terça-feira, 12 de maio de 2015

O Hotel da morte: Capítulo 11 – Fuga



A morte estava sentada em seu trono de ossos no hotel transformado em castelo quando um de seus soldados chegou esbaforido vindo da dimensão de onde tinha vindo, pela face trazia más notícias:
Ele se ajoelhou perante ela e disse:
_ Sua filha Amanda escapou das masmorras mortais! Disse o soldado.
_ Como ela conseguiu escapar do esquecimento? Como isso é possível? E com um golpe fulminou o soldado com sua foice, jogando longe sua cabeça e logo todo seu corpo!
_ Aquela garota provavelmente conseguiria escapar da dimensão sombria e viria atrás de sua mãe, tentaria detê – la, de algum modo, era uma rebelde como fora seu pai, há muito tempo atrás...
A morte se apaixonou uma única vez, por um anjo morto nas guerras primevas, seu nome era Hazique, um celestial comandante de legiões, que correspondeu seu amor!
Ele era o responsável por vigiar as entradas para o paraíso e certo dia ao caminhar pela Terra para verificar os selos dos portais para o paraíso a encontrou pela primeira vez.
Foi amor a primeira vista, cada beijo, cada toque, cada palavra, tudo era um amor puro e intenso, mas a guerra começou e ele a abandonou num dia de sol alto e desde então, ela não conseguia olhar o brilho do sol sem sentir as lágrimas virem nos olhos, pela falta de seu amor.
No seu ventre cresceu uma criança que quando nasceu dividia os poderes angelicais de seu pai com o poder da morte herdado de sua mãe, era uma menina rebelde de longos cabelos rebeldes que após tentar dar o golpe no reino de sua mãe foi ferida pela adaga do esquecimento uma arma que quando tocava qualquer ser levava o automaticamente para a dimensão do esquecimento.
No entanto de algum modo ela tinha atravessado de volta e agora ameaçava seus planos para dominar a Terra antes da guerra final e se estabelecer como senhora de toda a humanidade.
Ela ficou perdida e pensativa, olhando pela janela para a degradação, fumaça e gritos que saiam por todos os lados, nem percebeu que outra pessoa havia entrado em seu palácio, chegou a sala do trono sem se anunciar escondida de todos pela habilidade que tinha de ocultar se nas sombras e num instante saiu das sombras, com o punhal do esquecimento nas mãos e num só golpe cravou a arma na garganta dela, antes que tivesse tempo de pegar sua foice deixada ao lado do trono, após a degola do soldado.
O corpo da morte foi desfalecendo pouco a pouco enquanto a sua filha saía das sombras.
_Retribui a gentileza que me fizeste ao me mandar para lá, ela disse com os vermelhos de fúria e quando não havia nem o pó do corpo de sua mãe, mandada para o esquecimento, ela se sentou no trono e ao pegar a foice completou sua transformação agora ela era a Morte e não tinha tempo a perder se quisesse salvar o mundo.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Noite dos punhais de cristal.



O reino de Vandar era um local calmo e pacífico, uma terra administrada por um rei bondoso e justo que punia com severidade aos criminosos, mas certo dia um adivinho chegou a cidade e previu seu fim, disse que um dia aquela paz iria acabar, quando a noite chovessem punhais de cristal, a corte levando a sério as palavras do adivinho, proibiu que se portasse quaisquer objetos de cristal e deu o exemplo quebrando tudo o que pudesse parecer com aquele material até, e os restos foram para o lixão, onde os dejetos do reino eram mandados, uma área escura de um pântano abandonado onde só morava um velho artesão e três jovens, os meninos vendo aquela quantidade de material disponível pegaram no aos milhares e foram para a oficina preparar o que mais gostavam: Armas, os três se uniram e fizeram trinta punhais de cristal e ficaram muito felizes, deram alguns de presente para seu pai que foi até a cidade os vender para conseguir algum dinheiro mas acabou morto como agitador, sua casa foi queimada e os garotos só escaparam por que estavam caçando, quando chegaram viram o edito real numa árvore que explicava os motivos daquele ato.
Os três se encheram de ódio e partiram para a cidade, eram profundos conhecedores da floresta e encontraram a beira do caminho em uma taverna os homens que tinham queimado sua casa, se vangloriando que tinham matado seu pai e de como ele gritava implorando para que não matassem seus filhos e riam para as garçonetes que ao verem os jovens chegarem sairão correndo.
Os três soldados eram mais velhos e experientes, mas lutavam em áreas com muito espaço e no combate na taverna lhes atrapalhou, além do mais foram pegos de surpresa e somente um deles teve tempo de reagir, quando voaram pelos ares os punhais de cristal.
Os rapazes mataram todos e roubaram as roupas dos três guardas escondendo no cinto vários punhais, a taverna foi queimada e ninguém escapou com vida, quando voltaram foram recebidos como heróis a cidade inteira os saudou e o rei naquela noite lhes ofereceu um belo banquete no palácio real.
Eles foram levados para banhos e até se divertiram, mas sem tirar o foco de sua vingança, até que chegou a noite e ai ocorreu o pior, enquanto o rei falava um punhal voou no seu coração e o matou.
Os irmãos mataram vários nobres com suas armas, até que todos os punhais se quebraram e eles foram cercados e mortos pelos guardas do palácio, mas toda a família real tinha sido morta, até mesmo o pequeno Arthur havia sucumbido e o medo tomado conta de todo o reino, o episódio entrou para as lendas do reino como a noite dos punhais de cristal, o dia em que um medo se espalhou entre a população e a paz acabou para sempre, um medo que começou com as palavras de um velho adivinho...

