segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Um novo começo.



A história começa com uma agente de campo sendo mandada embora da Agência Brasileira de inteligência após conseguir provar que um senador corrupto estava usando dinheiro público para financiar grupos guerrilheiros que queriam a destruição da república e ter contado suas descobertas para seu superior. Um homem que estava enriquecendo por manter esse segredo intacto.
Antes de ser despedia a agente Rosa, ainda foi ameaçada, se delatasse para a imprensa o que sabia talvez seu filho não conseguisse sair do jardim de infância. Ela apenas acenou com a cabeça negativamente quando lhe perguntaram se ela iria ser estúpida. Tinha ódio do seus superiores e se não fosse por ter um filho teria se matado só de pensar que aqueles miseráveis estavam armando para tirar o novo presidente, depois da queda de sua antecessora por meio do impeachment, após um processo que se arrastou por quase dois anos.
Saiu de Brasília e foi para São Paulo, não queria mais sentir se suja ao pensar que estaria respirando o mesmo ar que aqueles malditos. Abriu uma pequena agência de investigações, no começo colocou apenas anúncios em um jornal, pois não tinha dinheiro para grandes gastos com marketing, mas logo apareceu uma cliente, uma senhora rica que queria saber se estava sendo traída e quando ela descobriu tudo e deu as provas para que a mulher conseguisse um divórcio onde arrancou tudo do seu ex, seu nome logo ficou famoso e até convidada para na alta sociedade ela passou a ser.
Tudo estava voltando ao normal, tinha agora a sua disposição, um grupo de quatro investigadores para cobrir todos os casos e já tinha sofrido até mesmo ameaças de morte após destruir o casamento de um poderoso chefe político de um partido da capital paulista muito envolvido com bebidas e mulheres.
Mas isso não amedrontou a que gravou as denúncias e mandou para os jornais fazendo com que o político acabasse tendo de lhe pagar uma pesada indenização e ficasse proibido de chegar perto dela novamente.
Mas o que ela não sabia é que esse grande cacique político tinha um armário cheio de corpos, até mesmo aliados que o ameaçaram acabaram ganhando uma vaga no cemitério de modo muito rápido.
Rosa não era preocupada com sua própria vida, apesar de ser bonita não tinha interesse em outros homens desde que seu marido, um sargento da missão de paz no Líbano da ONU foi alvejado por um morteiro disparado por um rebelde do grupo terrorista Hezbollah.
Sua única preocupação era seu filho, vivia para ele e mataria quem tentasse chegar perto dele, depois da morte de seu esposo, tinha ficado muito apegada a criança e mesmo com todo o trabalho que tinha diariamente tirava pelo menos quatro horas por dia para estar ao lado dele, tomar a lição, brincar, e se inteirar de tudo que acontecia na vida dele.
Era sábado e ela estava no parque do Ibirapuera, carregava na bolsa uma pequena Glock 17, tinha registro da arma e o porte na carteira e suas credenciais como investigadora lhe dava certa segurança. Tinha de ficar sempre atenta, mesmo em momentos de lazer.
Foi uma tarde divertida, ela conseguiu depois de quase três meses terminar a leitura de Fausto, um livro que comprará para disfarçar durante a perseguição a um apresentador de televisão que negociava seu apoio a um político corrupto em troca de cocaína.
Era um bom livro aquele, no fim ela ficou com pena da agonia de Fausto frente ao inevitável e ao pensar nisso relembrou todas as mudanças que tinha tido em sua vida nesses últimos tempos.
Eles saíram do parque por volta das quatro horas da tarde, quando caminhavam em direção ao estacionamento, ela notou ao longe que seu carro estava diferente, era muito detalhista e viu que o trinco da porta tinha sido arrombado, no mesmo instante mandou que o garoto procurasse abrigo e foi rapidamente até o carro, olhou por baixo no motor e ali havia sido plantada uma carga de explosivos, rapidamente ela desarmou aquela bomba, depois checou se a porta tinha algum tipo de bomba, e não viu nada, abriu a e depois o capô do carro, onde encontrou os freios cortados e mais uma bomba ligada ao sistema de ventilação do carro.
Aquilo a fez suar frio, alguém tinha aproveitado seu momento de lazer para tentar mata - la e ao seu filho. Pensar naquilo a fez ficar furiosa, mordeu os lábios e chamou seu filho que rapidamente apareceu correndo, desde bebê ela o havia treinado a se esconder e só aparecer se ouvisse sua voz, não importasse o que lhe dissessem.
Ela o colocou nas costas, e foi caminhando enquanto ligava para o delegado do distrito, o homem ao ouvir a voz dela pareceu lívido e começou a gaguejar como se estivesse conversando com um fantasma.
