domingo, 22 de fevereiro de 2015

A crise


Morte e massacre.

A morte do senador da direita ultra - radical, coronel reformado Hermes Mariano, desencadeou uma série de protestos em todo o país.
O senador foi encontrado morto em um bordel na cidade de Brasília, com três tiros na cabeça em meio a várias garrafas de bebidas, ao seu lado foram encontradas duas prostitutas mortas, sendo uma delas travesti.
O presidente em pessoa exigiu a instauração de um inquérito policial e repassou para o superintendente da polícia federal a missão de achar os culpados em uma semana do caso, para satisfazer a imprensa e conseguir ter paz no restante de tempo do seu mandato.
Mesmo odiando ter de fazer isso, ele tirou do setor administrativo, um dos policiais com mais processos de todo o departamento, em especial por abuso de autoridade e devolveu a ele a chance de ir para as ruas por um motivo: O Tavares além de ter um magnetismo para processos era também um dos cães farejadores mais rápidos em achar provas em casos que exigiam competência e rapidez e por isso foi retirado do meio da papelada e recolocado de volta as ruas para trabalhar naquele caso.
Para voltar no entanto aquele policial exigiu algo que o chefe teve de engolir, queria trabalhar novamente com sua equipe especial, montada pelo departamento de investigação há dois anos atrás e desativada após alguns políticos pedirem a cabeça de cada um dos policiais após eles conseguirem provas de um escândalo no Banco Central que ultrapassava todos os rombos já feitos aos cofres públicos em até vinte vezes.
O chefe mordeu os lábios até sangrar do ódio que estava sentindo por fazer aquilo, mas sabia que nenhum outro policial acharia pistas sobre aquele assassinato na velocidade que era exigido dele, portanto despachou a ordem e duas horas depois a antiga equipe especial estava reunida para receber os distintivos e ouvir as últimas instruções.
Ao reunir o perito em informática Denis, a interrogadora Carla, o Detetive Samuel e a perita Samiko, o superintendente deixou claro que aquela reunião tinha um objetivo e que se eles falhassem não precisariam voltar ali, por que estariam despedidos e passou alguns detalhes sobre a vida do parlamentar em um pendrive para serem analisados durante o trajeto para o local do crime.
Eles saíram comemorando da sala e foram para sua antiga van que fora devolvida a eles depois de três anos parada no pátio interno. Aquele veículo ainda estava do jeito que tinham deixado, apenas tinha ficado sujo, após todo tempo na garagem da polícia federal, mas todos os equipamentos de escuta ainda funcionavam perfeitamente e enquanto Samuel, Carla e Tavares  conversavam sobre o que tinham passado desde o fim da equipe especial, Samiko dirigia em alta velocidade até o local do crime e Denis reorganizava os sistemas de informática do carro.
Ao chegarem ao local viram a cena do crime guardada somente por dois policiais que tentavam de todas as formas manter o monte de fotógrafos que tinha aparecido desde que a notícia da morte tinha vazado para a imprensa.
Todos pareciam querer ultrapassar a zona de segurança e entrar no bordel que tinha sido trancado por policiais civis, que estavam recolhendo testemunhos enquanto os militares mantinham a multidão longe.
Ao descerem do carro, eles chamaram a atenção daquela multidão de fotógrafos que ao perceberem se tratar da antiga equipe especial começaram a fotografar, deixando aquele grupo quase cego ao passar pela faixa de segurança, apresentando seus distintivos para os policiais que  vigiavam a multidão.
Eles bateram a porta e quando mostraram os distintivos um policial civil vestido com o colete abriu passagem e assustado ao ver os distintivos caiu para trás se deitando sobre um corpo que estava morto no chão do corredor de entrada daquele prostíbulo.
Ao entrarem no local puderam perceber o cenário em que tinha acontecido aquele massacre, mulheres e homens nus, alguns ainda realizando ato sexual estavam mortos, com tiros na cabeça. Alguém que matou o senador não se preocupou em poupar munição e por todo o lado podia se ver claramente sinais daquela chacina ali dentro.
Era difícil acreditar que alguém poderia sobreviver vendo aquele verdadeiro banho de sangue espalhado em todo o andar térreo.
Samiko e Denis ficaram ali embaixo na busca por provas e digitais, tanto nos computadores da boate que provavelmente gravavam tudo por meio de câmeras na entrada e na saída, quanto nos corpos espalhados por todo o local, ajudando a equipe de legistas do IML que tinha acabado de chegar.

Samuel foi para fora procurar testemunhas em meio aos vizinhos daquele local, pois era possível que alguém tivesse ouvido algo ou alguma câmera de segurança tivesse registrado cenas daquele crime,  afinal a rua estava cercada por casas dos dois lados, naquele setor de mansões ao sul da esplanada dos ministérios.
Carla e Tavares subiram para o segundo andar, onde encontraram uma jovem oriental sendo espancada por dois policiais e quase desfalecendo, amarrada a uma cadeira em um dos quartos do bordel.
Quando viram os dois entrando os policiais sacaram as armas e um deles  atirou contra Carla que fora a primeira a entrar, no entanto por pura sorte, ela desviou da bala se jogando no chão e acertou o no pênis, fazendo o homem cair ao chão agonizando de dor.
O outro policial mudou de tática e apresentou o distintivo, pedindo para que eles se identificassem, com tom de autoridade, mas quando viu os distintivos especiais da antiga força tarefa da policia federal, perdeu a cor no rosto e começou a tentar se justificar pelo que estava fazendo a garota dizendo:
_ Ela não responde ao que a gente pergunta, parece estar drogada ou algo assim!
Tavares sem muita paciência disse:
_ Chame a ambulância para o seu parceiro e não diga uma palavra a respeito de como ele tomou o tiro, ou te deduro para a corregedoria e te prendo por atrapalhar uma investigação federal, seu merda!
O homem rapidamente pegou o colega e quando iam saindo, Carla reiterou:
_ Se mentir a respeito desse tiro que você levou, juro que o próximo disparo vai arrancar do seu amigo, toda a masculinidade que ele tanto se orgulhou, ao espancar essa pobre menina, agora sumam daqui!
Os dois saíram mais rápido do que o vento e Carla examinou a garota, que parecia muito assustada com tudo aquilo, ela não estava drogada, apenas não sabia falar português por isso não tinha respondido nada.
Carla perguntou para ela em inglês qual era seu nome e ela disse:
_ Shayn
Ela nos contou que tinha sido comprada no Sri Lanka por vinte dólares e forçada a ser escrava sexual em vários lugares do mundo, até que a dona daquele lugar a comprou em um mercado de humanos em Taiwan e desde então era forçada a se drogar e fazer sexo com até vinte homens por dia e ao terminar de dizer isso caiu desfalecida no chão do lugar.
O socorro foi chamado e ela foi levada para a Santa Casa, onde foi diagnosticado que ela tinha tido fratura em várias costelas, além de ter tido as palmas e os pés queimados com pontas de cigarro durante o interrogatório.
Tavares se separou dos outros colegas de equipe enquanto eles iam para o laboratório em busca de provas com base em tudo aquilo que havia sido recolhido no local do crime.
Ao ouvir os relatos daquela garotinha ele foi até seu pai, o Major Bruno Tavares, que era o corregedor chefe da polícia e estava ainda no trabalho e contou lhe tudo o que havia acontecido, mostrando algumas fotos que tinha tirado do local, contou também sobre os dois policiais civis que tinha torturado aquela jovem até quase a morte, antes que aqueles dois se aproveitassem da fama de indisciplinado que ele tinha para tentar por a culpa daqueles atos em cima dele e pediu conselhos sobre o que deveria fazer sobre aquele caso, tinha apenas uma semana para trazer algum suspeito que provavelmente seria culpado logo de cara, para tentar barrar a onda de protestos que aumentava em níveis gigantescos por todo o país.
O pai deu lhe o conselho que sempre repetia desde que ele era apenas um garoto com um sonho de entrar para a polícia:
_ Seja forte; Nunca desista e nunca deixem que te derrotem, seja senhor de seu destino.
E juntos sairão do prédio da corregedoria naquele fim de tarde e quando estavam no estacionamento, alguém atirou neles, por sorte ninguém se feriu com aquele disparo, pois o atirador não estava bem posicionado e ao ver um helicóptero que cobria as condições do trânsito temeu ser reconhecido e abortou a missão para eliminar Tavares e seu pai.

