A Rosa e o fogo.
Durante a inquisição, a Europa viveu uma grave crise de paranóia generalizada! Qualquer um poderia acabar na fogueira por heresia, bruxaria e tantos outros crimes contra a fé, que ninguém estava a salvo de estar defronte ao tribunal do Santo Ofício.
Criado para ser uma espécie de legislação episcopal, essa entidade acabou torturando e matando sem nenhum limite, homens e mulheres inocentes e culpados, que tiveram um destino horrível. Torturados até confessar eles sentiam a culpa pelo que suas palavras iriam causar a sua família e amigos, sabiam que o fogo apagaria sua vida, mas deixaria tantas outras a espera do carrasco, a mente lhes doía mais do que as chamas.
A população dos reinos onde hoje é a Espanha adorava ver esses espetáculos, pareciam apreciar a dor dos seres humanos como se aquilo fosse uma espécie de diversão, um espetáculo que se repetia todos os meses nas principais cidades para servir de exemplo ao povo, de que caso você fosse acusado tinha somente uma chance de encontrar justiça: Estando lado a lado com Deus, por que no tribunal daqueles homens que se diziam santos, a vida não valia nada, em absoluto!
A pequena Rosa estava no ventre de sua mãe, uma mulher acusada de bruxaria que fora levada ao palácio do inquisidor, foi torturada para delatar mais pessoas, mas sua honra e lealdade aos seus foram maiores que a dor e a humilhação.
A criança crescia enquanto sua mãe definhava, todos os dias ela pedia a todos os deuses que conhecia pela morte, ela implorava para que parasse seu tormento!
O destino é uma criança brincando de escrever, um pivete a quem se deu um lápis e uma folha e que sai rabiscando palavras e criando personagens e no caso de Rosa ele foi bastante cruel e sádico, como as vezes acontece com algumas crianças.
Ela nasceu enquanto sua mãe gemia sob o fogo e não agüentando de dor, estourou a placenta e ela caiu em meio as chamas, puxando o corpo da mãe que estava atado numa corda sendo que as duas foram totalmente queimadas.
No entanto naquela mesma hora as chamas sairão do controle, o fogo se espalhou por todos os lados, a vingança divina veio na forma das chamas que consumirão todo o prédio e foram arrastadas pelo vento até o pequeno palco onde alguns moribundos estavam esperando o cadafalso.
Aquele fogo parecia ser obra de magia, pois não importava quanta água que as pessoas jogassem, ele brotava maior e mais forte, era como se fosse alimentado do próprio solo.
As pessoas sairão correndo quando o palácio da inquisição veio abaixo, alguns que estavam num bar se embebedando ao fim da tarde, soltaram palavras de alegria e foram logo comemorar mais ainda.
O espetáculo da morte foi cancelado quando todos os condenados escaparão após as pessoas se afastarem das chamas, aquele grupo de mendigos e furtadores de comida que foram acusados de heresia para poderem receber a morte por aqueles a quem roubaram, homens vis e gananciosos que venderiam a própria mãe se alguém lhes fizesse uma oferta.
Caso queiram saber, muito poucos religiosos escaparão do prédio e os torturadores da mãe da pequena Rosa, queimarão até não sobrar nem mesmo os ossos.
Se o silêncio vencer quem gritará em favor dos oprimidos?
A história de Rosa é triste, mas mesmo que tenha tristeza ainda carrega beleza e traz sentido aqueles que olharem além do véu do aparente!
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
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