quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Acorde! Você não é mais o jantar!

Eu durmo como todas as pessoas, mas os sonhos que tenho tem o poder de previsões que muitas vezes parecem confusas, porém são imperativas e quase todas as vezes as cenas se repetem constantemente. Enquanto viajava pelo mundo dos sonhos desmaiado pelas drogas daquele feiticeiro, vi muitas cenas, não me lembro de tudo só que uma mulher parecia clamar por mim, com uma voz que começava o lamento fina como a de uma adolescente e terminava como um urro feroz e primal. Aquele sonho viria por mais algumas vezes ao longo daqueles dias em que tudo parecia mudar e minha cabeça parecia fluir numa órbita própria, como se meus pensamentos tomassem caminhos diferentes e mortais perante a tudo que eu via ao meu redor. Estar amarrado a uma mesa de sacrifício é algo no mínimo aterrador, ainda mais quando te dopam com uma droga alucinógena que te leva numa viagem só de ida para o país da loucura. Eu estava bem tonto, o mundo girava, os sons pareciam longe e as cores pareciam ficar mais fortes, abrir os olhos causava ânsia de vômito e mesmo estando assim maluco, algo dentro de mim sabia que em poucos minutos um machado ou outra arma do tipo cairia sobre a minha cabeça e essa premonição tentava a todo o instante me acordar. É estranho perceber que você está salvo por alguém que você caçou há algum tempo... Me lembro claramente dela chegar perto de mim e dizer: _ Ainda bem que você está vivo! Fique tranquilo, você não é mais o jantar, acorde assim que ouvir minha voz novamente. O som da voz dela entrando pelos meus ouvidos e a imagem sem nitidez que meus olhos captaram me causaram um efeito hipnótico que duraria cerca de três dias onde estive num transe completamente insano, uma viagem pelo expresso do além da imaginação que se eu contasse muito poucos aqui acreditariam em mim. Acordei numa casa altamente tecnológica, onde tudo parecia ser feito de micro – circuitos que se ajustavam as necessidades do portador, um sonho para todo amante da nanotecnologia estrutural. Ao abrir os olhos tudo parecia novo, nunca tinha ido tão a frente no tempo, ao meu lado tinha uma inteligência artificial na forma de monitor que parecia ajustar se a qualquer pedido meu, minhas roupas tinham mudado e eu agora me encontrava somente com um traje de energia moldado de acordo com as minhas formas, um traje que parecia ser inteligente e quando me levantei da cama onde estava se transformou exatamente no formato de minhas antigas roupas, achei aquilo tudo estranho mas estava mais preocupado em explorar o novo território onde me encontrava. Tudo ali parecia ser altamente tecnológico, era uma casa de dois andares, lotada de aparelhos eletrônicos em contraste com utensílios mais antigos de diversas cores e tempos. Um contraste entre abajures antigos e softwares modernos que era gritante demais, algo em mim dizia que aquilo cheirava mal, uma espécie de instinto gritava dentro da minha cabeça ao ponto de me fazer quase perder os sentidos, mas ainda sim segui em frente com minha exploração. Ao descer as escadas para a parte inferior me deparei com uma cena no mínimo incrível: Um coelho com um terno risca de giz jogava xadrez junto com um homem bem velho de chapéu pontudo e uma túnica cheia de estrelas que pareciam se mover conforme os gestos feitos por ele. Num outro canto duas senhoritas vestidas como princesas recebiam galanteios de homens armados com couraça metálica e um monte de outras cenas bizarras ocorriam livremente, como se ali mesmo os mitos mais bizarros pudessem tomar vida e lhe tomar para tomar chá. Meus olhos percorriam do alto das escadas todo aquele ambiente procurando algo que lhe fosse familiar parecido com algo normal para o ano onde me lembrava estar. Fiquei ali alguns minutos olhando até que uma figura tocou em meus ombros e disse: _ Olá criança! Tomei um susto gigantesco com aquela inesperada aparição e por pouco não ataco sem pensar. Me virei rapidamente e vi a mesma mulher de branco que, dias atrás, tinha me dado o colar que tantos problemas me causará. _ Quem é você? Perguntei com voz resoluta e rosto fechado. _ Eu sou Gaia! A mãe Terra e não fique com essa cara, estamos no planeta Irreália, você é uma atração para todos! Faz mais de duzentos anos que ninguém atravessa o portal até aqui. _ Você disse Irreália? A Terra onde todas as lendas e criações vivem? Pensava que era somente uma história que Merlim contava para nós entreter nos salões da antiga Camelot? _ Você diz aquele Merlim ali? Jogando Xadrez com o primeiro – ministro coelho? E apontou na direção do homem que eu tinha reparado primeiramente. _ Aquele é Merlim? Como pode ser? Ele está morto! _ Todos aqui somos mitos, Deuses e criaturas fantásticas que no mundo de hoje estamos mortos, mas a força de nossas histórias saiu do plano do real e criou seu próprio mundo isso é Irreália.

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