Havia um esquema já preparado para culpar Tavares pela morte de seu pai e desacredita - lo frente a opinião pública, sendo que muitos jornais de grande circulação já tinham até a capa do dia seguinte preparada com antecedência.

Após os disparos, arrancaram com o carro e enquanto fugiam do local do atentado, a notícia do tiro se espalhou, logo o caso estava na TV e o telefone do pai de Tavares tocava todo momento, tanto para que ele desse entrevistas exclusivas, quanto para que relatasse qual era sua condição física no momento.
Os helicópteros da imprensa varreram a cidade de Brasília e  logo encontraram o local onde o atirador tinha abandonado um carro, alguns quilômetros do local e antes que os policiais pudessem se mover, um veículo de imprensa conseguiu imagens exclusivas do atirador de uma câmera que eles tinham no helicóptero que girava a todo momento para pegar tomadas da situação por completo e que tinha captado por alguns instantes o rosto do atirador fugindo, exibindo o em rede nacional poucas horas depois do ocorrido.
Naquela mesma noite, a polícia civil recebeu uma chamada de homicídio próximo ao lago Paranoá e ao chegarem lá, os agentes da lei encontraram o corpo do atirador que havia tentado matar Tavares e seu pai na saída do prédio da corregedoria.
Logo a equipe especial foi chamada e ao chegar no local logo perceberam se tratar de algo profissional, pois tirando uma poça pequena de óleo de motor próximo ao cadáver, não havia outra prova ou indício que pudesse levar ao assassino daquele homem.
Denis e Samiko ficaram ali no local em busca de provas por meia hora sem nenhum sucesso, nem mesmo sinais de pneu que pudessem mostrar alguma pista do caso haviam.
Todos pareciam exaustos enquanto os dois peritos vasculhavam a área ao redor, quando Samuel cansado daquilo, olhou para o céu e percebeu um detalhe que havia escapado a todos até aquele momento: O terreno onde eles estavam procurando provas era rota para pilotos de helicóptero em treinamento e o assassino poderia ter jogado o corpo usando uma aeronave, para não deixar provas.

Cansado de ficar ali sem encontrar nada Tavares deu a ordem para que a equipe se dividisse: Os peritos foram para o laboratório enquanto Carla ia para o controle de tráfego aéreo dentro do aeroporto internacional de Brasília em busca das possíveis rotas de aeronaves que tivessem passado por aquele local nas últimas horas. Tavares e Samuel iam para o campo de treinamento em busca de prováveis pistas.

Uma explosão e dois sumiços.

Ao chegarem no campo de treinamento, os dois notaram que o local estava fechado e que o segurança não estava em seu posto na guarita em frente aos edifícios.
Os dois já se preparavam para voltar, depois de chamar pelo segurança por mais de trinta minutos, quando Tavares resolveu olhar pela cerca e reparou em uma pequena poça de sangue que estava em um dos hangares que guardavam as aeronaves.
Rapidamente ele pulou a cerca que protegia a propriedade, sem se importar com os protestos de seu colega que sem escolha correu até a cancela e a pulou rapidamente.
Os dois foram andando de armas em punho mesmo não havendo ali nenhum sinal da presença de seres humanos, quando se aproximaram da porta, Tavares abriu a e eles encontraram uma cena macabra:
Todos os funcionários do lugar estavam amarrados e mortos, dava para ver claramente que cada um deles tinha uma bala no meio da testa.
Quem os havia matado teve o trabalho de empilhar os corpos em forma de círculo, onde havia no centro uma mensagem escrita com sangue das vítimas:
“O homem que mata, merece morrer!”.
Rapidamente Tavares chamou reforços e logo a equipe estava reunida ali,no entanto ao ver reunida toda a equipe notou a ausência de Carla, que segundo a central não tinha respondido ao chamado dele.
Preocupado com sua colega ele deixou Samuel, Samiko e Denis no local para ir em busca de provas e pegou o carro indo até o centro de controle de tráfego de Brasília no aeroporto.
Saiu em seu carro e durante o trajeto, tentava a todo momento ligar para Carla, mas o celular dela estava fora de área.
Enquanto isso no prédio, Samiko procurava provas nos computadores da administração fora do galpão onde eram guardadas as aeronaves, buscando imagens ou arquivos que mostrassem como aquele crime tinha sido cometido ou desse pistas sobre quem eram os donos dos helicópteros.
Samuel saiu da propriedade e foi as casas próxima em busca de testemunhas ou imagens das últimas horas que pudessem dar uma pista sobre o crime.
Denis ficou sozinho no galpão, cercado de corpos e helicópteros. Desde criança ele sempre foi um apaixonado por helicópteros, seu pai era piloto e antes de morrer em um acidente, levava o filho todos os dias em suas viagens para lhe dar um “gostinho do céu”, mesmo sob os fortes protestos de sua mãe.
Estar no meio daquele lugar era um sonho, era reviver a infância, não lhe importava o cheiro e a morte que estavam ao lado ele estava tão feliz que num impulso abriu a porta de um helicóptero que estava estacionado próximo aos corpos e isso lhe custou a vida.
Um explosivo com sensor de movimento, capaz de explodir uma área de até trezentos metros e quando o jovem perito abriu a porta, o dispositivo foi acionado e todo o hangar se tornou uma bola de fogo, Denis e todas as provas do ocorrido viraram chamas, Samiko acabou sendo atingida por estilhaços de vidro da janela do prédio da administração que estouraram com o choque da explosão e Samuel foi o único que saiu inteiro, pois estava há alguns metros, conversando com um grupo de mendigos e viu ao longe as chamas e ouviu o barulho da explosão que vista de fora do lugar pareceu como um estouro de um míssil ou algo parecido.
Samuel voltou rapidamente para o local, e chamou o socorro que se dirigiu prontamente para lá, levando os feridos para o hospital mais próximo.
Quando a notícia chegou ao chefe geral da polícia, todos foram mobilizados para achar Tavares e Carla. E em uma sala de escritórios em São Paulo, alguém bebia vodca em uma taça de cristal para comemorar, depois de saber do fim de Tavares.

Acordando.

O líder da equipe especial acordou em um galpão frigorífico a seu lado estava Carla que tinha vários ferimentos na cabeça, a porta estava fechada e o frio parecia já ter congelado as articulações de suas mãos e pés, seu corpo tinha sido largado nu ali dentro juntamente com Carla que tinha sinais de agressões físicas por todo o corpo.
A mente estava turva e os seus sentidos pareciam fracos, mesmo assim ele agarrou uma barra de metal semi - congelada, suas mãos queimavam pelo frio, e usando toda  a força que tinha usou a barra para forçar a porta e depois da terceira tentativa conseguiu abri - lá.
Saiu com Carla nos braços, deixou a em cima de uma caixa de metal naquele lugar que parecia um galpão abandonado e caiu ao chão desfalecido. Enquanto dormia sonhou com sua mãe, que tinha morrido há dez anos atrás, ela lhe dizia para tomar cuidado com o passado por que ele sempre volta.
Depois desse sonho que ficou gravado em sua mente, ele começou a desfalecer, mas a sorte lhe sorriu e um segurança do prédio que tinha acabado de chegar para o turno da noite viu os dois caídos e chamou o socorro.
Tavares acordou dois dias depois, sem saber onde estava, Samiko e Samuel estavam deitados numa cadeira na porta de seu quarto, sua mão doía muito e logo ele gritou pedindo por remédios, seus parceiros da força especial entraram e tinham em seus rostos a marca de tristeza evidente.
_ O que houve com vocês? O que aconteceu a Carla e ao Denis? Falem! Disse ele gritando, e retirando os fios que o prendiam. Seus parceiros pareciam não saber como começar e ficavam se olhando o tempo todo tentando contar o ocorrido, até que Samiko falou:
_ Tavares, enquanto procurávamos provas no hangar o Denis acabou sendo detonado por um explosivo deixado no helicóptero que segundo dados que retirei do computador tinha sido usado para jogar o atirador  que atacou você e seu pai, próximo ao lago. Samuel completou dizendo:
_ Carla está em coma, segundo o que os médicos disseram ela teve duas paradas cardíacas e agora respira com ajuda de aparelhos.
Ele pediu que eles saíssem da sala e entrou no banheiro onde após chorar muito, lavou o rosto pensando em como iria contar para a mãe do rapaz, que seu filho tinha morrido, cabia ao líder de cada equipe fazer esse papel e ele não sabia se conseguiria fazer isso, por que matar um garoto? E por que não conseguia se lembrar do que tinha ocorrido desde que saiu do meio de seus parceiros até acordar naquele freezer de carnes gigante.