Enterrado no meio da noite



João era um coveiro de uma pequena cidade pequena no interior do estado de Alagoas, seu pai e seu avô tinham o mesmo emprego.
Ele morava no cemitério, numa casinha pequena no fundo do campo santo, era um homem reservado que tinha sua vida discreta, longe do olhar das fofoqueiras.
Porém naquela noite um grito cortou a cidade, uma prostituta tinha sido morta e foi encontrada num campo nos fundos do cemitério, a polícia não entendia as circunstâncias da morte, ninguém suspeito do coveiro, sempre tão reservado e além do mais a moça não era importante para a cidade e logo foi esquecida, enterrada no cemitério por seu assassino e tudo ficou tranquilo.
Mas isso iria mudar na época de Finados, o coveiro que também era segurança do cemitério, começou a ser visto correndo pelas ruas, seu olhar era de medo puro, acabou internado no hospital como louco, tinha a mente em colapso e repetia frases soltas sem sentido e quando a polícia foi a sua casa para entender melhor o caso, por medo dele ser um usuário de drogas.
Quando entraram no lugar por todos os lados haviam palavras escritas nas palavras, dizeres como assassino, ladrão, e pedidos de vingança, feitos recentemente e por todos os lados haviam pedaços de corpos em cada canto, que formavam um pentagrama irregular e no espelho do banheiro uma mensagem dizia:
_ Pelos crimes que você cometeu, o diabo te aguarda!
O padre da cidade foi chamado e exorcizou o lugar e passado algum tempo, o pobre homem voltou a sanidade, mas sua vida estava destruída, toda a cidade o tratava de maneira estranha, ele era um pária social e todas as fofocas tinham seu nome, até as mães diziam as crianças que se não se comportassem, o coveiro iria as pegar...
Era o primeiro dia de fevereiro, o prefeito da cidade morreu do coração em uma festa e na manhã todos foram ao cemitério para enterrar o político, mas o lugar estava fechado, os homens do prefeito pularam o muro e bateram na porta da casa não encontrando ninguém, a polícia chegou e arrombou a porta, encontrou o local todo remexido e um fiapo de sangue que saia porta afora, os homens foram seguindo aquela trilha, até chegarem a uma cova fechada recentemente, ao lado do túmulo estavam os objetos de trabalho do homem, sua pá e o molho de chaves, os policiais abriram a cova com medo e o que viram foi aterrador, o corpo do homem foi arrastado para lá, estava cheio de marcas e cicatrizes e seus olhos tinham sido arrancados, ao seu lado três corpos se enrolaram em torno dele num abraço mortal e até hoje essa história causa medo nos moradores da pequena cidade, seus moradores até hoje não confiam no coveiro, a casa foi demolida e nada além dos mortos andam pelo campo santo a noite.

