sexta-feira, 17 de abril de 2015

O hotel da morte: Capitulo 1 - Corpos e Tiros

Capítulo 1 - Corpos e tiros

Era uma noite escura de maio e aquele era o primeiro caso dela,  um segurança do hotel abandonado no centro da cidade tinha ouvido vários barulhos de moto - serra a noite toda e quando entrou dentro do hotel para ver o que havia horas mais tarde, encontrou no último quarto do segundo andar uma pilha de corpos sistematicamente limpas.
Seis cadáveres divididos de uma maneira cirúrgica: Ossos, pele, orgãos, sangue, tudo muito bem dividido em meio as baratas e os ratos que habitavam naquele lugar, diversas vezes invadido por movimentos sociais que deixaram naquele que fora um patrimônio histórico da cidade um verdadeiro caos, onde o lixo, as fezes e a sujeira se amontoavam.
O prédio tinha sido construído há meio século e pertencia atualmente ao prefeito que após pendências trabalhistas teve a propriedade interditada para pagamento de suas dívidas, há vinte e cinco anos atrás, desde então o local tem ficado vazio e de tempos em tempos sofre com as invasões dos sem teto que destroem o local e afastam todos os possíveis compradores.
Rapidamente o funcionário que encontrou os corpos, correu e ligou para a polícia, naquela noite a investigadora estava de plantão, mas tinha sido escalada pelo chefe do departamento para preencher uma variada e extensa papelada que lhe ia corroer a noite inteira.
No entanto assim que ele saiu, ela pegou um carro juntamente com um colega e foram fazer uma ronda, queria trabalho de verdade não burocracia idiota!
E para seu azar, ela era a viatura mais perto do chamado e para lá foi deslocada pela central de inteligência da polícia.
O local era no centro histórico da cidade, numa parte conhecida como: Zona decadente!
Só havia naquela região prostitutas e viciados, degenerados de todas as espécies, era um bairro podre que no passado tinha sido o centro pulsante da cidade mas desde o fim da siderúrgica aquele lugar se tornou um aglomerado de vícios, roubos e sexo, tudo explícito até mesmo durante o dia.
Luanna e Cardoso chegaram ao local vinte minutos após o chamado do segurança e fecharam a área até a chegada da perícia, enquanto esperavam foram vagando pelos quartos daquele que era o Gran Hotel Estrela D’Alva, um local feito para a mais alta elite da cidade, mas que mal começou suas atividades visto que seu dono entrou em falência após alguns investimentos mal sucedidos e sumiu sem pagar os direitos trabalhistas dos operários e a justiça decretou a venda do patrimônio para pagar, mas os herdeiros do caloteiro impedem a venda há vinte anos, deixando o lugar completamente jogado, sendo o ponto para vários usuários de drogas e prostitutas se encontrarem.
Luanna subiu para o segundo andar enquanto Cardoso ia para o primeiro verificar por pistas no piso térreo, o segurança assim que eles chegaram que os corpos estavam no ultimo quarto do terceiro andar.
Cardoso encontrou a porta dos fundos arrombada, e sinais de sangue por todos os lados na porta, mas no entanto a entrada dos funcionários estava limpa, provavelmente por que o segurança morava num pequeno cômodo ao lado da entrada, ao contrário do prédio todo aquela parte estava mais limpa e não continha fezes nem nenhum lixo acumulado.
O segurança pediu para sair, precisava ir avisar a família no orelhão da esquina que ele estava bem, se não quando a notícia saísse nos jornais, logo sua mãe que era idosa passaria mal, Cardoso vendo a preocupação do homem deixou que ele fosse mas pediu que voltasse logo para lhe dar mais algumas explicações, o homem saiu quase correndo da cena e logo ele escutou um grito vindo do andar de cima, Luanna tinha se deparado com vários corpos armazenados no buraco do elevador, após olhar lá embaixo ao ver que moscas saíam dali aos montes, de longe era possível divisar mais de trinta cabeças e outros pedaços ali no chão, Luanna gritou por medo, não estava preparada para uma cena como aquela, Cardoso rapidamente subiu os degraus e quando viu a colega quase em estado de choque, olhou pelo buraco e também ficou impressionado com o número de pedaços lá embaixo e naquele instante o rádio dos dois toca, a central acabava de relatar mais um homicídio naquela região, um homem tinha sido alvejado na cabeça enquanto ligava de um orelhão na esquina onde os dois estavam.
_ Merda, o segurança foi morto! Disse Cardoso e saiu dali rapidamente pulando as escadas e deixando Luanna sozinha ali no prédio esperando os peritos chegarem, quando chegou até a esquina encontrou o homem com a cabeça em frangalhos, a munição usada para o atingir tinha sido tão poderosa que havia explodido o crânio dele quase que por completo.
Só era possível reconhece - lo pelas roupas que estava e pela arma que ainda estava na cintura, quando ele se abaixou para tentar achar a cápsula e assim descobrir qual era a arma que tinha sido usada, uma nova bala, passou raspando sua cabeça e por poucos milímetros não o matou ali também.
A munição bateu no poste de telefonia e ao entrar dentro do metal explodiu tombando o poste sobre o policial e o cadáver  que teve algumas costelas fraturadas com o impacto e num instante de pensamento achou melhor fingir que estava morto para que o atirador não tentasse mais uma vez, ficou completamente imóvel por alguns minutos, a dor era muita mais ele se fingiu de morto e provavelmente fez efeito por que após aquele tempo, não houve mais nenhum disparo.
Sua boca saía sangue, sinal que algo estava mal, ele conseguiu libertar um dos braços e chamar por reforços.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...