Fazendo acordos com o diabo.

Os parceiros da equipe tinham passado na casa dele e lhe haviam levado roupas, ele se levantou mesmo contra os protestos dos médicos que queriam avaliar melhor o quadro.
_ Doutor eu tenho algo que pode me matar se eu sair daqui? Disse ele profundamente irritado com aquele médico ali parado em frente a porta.
_ Não, mas o senhor sofreu uma pancada muito forte na cabeça e ainda não sabemos o que isso pode acarretar!
_ Se não vai me matar, então pode esperar doutor, tenho um assassino para prender! E com um empurrão jogou o médico em cima de uma poltrona para os acompanhantes e saiu pela clínica, perguntava pelo quarto de Carla e quando lhe mostraram onde ela estava, ele foi correndo até lá.
Quando viu sua parceira ali deitada, sem consciência, toda cheia de aparelhos e fios, ele desabou, toda a força que tinha demonstrado até então pareceu se esvair como num passe de mágica e ele ficou ali parado na porta, sem coragem para dizer se quer uma palavra para a mãe dela que estranhou o gesto daquele homem, se acalmando somente quando viu os policiais que tinham ido ali mais cedo para ver sua doce menininha.
Tavares teve de ser amparado até o carro, após assinar sua alta sem a permissão dos médicos, ele foi embora e no trajeto até a sede da polícia federal, seu olhar parecia vazio e qualquer um poderia ver claramente que na sua mente, uma grande parecia tomar conta dele.
Quando desceram no estacionamento, ele foi parado por todos que queriam detalhes sobre o que havia acontecido, uma pequena multidão de agentes que queria saber mais sobre todo aquele mistério, mas ele frustrando a todos saiu impassível do meio daquele círculo e foi direto para o chefe da divisão, fechando a porta atrás de si e a trancando pelo lado de dentro.
Todos ficaram curiosos para saber o que estava se passando, mas não havia como saber de nada, pois a sala do chefe era acusticamente isolada e nem mesmo um ruído era escutado ali dentro.
Uma hora depois, visivelmente pálido o superintendente chamou a todos na porta de sua sala e disse que o Tavares iria assumir uma nova investigação e que daquele momento em diante quem tinha atacado aos policiais daquele grupamento iria ser levado a justiça.
Todo o pessoal da inteligência foi mobilizado naquele mesmo dia, e após algumas horas começaram a aparecer provas sobre o ocorrido:
Segundo um dos agentes da inteligência, o helicóptero usado para levar o piloto até o local onde foi encontrado morto, era de propriedade da família Han, uma família tradicional da Yakuza japonesa que desde a década de 1960, investia em bordéis de alto luxo por todo o Brasil, tendo ligações comprovadas com o tráfico de pessoas em várias partes do mundo.
Outra prova levantada, foi um vídeo de um prédio de apartamentos próximo a casa de Carla, onde mostra Tavares sendo rendido, duas horas depois de deixar seus amigos no meio daquela investigação no hangar de treinamento para helicópteros, onde Denis acabou encontrando a morte.
No vídeo, Carla era carregada para um carro preto e ele ia em uma van preta logo atrás cercado por cinco homens vestidos com ternos, por sorte a imagem tinha sido nítida o bastante para mostrar a placa de um dos carros.
O carro estava registrado no mome de Fernando Suniao, um comerciante de origem vietnamita que morava em Luziânia e administrava uma lavanderia na rodovia que liga o estado de Goiás ao Distrito Federal.
Uma operação foi montada para ocorrer naquela noite e dois carros saíram da sede da polícia para prender para interrogatório aquele senhor.
No caminho até o local, Samiko parecia sentir o ódio dentro dos olhos de Tavares e teve medo que ele fizesse alguma besteira, que movido pela raiva fosse capaz de ultrapassar o limite que separa os policiais dos criminosos.
Samuel ia no outro carro e parecia estar deslocado longe de sua equipe, escutando os seus colegas de profissão discutirem sobre times de futebol e outras banalidades, sem dar a miníma para planos e estratégias, isso para ele que sempre fora metódico e detalhista era algo quase insuportável.
O trajeto durou cerca de uma hora e chegaram em volta do local pouco antes das sete da noite, por sorte ainda encontraram o dono aproveitando o início da noite, fazendo sexo com a secretária no prédio anexo, os policiais de fora ao lhe darem voz de prisão pegaram aquele senhor em meio do ato sexual, o mandado que tinham conseguido lhes dava direito para revirar o lugar em busca de provas e encontraram uma arma escondida por baixo da gaveta e uma lista de nomes e números que parecia ser bastante suspeita.
Samiko que tinha uma visão bastante aguçada ficou lá dentro enquanto Samuel olhava em volta, para relaxar.  A secretária estava presa, os rapazes tinham recebido ordens para esperar enquanto Tavares fazia o interrogatório naquele homem.
Segundo o que se contava no comando da polícia federal, Tavares quase tinha sido expulso da corporação depois de quebrar a clavícula de um traficante internacional de drogas para forçar o cara a falar o nome do seu contato no exterior para a Interpol, essa violência toda durante o interrogatório fez o preso ser libertado pela justiça, mas ele acabou sendo morto por seus comparsas internacionais que tinham perdido seu líder e acreditavam que o brasileiro os havia delatado.
O chinês naturalizado brasileiro foi levado para dentro do lavatório, a boca foi amordaçada com um pedaço de flanela, Tavares pegou um pouco de álcool que era usado para lustrar a parte interna dos carros e jogou sobre todo o corpo do chinês para provar que não estava ali para brincadeiras deu dois chutes na região genital do homem que o deixaram se contorcendo no chão com muita dor.
Depois de toda aquela brutalidade, ele chegou bem próximo ao ouvido daquele homem que tremia, visivelmente amedrontado e perguntou:
_ Por que eu fui levado em um dos seus carros para um frigorífico abandonado? E depois de terminar essas palavras, deu um soco bem no meio da boca do homem e mandou que ele falasse.
O senhor Suniao, temendo acabar morrendo acabou revelando tudo, só pedia para não apanhar mais, contou que Tavares não era o alvo, ele tinha os seguido até a casa da policial que tinha ido até o aeroporto e havia encontrado uma carga de pessoas sendo descarregada de um avião cargueiro, ela tinha tentado os deter e acabou emboscada e rendida.
_  Por que vocês estavam levando ela para sua casa? Qual era o sentido disso tudo? Disse Tavares, transtornado pelas revelações, que pouco a pouco iam trazendo de volta sua memória dos acontecimentos.
_ Eu não sei senhor! Eu era apenas o responsável por supervisionar o carregamento, por favor não me mate. Disse Fernando, enquanto lágrimas corriam dos seus olhos, ele estava bastante amedrontado e tinha urinado nas calças.
Tavares levantou aquele homem, pôs o cano da arma no olho dele e disse:
_ Então se você não sabe o por que disso, eu quero saber quem sabe?
_ Eles vão me matar se eu te contar isso senhor! Disse o chinês, tremendo e chorando.
_ Para seu governo, eu vou te matar bem antes deles se você não me contar e destravou a arma.
O homem ficou com tanto medo que defecou nas roupas, tentou implorar, mas por fim quando percebeu que acabaria morrendo se não falasse acabou contando:
_ Shing, Leonardo Shing!
Depois de dizer isso, ele foi solto no chão, Tavares chamou a equipe, que deixou bem claro que se ele contasse o que havia ocorrido ali nos depoimentos, iria ter problemas ao ser preso.
O homem concordava com tudo e depois de alguns minutos foi colocado no camburão ao lado de sua secretária que não disfarçou a cara de nojo, ao ver ele entrar ao seu lado, fedendo e tremendo muito.
A equipe foi liberada por Tavares, que pediu somente para que fossem todos em um carro somente, para deixar o outro carro, para que ele pudesse voltar para a casa.
Seis agentes foram no carro da divisão e os outros dois foram conduzindo o carro do preso para a delegacia, para ir a perícia.
Mesmo sob protestos de Tavares, Samiko resolveu ficar com ele por temer que ele fizesse alguma besteira, mas ele lhe deu carona até a porta de sua casa na região da Asa Oeste e depois partiu em busca de respostas.

Toda informação tem um preço.