sábado, 9 de maio de 2015

Depoimento



Foi preso o assassino serial Daniel Andrade encontrado desovando um cadáver por um guarda municipal que efetuou a prisão.
Daniel é responsável por uma série de assassinatos ao longo dos quatro meses que se passaram, os médicos alegam que ele surtou após a morte de sua filha pelas mãos de um estuprador meses atrás, que acabou sendo liberto três meses depois por ser filho de um influente magnata do comércio local.
Ele que era um jornalista de pouca importância, acabou caindo para a bebida e desapareceu quatro meses atrás e desde então os bandidos da cidade eram encontrados mortos com crueldade, seus corpos eram desovados em latas de lixo na zona industrial.
Todos eram encontrados nus com vários membros decepados e inscrições ritualísticas que depois ele explicou serem oferendas para Nêmesis a antiga deusa da vingança.
Durante seu depoimento por várias vezes ele afirmou ser a vingança que a sociedade sempre exigiu, falava não como um louco que busca escapar da punição e ir para um sanatório, até por que nenhum advogado o acompanhava naquele momento.
Relatou desde o primeiro crime, com uma riqueza de detalhes aterradora até para o experiente Mendes, delegado há mais de cinquenta anos que ficou atônito frente a crueldade daquele homem, que matou mais de noventa homens e mulheres envolvidos em vários crimes, mas nunca matou crianças, apenas batia nelas bastante para que mudassem seus rumos.
Era como ouvir um fanático pregar sua religião, ele disse que fazia aquilo por que uma voz assim ordenava aquelas mortes, que ela levava ele até aqueles meliantes e que pregava a sentença para eles e cabia a ele somente uma coisa: Cumprir a sentença!
Dias depois um advogado acostumado a defender maníacos como forma de boa ação social entrou no caso e a imprensa também, de serial killer ele foi elevado a categoria de justiceiro, de benfeitor social, visto só ter matado criminosos de todas as espécies.
Feministas o defenderam na porta da delegacia quando souberam que ele matou mais de dez maridos que espancaram suas esposas até a morte.
Negros o defendiam por ele ter jogado na linha do trem um pequeno grupo de neonazistas que tinham atirado contra crianças em uma favela.
Prostitutas o defendiam por ele ter matado vários caras que viviam batendo nelas por prazer, e por foi todos os marginalizados pela lei se uniram em favor dele que em pouco tempo se tornou uma celebridade, jornalistas se espancavam para ouvi - lo, as pessoas faziam coro na porta da delegacia e por muitas vezes precisavam ser contidas para não causarem tumulto.
Logo começou a surgir na internet um culto da vingança que se baseava nas palavras daquele homicida e em vários lugares bandidos começaram a ser mortos por populares que entravam em estado delírio após matarem meliantes de todas as espécies.
Essa seita cresceu ao ponto de pessoas armadas invadirem presídios e cometerem verdadeiras chacinas ao som de músicas rituais, alguns arrancavam o coração dos presos com ele ainda pulsando no peito.
O país caiu em uma anarquia e precisou de ajuda internacional para conter o culto da vingança o que acabou gerando verdadeiros morticínios fatais por todas as regiões, somente depois que a situação foi controlada pode se estimar uma quantidade de mortes, algo em torno de três quintos da população do país acabou sendo morta, pelos insanos membros desas seita que depois de matar todos os presos resolveram matar todos aqueles que eram contrários a sua existência e assim o sangue correu como água em um rio.
O líder e principal propagador do movimento sumiu, na verdade era o deus da guerra que queria causar caos na nação e que conseguiu mais uma vez depois de seu sono milenar voltar ao plano da realidade para causar guerras e destruição.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Pecados




João era um marido traidor, que todos as semanas enganava sua esposa, com diversas mulheres, até que numa noite foi encontrado degolado e castrado em um estacionamento na Avenida Paulista.

Maria era uma mentirosa astuta, ganhava dinheiro vendendo imóveis velhos e mofados a preço de ouro para poder assim conseguir ganhar uma grande comissão. Foi encontrada enforcada numa viela, sua língua tinha sido arrancada e seu rosto demonstrava pavor e medo.

Pedro era um funcionário público de alto escalão, pelo seu departamento passavam milhares de reais por mês, ele era o responsável por obras de caridade que ajudariam milhares de pessoas em condições miseráveis, mas era um tremendo canalha que retirava boa parte do dinheiro para seu próprio bolso por meio de empresas feitas por parentes que fazia ir todo o dinheiro para o bolso dele.
Foi encontrado embaixo de uma ponte em São Bernardo, seu coração tinha sido arrancado e suas mãos decepadas.

Ana era uma avarenta que tinha conseguido enriquecer por meio de empréstimos e agiotagem para com os mais pobres em Santo André, recorrendo até mesmo a pagamento de pistoleiros para forçar as pessoas que deviam a pagar por bem ou mal.
Por várias vezes mandou matar jornalistas que teimaram em ir a fundo atrás de histórias que fossem contra ela, após tentar lhes corromper.
Foi encontrada em sua casa, no porão onde ela mantinha parte da sua fortuna, por não confiar em bancos, tinha sido forçada a ingerir quase um milhão de reais e morreu de falta de ar, quando o papel acumulado na sua garganta fechou suas vias aéreas, isso juntamente com a esganadura que sofreu fez com que ela morresse procurando o ar.

