quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Hackeador Mental Origens


Goiânia ano 2200
O dia a dia de um policial é algo completamente arriscado, viver na margem entre a vida e a morte é um risco que todos sabem.
Famílias desses profissionais estão sempre com a certeza possível de que a morte irá chegar e isso é um tormento que os consome como uma sombra de morte em meio as atividades do dia a dia.
Riscos são uma constante no dia a dia profissional desses profissionais, que tem de lidar com ele e com o medo da morte, uma constante de que não podem fugir ou negar!
A polícia no futuro ainda tem um problema a mais para resolver, após a guerra civil que devastou o Brasil como a um todo, não é fácil manter as pessoas de acordo com as regras da lei e nem saudável, muitas áreas foram tomadas por milicias e guerrilhas que tem seus próprios exércitos, a nação foi dividida em várias seções e muito pouco sobrou da antiga sociedade.
Apenas algumas cidades ainda seguem as regras, seguindo leis e tendo uma constituição própria, nos demais lugares o crime comandava!
Nos lugares onde ainda impera a lei, manter os bairros mais pobres sobre controle envolve o uso da força, as vezes até sem medida, para proteger a ordem, sem se importar nem diferenciar com as pessoas comuns que vivem nessas localidades.
A violência é uma marca comum por todos os lados, na rede neural o governo trava a imprensa e muito poucos tem acesso a verdade por trás dos dados mascarados e ainda conseguir manter se dentro da privacidade.
Entre estes somente uma garota de quinze anos tinha criado um software contra tudo o que não era real, uma estudante de informática avançada que tinha criado um novo programa que permitia a todos burlarem os sistemas de monitoramento em massa, permitindo que as pessoas usassem a rede sem serem rastreadas.
Seu nome era Valéria Maria Perreira, vivia no setor A-4, uma zona habitacional de baixo risco e foi encontrada morta depois de disponibilizar sua descoberta para todos por meio de um servidor para download e vários usuários em várias cidades, incluindo aquelas em posse de poderes paralelos.
A menina estava nua, apresentava sinais de estupro e o corpo tinha sido completamente quebrado, não havia um osso inteiro do crânio aos pés, quem tinha feito aquele crime queria ter certeza que ela sofreria muito.

Eu era o detetive da área e consegui pegar várias provas contra o crime, câmeras na rua pegaram os bandidos saindo do local, no entanto quanto mais eu entrava fundo nessa história, mas acabava esbarrando nos agentes da força de proteção, uma super – policia que servia ao estado político – corporativo e tinha livre acesso para fazer qualquer coisa, sem limites nem restrições. Além disso comecei a ser ameaçado por telefone e na minha rede neural de acesso a matriz vários e – mails mandando eu parar a investigação, todos sem remetente rastreável ou qualquer dado que pudesse ajudar.
Meu nome é Máximo Gregório e minha família tinha sido morta num acidente em pleno caos aéreo cinquenta anos atrás, não tinham a quem ameaçar, não tinham a quem matar e eu sinceramente abandonei o caso oficialmente, arquivando tudo por falta de provas, mas na surdina retirei os dados da caixa de provas e armazenei tudo em um pen – drive criptografado. Minha idade não me permitia luxos como o de perseguir a polícia secreta em um estado completamente a favor deles.
No final dos anos 2000 eu fui um hacker habilidoso e um atirador de elite com certo esmero, fiz parte de um grupo que reestabeleceu Goiânia como cidade controlado pelo pequeno estado brasileiro.
Eu fui um herói recrutado entre a escória mas que aprendeu desde cedo que não havia mentira maior do que servir aos bandidos em meio ao caos. Minha visão mudou depois de que vi como dói perder minha família, mas já fazia trinta anos desde que isso ocorreu e de lá para cá perdi muito de mim mesmo.
Eu tinha velhos contatos na rede e um acesso seguro para falar coisas indesejáveis, coisas como o software de Valéria e logo entendi que com aquela proteção online, grupos terroristas agora tinham uma fonte segura para abrir novos ataques ao governo e isso tinha deixado o ministro da defesa furioso e por isso tinham matado a garota com maior futuro em toda a história da bio – informática dos últimos 100 anos, por que ela tinha criado algo livre demais.
