Trabalhar para Mário Orzikof era bem legal, o cara tinha mais de duzentos anos a vivia completamente bêbado comandando o jornal e inventando matérias absurdamente ridículas e tudo que ele fazia parecia ser um sucesso estrondoso, eram escândalo inventados que denegriam imagens e faziam crescer as vendas do jornal que apesar do nome ser verdade, era uma máquina de calúnias que no entanto não prejudicavam ninguém pois ali naquela cidade a liberdade de expressão era irrevogável e cada um tinha direito a dizer e escrever o que lhe desse na mente.
Essa lei tinha sido bastante polêmica, mas todos sabiam que tinha sido Orzikof por trás daquilo, ele tinha criado em mais de quinhentos anos de vida um verdadeiro império e mesmo após sucessivas separações e mais de cinquenta filhos espalhados pelo país afora continuava sendo um imã para as mulheres interessadas em especial na sua grana, ou no prestígio que ser namorada dele abria em qualquer lugar.
Nenhuma pessoa que eu conhecesse não parecia ter medo dele, desde o porteiro até o vendedor de cachorro quente do outro lado da rua, parecia temer aquele homem!
Era como se ele fosse quase onisciente e tivesse uma capacidade tão grande de causar medo que por todos os lados a sua volta era um silêncio sepulcral enquanto que na menor das saídas que ele fazia o jornal parecia um organismo vivo pulsando palavras e risos por todos os lados.
Eu era somente um fotógrafo contratado para seguir pessoas famosas e conseguir fotos comprometedoras destas para fazer vender revistas, naquele dia eu tinha chegado no jornal e todos estavam alegres e contentes, o que indicava sua saída, mas logo que entrei no gabinete do meu supervisor percebi o clima esfriar e naquele mesmo instante virei me e vi ele chegando com suas roupas amarrotadas e um par de óculos computador que lhe dava um aspecto de idiota, adentrando pelos corredores ele abriu a porta do meu chefe e o homem que no geral era um poço de descortesia se tornou um gatinho manso.
_ Olá senhor o que deseja?
_ Que material tem para hoje, sua sessão ainda não mandou para a gráfica sua parte, onde ela esta?
O homem ficou vermelho, azul, roxo e por fim ficou branco frente aquele homem, por sorte Orzikof viu a mim com as fotos impressas em mãos e num gesto brusco as tomou de mim e quando olhou o material, seus olhos chegaram a brilhar, ali tinha algo de valor para aquele homem.
Ele olhou para mim e falou:
_ Onde conseguiu essas fotos do senador no clube de striptease e no hotel transando com uma prostituta?
_ Eu o segui por conta própria, por que estava cansado de seguir celebridades e outros idiotas!
Naquele instante fiz uma pequena vingança contra aquele cara que tanto tinha me humilhado no passado, continuei falando:
_ Fiz por conta própria por que meu chefe aqui não tem capacidade de pensar alto como eu e não sabe o real poder que tem uma matéria.
Ele parou e ficou me olhando, me analisando friamente como se eu fosse um produto que ele devesse comprar, até que virou rapidamente o pescoço e perguntou para o homem sentado na cadeira que tremia fortemente:
_ Ele é competente? Maurício para de tremer e me diga ele é competente?
_ Sim senhor! Ele respondeu com um tom de voz vacilante, onde pude notar uma pequena pitada de ódio, por não poder falar como eu.
Novamente o pescoço do dono daquele jornal se virou e olhando nos meus olhos perguntou:
_ Tem algum vínculo com a empresa ou é só um freelance? E rapidamente emendou a pergunta em outra: Tem interesses grandes no mundo jornalístico.
Respondi que tinha interesse e meu sonho era chegar a ser pelo menos metade que ele, disse que estava só como freelance e que queria muito um emprego.
Ele fez um gesto para o homem na cadeira que no mesmo instante se levantou e saiu pela porta afora, tinha sido demitido e agora eu era o chefe do setor de reportagens bombásticas, fiquei embasbacado enquanto ele saia rapidamente para sua sala, disposto a escrever mais uma coluna bombástica que iria derrubar aquele senador.
Todos sabiam que ele comprará várias vezes orgãos para se manter saudável ao longo desses vários anos e que suas ações nem sempre tinham sido honradas, mas ali naquela hora quando eu fui contratado e subi de idiota da repartição para líder de um monte de repórteres mais velhos eu me senti no paraíso e meu Deus era Mário Orzikof.
Eu tinha total liberdade para agir naquele momento e no mesmo instante que fui contratado, chamei vários colegas de faculdade, gente boa para conseguir fotos e que topava um salário menor e encaixei os no meu departamento com uma missão bem simples: Conseguir coisas comprometedoras de pessoas poderosas, não importando os riscos ou custos.
Pensei que se aquelas fotos tinham feito eu ser alçado tão rapidamente, se eu continuasse bombando imagens explosivas de gente poderosa logo conseguiria chegar a vice - chefia e ter sob minhas mãos um poder que só era menor de que Orzikof, era tudo o que eu queria. Num instante minha vida toda mudará para melhor e eu sem saber fui movido pelo bichinho da ganância e me alimentava com os sonhos de uma grandeza que na minha louca imaginação chegaria em breve para mim.
Mas o tempo fora passando e eu somente fui aumentando minha carga de problemas conforme ia sendo cada vez mais pressionados para conseguir mais flagras exclusivos, acabei me tornando um devoto daquele homem e troquei tudo por um minuto de atenção, por que o dinheiro que vinha dele é bom demais e ser seu sub - chefe era uma maravilha.
Como eu era um idiota, ele me mandou embora para satisfazer um figurão a quem eu vivia perseguindo e eu vi na minha frente os capangas dele matarem minha família e agora estou aqui jogado na sarjeta sem nenhuma chance de me recuperar, até os bêbados riem de mim, eu sou o maior idiota do mundo!
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