Esses e outros casos foram acontecendo no coração econômico da nação, dia após dia, deixando atônitos os policiais que não tinham pistas acerca do assassino que a cada dia matava alguém em um ponto diferente da cidade.
As vítimas tinham pouca coisa em comum entre si além do fato de cada um ter pecados grandes em algumas áreas, logo começaram a aparecer líderes religiosos que pregaram a teoria de que seria um castigo divino, uma punição pelos pecados cometidos e como aquela era a teoria mais aceita, logo várias pessoas buscaram voltar para a fé, de modo que nas semanas seguintes as igrejas e centros religiosos estavam lotados.
Mas as mortes não paravam... Até aquela madrugada do dia 21 de outubro daquele ano, quando um líder religioso ultra – conservador, defensor da moral e dos bons costumes foi encontrado dentro de um bordel, seu pênis tinha sido cortado e colocado na boca dele com tanta força que havia obstruído o ar e ele morreu asfixiado e sangrando.
A prostituta ao seu lado teve o coração arrancado e os dois corpos tinham sido postos na cama de modo a formar um triângulo e a cama na parte interna dos corpos tinha se inflamado ao ponto de ter quase posto fogo no quarto.

Ninguém sabia mas naquela noite o Necromante Kraen tinha mais uma vez se reunido ao seu cajado, ele fora o responsável por todas as mortes, precisava de energia vital para trazer de volta sua arma mágica, o cajado de Beljahan, uma arma mística com uma propriedade interessante, ela era capaz de localizar outras relíquias mágicas.

Depois que seu cajado foi reunido novamente ao seu dono as mortes cessaram e tudo voltou ao normal. Mas ninguém duvide que tem muitas mortes ainda por vir, por que os planos desse sacerdote negro ressuscitado ainda estão só começando.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Magia e morte.

Num crime onde o ciúme foi a causa, todos os detalhes parecem ser desencontrados, mas esse desencontro é somente uma falsa imagem que todo investigador precisa solucionar, as pistas vão nos dando a real cena, até que por fim conseguimos montar o real quebra - cabeças e descobrir o assassino, mas o que fazer quando todas as pistas levam a sujeitos diferentes?