Meus antigos contatos eram guerrilheiros hoje em dia, mas no passado tinham sido parte do governo, nos eramos culpados por aquilo e eu estava tomando o rumo em direção a destruição da besta que ajudei a moldar.
A família da moça foi morta quatro semanas depois em um acidente envolvendo um ônibus tripulado automaticamente que de uma hora para outra deu um problema no sistema de aceleração e acabou saindo fora da pista, jogando a todos em um despenhadeiro a mais de mil quilômetros por hora.
Ninguém investigou isso, foi apenas mais uma falha e a empresa pediu desculpas publicamente, uma semana depois nem mesmo os mais afoitos por notícias se lembravam do caso.
Eu era um dos poucos que tinha essa mania de querer me lembrar e de fazer conexões entre um crime e outro, tal como uma máquina, avaliando os padrões e vendo as possibilidades.

Todas as testemunhas do caso sumiram, todos os dados sumiram, todos que sequer tinham contato com a garota foram desaparecendo e eu fui o último sobrevivente, o único que sabia, mas na cabeça dos meus inimigos, eles tinham me feito parar, me calado e eu não seria um problema.
Mas eu ainda era um problema e consegui através de uma rede que disfarçava o endereço cerebral para acesso a matriz universal da internet, com o uso dessa ferramenta totalmente ilegal consegui acessar um servidor pirata que rodava o software da garota morta, os arquivos estavam intactos, sem vírus ou ameaças e o servidor mantido por um grupo de guerrilheiros ensinava a instalar o programa mental substituindo aquele que era instalado em cada uma das mentes humanas aos cinco anos de idade ainda na escola primária.
Eu segui passo a passo o que era necessário e depois de anos sendo rastreado, estava livre para pensar sem que o governo rastreasse a mim, estava livre para ser eu mesmo, era assustador e ao mesmo tempo uma das melhores coisas que já haviam me ocorrido, eu com mais de cinquenta anos poder voltar a ser livre, pensar palavrão, xingar autoridades que eu sabia serem corruptas, tudo sem correr o risco de ir parar no paredão ou de ser transformado em um meta – zumbi nas fábricas de reciclagem que viciam seus internos em poderosos controladores neurais que permitem transformar qualquer homem ou mulher num fantoche. Muitos destes escravos trabalham durante o dia e a noite fazem filhos para as famílias mais ricas, onde os homens nasceram estéreis devido a exposição espacial que muitos entre poderosos sofreram quando a possibilidade de uma ida para o espaço foi cogitada para os que podiam pagar, no entanto a viagem foi um desastre e muitos ricos acabaram impossibilitados de ter filhos após as naves que levariam esses novos senhores do paraíso espacial, como a propaganda prometia, para o seu novo Éden tecnológico, na verdade acabou levando os de encontro a uma supernova atômica, uma onda de energia que não os matou devido aos escudos da nave, mas vaporizou pelo sistema de ventilação uma onda tóxica que fez os sobreviventes desenvolverem várias patologias, desde mutações sérias nos casos mais graves, até a infertilidade para aqueles mais sortudos.
Os escravos eram a base da cadeia de trabalho, os piores empregos e as mais arriscadas posições eram feitas por estes zumbis e depois de conseguir me libertar resolvi que iria fazer o mesmo por estas pessoas, que eram alvo de risadas dos cidadãos comuns, que riam de sua condição e até mesmo batiam neles que docilmente não reagiam.
O servidor que alimentava os de códigos podres para manter seus cérebros completamente inoperantes ficava em Anápolis e era responsável por toda minha região, eu pedi férias alegando problemas de saúde, já devidamente atestados, afinal meu joelho doía a cada passo desde que eu tomei dois tiros em um atentado ocorrido contra a vida do antigo presidente.
Assim fui para Anápolis e por meio do programa da garota, consegui reunir um grupo grande dos meus antigos companheiros para um ataque virtual ao servidor derretendo os sistemas de defesa para podermos acessar os dados e libertar aquelas pessoas.
