quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ficção histórica - Revisitando 1964


Escrever é a única forma para não que aqueles que ainda virão não se esqueçam dos acontecimentos.
Capital Federal – 1964.
Faltam Poucos meses para a derrubada do presidente João Goulart, diversos personagens entram em cena tanto para defender o governo, que com promessas tolas e uma política fiscal estúpida levou o país há uma bancarrota.
Agentes russos são vistos entrando no território, a cia informa os militares brasileiros a presença de diversos membros da KGB em solo brasileiro, além de outros da agência de espionagem chinesa.
A alta cúpula do exército teme uma reação exacerbada dos populares e resolve esperar um pouco mais, e o que se vê nas ruas são as pessoas protestando contra o fiasco econômico, o governo é completamente impopular, consegue unir diversos grupos contra si e poucos têm a coragem para defender o presidente abertamente nas ruas.
Várias tentativas de matar opositores acabam sendo encobertas pelos órgãos do governo, pessoas tanto da política quanto da imprensa são ameaçadas e algumas acabam sofrendo atentados violentos.
Um clima de medo pairava nos jornais que iam contra o descontrole de um presidente que via com bons olhos a china e a Rússia enquanto afogava o país numa miséria sem fim.
Seus principais assessores eram formados em academias na URSS e na China, suas parcerias comerciais eram para com ditadores e distribuía elogios “a revolução”.
Tudo ficaria intacto se não tivessem matado uma jovem, não teríamos tanques e aviões sobrevoando os céus se não fosse aquele assassinato.
A última reunião do clube militar – dias antes do golpe.
Vários marechais estavam receosos de tomar uma atitude drástica, suas patentes estariam em jogo e muitos se perguntavam se teriam apoio para governar após acabarem com o status atual. Argumentavam que aquilo tudo não os afetava e que seria até melhor deixar as coisas como estão.
Enquanto isso os oficiais mais jovens, clamavam por uma resposta a uma série de afrontas, tentavam levantar nos seus superiores a vontade de lutar, mas nada parecia interessa – los mais do que seus títulos e condecorações.
Era uma tarde de domingo, a filha de um marechal foi atacada enquanto voltava para casa, por um grupo ligado a um sindicato, que já começava a montar uma célula terrorista que iria em poucos anos ser a responsável por diversos atentados na região de são Paulo, ela foi descoberta quando assaltaram na e ela entregou tudo e quando eles abriram a bolsa viram o sobrenome dela, não teve nem como esboçar uma defesa, recebeu um tiro de uma pistola mauser contrabandeada da Rússia, uma peça ainda da segunda guerra mundial que tinha chegado recentemente para abastecer alguns grupos guerrilheiros.
A jovem faleceu ali no local, o grupo que a matou seguiu em frente cantando a internacional comunista, aquele hino maldito, levou minha filha.
Eu na época era um general da terceira divisão da região sudeste, tinha sido promovido ainda durante o período de vargas e muitos me consideravam como alguém extremamente radical pelo fato de já ter participado de alguns grupos integralistas quando era jovem.
Chorei sobre o corpo da minha filha, fiquei no cemitério por dois dias até que meus familiares conseguissem me tirar dali, não havia mais sentido para o meu viver.
Minha mulher me largou, não aguentava mais viver naquela casa e preferiu voltar para o norte e ficar com seus pais. Eu nem me importei, estava perdido, tinha amado aquela criança e o vazio dela era como uma dor que não parava.
Minhas funções no quartel ficaram a cargo do meu segundo em comando, mas quando a reunião da cúpula militar foi convocada eu tinha que ir.
Encontraram-me bêbado na minha casa, num estado lastimável, lembro que mandei o mensageiro ir engolir as próprias fezes e que todos fossem a merda, mas este soldado ficou ali paciente e me ajudou a me erguer, tomar banho e pegar o avião para a capital.
No avião eu parecia sentir a minha cabeça explodir, confesso que tive vontade de me matar, mas não o fiz por que não tinha trazido nenhuma arma comigo.
Cheguei ao aeroporto e fui recepcionado por um carro militar que me levou a sede do comando maior.
Era apenas uma formalidade na qual eu devia ficar calado, mas eu ousei falar, mandei a mão na mesa e sem pedir permissão contei minha história, disse que um maldito grupo de comunistas tinha acabado com a minha filha. Disse que eu havia a levado para o hospital sangrando e que ainda tinha em minha mente os últimos gemidos de pura agonia e dor dela.
E que se eles quisessem ficar sentados em suas cadeiras, mofando como postes velhos apenas vendo o mal se espalhar, que me prendessem, pois eu iria começar a lutar contra essa baderna.
Os oficiais mais jovens apoiaram meu ato e muitos me apoiaram se levantando de suas posições, temendo por um motim, eles aceitaram a proposta para derrubar o putrefo governo de João Goulart, dando início a revolução militar que salvou o país dos cubanos e seus aliados comunistas.
Isso foi há muito tempo atrás, de lá para cá, muita coisa mudou a democracia voltou, com o fim do regime militar e a degradação política atingiu um patamar tão alto, que culmina nos dias atuais com o governo mais imbecil e desprezível que já vi.
Hoje eu moro em um asilo para militares, uma instituição que trata de pessoas que passaram muito tempo lutando pelo país, é um local pobre, mas limpo, com visitas de médicos e enfermeiros de vez em quando para ver se não morremos por alguma doença.
No mesmo lugar, moram mais oito militares, nossas aposentadorias, mal pagam os remédios e ainda tenho de ver na televisão os canalhas que eu ajudei a prender durante o regime militar tentando pagar de vítimas, cantores que não ficarão mais do que algumas horas, recebem milhões de pensões para “vítimas da ditadura”, peço desculpas para o povo brasileiro por pelo menos não ter exterminado esses vermes que nunca se preocuparam com qualidade, preferindo propagar suas ideologias vagabundas a se preocupar com a qualidade musical.
 Nunca pensei que viveria para ver terroristas serem homenageados e virarem nome de escola e para ver um homem que já esteve numa carceragem chegar à presidência e fazer o que a sua índole já dizia: Roubar todo o país, enquanto iludia aos pobres com uma esmola, criando entre o povo a cultura da “bolsa” e tirando o interesse de muitos pelo trabalho, que é a única forma digna de se avançar.
Eu sei que eu vou para o inferno, disse para o padre uma vez e ele ficou chocado com o meu cinismo, mas eu me vinguei, investiguei, prendi e matei todos os responsáveis pela morte da minha filha, os corpos foram incinerados, e eu vou levar comigo a localização das cinzas deles.
A mudança começou no meu ódio, mas o povo não aprendeu a votar e tudo voltou às velhas mentiras, aos mesmos canalhas e por isso o país está condenado a vagar nas trevas e se a população não acordar a tempo, se tornará uma sucursal da união soviética, parado no tempo enquanto todos avançam e prosperam, nós ficaremos a mercê dos mesmos ladrões que tem o cinismo de se considerarem defensores do povo!

Carta encontrada no quarto do marechal Rodolfo Zallarin, no asilo para veteranos, Rio de Janeiro – Novembro de 2005.
Mário Orzikoff – redator chefe do jornal o diário da internet.

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...