sábado, 6 de maio de 2017

Encontro com a morte




Naquela noite José saiu de casa. Estava cansado das brigas com a esposa. Desde sua demissão tinha perdido a paz em casa.
Não conseguia nenhum trabalho. Os filhos cresciam como estranhos para ele. Os amigos tinham o abandonado.
Tudo tinha dado errado. Ele caminhava pelas ruas vendo pessoas apressadas voltando para a casa.
Por um momento as invejou. Tudo que ele queria era ter novamente seu emprego. Mas a firma tinha de mandar alguém embora e como ele era quem tinha mais idade acabou sendo escolhido.
_ Dei meu sangue para o sucesso daqueles crápulas; Resmungou baixo como se temesse ser ouvido por alguém.
Passou na porta de uma igreja, pensou em entrar, afinal sua mãe enquanto era viva tinha sido muito ativa ali, mas logo o porteiro não o deixou entrar. Suas roupas estavam sujas e rasgadas em vários pontos.
Aquela recusa foi como a gota d’água que transbordou o copo. Ele saiu dali xingando a vida e foi caminhando.
Logo viu um antigo bar, um local sujo onde os ratos entravam com botas para não se contaminarem.
Tomou coragem e entrou, foi atendido por um velho vestido em trajes rotos que passava um pano em um copo, no chão próximo dele um bêbado estava inconsciente.
Sentou se, decidido a beber pela primeira vez. Iria se matar, não aguentava mais. Sentia ódio de si mesmo, da humilhação sofrida, de não se sentir mais útil para nada.
Tinha somente dois reais no bolso. Pediu uma dose da cachaça mais forte que havia. O dono do bar estranhou, mais atendeu seu pedido sem questionar.
Tomou a e rapidamente ficou bêbado. Sua mente ficou embaçada e logo começou a alucinar.
O local onde estava não era mais um bar, mas um poço e ao seu lado não havia mais um velho e sim um homem vestido em uma roupa preta.
Em seu delírio, José perguntou se tinha morrido e a figura a sua frente apenas acenou negativamente.
_ Então o que eu estou fazendo aqui?
Em uma voz que não parecia ser humana, a criatura disse: _ Por que eu vim te dar uma escolha. Sou mais velha que a humanidade e entendo sua dor. Se você quiser morrer te levarei, porém seus filhos vão morrer daqui dois anos. Sua esposa vai ficar viciada em anti – depressivos e todos que te conhecem irão partir mais cedo.
Ao receber essa resposta, caiu de joelhos ao chão e implorou para viver. Lágrimas caíram de seus olhos.
A emoção forte curou o efeito do álcool. Quando sua mente retornou a realidade saiu correndo dali, e viveu feliz para sabendo que sua existência tinha importância.
Mesmo que tudo esteja ruim. Morrer não é a solução!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...