Quando um usuário entra na rede desabilita ao mínimo necessário as funções de seu corpo e ativa um avatar na rede, uma persona com poderes bem básicos que são rodados junto ao programa que os leva a rede, o servidor a ser invadido era um cio – ice – beta, um sistema de segurança preparado para fritar avatares e assim destruir nossos corpos que sem nossa mente ficam verdadeiras cascas vazias.
Reunimos virtualmente no portão do servidor, um firewall completamente protegido que tinha a função de não deixar pessoal não autorizado ter acesso aqueles dados, um de meus companheiros, O Dozzernt, um avatar grandalhão tinha carregado o powerbomb, um programa que infecta a muralha com uma série de vírus fazendo o código de proteção explodir abrindo a entrada para o servidor.
_Os computadores daquele lugar devem estar apitando como loucos pensei enquanto rodava o programa samurai, que me permitia usar duas espadas e cortar para valer aos meus inimigos, por sorte estava em um hotel bem chique e tinha dado ordem para ninguém o acordar! Por que quando aquilo acabasse ele iria dormir muito devido ao cansaço mental.
Todos os outros avatares ali reunidos usavam seus programas de ataque, foi uma luta insana, algo como Davi versus Golias no mundo digital, no fim apenas alguns poucos conseguiam chegar até o servidor final, uma pequena parte da equipe que não tinha sido fritada durante a luta.
Era necessário agir rápido, pois tão logo a polícia soubesse iriam apagar aquele servidor da rede e tudo estaria perdido, e assim todos os sobreviventes rodaram o último código que libertava os escravos, reativando suas mentes e desativando neles os chips computadores que permitiam a entrada de dados vindos da rede. O código foi um sucesso e em poucas horas, escravos na região inteira estavam completamente livres e uma infecção nos centros de controle das regiões governistas estava se alastrando.
A missão tinha sido concluída e os que cairão em combate foram deletados juntamente com os dados de posição geo global de cada um dos envolvidos.
Passados dois dias de muito luxo e mordomia, resolvi visitar ao hospital onde um amigo meu vivia internado desde que tinha tido uma batalha contra os terroristas da mão da salvação e acabou com parte do cérebro deletada, o que lhe deixou em uma cadeira de rodas sem capacidade para mover nada da cintura para baixo, algo que ele não importava muito, exceto a atividade sexual de que sentia muita falta.
Ao sair do hotel para ir ver a este meu amigo, notei uma presença estranha que destoava do resto do ambiente, um estranho carro com aparência diferente do que havia no restante da paisagem, fui andando até um ponto de aerobus e aquele carro estava parado juntamente comigo ali no nível um, há trezentos metros da superfície, o carro foi me seguindo por todo o trajeto e quando sai do veículo próximo a clínica onde meu amigo estava internado no sexto nível, dois agentes passaram de carro e dispararam uma arma laser direto nas minhas costas, no entanto não me mataram naquele exato momento e nos poucos segundos que meu corpo resistiu consegui carregar meu cérebro para a rede e assim consegui sobreviver, meu corpo morreu mas a revolução pela qual eu lutei ainda não!
Agora a guerra civil que devastou o Brasil está de volta, não há mais escravos, agora o fogo vai cair para purificar toda essa imunda nação e teremos de volta o sonho de conseguir um lugar justo e pacífico.
Você deve estar se perguntando: Como ele consegui escrever estando sem um corpo humano para acessar um modo de entrada e saída da rede?
Eu me fundi a rede neural e fui aprendendo sua estrutura, conheço cada linha do código que compõe a matriz e consegui criar com alguma ajuda de meus antigos aliados, um vírus que permite ao meu código enquanto avatar capturar outros usuários e tomar o controle da mente deles me dando permissão para voltar ao mundo dos vivos.
E foi assim por exemplo que eu consegui invadir o sistema da presidência e mostrar para toda a rede que os gastos do governo estavam elevados por que muitos parlamentares gastavam verbas destinadas ao povo com strippers em uma boate no centro de Brasília e assim por diante, eu não era mais Máximo Gregório, agora eu era o Hackeador mental, um vírus vivo capaz de acessar qualquer sistema de rede no mundo e no universo, eu sou a última esperança da verdade, o terror dos ladrões e o inimigo dos corruptos.
