  o corpo foi jogado, fecharam rapidamente o lugar e por duas horas todos ficaram fora do esconderijo.
Nesse meio tempo a pilha de corpos lá embaixo estourou uma antiga porta de pedra e adentrou num antigo templo. A construção que agora era habitada por aqueles sádicos terroristas, no passado era um antigo templo dedicado à mãe Terra.
Ali dentro estava uma relíquia que no passado já pertencerá a Gaia que acordou quando a porta foi aberta e abriu um portal que trouxe de volta para aquele lugar a mãe Terra.
Ela ficou furiosa ao ver seu templo profanado por lixo e sangue, palavras não poderiam expressar tamanha a fúria que aquela elemental teve. Num pequeno gesto de suas mãos a Terra se abriu e tudo foi engolido. O tremor fez o lixo adentrar ainda mais para dentro e o saco onde estava o corpo de Makra se abriu mostrando a cabeça dela, o terror que aquela jovem carregava no rosto fez com que Gaia se compadecesse e parasse com os tremores que se alastravam em onda por toda a placa Africana.
Todos os homens de Omar tinham sido mortos no tremor e nos deslizamentos que ocorreram, as jovens capturadas também morreram quando a única saída por onde entrava oxigênio se findou e todo o ambiente ficou sem ar.
O líder daquela célula ficou sem entender quando o tremor abriu a jaula onde ele mantinha o padre preso e esse num acesso de puro instinto pegou um pedaço de pau e veio correndo para ele, dando lhe golpes com uma força vinda puramente da fé.
Conseguiu por milagre causar graves fraturas e caiu morto por pura exaustão do corpo. Omar teve ainda alguns minutos de vida até perecer ali mesmo, mas antes de morrer pode ver a face do inferno.
Na caverna Gaia usou seus antigos poderes sobre a Terra para unir a carne de Makra, só que ao invés de sangue o novo corpo era formado do pó da Terra.
Jogou o corpo num poço de lama criado e com seu poder moveu todos os corpos que ali estavam juntamente com o lixo, até que a mistura brilhou numa luz profunda e dali se levantou uma mulher.
Não mais uma humana, sua face era da cor do solo, seus olhos eram vazios, sua mente não tinha lembranças, não sabia quem era. O corpo dela não precisava respirar ou comer, não temia mais a morte. Gaia tinha dado a luz a mais um de seus filhos e assim que viu seu novo feito, abriu ela própria o portal e voltou para o descanso eterno, deixando a relíquia para servir como guia a sua nova filha.
A mulher se ergueu do poço de lama e caminhou pelo templo, que agora estava vazio e sem vida. Seus olhos discerniam muito bem cada pedra que havia sido entalhada naquele caminho. Ela caminhou até a pedra e quando tentou encostar-se ao antigo cristal vindo do espaço para a Terra que tinha poderes além do que a humanidade é capaz de imaginar.
Ao receber o toque dela, se dissolveu, dentro dela, foi entrando através dos dedos e subindo pelo braço até chegar à cabeça. No mesmo instante ela recebeu diversas visões do seu passado embaralhadas com outros eventos aos quais desconhecia completamente.
Via outras realidades onde a sua história era outra, onde ela tinha sido escolhida para ser prêmio Nobel da paz, após lutar contra as milícias islâmicas e conseguir ser a primeira mulher presidente da Nigéria. Mas isso tudo eram em outros tempos outras realidades.
Ali ela era apenas uma elemental de terra, criada com pó, ossos e resíduos. Sua essência no frio da caverna foi se condensando na forma de pedra e para andar precisava gastar muito tempo.
Procurou uma saída e as pedras do caminho apenas se afastaram até ela encontrar a antiga escadaria que levava para uma saída na floresta. Ver a luz do sol a fez fechar os olhos e seu corpo foi se dissolvendo e no lugar das pedras foi criando uma casca de madeira resistente, como se fosse a pele humana, as camadas de madeira foram moldando e quando tudo se fechou ela era igual a uma árvore, tinha folhas na cabeça que caiam conforme ela se mexia.
Quando se acostumou com a luz do sol e as mudanças no seu corpo terminaram ela olhou pela primeira vez ao redor, sua capacidade ocular era baixa, via somente o calor dos corpos e de plantas. Ela não enxergava as cores ou as formas, apenas via a vida fluindo por todos os lugares, era capaz de sentir o planeta em toda sua plenitude.
Levantou uma mão e no mesmo instante a terra se abriu e um buraco engoliu a todos os corpos, e rapidamente a floresta recomeçou a tomar o lugar que lhe era devido.
Ela foi caminhando deixando atrás de si grandes árvores onde antes havia um acampamento militar. Sua presença parecia afetar as plantas diretamente, fazendo árvores crescerem metros em questão de poucos minutos.
Parecia seguir a uma voz na sua cabeça que a mandava de volta para casa.
Caminhava entre as árvores, criava uma trilha própria evitando as estradas feitas pelas mãos do homem, pois ali não havia sinal de vida no solo.
Os animais ao verem a passar apenas se abaixavam resignados em sinal de respeito, era como se eles soubessem que estavam diante de alguém superior a eles e até mesmo quando cruzou com o rei das selvas que caçava num campo próximo a um antílope, esse parou sua caçada, dando oportunidade para sua presa fugir e se inclinou perante a ela.
Caminhou por dias sem paradas nem descanso, até que retornou a sua antiga vila. O lugar era apenas chamas e destruição, uma equipe de TV estava no local e a viu saindo de uma floresta, começaram a gravar, mas na hora que a câmera apontou para ela, ervas daninhas começaram a enrolar nos pés do cinegrafista que caiu no chão, quebrando o equipamento. No mesmo instante, formigas brotaram do chão e começaram a acertar o homem que naquele instante já tinha as pernas tomadas de pequenas ervas que pareciam atar ele ao chão.
A repórter enquanto ele foi atacado por um formigueiro inteiro que rapidamente começou a surgir uma estrutura envolta do seu corpo, as formigas usaram além de barro pedaços da roupa dele para revestir a nova toca.
Makra não via vida ali naquele local, a voz na sua cabeça gritava, era como ouvir o lamento de mil pessoas mortas. A terra naquele lugar clamava por vingança, tinha sido suja com sangue e pedia por punição.
Enquanto ela ouvia os gritos as câmeras apontaram para ela, rapidamente abriu e fechou os olhos e logo a repórter estava correndo e o cinegrafista morto.
O carro que eles estavam saiu correndo dali em altíssima velocidade iria pedir ajuda a um comboio militar que tinha ficado um quilômetro atrás, numa barreira para proteção da estrada que levava produtos do interior do país para o porto a fim de serem exportados.
Mas tão logo ligaram começaram a atolar numa poça de lama, o veículo começou a ser engolido pela terra, os ocupantes saíram correndo e quando chegaram a porta da cidade um enxame de abelhas os atacou.
Os animais vieram furiosos de uma antiga colmeia que o padre da localidade, preso pelos rebeldes, tinha e só pararam de atacar quando os dois caíram inertes no chão com o pescoço e o rosto completamente inchados, desfigurados.
Quando viu a força de vida sair dos corpos deles, entendeu o que a voz queria. Jurou vingar e destruir a toda a humanidade, limparia o mundo da chaga que era o ser humano. A Terra pedia para ser limpa daquelas criaturas prepotentes e arrogantes que se achavam acima do bem e do mal.
Esse é o princípio de uma grande ameaça para todos os mundos, uma elemental com força e uma consciência ligada diretamente ao planeta que acredita ter uma missão: Matar a humanidade, será que alguém conseguirá detê – la de sua missão?



Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...