Quando era criança, Tavares tinha um amigo inseparável, seu nome era Pedro e o destino tinha dado a eles caminhos diferentes, enquanto um se tornou policial, defensor da lei, o outro se tornou um dos maiores contrabandistas do centro - oeste, dono de um esquema gigantesco com vários ramos e ligações com toda sorte de criminosos.
O policial foi até o escritório do antigo amigo e pediu uma reunião com ele, a secretária ligou para o último andar e rapidamente ele foi conduzido até um escritório luxuoso, na cobertura daquele edifício.
Encontrou Pedro Armattori, sentado em sua cadeira, o corpo parecia muito velho para um homem que assim como ele tinha apenas trinta e cinco anos.
A secretária se retirou e Tavares foi convidado a se sentar, ele assim o fez.
_ João Tavares, quem diria que depois de tanto tempo eu iria rever meu velho amigo! Isso chega a ser irônico, mas vamos aos negócios! Não me procuraria se não fosse algo muito sério, o que está havendo, fale logo!
_ Eu fui emboscado por um grupo de orientais enquanto ia atrás de um membro da minha equipe e durante a investigação descobri o nome do mandante e quero acabar com ele.
_ E você acha que eu vou te ajudar? É isso? Então me diga o que eu ganho se lhe der a informação que você quer?
_ Eu sei que você tem um monte de computadores seus parados na polícia federal para serem periciados, digamos que eu posso fazer essa investigação não dar em nada.
Pedro ficou olhando, olhando, parecia refletir muito sobre as vantagens e desvantagens até que por fim disse:
_ Me fale o nome!
_ Leonardo Shing. Disse Tavares e pode sentir claramente desconforto causado em Pedro quando ouviu esse nome. Ficaram muito tempo sentados naquele sofá, num silêncio quase sepulcral, até que ele disse:
_ Leonardo Shing é o responsável por todo o esquema de tráfico humano do país, traz pessoas de todos os lugares para cá, com vários objetivos: retirada de orgãos, prostituição, trabalho escravo. A Interpol tem mandado contra ele, mas aqui no Brasil tem proteção de vários políticos que lhe deram asilo político, depois que ele comprou suas mãos.
_ Como você sabe disso tudo?
_ Digamos somente que ele não é só seu inimigo! Há dois meses atrás veio até a mim para que eu fosse o transportador de suas cargas humanas, neguei por saber dos riscos e dois dias depois meu filho foi encontrado morto em frente há uma de suas boates em São Paulo.
_ Então vai gostar de saber que eu vou matar esse cara, custe o que custar!
_ Se você quer tentar isso, sugiro que vá até a boate Dragão na Asa Norte disse ele sorrindo.
Tavares se levantou rapidamente, caminhou até a porta e se virou dizendo:
_ E não se preocupe, cumprirei minha parte no acordo, até breve velho amigo!
Desceu pelo elevador e ao chegar em seu carro, pensou no que tinha acabado de fazer, se sentiu sujo depois de trair seus ideais, sua honestidade, mas se lembrou de como tinha visto Carla no hospital e a raiva apagou toda a culpa de sua mente, dando lhe forças para ligar o carro e sair do estacionamento rumo a sua casa.

É hora de matar!

Ao sair do carro, lembrou de olhar para o celular e viu que tinham várias ligações não atendidas, não se importou em retornar, pegou suas coisas no carro após deixa - lo na garagem, abriu a porta de sua casa  e ainda tudo estava revirado, após os agentes irem a sua casa buscar pistas do seu paradeiro durante o tempo em que ele tinha ficado desaparecido.
Foi até o banheiro, tomou um banho, se vestiu e voltou para a garagem, onde após mover um armário pesado cheio de peças de carro e outras tralhas, liberou um alçapão pequeno, abriu - o e tirou de dentro uma caixa fechada com três cadeados.
Levou aquele objeto até a mesa da cozinha e pegou dentro do freezer as chaves, abrindo cada cadeado e revelando um monte de armas que estavam guardadas ali.
Eram frutos de anos de apreensões que ele comandará, tinha pedido a justiça para ficar com cada uma daquelas armas e uma vez por mês, limpava as e as voltava para o esconderijo, mas naquela noite ele iria com tudo o que tinha, ele queria vingança contra Leonardo Shing pelo que ele havia feito a ele e a Carla.
Voltou até a cozinha e preparou algo para comer rapidamente, por que o corpo tinha demonstrado sinais de fome e após essa breve refeição arrumou todas aquelas armas em uma bolsa, colocou as na traseira do carro.
Entrou dentro do veículo após fechar sua casa, orou, e mentalmente disse a frase que há muito tempo estava guardada em seu coração:
_ Carla, eu te amo!
Saiu da garagem e rapidamente já estava indo em direção a boate dragão, enquanto isso antes que o seu portão eletrônico se fechasse completamente uma jovem passou por baixo dele e entrou dentro da casa de Tavares.
O caminho até a boate foi rápido, o trânsito estava calmo pela cidade por volta das dez horas da noite. Ele parou num beco próximo a boate, colocou o colete de kevlar, e seis pistolas presas ao corpo, pondo vinte carregadores nos bolsos da calça, colocou uma touca ninja para não ser reconhecido e pôs a bolsa nas costas e saiu para executar aquela limpeza.
Os seguranças do lugar até tentaram reagir quando viram aquele estranho completamente armado se aproximando, no entanto antes que eles sacassem as armas dois tiros disparados por Tavares já tinham feito dois caírem e o restante da segurança na entrada se afastou, chamando por reforços no rádio enquanto havia uma enorme confusão de pessoas saindo do local, ele ia entrando, seu corpo estava com adrenalina em níveis brutais, ele respondia ao fogo dos seguranças quase sem perceber.
a munição das pistolas acabou minutos após ele entrar e os seguranças pensaram que o haviam encurralado no banheiro da boate, quando ele correu para lá, entretanto quando abriram a porta foram recebidos a tiros de fuzil e vários tombaram naquele instante, enquanto o restante se abrigou fora dos disparos e só teve tempo para escutar o barulho de duas granadas de fumaça sendo jogadas.
Logo não se via nada naquele local, envolto na fumaça, Tavares sabia que tinha poucos minutos antes da polícia chegar e ele acabar preso por aquelas mortes portanto saiu do banheiro onde tinha se escondido, atirando para todos os lados.
Os seguranças fugiam para o andar de cima, a música ainda estava tocando no último volume e corpos estavam espalhados por toda a entrada do local, ele atirava em qualquer coisa que se mexia, ia avançando agachado, para não ser afetado pela fumaça.
Avançava com cuidado, atirando de posições seguras contra os seguranças que ainda estavam no andar térreo.
Na parte superior os seguranças que fugiram, tentavam atirar nele, mas a fumaça não os permitia fazer mira, mesmo estando em uma posição de vantagem. Nenhum deles queria descer para o campo de tiro e assim tomaram posições para ataca - lo quando ele subisse pelas escadas.
Os tiros cessaram e a fumaça começou a clarear minutos depois, no entanto os seguranças não viam aquele louco que tinha atacado a boate.
Alguns mais corajosos desceram as escadas e percebendo que não havia nada ali, mandaram trazer o senhor Shing que quando começou aquele ataque tinha sido enviado para uma sala de segurança dentro da boate, na parte da administração.
A equipe de segurança ia checando cada espaço e tudo parecia estar liberado,até que quando foram ao banheiro encontraram uma bolsa completamente lotada de explosivo plástico e um cronômetro marcava poucos segundo para a explosão.

Não houve tempo para chegarem até a porta nem para que voltassem a sala de segurança, o artefato detonou e destruindo uma das vigas de segurança que sustentavam aquele edifício, o teto veio abaixo em questão de minutos após a explosão.
Tavares estava em seu carro no beco, vendo os efeitos da devastação que tinha causado, havia saído por uma saída de emergência atrás do bar se aproveitando da fumaça para fugir sem ser notado.
Tinha sido muita sorte a bolsa não ter sido atingida durante o tiroteio, ele pensou, enquanto retirava o colete de proteção, deixando sobre o banco do passageiro.
A respiração estava ofegante devido a adrenalina, mas mesmo assim ele precisava seguir com o plano.