No mesmo instante ela se deu conta que a polícia tinha sido paga para não interferir caso recebessem uma chamada de uma explosão no parque, novamente a corrupção do sistema mostrava suas garras e tentava matar ela.
Pegou um táxi na entrada ao sul e se dirigiu diretamente ao seu local de trabalho, ligou para sua mãe que estava morando nos Estados Unidos com seu irmão desde que tinha sido assaltada num passeio no Rio e acabará recebendo uma bala na coluna que lhe deixou paraplégica.
_ Mãe, o Pedro pode ir para ai?
_ O que está acontecendo? Rosa você está bem?
_ O Pedro pode ficar ai, amanhã começam as férias dele.
_ Tudo bem, seu irmão adora esse garoto, pode embarca - lo amanhã que eu mando alguém daqui ir busca - lo no aeroporto. Mas agora trate de me contar o que está acontecendo com você?
Ela lhe contou tudo o que havia acontecido, e a mãe ficou com a voz trêmula, implorou para que ela fosse embora também, a casa onde seu irmão morava era grande e alguém com as habilidades dela e o tempo de experiência em investigação logo poderia arrumar um trabalho.
A proposta era tentadora, mas ela sabia quem era o responsável por aquilo, sabia que aquele político não descansaria até ver ela morta, não importa se estivesse nos Estados Unidos ou na China, de algum jeito ele pagaria assassinos para aniquila - la. Ela o tinha exposto ao ridículo, fez o nome dele ir para os programas baratos de humor e isso um homem como ele jamais perdoaria, ainda mais tendo o poder do partido que ainda mandava em muitas estatais em Brasília.
Na manhã seguinte ela preparou a mala do seu pequeno anjo e o levou para o aeroporto, se ele estivesse em segurança nada mais importaria, se aqueles malditos não pudessem toca - lo, ela ficaria bem e teria a liberdade para agir.
Saiu do aeroporto arrasada, tinha chorado muito no estacionamento, ficar sem seu filho era o mesmo que estar sozinha novamente e as lágrimas corriam como se quisessem limpar sua alma abalada pela dor e pelo medo.
Precisava de algo para negociar, para barganhar por sua vida e ao chegar no escritório, chamou todos os seus investigadores, queria todos eles na cola dos chefes políticos aliados do homem que tinha mandado a matar, queria eles na cola dele o tempo todo e prometeu algo que faz os homens trabalharem com mais vontade: Quem pegasse algo realmente comprometedor poderia ficar com todo o dinheiro que ela recebeu da indenização, 500 milhões de reais.
Bastaram dois dias para os três investigadores chegarem com fotos e documentos comprometedores, no fim tudo que trouxeram era material de primeira grandeza.
Ela dividiu o prêmio entre os três da maneira mais justa possível e os homens quase choraram quando receberam o cheque de suas vidas. Na quarta feira, ela se dirigiu para Osasco ia rumo a uma fachada para lavagem de dinheiro internacional, um instituto para promover palestras contra a fome, mas que na verdade servia apenas para limpar o dinheiro dos políticos e dos barões da Cocaína localizados na Venezuela que investiam ali por meio de empresas nas ilhas Virgens e depois recebiam de volta na África por meio de auxílios humanitários dados pelo governo aos ditadores daqueles países.
Eu cheguei na porta e disse que queria ser recebida pelo presidente de honra daquela organização o segurança interfonou para o último andar e no mesmo instante uma câmera na entrada foi focalizada no meu rosto.
Assim que eles fizeram isso o segurança permitiu minha entrada, sabia que estava entrando dentro do inferno para negociar com o diabo em pessoa e nesse momento sentiu se nua, desprotegida.
Subiu pelo elevador até a cobertura. Quando viu aquele político ali cercado por dois brutamontes soube que tinha entrado numa armadilha da qual provavelmente não sairia viva.
No mesmo instante um dos seguranças, um negro com quase dois metros de altura tomou lhe a pasta e entregou para o ex - presidente da república.
_ Você realmente tem material, suponho que tenha cópias disso e que talvez tenha mais coisas comprometedoras como essa?
_ Sim e se me matar aqui dentro vai precisar se explicar nos jornais, por que tenho homens com ordens para entregar muito mais do que isso em todos os grandes e pequenos veículos de imprensa.
_ Hum... O que você quer?
_ Que pare de tentar me matar!
Ele riu muito e depois disse: _ Você se superestima, por que eu tentaria te matar?
_ Por que a bomba no meu carro e os freios cortados fazem parte do estilo de eliminação de pessoas, muito usado pela KGB durante a guerra fria. Posso parece mas não sou burra e sei muito bem que você tem ligações com membros daquela organização.