Conheça a verdade e ela te libertará!




Como voltei ao passado?

Na minha primeira história contei a vocês como eu consegui me tornar o hackeador mental, o modo como meu assassinato no mundo físico me deu a possibilidade única de levar minha mente para a rede e assim lutar nos servidores revelando a podridão do governo que eu tinha ajudado a criar.
Eu destruí diversas bases militares do governo dando a chance dos rebeldes contra atacarem em diversas frentes e assim libertarem populações inteiras do jugo do mal
Na minha jornada fui adquirindo vários conhecimentos sobre os sistemas dos meus adversários e as principais descobertas que eles haviam feito que permaneciam ainda desconhecidas para a maioria das pessoas
Códigos virais, armas de destruição planetária e outros armamentos que eram feitos com o aval da confederação do Norte que mandava para cá as pesquisas que iam contra a constituição deles, por ser aqui um estado decadente e problemático que não se importava até mesmo em testar soros radioativos em suas populações como o ocorrido em Varginha no ano de 2100, onde foi jogado um protótipo do soro para alteração do DNA nas águas da cidade matando milhares de pessoas.
Nessa minha primeira cruzada por conhecimento um projeto era recorrente em minhas pesquisas: Destino manifesto, uma base militar onde estaria sendo testado uma série de componentes novos, não sabia o que estava sendo feito, mas minha intuição me dizia que ao descobrir isso poderia achar uma grande fonte de poder.
Mantive me conectado na rede do governo, invadindo dados e pegando arquivos enviados de modo que duas semanas depois consegui chegar até um servidor de dados que continha um endereço na matriz onde estavam os dados relativos ao processo.
Chegar até esse servidor me deu um trabalho danado, foi preciso rodar o meu programa básico, que mandava meu corpo entre diversos servidores, mas de uma maneira criptografada de modo que o servidor do lugar não percebesse se tratar de uma ameaça até que eu já estivesse lá dentro.
Comecei o processo e logo fui detectado, no entanto os sistemas de defesa não conseguiam me destruir e assim pouco a pouco fui entrando no servidor, meus programas mentais de ataque demoraram a rodar e tive de ir correndo em meio a uma montanha de dados e metadados sob fogo cerrado dos programas de defesa que usavam um sistema que dava lhes o poder de queimar a mim e aos dados do lugar, fritando o invasor ou aquilo que ele veio buscar.
Depois de quase meia hora já estava ficando meio sem lugares para me esconder, por sorte o programa de ataque terminou de ser baixado e assim consegui contra – atacar, rodei uma espada de códigos e fui combater as bestas.
Para aqueles que não fazem ideia de como isso funciona, pense nas lendas medievais onde um guerreiro enfrenta sozinho milhares de inimigos monstruosos, dispostos a tudo para acabar com sua vida, é quase a mesma coisa, com a desvantagem que um guerreiro abatido ainda pode ser salvo e no mundo digital quando se é destruído acaba todas as chances.
A luta foi feroz, arranquei a cabeça de um dos defensores e lancei no corpo um programa de controle de modo a torna – lo um zumbi e ele partiu para cima dos demais programas enquanto eu ficava de longe atacando os meus adversários já enfraquecidos, acabou se a batalha e as portas estavam abertas, no entanto atrás de lá pude escanear que havia mais inimigos e piores em inteligência. Assim rodei um programa bomba no meu sistema neuro – digital e enviei para a segunda porta como um protocolo do próprio sistema.
O resultado pode ser sentido quando os dados do servidor começaram a entrar em colapso e tudo começou a ruir, as paredes de dados começaram a se quebrar e eu tive poucos minuto para acessar o lugar descobrir o nome e a localização do projeto e dar o fora, por sorte eu tive exito em minha missão e consegui me enviar para um servidor seguro poucos segundos antes do sistema de dados se esfacelar, digo sorte por que os programadores do governo lançaram um mega ataque em meio ao caos para se livrarem de mim com o uso de vírus com IA para afetar meu código fonte, no entanto eles não contavam com a capacidade singular que eu tenho de absorver dados e aprender com eles, não sendo afetado por suas funções nocivas.
