E se Jesus voltasse hoje?

 Enfim cumpriu se o dia: Jesus resolveu voltar dos céus.

Mas antes de cumprir tudo o que estava escrito resolveu voltar na forma mais humilde possível: Um mendigo.

Apanhou nas ruas de cidadãos de bem. Não pode entrar em nenhuma das igrejas que diziam pregar a sua palavra e o pior, ao ouvir uma televisão numa lanchonete ele ouviu um político dizer:

_ A propina que nós pegamos é ungida.

_ Eu não tenho nada haver se um traficante me dá dízimo.

_ Gladiadores, o que vocês querem? O altar! O altar!

E então ele desistiu de salvar a humanidade. Ajuda alguns poucos pobres que ainda tem acesa a chama do amor.

O inquisidor desmascarado.

 Era um velho inquisidor espanhol na região de Sevilha. Vivia dentro de uma abadia muito antiga. Seu nome ainda era usado pelas mães para assustar os filhos desobedientes. Durante o auge da inquisição quando o menor sinal de heresia podia mandar alguém para a fogueira aquele homem era um dos mais perigosos.

O menor sinal era suficiente para queimar pessoas sem nenhum receio. E ainda por cima mandava familias inteiras ao fogo do inferno.

Tinha a fama de ser um dos homens mais sinceros que o cristianismo já havia produzido. As pessoas mal olhavam nos olhos quando ele mesmo velho saía para a cidade por qualquer motivo.

Os tempos eram outros a inquisição havia caído e agora a Espanha cedia as novas modas vindas da França. 

E um escritor desses que tem o grande hábito de ir atrás de histórias mesmo correndo risco de vida descobriu uma criança num povoado próximo da abadia. Era um menino magricelo que caminhava pelas ruas altas horas da noite.

Ele achou estranho aquilo por que naquela região não havia mendigos tão novos. Procurou as informações na igreja e nada encontrou sobre o menino. Procurou as pessoas de mais idade daquela pequena vila e nadas encontrou. 
Era como se aquele menino jamais tivesse tido uma mãe ou pai. Aquela história consumiu seu interesse e ele anotava todos os dias num velho diário.

Numa noite voltando da vila após procurar as informações com um cura que morava numa fazenda alguns quilômetros dali ele encontrou no quarto um pequeno pedaço de papel jogado por debaixo da porta. 

Era a carta de despedida de uma mulher que tinha se matado. Nela afirmava ser virgem ainda quando trabalhava no mosteiro presidido pelo jovem abade, que atualmente era o inquisidor, ele numa noite fria entrou em seu quarto quando sua mãe que era parteira da cidade tinha saído para atender uma grávida.

Naquela hora o escritor pegou suas malas e viajou em direção a França. Ali munido daquela velha carta e do seu diário ele publicou sua obra. Sabia que não podia publica la em seu país sob o risco de ser tratado como herege e acabar sofrendo algum revés físico ou social.

A história lhe rendeu muito dinheiro foi um escândalo em uma terra iluminada e anti clericalista como a França. Mas na Espanha completamente religiosa e fechada jamais chegou a verdade sobre o menino.

Concurso de oratória.

Era apenas uma disputa comum. Um pequeno concurso de oratória de uma escola qualquer entre quatro candidatos. Estava em disputa apenas uma medalha de latão. 

Algo completamente sem importância para uma larga maioria que ia no palco do pequeno teatro improvisado na quadra de esportes.

Os árbitros estavam postados em seus lugares totalmente parados enquanto os país e amigos de alguns dos competidores iam na plateia oferecendo dinheiro para que gritassem em apoio.

Quando chegou alguns dos adversários pareciam brilhar em roupas feitas de maneira espalhafatosa, outro ao chegar lançou uma oração e alegremente começou a cumprimentar a todos, numa clara tentativa de ganhar a simpatia.

Durante a disputa, na plateia começaram várias brigas. Pessoas que não tinham nada haver com o assunto mas resolveram mostrar se mais apoiadores do que os demais e enquanto isso os árbitros continuavam estáticos como estátuas de gesso.

No fim ganhou aquele que conquistou a maioria da plateia. 
E os demais saíram reclamando que foram roubados e que nunca mais iriam disputar concursos de oratória no colégio.