_ Tudo bem, como você é uma mulher morta mesmo, posso te dizer: Fui eu sim, eu sou o responsável por matar todos os que tentam se levantar contra mim, essa porcaria de país é minha e eu tenho o direito de sugar dele tudo o que eu precisar.
_ Para vender aos chineses? Os papéis na maleta mostram que você está dando a Amazônia para eles a preço de banana, já vendeu todo o sistema elétrico e em algumas semanas entregará os sistemas de defesa do país inteiro e em troca eles vão  te tornar o ditador após você causar o caos usando suas milícias disfarçadas de movimentos sociais.
_ Para uma mulher você é muito esperta. Disse ele mordendo os lábios com força, eu até pensei em te deixar viver, mas nessa altura dos acontecimentos, depois de ter perdido o poder com o impeachment no final de 2016, preciso me precaver.
_ Você vai adorar conhecer um amigo meu, o agente Gregory Nacraksh, que vai te matar e jogar seu corpo no rio Tietê e depois vai para os Estados Unidos matar sua mãe e seu filhinho.
_ Ao ouvir aquele demônio falar de seu filho, ela pulou no segurança que ainda carregava a maleta, com a força do empurrão ele caiu para trás e sua arma escapou do coldre e rolou pelo chão.
Ela deu um pulo e pegou a pistola e antes que se desse conta tinha acertado o segurança no peito e na cabeça.
_ A arma tem mais seis balas, chame seu amigo russo que está na sala de segurança e mande que ele traga as fitas com as imagens.
Ele fez o que ela mandou, antes que a equipe do local entrasse ela puxou para uma sala fechada e ficou abraçada a ele com a arma apontada para sua cabeça.
O homem que antes lhe ameaçava como um lobo agora tremia como um cão indefeso, encostar nele fez ela se sentir suja, fétida, mas por ora precisava daquele verme.
Minutos após entra um homem, os olhos pareciam sem vida, pôs as mãos para cima e antes que ela pudesse fazer algo ele disparou no peito do político por duas vezes.
_ Ditadores vem, ditadores vão. Somente a causa importa! Você é esperta agente Rosa, precisei pressionar muito seu chefe para que ele lhe mandasse embora, mas você é um câncer que está destruindo os planos que eu gastei anos para criar.
_ Me fez matar a esse maldito porco de fala macia que enganou as pessoas estúpidas desse país lhe dando esmolas enquanto fartava minha organização com ouro e petróleo a preços baixos.
Ela aproveitou que aquele russo tinha a língua solta e jogou o cadáver do ex - presidente em cima dele e antes que ele se livrasse daquele gordo, ela disparou por quatro vezes, atingindo a cabeça do homem, fazendo com que seus miolos se impregnassem por todos os cantos daquela bela sala, cheia de quadros caros e bebidas importadas e exóticas.
Logo outros homens apareciam na sala, e a polícia já deveria ter sido acionada, derrubou o armário de bebidas e com um isqueiro que encontrou no bolso do russo, após revista - lo e retirar seus pertences, ela acendeu o local, não deixando nenhuma prova, pegou sua maleta na ante - sala e jogou o segurança que ela tinha matado ali também e saiu correndo pelas escadas de incêndio, precisava chegar a sala de segurança.
Os alarmes anti - incêndio tocaram e  no andar abaixo todos os empregados se preparavam para fugir, quando ela conseguiu agarrar uma velha que vestia se de maneira simples e ostentava com orgulho um broche em forma de estrela vermelha.
A mulher contou lhe onde ficava a sala de segurança, era dois andares abaixo e tinha vinte homens lá dentro.
Ela largou a senhora que saiu gritando que tinha uma capitalista opressora tentando destruir os planos do proletariado e todos os funcionários começaram a descer as escadas atrás dela em fúria.
_ Que tipo de partido político é esse que parece mais uma seita religiosa, com adeptos fervorosos o bastante para tentar matar por ele? Ela pensou enquanto descia as escadas.
Ao chegar na sala de segurança, atirou nos que vigiavam e usou a digital de um deles para entrar dentro de uma espécie de cofre forte, onde ficavam várias pessoas sentadas na frente de monitores, parecia uma central de telemarketing, ela disparou a última bala e recarregou usando um pente que tinha encontrado na calça do russo na cobertura.
Os operadores saíram correndo e quando o último deles debandou ela se trancou ali dentro e começou a baixar todas as informações. Não precisou invadir afinal todos os sistemas estavam disponíveis, enquanto ia fazendo cópias de todos os arquivos, mantinha sua pasta bem próxima a si, nas câmeras na parte da frente viu as pessoas paradas na frente da sala de segurança, tentavam abrir a porta e já tinham destruído o mecanismo para impedir que fosse aberto por dentro.