Traição

Ele sabia que os mafiosos da yakuza iriam atrás de quem tinha feito aquilo, com fome de vingança e ele não queria ser alvo dessa fúria toda, portanto iria armar para seu antigo amigo Pedro e deixa - lo numa situação bem perigosa.
Meses atrás uma investigação tinha sido liderada contra o contrabando e várias empresas que traziam produtos sem pagar impostos tinham sido fechadas.
Ele foi quem fez os relatórios finais das investigações e sabia o nome de cada prédio pertencente aquelas quadrilhas, dentre as quais prestou atenção naquelas pertencentes a Pedro e agora dirigia o carro até um prédio de estacionamentos no centro de Brasília, onde o contrabandista mantinha uma empresa para justificar seus ganhos.
Quando chegou ao local, pagou a entrada e os seguranças mesmo estranhando o horário, abriram a cancela e ele entrou, guardou o carro no último andar.
Pegou a pistola do trabalho e os outros objetos pessoais que estavam ali e saiu do carro, indo em direção a rua. Chamou um táxi e quando este deu partida dali, ligou para o disque denúncia, contando onde eles encontrariam o carro com as armas do atentado a boate.
Queria que pensassem que ele tinha feito aquilo a mando de Pedro, tinha deixado o carro descaracterizado para que soubessem ter sido uma vingança, mas não temia ser preso ou coisa do tipo, pois tinha uma desculpa perfeita para justificar onde estivera aquela noite toda e não tinha deixado digitais em nada no veículo, portanto enquanto o táxi dirigia durante os primeiros raios da manhã, ele ia sorrindo e pensando que tudo tinha dado certo.
Parou em frente a um prédio de apartamentos onde morava Suzana, uma prostituta de luxo que ele tinha salvo da morte, enquanto ainda estava no administrativo, e que desde então tinha serviço vip quando ia até ela.
O porteiro liberou a entrada e logo ele estava diante do apartamento dela, que o atendeu nua e já o enlaçou em um abraço apertado e mal a porta se fechou já estavam rolando no tapete da sala fazendo sexo com uma voracidade extrema.
Durante o ato por várias vezes ele chamava o nome de Carla, mas isso não afetava Suzana, que gostava demais dele, desde o dia em que ele tinha salvo ela de seu cafetão que ia mata - la no meio da rua em uma movimentada avenida, para servir de exemplos para as outras mulheres que tentassem discutir com ele, quando Tavares desceu do carro, deu uma surra nele e a levou para sua casa onde naquela noite fizeram sexo pela primeira vez.
Enquanto Tavares se escondia, a máfia japonesa foi atrás de saber quem tinha sido responsável e logo descobriram o carro do policial e começaram sua retaliação após a morte de um de seus líderes aqui no Brasil: Pedro tinha sido assassinado enquanto ia para o escritório, um quartel da policia militar que tinha mais de cem homens em serviço foi atacado por um grupo de criminosos que explodiu o prédio a tiros de bazuca.
Todos na polícia federal queriam saber onde estava o líder da divisão especial, responsável por aquela chacina na boate e por toda a confusão que estava acontecendo, o superintendente chegou para trabalhar e assim que abriu o jornal teve um AVC quando soube o que supostamente Tavares tinha feito naquela noite e foi levado as pressas para o hospital onde Carla estava internada.
Naquela manhã,a imprensa noticiou o caso e logo começaram os rumores de que um policial da equipe especial tinha matado quase quatrocentas pessoas em um ataque a boate Dragão em Brasília.
Pouco antes do meio dia, o hospital onde Carla estava foi atacado, os homens sabiam onde ir e se dirigiram direto para o quarto onde ela ainda estava desacordada. A mãe tentou defender sua filha e chamar por socorro, mas todos no corredor estavam com medo demais e o policial que guardava o corredor já tinha sido estrangulado minutos atrás, a senhora acabou levando um tiro na testa e caiu na porta do quarto.
Os assassinos fuzilaram o corpo da policial por várias vezes usando submetralhadoras automáticas, ao todo foram mais de duzentos disparos que perfuraram todo o corpo, causando a morte instantânea dela.
Depois de cometer aquele crime, os assassinos saíram correndo rumo a entrada, esperavam fugir rapidamente, mas quando saíam pela porta da frente com as armas em punho, empurrando as pessoas para saírem mais rápido, a ambulância com o chefe da policia federal chega e Samiko e Samuel que tinham ido acompanhando o saltam dela com as armas em punho e começa um intenso tiroteio, que gera pânico e medo as pessoas que estão ali na frente do hospital.
Os dois homens foram correndo até o estacionamento sob fogo cerrado dos policiais. Lá dentro pegaram duas motos que tinham deixado estacionadas e saíram em alta velocidade, um deles pulou, todavia não contavam que no momento em que iam virar a esquina uma ambulância em alta velocidade apareceria do nada e pegaria uma das motos em cheio, jogando um dos criminosos muitos metros de distância, causando uma fratura na coluna quando ele se chocou contra um poste de iluminação e foi prensado pela moto  que voou junto com ele.
Samuel correu atrás do bandido enquanto Samiko ia para dentro do hospital, temia que Carla tivesse sido assassinada e quando chegou até o andar onde ficava o setor de Traumas pode ver que seus piores temores tinham fundamento, em vários quartos parentes e doentes choravam os mortos e o chão do local estava vermelho de sangue.
Ao sair do elevador ela correu até o quarto, mas já era tarde, Carla estava morta!
Samuel juntamente com alguns enfermeiros trouxe o criminoso para o hospital, quando viu Samiko sair de dentro do local e se sentar chorando  amargamente.
Nunca tinha visto sua colega de equipe chorar, nem mesmo em momentos verdadeiramente catastróficos portanto ele deixou que os enfermeiros levassem o criminoso para dentro do hospital e parou ali ao lado de Samiko e perguntou:
_ O que houve? Por que você esta chorando?
Ela enxugou um pouco o rosto e respondeu:
_ Carla está morta, o andar de traumas está um caos, muita gente morreu! Disse isso e desabou a chorar compulsivamente, pensando que o responsável por tudo aquilo era Tavares, que tinha tido a idéia maluca de atacar o líder da Yakuza no Brasil.

Fuga alucinada.
Tavares e Suzana acordaram, por volta das quinze horas, os dois estavam de ressaca e pareciam não querer se separar.
Ele acordou e ouviu o celular tocando, mas não deu nenhuma bola e foi com ela para a cozinha, onde tomaram um café da manhã.
Depois disso ele foi embora e só então religou o celular, mas não iria atender ninguém ainda.
Pegou um táxi e foi até a esquina de sua casa, onde havia uma farmácia, pois precisava de remédios contra dor de cabeça.
O dono do lugar conhecia o há muito tempo e quando o viu entrar no estabelecimento, chamou o logo para um canto, antes do atendente dizer algo e lhe contou:
_ Senhor Tavares, fico feliz que esteja bem, mas tenho uma péssima notícia para te dar.
Tavares fechando os olhos pela dor de cabeça, disse rispidamente:
_ Então diga logo homem, por que estou sem tempo!
Aquele senhor ficou meio sem jeito por alguns instantes, buscando as palavras até que por fim disse rapidamente:
_ Sua casa foi incendiada, os bombeiros estavam lá até algumas horas atrás, seus colegas vieram, tinha muita gente da imprensa procurando pelo senhor.
Ao ouvir aquelas palavras, a dor de cabeça piorou, ele esperava que os mafiosos iriam atacar após o que tinha feito, mas não que eles fariam algo daquela magnitude.
Ele se apoiou na parede e sua face parecia ter perdido um pouco a cor, passados alguns instantes, vendo que o homem parecia estar querendo falar mais alguma coisa, Tavares falou:
_ Desembucha tudo seu Joaquim! Tem mais alguma coisa que o senhor quer me falar?
O homem parado ali na sua frente ficou sem jeito de dizer o restante da frase, mas vendo que o policial voltava ao normal, após o susto e conhecendo seu mau gênio quando irritado, ele tomou fôlego e contou:
_ E uma moça foi encontrada morta, após inalar fumaça dentro do seu quarto!
O dono daquele comércio mal terminou de dizer essa frase e viu Tavares sair correndo pela porta rumo a sua casa.
Correu rapidamente até sua moradia e pode ver a faixa amarela a frente do portão e viu quando os guardas que montavam guarda, vieram em sua direção para aborda - lo, ficou com medo de já terem expedido uma ordem de prisão contra ele e saiu correndo pela rua e os despistou entrando num ônibus lotado duas esquinas acima.
Mil coisas passavam por sua mente, enquanto iam passando por várias ruas. O plano parecia ser bom! Ele vingava Carla e punha na conta de Pedro, mas algo não estava se encaixando! Algo não estava batendo!
Precisava de informações e sabia onde as encontrar!
Circulou pela cidade até o terminal, onde pegou o pouco dinheiro que tinha e comprou uma passagem para o Novo Gama, precisa falar com o seu mentor: O tenente Guedes!