Maria era uma jovem livre, que tinha saído de um  relacionamento sério a pouco tempo e gostava de dançar, ia a boates e namorava um por noite, suas amigas nos depoimentos costumavam relatar que ela sempre ficava com quem quisesse, tinha um charme todo especial e sabia levar na conversa qualquer homem.
Mas ela tinha uma personalidade volúvel que logo queria novidades e muitos ex - namorados dela já a ameaçaram para tentar voltar, algumas até relataram que um senhor de idade com quem ela namorou tinha se matado, mas nada foi provado ao abrirmos o caso novamente, apenas abriu mais uma possibilidade.
A jovem tinha sido morta as cinco da manhã da segunda feira, seu celular e todos seus pertences estavam ao seu lado e segundo o que conseguimos recompor das histórias, naquela noite ela reencontrou de uma só vez, mais de três ex namorados em uma boate e saiu de lá apressada depois que eles começaram a brigar por sua causa devido ao excesso de coragem.
Uma amiga relatou que ela saiu caminhando e não aceitou carona, disse que tinha que passar ainda em um lugar antes de voltar para casa.
Ela foi encontrada morta, suas mãos estavam amarradas em uma parede de cimento, ao seu lado vários símbolos rituais foram encontrados, seus itens foram encontrados ao lado do corpo, não havia sinais de luta, o corpo estava nu e a pele tinha sido retirada nos braços e pernas de modo que nessas regiões os músculos e tendões apareciam, contudo não havia sofrido violência sexual e seu rosto estava intacto.
Quem faz esse relato é o Inspetor Tavares e o faço para não me esquecer desse caso e também para provar que toda essa história é real e eu não estou louco ou sonhando, não espero que quem ler essas linhas concorde com tudo que vou dizer, mas posso dizer que cada palavra está nos autos de um longo processo que não deu em nada, além do meu afastamento temporário das ruas.
Entrei no caso por que era meu plantão e ao ver aqueles sinais perto do corpo numa construção deserta no centro antigo, me vi reparando nas expressões do rosto e ao contrário de outros corpos, o rosto dela não denotava nada era como se ela tivesse sido torturada sem sentir nada, somente sua pele tinha algo de estranho, ela tinha morrido há poucas horas, mas estava branca, completamente alva, até brilhava sob a luz da lua.
Quando a equipe dos legistas e da polícia científica chegaram eu fui procurar testemunhas, câmeras e detalhes fora da cena do crime, e numa lata de lixo encontrei os pedaços de pele da jovem arrancados com uma precisão cirúrgica e uma mandala que dias depois descobri, ela recebeu pelo correio de um endereço no Nepal, acionei a interpol que semanas depois me relatou que aquele lugar era um templo para a deusa Kali e que ali ninguém disse nada sobre terem mandado uma relíquia daquelas para o Brasil, quanto ao significado do objeto, disseram em um email se tratar de uma proteção contra necromantes.
_ Necromantes?
_ Sim, magos que lidam com os segredos da vida  e da morte
_ Não acredito em magia.
_ Mas deveria a julgar pelo caso.
Foi assim a única conversa que tive com Larcroide, um policial da Interpol que atuava na região do Nepal e que recebeu os dados por mim enviados para aquela agência.
Fiquei com aquilo na cabeça e resolvi perguntar em um lugar que eu sabia ter alguém que conhecesse aqueles símbolos.
Havia na cidade uma loja de artefatos místicos, seu dono era um antigo mágico de circo e estudante de história da magia, seu nome era Pierre, era um senhor de idade avançada que fumava bastante, além de coxear da perna devido a uma bala recebida durante o assalto.
Fui até a loja dele disposto a encontrar respostas, mas encontrei o lugar completamente revirado, alguém tinha invadido o local e revirado tudo, encontrei ele desmaiado nos fundos da loja, seus olhos tinham sido arrancados e vazavam sangue pelos buracos deixados, chamei o socorro e logo a cidade ficou toda abalada, a imprensa noticiava mortes rituais e faziam milhões de conjecturas.
O senhor Pierre por sorte perdeu a visão mas sobreviveu e dois dias depois tive a oportunidade de conversar com ele. A princípio ficou com medo de falar comigo, sua filha, Cassandra estava ao seu lado, mas após dizer que eu precisava dele somente para definir o que eram umas marcas místicas ele aceitou e a filha pegou as fotos que eu tirei e foi detalhando cada detalhe que via nelas ao pé do ouvido dele.
Ele se sentou na cama e com um profundo terror na voz disse me:
_ Você está diante de magia antiga, os símbolos são da tradição necromante advinda da antiga Enoque, provavelmente estás lidando com um místico muito poderoso, por que o ritual que ele fez arrancou a alma dessa jovem que consta nas fotos, arrancou a essência dela para poder voltar a ser jovem.
_ Existem necromantes que já viveram muitos anos usando essa técnica da absorção das almas dos outros, sempre jovens, até que acabaram se confrontando com forças maiores.
_ Obrigado pela ajuda! Teria esse necromante sido o responsável pelo ataque a sua loja?
_ Não sei dizer, fui pego de surpresa, minha filha ainda não teve tempo de arrumar os estoques, mas fico feliz que tenha se preocupado.
Enquanto eu saia recebi um bipe da delegacia, tinham encontrado vários corpos de jovens em uma fazenda no sul da cidade.
Fui enviado para lá, por que tinham as mesmas marcas que eu estava enfrentando. Ao chegar no lugar o cheiro de podridão era intenso.
Ao que parece um grupo de jovens assaltou um caminhão da necrópsia de uma cidade vizinha e usou os corpos dos cadáveres para fazer alguma espécie de ritual místico, eram as mesmas marcas realizadas na primeira cena de crime, as palavras do mágico no hospital com as órbitas vazias tinha entrado na minha cabeça, e uma dúvida começava a martelar meu cérebro, será que aqueles garotos não tinham trazido para a Terra algum espírito, ou monstro?
Foram encontrados diversos livros e logo foi encontrado uma queixa do pessoal de Santo Antônio que tinha perdido um caminhão do IML de lá, os corpos foram reconhecidos como um grupo de primos daquela cidade, aficionados por magia e conhecimentos afins.
Eram todos filhos do Coronel Hermelindo, um homem que tinha dinheiro e loucura para dar e vender, tinha desaparecido anos atrás e afirmava ter ido para o espaço, dar palestras sobre sucesso, na verdade essa fuga serviu para que escapasse de um mandado de busca e apreensão, permitindo que seu advogado pudesse tira - lo de uma ida para a cadeia.
Os jovens estavam mutilados e seus corpos estavam lívidos, com uma brancura completa, mas um detalhe a mais chamava a atenção, os corpos estavam vazios de todos os orgãos internos e ossos, eram meras cascas de músculos, pele e tendões.
Confesso que depois de ver as condições onde aqueles garotos estavam, resolvi ir a igreja, e no caminho tive uma experiência, meu carro foi envolvido na entrada da cidade por uma barreira mística que me levou a outra dimensão, onde meu carro foi destruído e eu fui envolvido em uma barreira de energia que foi me levando flutuando em todo o trajeto até uma espécie de castelo.
Tempos depois soube que eu estava no antigo templo a morte dos pré - diluvianos, mas naquele momento eu estava perdido de medo e só rezava mesmo sem muita convicção para que não acabasse morrendo, mas instantes depois eu estava diante de uma espécie de tribunal e as almas dos mortos estavam perante o julgamento e um homem vestindo uma capa, chegou até mim e tocou minha cabeça e no mesmo instante numa espécie de telão e depois disso as almas daqueles jovens foram devoradas diante dos meus olhos pelo homem de capa que se tornou jovem novamente e me expulsou de seu reino.
Eu fui a testemunha de acusação perante o júri, quando acordei estava a beira da estrada, entrei em crise de pânico, por que do meu lado estava o homem vestindo uma túnica negra que me ajudou a levantar e se foi.
De algum modo eu sabia ser ele o culpado, mas a loucura tomou conta da minha mente e sai correndo gritando e esbravejando que o fim estava próximo, passei meses assim, até que ataquei um pastor que me chamou de louco e acabei sendo forçado a me tratar.
Fiquei um bom tempo internado, completamente em crise, mas consegui recuperar a sanidade, por meio de remédios, terapia e de um forte princípio que tive em querer me salvar pelos meus filhos que são tudo para mim.
Termino esse relato desejando muito que o mundo saiba pelo que passei e que alguém ao ler essas linhas tente deter aquele homem, que ainda hoje me causa pesadelos.