Ela estava trancada, sabia que iria parar na cadeia e vendo os dados que passavam na tela do computador enquanto ia fazendo a captura dos dados para um pen drive sabia agora que o partido tinha ligações com a facção que atuava nos presídios e que se ela fosse para qualquer penitenciária no Brasil estaria morta em quarenta e oito horas no máximo.
_ Os presos de alto gabarito que foram presos na operação lava - jato tempos atrás, tinham medo de delatar por que sabiam ser isso a sua sentença de morte. Ela pensou, vendo agora na porta de entrada do prédio viu que a polícia federal tinha sido chamada e reconheceu até mesmo alguns ex - colegas da ABIN.
O download foi concluído e ela tentava localizar alguma saída. Por sorte encontrou atrás de um grande compactador de lixo uma entrada grande que ligava os computadores ao refrigerador quatro andares abaixo.
Ela pulou e entrou numa espécie de duto de ventilação tinha a pasta e o pen drive bem protegidos e a arma ainda contava com mais sete disparos.
A cada trinta metros tinha uma entrada de ar, fazendo parte de um grande sistema anti - incêndio do prédio, numa das salas, um estúdio a prova de som, onde os políticos faziam suas chamadas para a televisão, um técnico de som e uma secretária estavam transando em cima de uma bancada.
Ela abriu a portinhola e pulou ali dentro, os dois foram atingidos na hora, ela rapidamente pegou as roupas da moça e se despiu vestindo as, encontrou o crachá de identificação dela ainda no seu corpo e com cuidado arrancou o do peito da jovem.
Abriu a sala com cuidado, pegou a maleta e o pen drive e saiu fechando a porta do estúdio e jogando a chave numa lata de lixo.
Ela desceu pelo elevador e ninguém prestou atenção nela, aliás algumas funcionárias retardatárias pareciam olhar para ela com desprezo, isso era bom, afinal não iriam denuncia - la.
Passou pelo bloqueio na entrada e mostrou sua identificação, o policial nem olhou direito e a liberou, parecia estar cansado e deixou a ir normalmente.
Saiu e entrou no primeiro táxi que passou, rapidamente foi para casa, sabia que quando sua foto aparecesse nos jornais o motorista iria denuncia - la, então não tinha muito tempo a perder.
Abriu um armário que mantinha trancado e pegou tudo o que tinha de equipamentos pesados. Precisava dar o fora do país e rápido. Tinha todo o seu dinheiro transferido para uma conta na Suíça desde que tinha sido ameaçada pelo político que acabará de ver morrer.
Arrumou tudo em uma grande valise e saiu de casa, tomando o cuidado de explodir o apartamento com um pouco de c4 que tinha conseguido após ajudar a polícia a capturar um incendiário há quatro meses atrás.
Pegou seu carro e quatro horas depois já estava na estrada a caminho do Rio de Janeiro, rumo a sede da Interpol no Brasil.
Seu carro apagou próximo a um bar a beira da estrada, ela entrou ali dentro, estava vestida como uma moça comum, abriu alguns botões da blusa e começou a se insinuar para um caminhoneiro, chegou até a sentar no colo dele, o homem que era acostumado a ter de pagar para obter sexo ficou muito satisfeito em dar uma carona em troca de uma hora de puro prazer, mas no instante em que ele entrou na cabine do seu caminhão acabou recebendo um golpe no pescoço que o deixou desmaiado. Quando acordou estava há poucos quilômetros da divisa entre São Paulo e o Rio ainda com o zíper da calça aberto.
Ela parou num posto a beira da rodovia e ali deixou o caminhão pegando um ônibus até a cidade do Rio que por sorte parou ali para trocar um pneu furado quando passou em cima de algumas garrafas quebradas na pista por dois motoqueiros que começaram uma briga por causa de drogas, que acabou na delegacia.
O veículo seguiu e uma notícia a fez ficar atônita, a rádio parou o funk que estava tocando e noticiou: “ A sede da Interpol foi implodida, suspeita se de uma rede de incendiários agindo no Rio e em São Paulo”.
_ Agora mesmo eu preciso dar o fora do país. Ela pensou.
A cidade do Rio de Janeiro é uma maravilha, pode se esconder ali dentro no meio das favelas, abandonadas pelo estado por anos sem que ninguém chegue nem perto de te encontrar.