E assim consegui sair daquela armadilha bem e fui direto para a localização obtida, após triangular a posição daquela instalação militar, localizada no alto da serra do mar, protegida contra quaisquer tipos de ataques, uma instalação que em tese estava abandonada, mas quando verifiquei o redirecionamento de energia da estatal, ali ainda era alimentado por quase duas usinas de fusão com pequeno porte e tamanho.
Invadi a mente de uma série de civis de áreas próximas conduzindo me cada vez mais para perto do lugar, até chegar bem próximo ao invadir um agricultor que tinha um pequeno chip para saber informações climáticas, ele pouco sabia, mas estando sob meu controle, ele invadiu a instalação usando um carro onde transportava suas verduras pelos céus e enquanto ele furava os diversos bloqueios militares recebendo diversos tiros eu ia escaneando o local em busca de algum servidor onde pudesse me instalar, vários galpões não tinham nada além de maquinário e armamentos, mas em um canto daquele platô havia um sistema de refrigeração e para lá eu migrei meus dados, pouco antes da mente do camponês dar curto devido aos disparos que tinha recebido em seu corpo.
Consegui carregar o principal do meu código, perdendo alguns dados durante o envio pela mente do rapaz ter apagado quando ele parou o coração pelo choque dos lasers, agora eu estava praticamente sem programas em um servidor que pensava ser perigoso e mortal.
O lugar realmente estava desativado temporariamente, após um dos testes para a máquina ali projetada ter dado errado. Invadi os computadores onde relatórios ficavam armazenados para consulta e o que vi quase me fez perder alguns dados: Ali dentro daquela base, havia uma máquina do tempo sendo testada um protótipo que precisava de ajustes, mas segundo eu pude calcular tinha grandes chances de levar as pessoas ao passado de fato!
Mas os esforços deles eram direcionados na transmutação de pessoas em dados, algo impossível para corpos compostos de carbono, mas para mim que sou apenas uma reunião de códigos isso era real.
Reativei a base de dados da máquina e por meio de alguns programas lançados através de minha mente, consegui religar os sistemas de energia que ligavam aquela máquina, os militares ficaram atônitos até perceberem que eu estava no controle de toda a situação, mas quando o fizeram já era tarde e eu carreguei toda minha consciência no programa da máquina e me transmutei para o passado, sem muito rumo ou sentido.
Viajar pelo tempo na minha condição corporal não é lá muito complicado, o transporte de dados pelo tempo afeta os pacotes que me formam de modo que ao chegar no passado eu estava um pouco diferente, tinha ficado verde e meu código agora parecia imbuído de energia, como se eu todo fosse um traje de energia e mais do que isso quando voltei ao ano de 2014, tinha novamente um corpo onde habitar, em escala de um vírus, num mundo tão primitivo que ainda necessitava de máquinas para se acessar a rede de computadores que também era muito primitiva.
Eu estava me sentindo como se voltasse para as cavernas, cercado de aparelhos antiquados e pessoas idiotas que faziam guerras para decidir qual Deus é melhor quando na verdade nenhum deles pode ser comprovado em preceitos lógicos, pessoas que vivem em total dependência de energia e que quando está acabar venderam tudo o que tem para conseguir manter sua vida normal. Não me chame de cínico mas ver a sociedade de vocês, foi desalentador, pois pensei que no passado acharia um lugar melhor do que minha realidade, mas eu me enganei redondamente.
Cheguei nesse tempo e fui logo me atualizando, consegui entrar no corpo de uma jovem bióloga que tentou salvar um gato na avenida onde eu aterrissei e acabou pisando em cima de mim, foi uma viagem épica até eu adentrar pelas reentrâncias do solado da bota dela e infectar seu pé, passei pelas camadas da pele até chegar a corrente sanguínea, onde após derrubar o sistema de defesa do corpo dela em uma luta brutal, onde acabei eliminando quase todos eles, consegui chegar ao coração da moça, senti fome pelo esforço feito e para saciar me absorvi o sangue dela em uma larga quantidade, conseguindo assim estudar a composição do DNA de minha hospedeira.