Covardia

Na época em que Tavares conheceu o tenente, ele ainda era um recém aprovado para a polícia militar, que sendo filho do corregedor sofria dobrado nas mãos dos instrutores, que viam nele a oportunidade de descontar sua raiva contra seu pai, um homem a quem todos na corporação julgavam ser excessivamente correto para com os crimes dos irmãos de farda.
Durante os treinamentos, os recrutas eram submetidos a um intenso e constante treinamento, muitas vezes tão pesado que acabava por mandar os mais fracos para a enfermaria com lesões nas articulações e músculos.
Naquela manhã, o jovem Tavares viu um oficial baixinho, de óculos fundo e nariz adunco ser alvo de zombarias por parte de seus instrutores.
_ Lá vai o corvo! E pensar que aquela besta faz parte de nós, disse um dos instrutores e todos menos Tavares riam, quando ele se levantou e disse:
_ Aquele que o senhor zomba, veste nossa farda! Respeite o pois é um de nós!
O instrutor olhou para ele com tanto ódio, que parecia querer fulmina - lo e mandou que ele fosse correr na pista em pleno sol do meio dia, enquanto os demais colegas iam para as árvores descansar, escutando as piadas do instrutor sobre aquele recruta indisciplinado.
Aquela cena prosseguiu até que o tenente Guedes voltou junto com o comandante da corporação, o coronel Ernesto Hisken, que tinha ido verificar pessoalmente uma denúncia de que o instrutor estaria torturando um recruta na pista de corrida, fazendo o correr descalço no chão fervente.
Ninguém parecia contestar a grossa mentira contada por aquele oficial baixinho da inteligência, o instrutor tinha ficado branco como a neve e algumas semanas depois foi mandado embora da corporação por conduta indevida.
Tavares foi para a divisão de inteligência, era o primeiro recruta aceito pelo tenente Guedes em mais de duas décadas em que ele estava a frente do grupamento.
O treinamento dele agora era muito mais duro, era forçado a correr alguns quilômetros todos os dias, era afogado, ficava sem dormir, tudo isso em meio a treinamentos para melhorar a mira que acabarão por o deixar um perito em acertar no alvo, mesmo sob as condições mais adversas.
Ao chegar em Novo Gama, pegou um táxi até a casa de seu mentor que ficava em um bairro bem afastado do centro.
O local era perigoso e o taxista assim que recebeu, pisou fundo do no acelerador para sair dali.
Tavares ficou ali parado em frente a casa, se lembrando de quando teve que ir levar a notícia para Guedes que o seu filho Antônio tinha sido morto.
Aquele fato fora responsável pela saída de seu mentor e pela sua mudança para a polícia federal.
Ficou parado ali por alguns instantes até que tomou coragem e bateu palmas, logo uma senhora apareceu na porta e disse:
_ Pedro, tem visitas para você!
E um senhor respondeu bem no fundo da casa:
_ Diz para entrar mulher!
A esposa saiu da porta vestindo uma roupa bem puída nos ombros e nos joelhos e convidou aquele homem para entrar, perguntou se ele queria café, ele negou e passados alguns instantes aparece Guedes, vestindo um boné do flamengo e com a ajuda de uma bengala de madeira bem antiga.
Parou e ficou olhando tentando reconhecer quem era aquele visitante, tinha adquirido um problema na vista, mas quase nunca usava óculos pela dor de cabeça que lhe causava, até que percebeu ser seu aprendiz.
Veio até ele e lhe deu um abraço, mas pode sentir medo nos gestos dele e logo perguntou:
_ O que houve contigo, filho? O que você aprontou dessa vez?
Tavares olhou para a esposa do ex - militar que rapidamente deixou a sala.
Após a saída dela, desabou a falar tudo o que tinha ocorrido nas últimas horas e por fim fez algo que Guedes nunca tinha visto: Ele chorou!
O velho militar, foi até um pote na estante da sala e pegou seu velho cachimbo, acendeu usando um isqueiro que tinha no bolso e depois disse:
_ Você vai ficar aqui comigo, até eu entender direito o tamanho da encrenca em que você se meteu! Pode começar ajudando minha esposa a colher cajus no pé, enquanto eu vou até uns amigos meus para entender isso tudo, está bem?
_ Quero que me prometa, não sair daqui até eu voltar!
Tavares fez sinal de positivo com a cabeça e foi para o fundo da casa, ajudar marina a pegar os cajus, enquanto o senhor se arrumou e saiu para rever velhos amigos no clube militar e procurar por respostas.
As horas se passavam, Tavares ia ficando apreensivo, mas ao fim do dia Guedes estava de volta, trazia uma pasta com vários papéis.
O rosto dele ao chegar ao portão estava branco como uma folha de papel e só quando ele caiu ao chão pode se perceber que o homem tinha acabado de ser baleado
Naquele mesmo instante, Tavares correu até a pasta e a levou para dentro, a esposa do homem percebendo a gravidade da situação foi até o cofre da casa e tirou de lá duas pistolas, correu e as entregou para aquele homem desconhecido.
Enquanto os dois estavam dentro da residência, na rua, grupos de homens se juntavam em volta do lugar. Tinham seguido o velhote depois dele conseguir provas que os denunciavam com um de seus amigos no clube dos militares.
Aqueles homens estavam bem vestidos e ostentavam armas de grosso calibre em suas mãos.
Foram entrando depois de estourarem o portão da casa, Tavares correu com a mulher para um barracão que havia nos fundos, havia cortado a mangueira do gás e assim que os homens estavam dentro da casa, vasculhando tudo atrás da pasta ele virou para trás e disparou no rumo da casa, o tiro varou uma janela e começou um incêndio dentro da residência.
Os soldados recuaram um pouco, mas logo viriam pelas laterais, pensou Tavares.
Ele deixou a senhora dentro de uma espécie de porão abaixo do barracão, onde eram guardados alguns pedaços de pernil, trancou a porta do lugar por dentro e saiu pela janela com a pasta e as armas.
Os homens o virão e começou um intenso tiroteio, onde Tavares acabou atingido no ombro.
Mesmo estando ferido ele conseguiu pular para a casa vizinha quando a munição de suas armas acabou, os assassinos o seguiram, mas não puderam impedir que ele escapasse numa perua do dono da residência ao lado, após roubar o carro quando o dono da casa se preparava para levar sua filha ao hospital após a criança ter sido atingida na perna por uma bala perdida do confronto.
Rapidamente os homens voltaram para os carros e começou se uma perseguição pelas ruas da cidade.
Os sentidos de Tavares já estavam fracos devido a perda de sangue, mas ele ainda conseguia pilotar, desviando do trânsito e dos projéteis que vinham em sua direção dos assassinos.
Alguém estava muito interessado naquela pasta, mas o que havia ali dentro de tão valioso? Pensou Tavares, quando viu a sua frente uma blitz da polícia, alguns metros a sua frente.
Rapidamente acelerou o carro e bateu de frente numa das viaturas. Com o impacto acabou desfalecendo e acordou no hospital de base em Brasília.
A primeira pessoa que viu foi Samiko que mesmo estando feliz por ver ele se recuperar ainda estava nervosa com ele, após o ataque a Yakuza e ao lado dela estava o novo superintendente que carregava nas mãos a pasta que ele tinha salvo e que custará a vida de Guedes.
_ Não sei onde você conseguiu essas provas, mas elas são muito interessantes e podem esclarecer o caso da morte do senador! Agora você precisa descansar. No entanto antes que o chefe terminasse a frase uma bala varou o vidro e foi se alojar a milímetros da cabeça do policial na cama.
Rapidamente os dois se jogaram no chão, Tavares até tentou fazer o mesmo, mas seu ombro doeu demais quando tentou realizar o movimento, então preferiu ficar quieto.
O segundo tiro resvalou na orelha dele, que sangrou no mesmo instante.
A Perita de sua equipe, usou o rádio e pediu reforços para as demais unidades, e o novo delegado chefe da polícia federal olhou pelos buracos do vidro e pode ver claramente, cinco homens bem armados no fim do corredor que pareciam brincar de tiro ao alvo com o policial ferido na cama.
_ Eles estão brincando! Querem que vamos atrás deles para que ele fique sozinho! Pensou o novo chefe, fechou os olhos e após uma bala passar pelo vidro e passar a milímetros da cabeça do policial ali deitado, o chefe se levantou e deu dois tiros.
O primeiro acertou um dos bandidos na perna, fazendo o cair para trás, enquanto o outro acertou a mandíbula de um dos criminosos que largou a arma e saiu correndo, o terceiro criminoso jogou uma granada de gás e fugiu, deixando para trás o bandido que não podia mais andar.
Os três ficaram no quarto até a fumaça diminuir, quando saíram o meliante estava deitado no chão, se contorcendo em espasmos, tinha ingerido cianeto de potássio e estava estirado no chão, com os lábios fedendo a veneno.
O superintendente Almeida, que estava substituindo o antigo líder da polícia federal naquela cidade, até então não tinha noção do tamanho do problema em que estava metido, mas agora após a tentativa de assassinato que acabará de presenciar, soube que algo de ruim estava pairando e logo ele teria de tomar uma decisão sob o que fazer com as provas que tinha nas mãos.