sábado, 2 de maio de 2015

Crimes e magia.


Essa história começa com uma mentira contada numa pequena cidade do interior de Goiás, um jovem disse ter ganhado na loteria para um grupo de amigos num bar na praça central.
Era uma lorota de um garoto, mas para manter a pompa da mentira tirou da carteira algumas notas de cem e pagou a conta e saiu cambaleando até sua moto e aquela foi a última vez que ele foi visto com vida.
Foi encontrado morto na estrada para sua casa, a polícia começou a investigar, mas poucas pistas apareciam, a imprensa foi chamada mas nem mesmo os repórteres conseguiam entender o que tinha ocorrido.
E nas semanas seguintes foram ocorrendo misteriosos assassinatos, todos os que tinham visto o jovem mentiroso pouco antes dele morrer estavam morrendo em circunstâncias suspeitas, que não havia ganhado em loteria nenhuma e havia recebido somente por um serviço feito horas antes numa casa de uma idosa muito rica, segundo o que se pode apurar.
Alguns morriam em acidentes na estrada, outros tiveram a casa incendiada a noite , morrendo carbonizados, somente um dos amigos, o Pedro tinha conseguido escapar com vida a uma misteriosa tentativa de assassinato enquanto abria o portão da casa para a saída do pai, cinco manhãs após o ocorrido, contudo tinha ficado inconsciente no hospital.
Todos temiam que ele fosse morto e dois policiais foram colocados de prontidão vinte e quatro horas na porta do hospital, contudo na manhã seguinte ao crime que quase lhe tirou a vida, o rapaz foi encontrado morto, uma seringa no chão indicava que ele havia sido envenenado enquanto dormia.
A seringa foi coletada pela perícia e após os exames e depoimentos uma enfermeira de nome Rose caiu em contradição e acabou sendo presa, era dela a digital na arma do crime e quando confrontada com esse fato acabou confessando tudo, confessou que tinha sido paga para realizar tal ato por um homem em uma moto e que depois de receber a grana ela foi ameaçada por várias vezes via mensagem de texto, disse também que tinha medo que tentassem algo contra seu filho que estava na escola e ainda não tinha sido informado da prisão dela.
O delegado contudo não pode terminar o depoimento por completo, uma chamada tinha sido enviada, uma criança havia sumido da escola local: O filho de Rose, o pequeno Marcos, havia desaparecido!
Uma diligência foi enviada para lá, enquanto dois homens vigiavam a delegacia onde a principal testemunha estava.
O delegado ia dirigindo preocupado, por que ela ainda não havia contado quem a tinha pago para realizar aquele assassinato, e várias possibilidades passavam pela cabeça da autoridade policial.
Logo que chegaram, os policiais foram recebidos por várias funcionárias em pânico, um senhor de idade tinha entrado com uma arma e levado o pequeno Marcos da escola a força, elas não puderam fazer nada, nem mesmo sabiam para onde ele tinha ido por que na fuga tinha jogado uma granada de gás e muitas crianças e funcionárias quase morreram asfixiadas.
O local era uma confusão local, mas agora o delegado sabia quem tinha sido o culpado: Era o ex – major do exército e colecionador de armas, Teles. Somente ele tinha conhecimento para produzir uma granada caseira e porte para andar com arma de grosso calibre pois tinha licença de caçador.
O delegado entrou na viatura deixando os policiais que o acompanhavam para ajudar no socorro das crianças e manter o local isolado para a perícia que deveriam contatar e que provavelmente demoraria duas horas pela rodovia até chegar ao pequeno município.
Saiu em alta velocidade até a casa do ex – militar e escutou o choro de uma criança, logo arrombou a porta com um chute e entrou na casa, mas o que viu a seguir foi algo deverás aterrador.
Um homem vestindo uma roupa negra e surrada estava segurando o corpo já inerte do criminoso, seus rostos estavam quase colados, e era possível ver nos olhos daquele estranho um brilho e sua boca estava aberta e parecia sugar o fluído vital da carcaça do procurado que ia ficando a cada instante mais velho até que morreu, seco como um cadáver enquanto que o estranho parecia ter renovado sua vida e agora até suas roupas pareciam ter se regenerado.
O policial ficou sem ação e antes que tentasse algum movimento, das mãos daquele homem saiu uma bola de fogo branco que o paralisou e pouco a pouco foi transformando seu corpo em pedra, a criança entretanto foi poupada, mas depois das cenas que tinha visto naqueles poucos instantes desde seu sequestro na escola tinha ficado completamente louca e jamais revelou nenhum fato.
Até hoje o mistério por trás do desaparecimento das mortes e do desaparecimento do policial e os segredos daquela estátua que apareceu na casa do ex – militar ainda assombram aquela pequena cidade.
Alguns vizinhos contaram que um homem de capuz saiu da casa, mas assim que deu poucos passos se transformou em um corvo e desapareceu pelos céus a voar. E o caso permanece sem nenhuma solução! E principalmente sem nenhum motivo o que haveria de ter levado um militar a cometer esses crimes? Será que foi ele mesmo, também é preciso que se pergunte? Mas isso nem o tempo saberá dizer, as pessoas na cidade ainda tem medo do caso, dizem que toda noite um pássaro negro aparece na região e sempre que ele canta alguém morre, não importa onde nem quando, até já gravaram o canto do bicho e é algo aterrador!
Se você querido leitor duvidar de mim, não lhe serei duro nem lhe criticarei, mas se visse como o povo daquela cidade tem medo de falar a respeito do caso me entenderia melhor... Mário Orzikof, repórter do Tribuna Mística, o Jornal da magia!