Ela logo se hospedou em hotel barato próximo a rodoviária, as camisinhas embaixo da cama e o forte cheiro de cerveja no quarto mostrava que ali não tinha muitos hóspedes, ela tinha passado numa loja e comprado uma tesoura e uma tinta para os cabelos, precisava mudar sua aparência para seu novo plano dar certo.
Há tempos atrás uma americana tinha sido sequestrada no Pão de Açúcar por um grupo de bandidos, a família tinha sido chamada e o caso tinha parado até mesmo em suas mãos, mas ela não tinha encontrado nada.
A moça segundo a única pista que ela tinha, havia sido vendida para um ditador africano junto com outras mulheres em troca de heroína e armamentos como acontecia a tantas outras jovens que tinham o azar de cair na mãos das quadrilhas de tráfico humano.
Ela se odiaria para sempre pelo que iria fazer, mas se lembrava do rosto da jovem e as duas eram muito parecidas, iria enganar a embaixada e se passar por ela para conseguir sair do país.
Surrou um pouco as calças onde estava, sujando as de poeira e alma, e fez alguns cortes com a tesoura, quando terminou parecia mesmo ser alguém que fugirá de um cativeiro. Iria armar um golpe de mestre.
Saiu do hotel toda ensanguentada sem que ninguém a visse, carregava a maleta e o pen drive, e corria pela cidade pedindo que alguém a ajudasse, falava num português com sotaque e logo um taxista a levou a delegacia de proteção ao turista, onde todos ficaram abismados com a história que ela contou.
Disse que tinham a estuprado, que tinham a feito tomar remédios abortíferos e começou a chorar. Todos se comoveram com aquela encenação e quando tentaram perguntar mais coisas ela entrou em choro convulsivo.
Rapidamente uma psicóloga e um emissário da embaixada foram chamados e a levaram para um jato especial. A mala que tinha sido apreendida foi lhe devolvida ainda lacrada e meia hora depois ela estava em um jato particular com dois tanques de combustíveis rumo a cidade de Nova York.
Ela chegou aos Estados Unidos e rapidamente despistou os agentes da polícia mandados para escolta - la até sua casa e se dirigiu até a sede da Interpol.
Sua chegada na agência foi intensa, ela começou a falar em um inglês rápido quem era para o agente na entrada. Rapidamente ela foi presa e levada para uma cadeia, os dados que ela capturou nos computadores foram levados para a equipe técnica.
O embaixador foi informado e chamado a Washington para dar explicações daquilo tudo.
Ela passou quatro dias presa, numa cela pequena, esperava ser enviada de volta para o Brasil, mas quando o chefe do NSA abriu a cela em pessoa e a levou para conversar na sala mais alta, ela entendeu a situação.
Tinha fornecido para eles um mapa completo dos esquemas que haviam se desenvolvido no Brasil e eles agora estavam lhe oferecendo uma proteção para si mesma e para seu filho e um trabalho. A NSA queria que ela se tornasse agente de campo.
Ela aceitou o serviço e a proteção e pediu uma carona para a casa do seu irmão em Boston. Os agentes receberam ordens para leva - la até ali.
Suas roupas estava rasgadas  e a perna doía muito pelo golpe que ela tinha feito dias atrás para se fingir, sentia muito pela família que tinha enganado e dado falsas esperanças, mas precisava sair do Brasil para estar livre da teia mortal que tinham armado para ela.
Chegou no endereço num pacato bairro no sul de Boston, caminhava com dificuldade, quando viu seu filho brincando com um cachorro num gramado.
Correu se esquecendo de toda a dor e abraçou o garoto, chorava de pura saudade. O menino demorou para reconhece - la mas logo retribuiu o abraço e saiu correndo gritando:
_ A mamãe chegou! A mamãe chegou! Eu disse para a senhora que ela ia vir ficar comigo.
_ Sim meu filho, eu vou estar sempre com você e entrou naquela casa com a certeza de que uma vida nova estava começando.
Enquanto isso no Kremlin, o presidente Russo dava ordens para abortarem os planos na América do Sul e sumirem com todos os peões usados para comandar aqueles governos patéticos.
Semanas depois a Argentina já não era controlada e a ex - presidente foi encontrada morta em sua ilha particular, um golpe de estado derrubou o presidente da Bolívia e uma junta de militares matou o ditador na Venezuela e no Brasil o partido dos trabalhadores se tornou ilegal e até mesmo usar símbolos que remetessem a ele passou a ser considerado crime grave.
A organização já tinha feito grandes conquistas, mandava nos setores estratégicos na região e era questão de tempo até voltarem, com novos peões que falavam doce para iludir o povo, dizendo serem os salvadores  quando eram aqueles que lhes entregavam para os lobos.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...