Uma batalha inesperada.

Vinte e quatro horas depois de sofrer o atentado que quase matará sua vida, Tavares tinha fugido do hospital.
Quando soube da morte de Carla, por um comentário dos guardas que ficavam na porta de seu quarto, aquele homem entrou em uma espécie de surto e mesmo com um braço imóvel conseguiu dominar um dos guardas, roubar sua arma e seu rádio, além de pegar as chaves de seu automóvel.
A dor era imensa mas a culpa que ele sentia superava tudo, ele lutava para não apagar ao volante novamente, não podia desmaiar antes de encontrar com sua amada pela última vez.
Todo policial é enterrado no cemitério São João na asa Sul e era para lá que ele ia em uma velocidade insana, pisando fundo no meio do trânsito.
Vinte minutos depois quando a central foi informada do ocorrido e começou uma verdadeira perseguição ao policial Tavares.
O novo líder da divisão foi avisado do ocorrido e logo se dirigiu para o local que pensava ser o trajeto final daquele agente.
No trânsito várias barreiras foram montadas ao longo das principais avenidas, mas nenhuma delas conseguia para - lo, o carro depois de alguns minutos começou a falhar e ele teve que saltar quando o motor começou a pegar fogo.
Roubou um veículo de imprensa que estava parado em frente a um restaurante e antes que os outros policiais tivessem tempo de o parar, arrancou com o carro recomeçando a perseguição insana.
Seis quadras depois ele abandonou o carro em baixo de um viaduto, despistando a polícia que tentava captura - lo ao entrar em um restaurante.
O lugar era um negócio usado para lavar dinheiro dos traficantes de Luziânia, que não gostaram de um homem armado entrar ali dentro e rapidamente começou mais um tiroteio.
Tavares teve de sair correndo pela porta enquanto as balas voavam em sua direção.
Os criminosos saíram de dentro do estabelecimento atirando para todos os lados, tentando fazer ele sair detrás de uma caçamba de lixo onde tinha se escondido.
Sua respiração ofegava, os pontos no ombro tinham se aberto e agora ele perdia muito sangue, seus sentidos começavam a abandona - lo quando uma voz veio em sua mente e disse:
_ Acorda! é hora de atirar!
Naquele mesmo instante ele deitou no chão, rolou para o lado e acertou em um dos bandidos, seu nome era Henrique Silva e ele era o gerente do local, os homens ao verem seu patrão caído no chão com um disparo certeiro no coração ficaram mais furiosos ainda e um deles resolveu lançar uma granada contra aquele estranho, mas o artefato era um produto chinês de péssima qualidade e quando ele soltou o pino o dispositivo explodiu, não dando chance para que fosse lançada.
Vários criminosos ficaram em pedaços, pois todos carregavam munições em seus bolsos e quando a explosão os atingiu estas detonaram também causando uma grande bola de fogo.
A explosão e os estouros que se seguiram foram o bastante para atrair para ali os policiais que encontraram Tavares dentro da caçamba virada, seu braço tinha sido cortado por uma das bordas e jazia inerte ao seu lado enquanto ele perdia muito sangue.
Ao entrarem dentro do local onde Tavares tinha entrado encontraram num cofre várias armas, drogas e papéis, como se alguém as guardasse ali para manter uma segurança para aqueles objetos.
As provas foram entregues para a polícia federal pelos peritos e o policial ferido foi levado para o centro de urgências onde passou por uma cirurgia paga pelo novo supervisor que lhe deu uma prótese de um braço de titânio que lhe permitiria continuar a trabalhar caso quisesse quando tudo aquilo acabasse.

Choque de realidade.

Quando acordou viu vários repórteres na frente do seu quarto, atormentando toda a vida do hospital e sem ter noção nenhuma do que tinha ocorrido sentiu uma dor no braço e quando retirou as cobertas percebeu a prótese.
A princípio ficou chocado com aquilo tudo, mas conforme foi voltando a raciocinar, soube do que havia ocorrido e se lembrou de uma frase que tinha lhe sido dita durante seu treinamento: _” Não queira bancar o herói filho! Estes que gostam de ser assim tem carreira breve e quando não acabam na tumba, terminam com ferros no braço e nas pernas”.
As semanas se passaram e foi constatado que as cirurgias tinham se fechado e ele já até conseguia mover o braço com uma rapidez impressionante para um recém - amputado,
Enquanto ele se recuperava Almeida ia a caça, a balística tinha provado que uma daquelas armas encontradas dentro do restaurante tinha matado o senador e entre os papéis ali encontrados estava uma prova de que o crime tinha realmente sido orquestrado pelo ministro chefe da casa civil, por meio de um dos seus secretários, chamado Arnaldo.
O governo blindou o político o máximo que pode mas quando a história foi aos jornais era preciso entregar alguém para os leões e foi com grande prazer que Almeida e Samiko foram até ao congresso prender o ministro no exato momento em que ele discursava tentando se defender para uma comissão parlamentar!
A história ganhou os jornais e toda a imprensa mundial cobriu aquele escândalo que abalou toda a nação e acabou por levar o presidente a pedir demissão de seu cargo, gerando uma grande comoção nacional que acabou por levar seis meses após a subida ao poder de um político do mesmo partido que o senador que fora assassinado.
No entanto nem tudo era festa para Tavares que viu enfim sua investigação ser concluída com uma mãozinha do acaso, ele sabia que ainda era um alvo para a Yakuza depois da loucura que tinha feito ao matar um de seus líderes e mais de trezentas pessoas num momento de fúria. Tinha medo do que faria quando fosse liberado do hospital, por que sua vida tinha um preço para aqueles mafiosos e muita gente estaria disposta a apaga - lo para sempre!
E assim após sete meses no hospital, ele estava completamente recuperado, só esperava o médico vim e lhe dar alta para poder voltar a sua vida normal, mas naquela manhã não veio quem ele esperava já em pé no quarto, apareceu ali um general vestindo uma farda com várias medalhas, entrou e se sentou numa cadeira num canto daquele quarto, analisando Tavares que estava sem camisa, os dois ficaram se encarando por vários momentos e Tavares podia sentir que ele era capaz de ler sua mente. O silêncio imperou por vários minutos até que o homem se levantou e disse:
_ E se eu te desse permissão para matar? Se eu te desse a permissão não oficial do presidente da república para caçar criminosos com uma premissa de que você não fizesse nenhum prisioneiro?
_ Meu amigo Guedes me disse uma vez que você, poderia ser o homem ideal quando eu pusesse esse plano em prática! Teria ele se enganado?
O silêncio novamente imperou na sala até que ele falou:
_ E o que eu ganharia além dessa licença? Como pode ver não tenho uma mão muito boa e poderia ser facilmente abatido por pessoas mais bem treinadas, fora o fato que estou sendo caçado pela yakuza!
_ Que tal se eu te desse os nomes e endereços dos maiores criminosos desse país, para você os matar a noite quando todos estiverem dormindo, e no dia seguinte ninguém irá saber, serão apenas crimes que não serão contabilizados, fora isso posso fazer essa sua prótese te dar tanta habilidade quanto uma mão real! Se surpreenderia com toda a tecnologia que nós desenvolvemos sem que ninguém saiba!
_ Além disso você enfim poderia se casar com aquela prostituta que tanto te ama, como é o nome dela mesmo: Suzanna, é isso? E dar a ela uma vida mais saudável! Você seria outra pessoa e poderia ter a real chance de mudar tudo!
_ Saiba que se não aceitar você nunca mais terá essa oportunidade!
_ Eu aceito! Disse Tavares sem pensar muito!
_ Ótimo, então acaba de morrer!
Naquele mesmo instante entraram vários militares trazendo um cadáver sintético com similaridades a ele até no DNA e deram um  disparo de dardo nele desmaiando o  e o carregando secretamente para uma base no meio do cerrado próximo a cidade de Cruz da Fortaleza entre os estados de Goiás e Tocantins.
Enquanto isso num centro comercial em São Paulo alguém recebia uma ligação com a confirmação da morte de Tavares e festejava muito, agora iria eliminar os demais membros daquela maldita equipe especial e assim poder continuar com seus planos...