Hotel da morte: Capítulo 10 – Para ter paz é preciso que haja guerra!



Nêmesis caminhava ao lado daquela criança, pensava em como sua vida tinha mudado nos últimos dias, elas iam passando em meio as pessoas, que saiam assustadas da frente das duas ou apenas se ajoelhavam pedindo a benção delas como se fossem sagradas encarnações, capazes de distribuir benfeitorias as pessoas.
Mas a frente ia a destruição e um pouco atrás a vingança, dois conceitos que não eram bem vistos nos dias modernos, mas naquela época a noção que se tinha era outra.
Sabiam que era após a destruição que se vinha a paz por um período de tempo até que outra destruição viesse, sabiam que quando um crime cometido era por reparação, vingança que as vítimas e familiares pediam enquanto pranteavam seu morto.
Elas foram caminhando até chegar a um ponto, onde uma mulher via seu filho ser morto por um grupo de guerreiros que armados com arcos disparava nele e a cada novo disparo, a mãe soltava um grito e recebia um murro dos assassinos.
De algum modo ao olhar para ela, algo dentro dela se inflamou, era por vingança que o coração dela clamava, era um grito de puro ódio, não para que se trouxesse a vida de seu filho morto e colocado numa estaca de madeira, mas simples e pura vontade que aqueles homens fossem mortos.
A raiva que tomou conta dela foi crescendo e a medida que a crueldade se repetia, ela ia aumentando até que num determinado ponto ela focou sua mente naqueles homens e no mesmo instante, eles entraram em combustão espontânea, suas roupas pegaram fogo e eles saiam correndo para todos os lados e alguns até pularam num poço, contudo seus corpos não apagariam enquanto restasse o mínimo vestígio de vida.
Aquela mãe mesmo com a face toda inchada e sem nenhum dente na boca devido aos socos que recebeu, correu para o filho e o libertou sua alma estava livre da alma e sentindo a calma e a dor daquela mãe, Nêmesis foi acalmando até o ponto de seus olhos não crescerem em chamas e ela voltar a ter uma aparência comum.
_ Acho que agora entende qual é o real significado de justiça? Disse Kali, através de telepatia.
_ Sim, eu entendo o que isso significa, ela pensou e no mesmo instante um novo portal se abriu e ela foi arrastada para outra lição.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Tragédias causadas por uma dúvida.