Passei a entender todas as falhas daquele código, os erros que fariam ela no futuro ficar doente, velha e chegar a morrer, entendi a forma como o cérebro trabalha e como o sistema de memória nos humanos consegue ser tão falho, decidi ir adentrando pelo corpo dela até dominar a maior máquina de código do mundo: O Cérebro!
Chegando ao sistema cerebral, tratei logo de implementar algumas melhorias naquele corpo onde eu estava, ajustando o para obter mais poder, força e vitalidade.
Enquanto eu estava dentro do corpo da bela Mariana Ferrara, fui influenciando suas ações, sua vida, escolhendo por ela as melhores opções e lhe dando as qualidades necessárias para ascender em todas as esferas de sua vida, no entanto eu precisava de um corpo só para mim, um corpo que fosse o ser humano mais perfeito que já existiu e assim, depois de quase oito anos dentro do corpo daquela jovem bióloga decidi que era hora dela engravidar! Assim eu teria a possibilidade de fundir meu código ao corpo da criança tornando perfeito.
Arrumei um pai perfeito, fiz os dois se apaixonarem e conduzi mentalmente todo o romance até o momento em que os dois tiveram a a primeira relação sexual, intensa e quente, naquele instante eu estava no útero dela e transferi meu código para o óvulo fecundando, infectando o com minha programação, refiz cada cromossomo, alterei cada detalhe para aquela criança ser um humano tão especial que comportasse toda a magnitude da missão que eu esperava cumprir no passado.
E assim a criança foi crescendo dentro daquele útero, seu cérebro seria excepcional, ele teria minha consciência e conhecimentos acumulados por décadas, além disso seu corpo seria forte como uma rocha, capaz de aguentar impactos maiores do que um humano comum, isso aconteceria por que a estrutura de seus ossos seria toda revestida por uma camada de ferro, permitindo que ele suportasse até mesmo balas de baixo calibre sem ter os ossos afetados, o coração da criança iria bombear sangue duas vezes mais rápido, aquele corpo iria necessitar de mais energia pelo fato de que o metabolismo dele seria mais rápido e eficiente, permitindo que ele consiga realizar grandes atividades sem muito esforço, mas forçando o a dormir mais em vista de pessoas comuns.
Os nove meses se passaram tão rápido que nem percebi, a criança cresceu forte e saudável carregando minha essência em seu ser, ele não envelheceria acima dos dezoito anos e suas defesas já estavam programadas para defender aquele corpo contra toda sorte de doenças.
Eu deixei uma pequena parte inserida dentro do corpo de minha primeira hospedeira, um código na mente dela que a tornaria protetora para com a criança ao extremo de modo a defender minha nova casa contra os riscos que eu correria até ter idade para me defender e alimentar sozinho.
No dia do meu renascimento, me senti fantástico, vi a luz do centro médico e mesmo com meu cérebro ainda com pouca capacidade, consegui calcular a quantidade de luz que era necessária para prover aquela iluminação, além disso olhei todos no centro médico e percebi seus padrões de ondas cerebrais que variavam entre ternura para comigo e cansaço pelo exaustivo trabalho de parto que realizaram e por fim antes de dormir novamente verifiquei o homem que eu tinha escolhido para ser meu pai num canto quase ao ponto de desmaiar de emoção! Achei aquilo engraçado e dei um chorinho olhando para ele, o que fez meu pai cair duro e precisar ser levado para tratar a queda de pressão súbita!.
Daquele dia em diante eu me tornei Marco Ferrara, um garoto excepcionalmente genial que dormia demais para o restante da família, que realmente não importava, logo aos três anos já sabia programar, física, matemática avançada e um pouco de filosofia, aos cinco já sabia de cor a história da humanidade até aquele momento, tinha noções avançadas de anatomia e criminalística e assim a cada ano eu ia desenvolvendo mais e mais até chegar o momento exato do meu ápice evolutivo.

Espero que tenham gostado dessa segunda parte de minha biografia, dentro de alguns dias contarei mais histórias sobre minha vida...

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