Conversa do mal


Conversa do mal.

Aquela tinha sido uma semana magnifica!
Tinha sido promovida, comprado seu carro e ela estava feliz como raramente esteve em sua vida.
Chegou em casa sua mãe e sua filhinha estavam deitadas e resolveu que queria sair, mandou mensagem para as amigas mais nenhuma delas respondeu.
_ Quer saber? Se elas não querem sair, problema delas, hoje eu vou me esbaldar!
Pegou seu carro novo e saiu até encontrar um bar, um lugar chique e requintado no centro da cidade, ela sabia no fundo do seu consciente que não tinha como pagar nem a entrada, mas alguma coisa estava a atraindo para lá.
Ela pagou o estacionamento e entrou no estabelecimento, no mesmo instante todos olharam para ela.
Se tivesse prestado atenção teria visto a palidez dos corpos ali dentro teria saído correndo na noite, mas ela parecia enfeitiçada e caminhava rumo a uma das mesas mais escuras onde um cara com quem ela conversou uma vez na internet estava a esperando, ela tinha o achado esquisito, mas gostou das palavras que ele disse, que a vida dela seria eterna se ficasse ao seu lado...
_ Como? Você? Aqui? Foram as únicas palavras ditas por ela.
Ele se aproximou com cuidado dela e disse algumas palavras em seus ouvidos, frases de uma língua antiga que a hipnotizaram na mesma hora.
Assim que ela caiu dois seguranças a levaram para o andar de cima e lá dentro um grupo de velhas a despiu e colocou nela um vestido de noiva, surrado e cinzento e ela foi levada dali para o inferno.
A família ainda espera por ela, seu carro desapareceu e não há nenhum rastro dela em lugar nenhum...
_ Era como se ela tivesse sido sugada da realidade, para sempre!
Aquele estranho que lhe jurou amor perdidamente era um demônio e agora ela seria para sempre dele.
Quando a jovem acordou teve um desmaio ao se ver cercada de criaturas horrendas, grotescas, E sua alma foi aprisionada no castelo, servindo para sempre aquela cruel e vil criatura em tudo aquilo que ele desejasse.
Tudo isso por que deu ouvidos em uma sala de bate - papo há alguém que lhe jurou amor eterno, cuidado aos incautos, nunca se sabe quem está do outro lado em uma conversa pelo computador.

Uma noite inesquecível.



Uma noite inesquecível.

Ele tinha sido convidado para um festa grandiosa que iria ocorrer em um sítio secreto fora da cidade de Morrinhos, era um evento que só a mais fina elite tinha acesso e poucos fora dos altos escalões do poder e do dinheiro entravam.
Naquela noite tudo parecia irreal, bebeu demais, estava cercado de mulheres, tudo parecia ser ideal, mas numa determinada hora, ele apagou e quando acordou estava completamente nu em uma mesa de sacrifício!
E quando abriu os olhos um cara gigantesco brandia um machado na altura do seu pescoço.
O medo apagou rapidamente o efeito da bebida e assim que o golpe da lâmina caiu ele desviou com rapidez suficiente para escapar, As correntes estavam frouxas e ele num pulo saiu da mesa, corria, cambaleando com um grupo de pessoas loucas atrás de si, algumas vezes desviava por puro instinto até que chegou ao estacionamento e conseguiu se esconder dentro de um dos carros que estava aberto e tocando um som bem alto, que provavelmente tinha disfarçado seus gritos ao longo daquela fuga, trancou a porta e por pura sorte a chave estava lá, mas pelo excesso de bebida, não teve forças para girar a chave e antes que percebesse alguém quebrou o vidro e jogou lá dentro uma granada de gás do sono.
E quando deu por si novamente estava no hospital, tinha sido internado após ser encontrado nu próximo dali.
Não sabia o que tinha sido real na noite anterior, mas hoje quando parava a pensar tinha certeza que escapou por pouco de ser sacrificado ao demônio!

Nem sempre julgue pelas aparências

Nem sempre julgue pelas aparências

Era o ano de 1999, dois caminhoneiros cortavam as estradas ma entrega de produtos.
Na frente daquele caminhão estavam dois homens que se não fosse os laços de família se matariam com certeza.
Dois perfeitos e completos  canalhas que tiravam proveito de tudo e todos.
E numa noite fria de dezembro aqueles dois estavam na Br 153 próximo a Belém e virão uma garotinha vestindo farrapos caminhando a beira da estrada.
Os dois não faziam sexo a meses e pararam o caminhão ali na pista, iriam estupra - la e matar assim que ficassem satisfeitos.
Era apenas um alvo fácil, a rodovia era quase deserta até o amanhecer e ninguém escutaria mesmo que ela berrasse a plenos pulmões.
Quando os dois partiram para cima daquela menina, não repararam na palidez de sua pele e nem no seu corpo gelado.
Eles a agarraram e foram tentando levar lhe para um mato, mas ela soltou se e num pulo mordeu a jugular de um deles com tanta força que arrancou até os ossos do pescoço, o outro ficou paralisado e nem teve reação quando viu crescendo das mãos dela garras enormes que lhe furaram o peito.
Aquela criança linda, uma vítima fácil para os dosi canalhas, era na verdade uma vampira! que disfarçou se de criança para poder matar a vontade.
O corpo dos dois foi encontrado horas depois por um fazendeiro, eles estavam enforcados e seus corpos tinham tido toda a pele retirada e no chão havia um palavra: estupro!
A polícia não soube encontrar pistas, até por que ninguém quis falar nada, aquela menina tinha limpado a região de canalhas, criminosos e desordeiros e a população mesmo chocada com a violência de seus métodos apoiava a com seu silêncio.
Essa criança sumiu da região, ninguém sabe dizer para onde ela foi, alguns homens da estrada ainda contam que de vez em quando veem uma criança vestida em farrapos a beira da estrada em diferentes pontos do Brasil. Mas ninguém pode provar...

Felicidade

Felicidade

Aquele homem era a imagem de um empresário bem sucedido, alguém que estava presente em qualquer causa que lhe desse algum lucro
Vivia para sua empresa, seus bens, seus negócios, até tinha um casamento mas era apenas um negócio, se casou com a filha do seu patrão e depois deu um fim no velho, nunca teve interesse na pobre garota, que cresceu amargurada e oprimida, sendo tratada em sua própria casa quase como uma escrava.
Ela vivia chorando em teatros, ouvindo recitais tristes e pensando o quanto sua vida era desgraçada.
Seu pai morreu pouco após seu casamento e na última briga que tiveram ele contou a ela que tinha sido o responsável pela morte dele.
Desde então a culpa que ela jovem senhora sentia era tão grande que as vezes ela pensou em se matar.
Teve dois filhos naquele casamento maldito, as crianças viviam em um internato e mal passavam dois meses por ano na casa deles, o pai os abominava, e não raras vezes batia neles quando eram menores pelo simples prazer de ver sua esposa chorar.
Para todos lá fora, tinha a imagem de um grande empresário, mas dentro de casa era um terrível canalha.
Naquela noite em um teatro ela estava escutando a orquestra tocar a música Ave Maria e chorando pela primeira vez, pediu a Deus que resolvesse sua situação, que ela não aguentava mais, que preferia a pobreza do que viver oprimida como uma escrava.
Enquanto ela chorava, ele estava transando com a secretária em um quarto de motel e acabou sendo baleado quando o pai dela descobriu tudo e foi tirar satisfações.
Ela e os filhos fugiram de casa e ele sem ninguém para cuidar de suas feridas acabou morrendo sozinho.
Hoje se você for a feira verá uma mulher vendendo doces, morando em uma casa alugada, com um filho que toca violino nas ruas e uma filha que trabalha de secretária em uma rádio, mas se olhar nos seus olhos vai ver a verdadeira felicidade que só quem é livre conhece!

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...