O caso a ser narrado parece ser uma história de amor, mas na verdade é somente mais um drama policial onde o que parecia ser um sonho logo se torna um grande pesadelo, João e Maria eram um casal feliz e alegre, tinham planos e sonhos, ele trabalhava numa empresa como segurança e ela era diarista, mas depois que nasceram os gêmeos Flávio e Luan, deixou o emprego e se tornou dona de casa.
Todos os dias a casa estava arrumada, ela perfumada e tudo na mais absoluta ordem, no começo João não desconfiou de nada, sua mulher sempre fora muito organizada desde os tempos em que eles começaram a namorar.
Mas eis que surge o veneno da dúvida, uma vizinha, começa a insinuar que sua esposa estaria recebendo um amante em casa e logo a rua inteira estava especulando a respeito disso e logo outras vozes maldosas começaram a insinuar que a cabeça de João estaria ficando enfeitada pela esposa, isso nem passava nos ouvidos dele até que um dia seu amigo José ouviu toda a conversa na mesa de um bar e ficou com pena do amigo, dando duro todo dia e sendo traído, acabou contando toda a história numa conversa enquanto voltavam para o trabalho.
O amigo sem querer havia desencadeado eventos que ninguém poderia imaginar.
João naquele dia conseguiu um atestado após fingir passar mal no serviço e foi liberado para voltar para casa mais cedo, passou na casa de sua mãe, trocou de roupas e pôs o revólver do trabalho na cintura e saiu se despedindo dos pais como se fosse um adeus definitivo.
Foi para casa a pé, e ficou esperando por várias horas para ver se algum homem entrava na casa e naquele dia para o azar de sua esposa, o pastor tinha ido até lá buscar umas tábuas que estavam entupindo o quintal, e ao vê - lo entrar a mente do marido que pensou estar sendo traído entrou em paranóia, não podia acreditar que sua esposa tinha sido tão baixa a ponto de o trair com o pastor, lembrou das palavras de seu amigo, de como as pessoas no bairro estavam o chamando de corno e foi espreitando a casa e viu a cena dela e o pastor entrando e pulou o muro.
Foi seguindo os  dois, tratando a respeito daqueles lixos do quintal e logo sua mente perverteu cada palavra de modo a dar a noção de que aquilo seria um código secreto para esconder a traição.
O pastor inocente estava juntando o lixo do quintal, pegando madeiras e outros materiais, sobras da construção feita recentemente e que ainda estavam em boas condições para serem usados na reforma da igreja enquanto a esposa estava dentro da casa, lavando a louça do almoço e cantarolando um sambinha.
Ele entrou pelos fundos e chegou de surpresa por trás do pastor, sem ser percebido e com um disparo seco atingiu a cabeça dele sem chance para defesa. Os miolos do líder religioso ficaram estendidos ali no chão e ele correu pela porta da cozinha, mas a sua esposa já tinha corrido pela casa e saia já na rua, tinha visto o marido cometer aquele crime.
Em poucos segundos muitos cidadãos tinham se juntado e ele sabia que teria pouco tempo, não queria ir preso, mas agora era tarde demais, mas não iria sozinho e assim ele rasgou a mangueira do botijão e acendeu o fogão, disparando a correr  e num instante a casa estava em chamas, os vizinhos logo correram para ajudar e ele conseguiu escapar em meio a bagunça que se instalou.
Correu até a escola do filho que ficava a poucas quadras e saiu levando Flávio para casa, ninguém notou nada de anormal nisso entre os funcionários do estabelecimento, mas um policial a paisana, treinado para conhecer pessoas mal intencionadas resolveu seguir aquele homem e ao virar a esquina seu instinto se revelou certeiro por que viu o pai levando a criança para um terreno baldio e tirando a arma da cintura para matar o inocente e num gesto gritou parado, mas foi alvejado antes de terminar a pronúncia da frase.
Contudo por reflexo sacou a arma e mesmo tendo sido atingido no peito, conseguiu disparar um tiro certeiro na garganta do pai quando este se virou para ver o que tinha feito, como veio numa trajetória de ascensão a bala entrou pela garganta e saiu pela base do crânio e para a sorte do garoto, nesse trajeto ela fragmentou a veia principal do pescoço, causando um sangramento interno que matou o homem em questão de instantes após o tiro.
A criança ficou em choque, via o pai caído, o policial entre  a vida e a morte e não sabia o que fazer, contudo sua vida estava garantida.
O policial Antônio foi condecorado com uma medalha, e após várias cirurgias retirou os estilhaços do projétil do pulmão mas não podia mais trabalhar, tendo conseguido na lei uma aposentadoria por invalidez, visto que ficou com sequelas permanentes.
A mãe do garoto que foi salvo, ia todos os dias a casa dele, para lhe agradecer e os dois acabaram ficando amigos e assim em meio a tragédia foi surgindo um novo romance entre os dois e todos viveram felizes, não arrisco me a dizer se foi para sempre...

Sons da noite

Caminhar a noite é uma experiência que sempre fascina. Os sons a noite são mais aguçados. É como se a ausência de luz tornasse tudo mais son...